Desafios da Política Fiscal II Fórum: A Mudança do Papel do Estado - Estratégias para o Crescimento Vilma da Conceição Pinto 07 de dezembro de 2017
Mensagens Alta dos gastos primários não é recente, porém redução das receitas contribuíram para evidenciar este dilema. Melhora recente da arrecadação ajuda, mas não resolve. Teto dos gastos primários é forte candidato para a solução do problema. A dúvida é se é factível. Grau de rigidez do gasto e pressão sobre investimentos preocupam. Deficit e dívida encontram-se em níveis elevados.
Deficit fiscal: Descompasso entre receitas e despesas é latente nov/02 jun/03 jan/04 ago/04 mar/05 out/05 mai/06 dez/06 jul/07 fev/08 set/08 abr/09 nov/09 jun/10 jan/11 ago/11 mar/12 out/12 mai/13 dez/13 jul/14 fev/15 set/15 abr/16 nov/16 jun/17 Resultado Nominal do Setor Público Consolidado Em % do PIB, acumulado em 12 meses Resultado Primário do Governo Central (acima da linha) Em % do PIB, acumulado em 12 meses Nominal Juros nominais Primário Resultado Primário (eixo direito) Receitas Líquidas (eixo esquerdo) 12,0 Despesas Totais (eixo esquerdo) 10,0 8,0 6,0 4,0 out/17 2,88 21,5 20,5 19,5 18,5 0,2 0,8 1,9 1,7 1,7 2,1 2,3 2,5 2,4 2,0 2,1 2,3 1,2 2,0 2,1 1,8 1,4 3,0 2,0 1,0 0,0 2,0 0,0-2,0-4,0 out/11-3,10 Piora de 5,98 p.p. em 6 anos! 17,5 16,5 15,5 14,5-0,3-1,9-2,6-3,1-1,0-2,0-3,0-6,0 13,5-4,0 Fonte: Bacen. Elaboração FGV/IBRE. Fonte: Bacen. Elaboração FGV/IBRE. * 2017 acumulado em 12 meses até outubro. ** Na série de resultado primário considera o Fundo Soberano.
Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG): crescimento acelerado no período recente. dez/06 mai/07 out/07 mar/08 ago/08 jan/09 jun/09 nov/09 abr/10 set/10 fev/11 jul/11 dez/11 mai/12 out/12 mar/13 ago/13 jan/14 jun/14 nov/14 abr/15 set/15 fev/16 jul/16 dez/16 mai/17 out/17 Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) Composição da DBGG Em % do PIB, acumulado em 12 meses Em % do PIB 78,0 73,0 68,0 63,0 Piora de 22,8 p.p. em 4 anos! out/17 74,4 Câmbio índice de preços SELIC Pré-fixado Demais DBGG 74,4 69,9 65,5 59,2 18,3 55,5 56,7 56,0 56,3 53,7 17,8 51,8 51,3 51,5 18,4 14,5 16,7 17,2 13,4 16,4 15,9 16,5 15,8 16,6 58,0 19,7 21,3 24,3 27,9 20,3 19,9 19,3 17,2 21,2 25,7 30,6 34,6 53,0 48,0 dez/13 51,5 11,2 12,6 12,6 15,2 12,5 12,0 12,3 14,2 13,8 13,9 15,9 15,9 6,6 4,3 4,8 3,3 2,8 2,5 2,6 2,8 3,3 4,5 3,9 4,0 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 Fonte: Bacen. Elaboração FGV/IBRE. Fonte: Bacen. Elaboração FGV/IBRE. * 2017 corresponde a posição em outubro de 2017.
Deficit Recorrente: Resultado recorrente mostra outra leitura dos dados. 12-98 10-99 08-00 06-01 04-02 02-03 12-03 10-04 08-05 06-06 04-07 02-08 12-08 10-09 08-10 06-11 04-12 02-13 12-13 10-14 08-15 06-16 04-17 12-98 10-99 08-00 06-01 04-02 02-03 12-03 10-04 08-05 06-06 04-07 02-08 12-08 10-09 08-10 06-11 04-12 02-13 12-13 10-14 08-15 06-16 04-17 Resultado Recorrente Em % do PIB, acumulado em 12 meses Composição das Despesas Primárias Em % do PIB, acumulado em 12 meses Receitas Líquidas Recorrentes Despesas Primárias Recorrentes Gastos com Pessoal Transferências de Renda 21,0% 20,0% 10-17 19,9% 11,0% 10,0% Demais Despesas 10,6% 19,0% 9,0% 18,0% 8,0% 17,0% 16,0% 15,0% 14,0% 10-17 16,3% 7,0% 6,0% 5,0% 4,0% 3,0% 4,9% 4,4% Fonte: Bacen, STN, RFB. Elaboração FGV/IBRE. Fonte: Bacen, STN. Elaboração FGV/IBRE.
