MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS 4t PRIVADOS, DE PREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTA E DE CAPITALIZAÇÃO - CRSNSP 195 Sessão Recurso n 5404 Processo SUSEP n RECORRENTE: RECORRIDA: 15414.001505/2009-43 RURAL SEGURADORA S.A. SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS - SUSEP EMENTA: RECURSO ADMINISTRATIVO. Representação. Não atendimento a determinação da SUSEP no prazo estipulado. Recurso conhecido e provido. PENALIDADE ORIGINAL: Multa no valor de 12.000,00. BASE NORMATIVA: Art.88 do Decreto-Lei n 73/66. ACÓRDÃO/CRSNSP N 4372 /14. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros Privados, de Previdência Privada Aberta e de Capitalização, por unanimidade, dar provimento ao recurso da Rural Seguradora S.A, nos termos do voto do relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Ana Maria Meio Netto Oliveira, Paulo Antonio Costa de Almeida Penido, Claudio Carvalho Pacheco, André Leal Faoro, Carmen Diva Beltrão Monteiro e Marcelo Augusto Camacho Rocha. Presentes os Representantes da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, Dra. Maria Eli Trachtenberg e Dr. José Eduardo de Araújo Duarte, e a Secretária-Executiva do CRSNSP, Sra. Theresa Christina Cunha Martins. Sala das Sessões (RJ), 10 de abril de 2014 JǸ A MARIA MELO NETTO OLIVEIRA Presidente ANDREVAL Relator P( AORO MARIA ELfr1RACHTENBERG Procuradora da Fazenda Nacional
CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS, DE PREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTA E DE CAPITALIZAÇÃO. Processo SUSEP n 15414.001505/2009-43 Recurso ao CRSNSP n 5404 Recorrente: Rural Seguradora S/A Conselheiro Relator: Salvador Cicero Velioso Pinto Conselheiro Revisor: Paulo Antonio Costa de Almeida Penido RELATÓRIO Processo iniciado por representação lavrada pelo DETEC, apontando como infração o não atendimento de exigência formulada na carta SUSEP/DETEC/GESEC/DISEC n 34/09, recebida pela seguradora em 11.02.2009, não tendo se manifestado até a data da lavratura da representação em 14.04.2009. Apesar dos esclarecimentos prestados pela seguradora em sua defesa, a Chefe do DETEC, com base nos pareceres das áreas técnica e jurídica, julgou subsistente a representação, impondo a penalidade prevista na alínea "j" do inciso III do art. 50 da Resolução CNSP n 60/200 1, tendo sido concedida atenuante. Em seu recurso, a seguradora repete seus argumentos anteriores e afirma ter respondido a carta da SUSEP em 18 de fevereiro de 2009, que apresentou as justificativas solicitadas. Alegou ainda que a infração reconhecida pela decisão recorrida não é aquela que constou da representação, o que fere o princípio do direito ao contraditório e à ampla defesa. A douta Representação da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, em parecer de fis. 123/124, manifestou-se pelo conhecimento, mas pelo não provimento do recurso. É o relatório. Rio de Janeiro, 03 de maio de 2013 Salvador Cicero Velioso Pinto Conselheiro Relator
CONSELHO DE RECURSOS DO SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS, DE PREVID1NCIA PRIVADA ABERTA E DE CAPITALIZAÇÃO. Processo SUSEP n i 5414.001505/2009-43 Recurso ao CRSNSP n 5404 Recorrente: Rural Seguradora S/A Conselheiro Relator: André Leal Faoro VOTO A representação indica que a seguradora não atendeu às exigências da carta SUSEP/DETEC/GESEC/DISEC n 34/09, recebida pela seguradora em 11.02.2009, que solicitava justificativas para uma série de constatações feitas pela autarquia sobre PPNG, IBNR, quadros 270, 271 e 272, procedimentos adotados e mecanismos de controle criados para que os fatos não mais se repitam e, se necessário, a efetuação de recarga dos referidos quadros. Disse a representação que, até aquela data (14.04.2009), a seguradora não havia se manifestado, motivo pelo qual foi feita a representação. A defesa da seguradora demonstrou que, no dia 18 de fevereiro, enviou à SUSEP a resposta de fls. 75/78. Nessa resposta, a seguradora apresenta as justificativas e presta esclarecimentos, inclusive sobre critérios que passou a adotar. Manifestando-se sobre a defesa, o analista autor da representação declara (fls. 81): "A companhia enviou as justificativas, dentro do prazo, apontando diversos erros em seus dados, mas não efetuou as recargas devidas, motivo este que ensejou esta representação." Voltando-se a ler a representação de fls. 1, constata-se que o motivo que ensejou esta representação foi que a seguradora não se manifestou acerca desta carta até a presente data."
O próprio funcionário que lavrou a representação por falta de resposta à carta, contraditoriamente, afirma que "a companhia enviou as justificativas, dentro do prazo". Só que, em vez de reconhecer seu próprio erro e recomendar a insubsistência da representação, decidiu alterar a fundamentação, dizendo que o que ensejou a representação fora a falta das recargas. O foco da representação foi mudado. A defesa da seguradora foi dirigida a uma infração e ela acabou por ser condenada pela prática de outro ato. Não foram respeitados os princípios da ampla defesa e do contraditório. A carta da SUSEP que não teria sido respondida, mas foi, solicitava justificativas e esclarecimentos e, se necessário, a efetivação de recarga. Repito: se necessário, a efetivação de recarga. Se necessário. Ao dizer "se necessário", a autoridade signatária da carta supostamente não respondida deixou a critério da seguradora o juízo de necessidade. Cabia à seguradora decidir se a recarga era ou não necessária. A carta da SUSEP não mandava fazer a recarga. Deixou ao arbítrio da seguradora avaliar se a recarga seria ou não necessária. Se não houve uma ordem imperativa "faça a recarga", mas apenas uma sugestão de que fosse feita a recarga "se necessário", a não efetivação da recarga não pode ser considerada como desobediência ou infração. Não nos cabe aqui saber se as justificativas apresentadas foram ou não satisfatórias (aliás, nem a autoridade representante fez qualquer apreciação sobre isso), nem de a recarga era ou não necessária. O fato é que a carta da SUSEP, conforme depois reconhecido pelo autuante, foi respondida dentro do prazo, o que faz com que a representação seja insubsistente. Também não pode a seguradora ser condenada por não ter feito a recarga porque não houve determinação para isso, já que deixada a seu arbítrio a necessidade.
Além disso, não pode haver condenação por suposta infração que não foi objeto da representação. Por tais fatos, dou provimento ao recurso. Rio de Janeiro, 10 de abril de 2014 Faoro Conselheiro Relator