FORMAÇÃO DOCENTE: HABILIDADE E COMPETÊNCIA DO PROFESSOR DE ARTES DIANTE DAS NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO



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Transcrição:

102 FORMAÇÃO DOCENTE: HABILIDADE E COMPETÊNCIA DO PROFESSOR DE ARTES DIANTE DAS NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO Rejane Aparecida Meneghini Kobori - Professora de Artes no Centro Universitário Moura Lacerda. Apoio Pedagógico na Estácio/UNISEB. Graduada em Pedagogia e Educação Artística. Especialista em EAD pela UNISEB Mario Nishikawa - Doutor e Mestre em Educação Escolar pela UNESP/Araraquara. Tutor da Pós-Graduação Estácio/UNISEB e Professor da FAO/UNIESP. Resumo Este trabalho tem por objetivo realizar análises críticas sobre a formação, a habilidades e a competência do professor de Arte diante das novas possibilidades tecnológicas. Enfatiza-se a importância do profissional de Artes que atualmente abrange a formação das artes em geral: visual, musical, teatral e expressão corporal, levando uma análise crítica sobre a formação e influência das TICs no contexto educacional. Trata-se de uma análise crítica, investigativa, baseando-se no currículo da formação desse profissional, de forma investigativa, participativa e práticas que acontecem, configurando como uma realidade na formação deste. Na investigação foram utilizados como fonte de análise, artigos científicos, livros didáticos, à prática educacional. Nesse contexto, a pesquisa propõe abertura para a busca de um profissional em artes com formação consciente da realidade a qual estará atuando, bem como a utilização das TICs no processo ensino- aprendizagem em artes. Esse estudo não é uma finalização, mas sim o início de uma discussão sobre o tema para futuras pesquisas. Palavras- chave: Arte Educação, Formação do Professor, TICs e EAD 1. Introdução Vivemos em um mundo globalizado, a internet, o computador, fazem parte do cotidiano da maioria dos alunos, que nasceram na geração das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Assim, nos propomos a investigar a formação, a competência e a habilidades do profissional que irá atuar na área do ensino das Artes, buscando compreender a formação deste, onde ainda não passa de um simples aprendiz dos novos recursos tecnológicos. Procurando compreender os recursos disponíveis e a importância dessa formação específica do docente. O ensino em artes atualmente contempla todas as formas do fazer, do ser e do ver artísticos: música, dança, artes visuais, teatro, cinema. Refletimos, então, em quais os profissionais de artes estamos formando? A influência das TICs dentro do processo de ensino e aprendizagem em artes? Com relação ao currículo dos cursos de licenciatura em Artes, investigamos as possibilidades dessa formação acadêmica de forma eficiente e condizente com a realidade

103 pedagógica, adaptada as necessidades dos alunos dessa modalidade educacional.com a atual grade curricular dos cursos em artes, o profissional estará realmente apto aos diversos saberes artísticos. De acordo com a teoria das inteligências múltiplas que foi desenvolvida pelo psicólogo norte-americano Howard Gardner (1995)...são raríssimos os casos em que uma pessoa possui diversas inteligências desenvolvidas. Ele cita Leonardo Da Vinci como uma pessoa que desenvolveu a inteligência múltipla,sendo capaz de atuar em várias áreas do conhecimento. Diante desse contexto refletimos a formação desse profissional o qual deverá atuar como conhecedor das diversas formas artísticas, sua formação acadêmica realmente o habilita a utilizar os diversos fazeres artísticos? Como esse profissional deve atuar no âmbito escolar e se está preparado para atuar como um transformador da sociedade, fazendo seus alunos ver, observar e criar um olhar crítico e transformador artístico e utilizar os recursos tecnológicos que a sociedade dispõe. O objetivo deste trabalho foi avaliar a formação do professor de Artes diante das novas Tecnologias, a utilização de meios tecnológicos no contexto educacional, de maneira consciente. É um trabalho comparativo de bibliografias e de prática pedagógicas na área de artes, auxiliando a busca de uma visão da formação desse profissional diante das novas tecnologias. 2. Ensino De Artes No Brasil Para contextualizar o ensino de Artes no Brasil, recorreremos ao início de sua criação que foi um pouco tardio, pois apenas em 1971 que ele começou a fazer parte do currículo Nacional desde 1971. De acordo com a lei 5692/71: Será obrigatória a inclusão de Educação Moral e Cívica, Educação Física, Educação Artística e Programas de Saúde nos currículos plenos dos estabelecimentos de 1º e 2º graus (De acordo com o documento a arte não era vista como uma disciplina, mas sim como mera atividade conforme mencionado no Parecer nº540/77: não é uma matéria, mas uma área bastante generosa e sem contornos fixos, flutuando ao sabor das tendências e dos interesses. Nesse período, não havia formação de professores de Artes no Brasil. Com a nova proposta da Lei, em 1973 o Governo criou o curso de graduação em Educação Artística, permitindo ao graduando lecionar Arte no 1º. Grau (Ensino Fundamental). A Lei 9.394/96 de autoria do Senador Darcy Ribeiro, manteve a obrigatoriedade do ensino de Arte: O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos

104 níveis da educação básica de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos (artigo 26, 2o). Na Seção sobre educação, artigo 206, parágrafo II, a Constituição de 1988determina que o ensino tomará lugar sobre os seguintes princípios (...). II- Liberdade para aprender, ensinar, pesquisar e disseminar pensamento, arte. Vários autores como Ana Mae Barbosa (2002) começaram a verificar a importância da arte na escola, já que de acordo com estudos e pesquisas demonstram a desvalorização dessa disciplina no contexto escolar. Diante desse contexto foi indagada a formação do profissional de Arte e a valorização dessa disciplina. De acordo com o PCN, a arte tem a significativa expressão:...entende-se que aprender arte envolve não apenas uma atividade de produção artística pelos alunos, mas também a conquista da significação do que fazem, pelo desenvolvimento da percepção estética, alimentada pelo contato com o fenômeno artístico visto como objeto de cultura através da história e como conjunto organizado de relações formais. Ao fazer e conhecer arte o aluno percorre trajetos de aprendizagem que propiciam conhecimentos específicos sobre sua relação com o mundo. (PCN, 2000, p.44) Os graduados nessa área em Licenciatura curta eram contestados alegando que em 2 anos não teriam a formação completa para atuar em sala de aula, já que em outras licenciaturas precisavam de 4 anos de curso. Atualmente o curso de licenciatura em Artes está com a formação em 4 anos, como todos os cursos de licenciatura. A sua grade compõe matérias básicas de formação pedagógica de professores, porém foi observado principalmente nos cursos de Licenciatura em Pedagogia (onde os professores das séries iniciais atuam com essa disciplina) e Artes, pouco conteúdo referindo-se ao ensino de arte propriamente dito. Na grade escolar da graduação em Pedagogia e em Artes, analisada para a pesquisa, foi observada poucas disciplinas ligadas a arte, ou apenas um módulo oferecia o tema Artes. Somente na graduação específica foi oferecido Artes em seus diversos fazeres artísticos (música, dança, artes visuais, teatro), mesmo assim, com uma carga bem reduzida, deixando uma carga maior as disciplinas pedagógicas e principalmente em história da arte. De acordo Ana Mae Barbosa: Como a matemática, a história e as ciências, a arte tem domínio, uma linguagem e uma história. Se constitui, portanto, num campo de estudos específicos e não apenas em meia atividade [...] A arte-educação é epistemologia da arte e, portanto, é a investigação dos modos como se aprende arte na escola de 1 grau, 2 grau, na universidade e na intimidade dos ateliers. Talvez seja necessário para vencer o preconceito, sacrificarmos a própria expressão arte-educação que serviu para identificar uma posição e vanguarda do ensino da arte contra o oficialismo da educação artística dos anos setenta e oitenta. Eliminemos a designação arte-educação e passemos a falar diretamente de ensino da arte e aprendizagem da arte sem eufemismos, ensino que tem de ser conceitualmente revisto na escola fundamental, nas universidades, nas escolas profissionalizantes, nos museus, nos centros culturais

