INDICADORES BIOQUÍMICOS DA FUNÇÃO RENAL EM IDOSOS

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1 ÁREA TEMÁTICA: ( ) COMUNICAÇÃO ( ) CULTURA ( ) DIREITOS HUMANOS E JUSTIÇA ( ) EDUCAÇÃO ( ) MEIO AMBIENTE ( x ) SAÚDE ( ) TECNOLOGIA E PRODUÇÃO ( ) TRABALHO INDICADORES BIOQUÍMICOS DA FUNÇÃO RENAL EM IDOSOS Paloma de Morais 1 Danielle Cristyane Kalva Borato 2 Margarete Aparecida Salina Maciel 3 Resumo: A deficiência da função renal é comum em idosos, podendo ser detectada pelos indicadores bioquímicos creatinina e ureia. Foi realizado uma análise transversal quantitativa e descritiva dos resultados do projeto de extensão Contribuição laboratorial à saúde em uma instituição de longa permanência de idosos de Ponta Grossa Paraná, entre os anos de 2016 e 2017, visando à identificação de possíveis alterações nos indicadores bioquímicos da função renal. O total de participantes foram 204 idosos e 133(65%) apresentaram avaliação da função renal, sendo 131(98%) dosagens de creatinina e 62(47%) de ureia. Para a creatinina, 95(72%) dos idosos apresentaram resultados normais e 36(27%) demonstraram alteração. Para a ureia, 32(52%) dos idosos exibiram concentrações normais e 30(48%) apresentaram alteração. Após a análise dos resultados, observou-se que idosos do sexo masculino apresentaram maior alteração para ambos os biomarcadores. Verificou-se que a maior parte dos idosos que exibiram alterações apresentam menos de 80 anos. Porém, os idosos com idade superior a 80 anos demonstraram valores médios de creatinina mais elevados. Os resultados apresentam informações sobre o perfil renal dos idosos, visando demonstrar a importância do projeto de extensão para a promoção à saúde, proporcionando o acompanhamento nefrológico pela dosagem dos indicadores da função renal. Palavras-chave: Biomarcadores. Creatinina. Uréia. Insuficiência renal. 1 Graduanda participante do projeto de extensão; Universidade Estadual de Ponta Grossa; Curso de Farmácia; e- mail: moraispah@hotmail.com 2 Professora supervisora do projeto de extensão; Universidade Estadual de Ponta Grossa; Curso de Farmácia, Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas; e-mail: dckalva@hotmail.com 3 Professora coordenadora do projeto de extensão; Universidade Estadual de Ponta Grossa; Curso de Farmácia, Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas; e-mail: mmaciel2020@gmail.com

INTRODUÇÃO 2 O processo normal do envelhecimento inclui deterioração progressiva da função e estrutura renal (WEINSTEIN; ANDERSON, 2010). Após os 30 anos de idade, a filtração glomerular e as taxas de fluxo sanguíneo renal diminuem de maneira linear, de modo que os idosos na década dos 80 anos apresentam de metade a dois terços do valor da filtração glomerular observado em adultos jovens (ANDERSON; BRENNER, 1986). Portanto, a deficiência da função renal é comum em idosos (DESKUR- SMIELECKA et al., 2017). Embora uma taxa de filtração glomerular reduzida em pessoas idosas possa ser atribuída ao envelhecimento fisiológico, ela pode estar associada a doença renal ou a comorbidades sobrepostas, como, por exemplo, diabetes mellitus (ABDULKADER et al., 2017). Na prática laboratorial, o biomarcador para a avaliação clínica do sistema renal utilizado com maior frequência é a dosagem de creatinina sérica (HOSTE et al., 2005). Outro indicador bioquímico da função renal é a ureia, um produto do metabolismo proteico (ABENSUR, 2011). Porém, deve ser ressaltado que as concentrações séricas da ureia podem apresentar oscilações, e são influenciadas por diversos fatores, tais como ingestão dietética rica em proteínas, sangramento gastrintestinal e o uso de alguns medicamentos, como, por exemplo, os corticosteroides (ABENSUR, 2011). Além disso, em idosos é necessário uma avaliação precisa da função renal para determinar a dosagem apropriada dos medicamentos (DESKUR-SMIELECKA et al., 2017). Portanto, a detecção da disfunção renal torna-se importante na população idosa. Neste contexto, insere-se o trabalho realizado pelo projeto de extensão: Contribuição laboratorial à saúde em uma instituição de longa permanência de idosos de Ponta Grossa Paraná da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), que preconiza a realização de exames laboratoriais, como os indicadores bioquímicos da função renal, creatinina e ureia. OBJETIVOS Este estudo tem como objetivo geral realizar uma análise transversal quantitativa e descritiva com resultados obtidos dos indicadores bioquímicos da função renal, creatinina e ureia, dos idosos atendidos pelo projeto de extensão Contribuição laboratorial à saúde em uma instituição de longa permanência de idosos de Ponta Grossa Paraná. Assim como, avaliar as alterações nos indicadores bioquímicos da função renal com relação ao sexo e a idade dos idosos.