Gastos Primários: Poucos foram os anos em que os gastos caíram. 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 dez/08 mai/09 out/09 mar/10 ago/10 jan/11 jun/11 nov/11 abr/12 set/12 fev/13 jul/13 dez/13 mai/14 out/14 mar/15 ago/15 jan/16 jun/16 nov/16 abr/17 set/17 8,6% 8,5% Gastos Primários Recorrentes Crescimento % real anual 10,0% 8,8% 9,3%9,8% 10,3% 9,5% 7,6% Evolução dos Investimentos Públicos Crescimento % real, médias móveis de 12 meses 50,0 40,0 30,0 1,4% 4,5% 5,8% 3,5% 3,3% 5,6% 6,0% 2,7% 0,8% 20,0 10,0 0,0-10,0-20,0-30,0-3,1% -3,7% -40,0-50,0 Fonte: BCB, STN. Elaboração FGV/IBRE. *2017 acumulado em 12 meses até outubro. Fonte: STN. Elaboração FGV/IBRE.
Desafio de longo prazo: cumprir o teto dos gastos primários! O que a legislação diz: Novo Regime Fiscal (EC 95/16) Art. 106. Fica instituído o Novo Regime Fiscal no âmbito dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União, que vigorará por vinte exercícios financeiros, nos termos dos arts. 107 a 114 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Art. 107. Ficam estabelecidos, para cada exercício, limites individualizados para as despesas primárias: (...) I - para o exercício de 2017, à despesa primária paga no exercício de 2016, incluídos os restos a pagar pagos e demais operações que afetam o resultado primário, corrigida em 7,2% (sete inteiros e dois décimos por cento); e II - para os exercícios posteriores, ao valor do limite referente ao exercício imediatamente anterior, corrigido pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA, publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, ou de outro índice que vier a substituí-lo, para o período de doze meses encerrado em junho do exercício anterior a que se refere a lei orçamentária. 19,5 Evolução do teto dos gastos primários 19,8 18,8 Valores em % do PIB 18,4 Segundo a EC 95/16, as despesas primárias devem ser reduzidas em 3,7 pontos percentuais do PIB entre 2016 (ano base) e 2025. Sem reformas, de onde virá esse ajuste? 17,9 17,5 17,0 16,6 16,2 15,8 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025
Desafio de longo prazo: cumprir o teto dos gastos primários! Distribuição dos gastos em 2016 já explicita o tamanho do desafio. Distribuição das despesas primárias em 2016 Em R$ bilhões nominais e part. %. Pelo menos 75% dos gastos primários não devem ser variáveis de ajuste, na ausência de reformas. Embora as demais despesas sejam significativas (23% do total), muitas delas são rígidas e também não devem ser ajustadas. Gastos com benefícios previdenciários consomem 43% do orçamento. Gastos com pessoal representam 21% (ativos e inativos). Subsídios e Subvenções; R$ 22; 2% Demais Transf.; R$ 85; 7% Demais; R$ 286; 23% Assistência R$ 50 4% Pessoal; R$ 259; 21% Previdência; R$ 521; 43%
Desafio de longo prazo: cumprir o teto dos gastos primários! Mesmo com reforma da previdência, cumprimento do teto dos gastos é desafiador. Cenários para as despesas primárias Valores em % do PIB Cenário com reformas considera: 21,5 Sem Reformas Com Reformas Aplicação de uma idade mínima de 65 para homens e 62 para mulheres e com regra de transição. 21,0 20,5 21,0 Salário mínimo sendo reajustado somente pela inflação. 20,0 19,5 19,4 Premissa básica para construção do cenário: Inflação de 3,1% em 2017, 4,2% em 2018 e 2019 e 4% em 2020 em diante PIB de 1% em 2017, 2,8% em 2018, 2% de 2019 a 2022 e 1,6% de 2023 em diante. 19,0 18,5 18,0 17,5 17,0 16,5 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025
Como resolver? Pelo lado das receitas: Revisão dos gastos tributários. Uma reforma tributária ampla. Pelo lado das despesas: Teto para os gastos primários (sendo este factível). Reformas que visem viabilizar o cumprimento do teto dos gastos. Revisão das regras fiscais no Brasil
Obrigada! Vilma da Conceição Pinto vilma.pinto@fgv.br