105 a ser previsto nos projetos de politécnica que se anunciam. (BARBOSA, 2002, p. 6-7) Temos então a importância da formação integral do professor para atuar nessa área, com de conhecimentos específicos das diversas áreas e principalmente das novas TICs levando a prática reflexiva da disciplina. Saber arte e ensinar arte é essencial para um trabalho teórico pedagógico efetivo dentro da escola, tornando essa disciplina com a mesma valorização de qualquer que seja não mais sendo vista como meramente um espaço de brincadeiras, mas sim de conhecimento, contemplação e acima de tudo criação. No mundo contemporâneo não podemos viver alheio as tecnologias, elas fazem parte da vida do nosso aluno, como todas as disciplinas a Arte não pode ficar distante dessas possibilidades e desse novo fazer artístico, por que na verdade quem faz a arte é o artista e não a máquina, ela apenas facilita o trabalho e fornece novas possibilidades na maneira de fazer arte. 2.1. A Tecnologia E A Arte Todos os campos da educação passam pelo desafio das novas tecnologias, uma era da imagem, do som, do fazer e refazer a arte. Percebemos dessa maneira que a tecnologia e a arte já estão inseridas a muito tempo, porém com um olhar diferente. Hoje a tecnologia acompanha o desenvolvimento humano, como no renascimento a perspectiva fez com que a arte tivesse um novo olhar, nem sempre aceito perante a sociedade, saindo dos padrões até então encontrados na arte, gerando assim uma nova maneira do fazer artístico. No realismo os artistas expressavam suas obras através das pinturas, hoje não há como ignorar a fotografia, câmeras digitais, porém quem conduz a câmara é o artista, não a máquina. A foto, bem como o cinema, as artes visuais, as músicas dependem de uma pessoa criadora, a máquina não produz sem o elemento artista. Na cultura das redes, as tecnologias a serviço da arte trazem a possibilidade da participação, do diálogo e colaboração entre parceiros. Machado (1993, p.15) complementa: O artista da era das máquinas é, como o homem de ciência, um inventor de formas e procedimentos; ele recoloca permanentemente em causa as formas fixas, as finalidades programadas, a utilização rotineira, para que o padrão esteja sempre em questionamento e as finalidades sob suspeita. A era da internet e dos computadores fazem com que o artista seja cúmplice do processo criador, utilizando das ferramentas como forma de aprender, criar e recriar a arte. Como docente

106 de arte, é extremamente importante conhecer a arte correlacionando com a tecnologia, hoje conhecer e visitar um museu está apenas a um click do computador. O professor precisa estar aberto as novidades tecnológicas e saber como utilizá-las, dessa forma ele estará conversando com seu aluno interagindo com o mundo em que ele vive. 2.2. Ensino De Artes A Distância: Possibilidades E Conflitos O surgimento dos cursos de pós-graduação e graduação em Artes com formação em EAD, traz consigo a indagação sobre de credibilidade da formação do profissional nesta área. Isso acontece devido a comparação com os cursos presenciais da mesma modalidade, em que estes estão repletos dos fazeres artísticos então praticados. Porém, com o advento das novas TICs esse profissional, muitas vezes, tem bem mais domínio e acessibilidade aos diferentes modos de ver, viver, fazer e entender a arte nas suas mais diversas possibilidades culturais. De acordo com Vygotsky (1987) o indivíduo traz na sua essência uma bagagem cultural própria, influenciando o seu modo de construir algo. Apesar de Arte ser considerada como uma disciplina, nas séries iniciais quem administra esta disciplina é o próprio professor da sala. Segundo Ana Mae (1989), as qualidades do ensino de arte nas escolas chegaram a conclusão que tendo arte-educadores com uma atuação bastante ativa e consciente, mas com uma formação fraca e superficial no que diz respeito ao conhecimento de arte-educação e de arte. Segundo Pimentel (2002, p.120) O uso de novas tecnologias possibilita a/@s alun@s desenvolver sua capacidade de pensar e fazer Arte contemporaneamente, representando um importante componente na vida d@s alun@s e professor@s, na medida em que abre o leque de possibilidades para seu conhecimento e expressão 4. O ensino de arte em EAD ainda está em fase inicial, porém possibilita inúmeras realizações ligadas ao ciberespaço. Para Ana Mae Barbosa (2002 p. 105,) Antes do computador, nosso remoto acesso às obras de Arte dava-se apenas por meio de livros caríssimos, que no Brasil eram produzidos principalmente pelos bancos para presentear clientes no fim do ano, pois até os catálogos eram raros e em preto e branco. Nós, professores e alunos de Arte, ficávamos a ver navios. Que professor tem capital suficiente para ser considerado bom cliente de instituições financeiras, tão bom que justifique ganhar um presente do banco no fim do ano? Com a geração TICs, a formação do professor deve ser voltada a ver e rever o fazer artísticos em suas diversas concepções, não mais apenas como produtor artístico de festividades de comemorações