METODOLOGIA 3 O projeto de extensão Contribuição laboratorial à saúde em uma instituição de longa permanência de idosos de Ponta Grossa Paraná é desenvolvido pelos professores do Laboratório Universitário de Análises Clínicas (LUAC) e estudantes do curso de Farmácia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), na instituição filantrópica Asilo São Vicente de Paulo (Instituição de Longa Permanência de Idosos - ILPI). Foi realizado um estudo transversal, retrospectivo, quantitativo e descritivo; a partir da análise dos resultados laboratoriais dos indicadores bioquímicos da função renal obtidos do projeto de extensão, no período de setembro de 2016 a dezembro de 2017. Neste período, foram realizadas 204 coletas de sangue venoso pelos alunos participantes do projeto e pelo professor responsável por essa atividade, toda quinta-feira, no período da manhã, na própria ILPI. Ao mesmo tempo, foram obtidas informações pessoais, como: sexo e idade, de todos os idosos atendidos pelo projeto. Foram selecionados para o estudo apenas os idosos que apresentaram avaliação da função renal: creatinina e/ou ureia. As análises laboratoriais foram realizadas no setor de bioquímica do LUAC-UEPG, pelos alunos do 5º ano do curso de Farmácia, com supervisão dos professores responsáveis. As concentrações séricas de ureia (método cinético U.V.) e creatinina (Reação de Jaffé) foram obtidas no aparelho automatizado CT 300i da WIENER (Wiener Lab. Group ). As informações foram organizadas em uma planilha, usando o programa Excel. As concentrações séricas dos biomarcadores foram analisadas de acordo com os valores de referência: ureia de 13 a 43 mg/dl; creatinina para o sexo feminino entre 0,6 a 1,1 mg/dl e para sexo masculino entre 0,7 a 1,3 mg/dl. Os resultados foram expressos pela estatística descritiva em número e percentual, média e desvio padrão (DP). RESULTADOS O total de participantes do projeto foram 204 idosos, no entanto 133 (65%) apresentaram avaliação da função renal: creatinina e/ou ureia; sendo 131 (98%) dosagens de creatinina e 62 (47%) dosagens de ureia. A idade média dos idosos foi de 74 ± 10 anos, sendo 79 (59%) do sexo feminino e 54 (41%) de sexo masculino. Para o biomarcador creatinina, 95 dos idosos apresentaram resultados normais (valores médios: 0,88±0,17 mg/dl) e 36 demonstraram alteração (valores médios: 1,61±0,54 mg/dl). Com relação aos resultados da ureia, 32 exibiram concentrações normais (valores