107 no âmbito escolar, mas como disciplina integrante desse contexto sócio- educativo e acima de tudo cultural. Com a evolução e implemento das TICs, temos uma nova maneira de olhar e fazer a arte, em que no passado era apenas ilustrações em que o professor explicava, porém não conseguia vivenciar a arte em seu aspecto detalhado, os meios de comunicação foram essenciais para a divulgação e popularização da arte. Desde a invenção do rádio a arte participa de forma integral no cotidiano das pessoas. A arte, no contexto social, tem a preocupação de retratar os acontecimentos e peculiaridades que envolvem a sociedade, através dela o homem consegue expressar os seus pensamentos e sentimentos. Os recursos tecnológicos podem propiciar um novo modo de fazer artístico, em que através de banco de dados os alunos podem visitar museus e conhecer diversas culturas, ampliando assim seu conhecimento independentemente das distâncias geográficas. De acordo com Suzete Venturelli (2004, p 56), no contexto de cibercultura, a arte vem ganhando espaço significativo na renovação da cultura e reorganização mundial, como recurso importante. A arte dentro do ciberespaço enfatiza a interação e a comunicação entre diversas culturas onde, o participante interage, conhece e cria sua maneira de ver e viver a arte. Segundo Pimentel (2002, p. 114), alegam que estamos diante de novos processos de se fazer arte. É preciso, então, que professores sejam preparados adequadamente para que, além de saberem explorar os programas colocados à disposição dos alunos, possam realmente propiciar o aprendizado da arte. O uso da internet possibilita ao professor e ao aluno conhecer diversas maneiras do fazer artístico, permitindo ao docente novas estratégias de ensino aprendizado. Ao se optar por usar um ou mais recursos tecnológicos, essa escolha deva justificarse pela melhor adequação da expressão artística possibilitada por esses ou esses meios. O ideal é que @ alun@ tenha experiências com atividades ou materiais diversos câmera fotográfica (tradicional ou digital vídeo/scanner/computador/ateliê/fotocópia) para que, conhecendo-os, possa pensar Arte de forma mais abrangente (PIMENTEL, 2002, p. 116) A interatividade das redes sociais é uma facilitadora da diversidade artística cultural, preservando e levando o conhecimento de todos sobre a valorização da pluralidade cultural, ampliando esse universo. Mesmo antes da TICs, a cultura e o patrimônio de cada um eram únicos e característicos, mas com as TICs, esse acesso ficou bem mais próximo a todos.

108 O professor de arte deve ter conhecimento sobre as possibilidades dos diversos fazeres artísticos e com a utilização das mídias, atingirá seu aluno de forma efetiva no processo de ensino aprendizagem. Alguns autores têm apontado que há uma falha na formação do educador de Artes Visuais, pois os mesmos não cursam estudos específicos para o uso didático das tecnologias contemporâneas em sua área de ação. Com o ensino de artes a distância é necessário não somente ensinar, mas aprender a ensinar diante das novas tecnologias, utilizando-as, proporcionando uma nova mudança nos paradigmas da Arte educação, utilizando como aliada ao processo de ensino aprendizagem, vivenciando assim a realidade do seu aluno, fornecendo a ele uma variedade de possibilidades de diversas áreas artísticas. Existe em geral um grande preconceito no aprendizado à distância, principalmente tratando-se de arte, mas haja vista que atualmente pode sim ter esse aprendizado na modalidade a distância, sendo necessário uma estrutura e um acompanhamento do professor, que através de vídeo aulas ou mesmo por uma web can, não é necessário mais estar próximo do professor e sim apenas acompanha-lo. Assim, o ambiente virtual deve ser bem orientado e utilizado pelo aluno e pelo professor. O aluno já faz parte desse contexto, o professor deve participar e interagir com seu aluno, para que o objetivo do ensino-aprendizagem seja atingido. A arte deve conquistar seu espaço na escola, tendo professores com conhecimento e habilidades para administrar essa disciplina. De acordo com experiências na área artística o professor de arte deve ter muito mais que o conhecimento específico, mas sim as habilidades em diversas áreas dos fazeres artísticos, ele deve ser acima de qualquer conceito um artista. A tecnologia e a arte se completam, através dela o indivíduo pode observar a arte, sem que esteja realmente presente em uma galeria ou museu. Cabe ao professor saber orientar para que realmente esse aprendizado chegue de maneira positiva ao seu aluno, para isso ele deve estar constantemente reciclando e inovando o saber dentro da atual evolução da Tecnologia. 3. Considerações Finais Através desse estudo, podemos observar a importância da formação do professor perante os avanços tecnológicos, fundamentados em autores que ajudaram e ajudam a analisa e refletir nas influências das TICs, na formação do professor e no processo de aprendizagem do aluno, tornando-se um grande desafio diante da sociedade atual.