médios: 30±8 mg/dl) e 30 dos idosos apresentaram alteração (valores médios: 66±23 mg/dl). O percentual de idosos com resultados dentro dos valores de referência ou alterados para os indicadores da função renal estão representados na Figura 1. 4 Figura 1 Percentual de idosos que apresentaram resultados normais ou alterados para os indicadores da função renal avaliados no estudo: creatinina e ureia Os idosos que apresentaram alteração dos indicadores da função renal foram analisados de acordo com o sexo (Figura 2). Os idosos do sexo feminino apresentaram valores médios de 1,39±0,31 mg/dl e 62±15 mg/dl para creatinina e ureia, respectivamente. Enquanto que, os idosos do sexo masculino exibiram valores médios de 1,78±0,63 mg/dl para creatinina e 68±26 mg/dl para ureia. Observou-se maior número de idosos do sexo masculino com alteração para ambos os biomarcadores analisados (Figura 2). Figura 2 Percentual de idosos de acordo com o sexo que apresentaram valores alterados para os indicadores da função renal avaliados no estudo: creatinina e ureia

Foi verificado, também, o número de idosos com idade inferior e superior a 80 anos que apresentaram alterações nos indicadores da função renal (Figura 3). Os valores médios dos biomarcadores foram 1,58 mg/dl ± 0,57 mg/dl e 1,71 ± 0,48 mg/dl para creatinina e 65 ± 25 mg/dl e 67 ± 18 mg/dl para ureia, em idosos com idade inferior e superior a 80 anos; respectivamente. Observou-se que a maior parte dos idosos, atendidos no projeto de extensão, que exibiram alterações apresentam menos de 80 anos (Figura 3); porém, os idosos com idade superior a 80 anos demonstraram valores médios de creatinina mais elevados. 5 Figura 3 Percentual de idosos com idade inferior e superior a 80 anos que apresentaram valores alterados para os indicadores da função renal avaliados no estudo: creatinina e ureia CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados desta pesquisa apresentam informações sobre o perfil renal dos participantes do projeto de extensão realizado na ILPI, visando demonstrar a importância do acompanhamento nefrológico dos idosos da instituição. Deve ser ressaltado que a dosagem de creatinina e ureia podem sugerir deficiências da função renal. Como esta situação é comum em idosos e a maioria das insuficiências renais crônicas não apresentam sintomas, até as fases mais avançadas da patologia, a realização dos exames creatinina e ureia são extremamente importantes. Além disso, a dosagem de creatinina torna-se importante para os ajustes de doses de medicamentos em idosos. O projeto de extensão realizado na ILPI, tem-se mostrado importante contribuição para a promoção à saúde dos idosos, proporcionando o acompanhamento nefrológico pela dosagem dos indicadores da função renal, como os biomarcadores creatinina e ureia.

REFERÊNCIAS 6 ABDULKADER, R. C. R. M. et al. Aging and decreased glomerular filtration rate: An elderly population-based study. PLoS ONE, v. 12, n. 12, p. e0189935, dez. 2017. ABENSUR, H. Biomarcadores na Nefrologia. Sociedade Brasileira de Nefrologia. E-Book, p. 114, 2011. Disponível em: <http://www.sbn.org.br/pdf/biomarcadores.pdf>. Acesso em: 28/03/2018. ANDERSON, S.; BRENNER, B. M. Effects of aging on the renal glomerulus. The American Journal of Medicine, v. 80, n. 3, p. 435 442, mar. 1986. DESKUR-SMIELECKA, E. et al. Assessment of renal function in geriatric palliative care patients Comparison of creatinine-based estimation equations. Clinical Interventions in Aging, v. 12, p. 977 983, jun. 2017. HOSTE, E. A. J. et al. Assessment of renal function in recently admitted critically ill patients with normal serum creatinine. Nephrology, dialysis, transplantation : official publication of the European Dialysis and Transplant Association - European Renal Association, v. 20, n. 4, p. 747 53, abr. 2005. WEINSTEIN, J. R.; ANDERSON, S. The Aging Kidney: Physiological Changes. Advances in Chronic Kidney Disease, v. 17, n. 4, p. 302 307, jul. 2010.