109 Não é um trabalho final, mas sim o início de um estudo sobre a arte, tecnologia, formação do professor, baseando em análises bibliográficas e vivenciais como docente de arte, com formação em EAD. O início começamos por uma análise da Arte na educação, como ela entra em vigor, dentro da LDB, sua obrigatoriedade e valorização, no contexto pedagógico. De acordo com os estudos realizados, observamos que o profissional de Arte, segundo Ana Mãe Barbosa (2002), passa por grande pré-conceito, sendo um profissional e uma disciplina não valorizada, devido à má formação inicial da disciplina. Com as Novas Tecnologias, a arte começa a fazer parte do contexto, sendo de acordo com os PCN, primordial para a formação integral do cidadão, que aprende com ela a ver o mundo com outras percepções e fazeres. O aluno para criar algo, primeiramente precisa conhecer, para somente depois conseguir com que sua criação fruir. Como educadores devemos estar preparados para as mudanças e acompanha-las de forma positiva, e não ignorar o que acontece ao nosso redor. O mundo hoje está apenas a um chick, nas artes viajamos por culturas diferentes, visitamos, museus e muitas vezes os programas de computação podem nos ajudar a produção artísticas. De acordo com os autores mencionados no trabalho a tecnologia é uma forma de transmitir o fazer artístico e não apenas um reprodutor e copiador da obra. Hoje para fazer um quadro realista trabalhamos com máquinas digitais, assim como o professor de arte, pode ficar alheio as tecnologias. Foi acrescentado no trabalho exemplos de visitas virtuais onde, através do celular, tablet, qualquer pessoa pode visitar a uma exposição e conhecer infinitas obras, pelo Q R CODE, que foi criado para levar informações, sites ou seja, fazer o indivíduo participar de forma interativa na realidade virtual. Os professores com formação EAD, já possuem um certo contato com as tecnologias, sendo muito mais tranquila esse tipo de relação, onde o nosso aluno tem um total domínio, exigindo muitas vezes que o professor esteja conectado com esse mundo virtual. Dessa forma consideramos que a reciclagem pedagógica, a tecnologia, devem fazer parte da formação do profissional da educação, que para formar um cidadão crítico e consciente, o professor deve estar aberto as novidades e estar sempre procurando a melhor maneira de atingir o verdadeiro objetivo da educação que é transformar a sociedade, com pessoas com formação técnica, pedagógica, e principalmente sensível e crítica, e a arte juntamente com a tecnologia pode auxiliar muito esse aprendizado.

110 Referências BARBOSA, A. M. (Org.) Inquietações e mudanças no Ensino da Arte. São Paulo: Cortez, 2002. 184p. GARDNER, H. Inteligências múltiplas: A teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. MACHADO, A. Máquinas e imaginário: o desafio das poéticas tecnológicas. São Paulo: Edusp, 1993. PARÂMETROS Curriculares Nacionais: Arte / Secretaria da Educação Fundamental. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. 130p. PIMENTEL, L.G. Tecnologias contemporâneas e o ensino da Arte. In: BARBOSA, A. M. (org). Inquietações e mudanças no ensino da Arte. São Paulo: Cortez, 2002. Cap. 10. p. 113-121. VENTURELLI, S. Arte: espaço, tempo, imagem. Brasília: UnB, 2004. VIGOTSKI, L. S. Psicologia da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2001. 377p.