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Memorando nº 16/2015-CVM/SEP Rio de Janeiro, 19 de janeiro de 2015.

Transcrição:

INTERESSADO 1: SUPER KRUGER INTERESSADO 2: ASSUNTOS: COORDINFÂNCIA 07.10 TRABALHO INFANTIL NA CATAÇÃO DE LIXO. COMBATE. META PRIORITÁRIA DA INSTITUIÇÃO. Muitas são as ações que visam a erradicação do trabalho de criança e de adolescente na catação de lixo, entre elas a de concessão às suas famílias de condições de sobrevivência e a de conscientização dos setores produtivos quanto ao gerenciamento dos seus resíduos sólidos. O procedimento se insere nesse contexto, razão por que deve prosseguir, inclusive, para que se cumpra o anteriormente determinado pela Câmara de Coordenação e Revisão. Promoção de arquivamento não homologada. RELATÓRIO Trata-se de procedimento instaurado em face da empresa Supermercado Kruger Ltda. para averiguar questões atinentes ao gerenciamento de resíduos sólidos, comércio de material reciclável, convênio com a Associação dos Catadores de Lixo e outros, considerando a expedição de Notificação Recomendatória pelo Parquet, haja vista a sua competência para investigar o trabalho na catação de lixo, em especial, de crianças e adolescentes. O Órgão oficiante arquivou o feito, uma vez não localizada a empresa. 1

Ou autos vieram à apreciação da Câmara de Coordenação e Revisão, que, pelo voto de fl. 28, entendeu prematuro o encerramento da investigação alicerçado tão somente na devolução, pela EBCT, das correspondências encaminhadas, determinando, em conseqüência, o retorno dos autos à origem para localização da empresa, podendo, inclusive, solicitar fiscalização à SRTE local a fim de apurar a ocorrência das irregularidades que deram impulso à investigação. Na origem, foi constatado equívoco quanto à localização da empresa, identificada como sendo no Município de Quatro Pontes (fl. 31v), razão por que os autos foram encaminhados à PTM de Toledo para prosseguimento da investigação. Foram adotadas providências para a juntada aos autos cópia da Notificação Recomendatória referida no presente (fls. 42/46), e, ato seguido, o Órgão Oficiante arquivou o processo, dizendo que o teor da referida notificação não se coaduna com o conteúdo do item 7.10.1, trabalho na catação do lixo nas ruas, que identifica o tema atinente ao feito, relacionado à Coordenadoria Nacional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente, eis que não prevê qualquer cláusula relativa ao trabalho infantil, sendo todas atinentes ao meio ambiente, que, frisa-se, não é o meio ambiente do trabalho (fl. 48). É, em síntese, o relatório. VOTO Esclareça-se, de início, que a atuação do Parquet na forma prevista no presente se faz no escopo de uma ação ampla, e pioneira, da Regional, na busca da erradicação do trabalho de crianças e adolescentes no lixo, considerada uma das piores formas de trabalho infantil pela Convenção nº 182, da Organização Internacional do Trabalho, ratificada pelo Brasil. 2

Esta ação se insere nas metas prioritárias da Coordenadoria Nacional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente desde 2001, mantendo-se como tal desde então. O combate ao trabalho infantil nos lixões exige a adoção de uma série de ações que ultrapassam a mera retirada das crianças e dos adolescentes das ares de catação de lixo, insuficiente para se garantir o seu afastamento definitivo da atividade. Para tanto, deve-se investir na emancipação das famílias, assim como na conscientização de todos os setores produtores de resíduos sólidos, a exemplo do setor a que pertence o Supermercado Krueger Ltda., como também no comprometimento do setor público para as ações que lhe competem. Nessas condições, não há como examinar o presente fora desse contexto, nem avaliar o conteúdo da Notificação Recomendatória com olhar restrito, perdendo de vista o objetivo a que se propõe. Ademais, deve-se registrar que as ações de gerenciamento de resíduos sólidos visam, de fato, à preservação ambiental, mas, é certo, que esta não se aparta do meio ambiente do trabalho, ao contrário, ambos têm uma interação imediata e consequente. De se ressaltar que o trabalho de crianças e adolescentes na catação de lixo no Estado do Paraná alcança hoje patamares mínimos em razão das ações procedidas pelo órgão ministerial, a exemplo daquela adotada no presente feito. Assim, inserindo-se o presente entre as metas prioritárias da Coordinfância, não cabe aqui o seu questionamento, sob pena de se quebrar com uma sequência de procedimentos que vêm trazendo resultados positivos no combate ao trabalho infantil no caso. Ressalte-se mais que o feito veio anteriormente a esta Câmara, tendo retornado para a adoção de ações complementares. Ressalte-se que a decisão do 3

Colegiado corrobora a instauração do procedimento, com os fundamentos de fl. 10. No entanto, nenhuma consideração é feita pelo Órgão oficiante com relação ao que se decidiu naquela ocasião, na conformidade com o voto e a deliberação de fls. 28 e 29, quando lhe competia cumprir com o determinado pelo órgão superior. Por fim, trago o Precedente recente desta Câmara, relativo ao processo PGT/CCR/3910/2010, que tem como Relatora a Exma. Sra. Subprocuradora-Geral do Trabalho, Dra. Lucinéa Alves Ocampos, vazado nos seguintes termos, verbis: Muitos trabalhadores retiram dos lixões seu sustento e muitos deles levam seus filhos (crianças e adolescentes) para esta situação de extrema miserabilidade. Ao exigir o cumprimento do Decreto 5.940/2006 que determina que os resíduos recicláveis descartados pelos órgãos públicos sejam separados na fonte geradora e destinados às associações de catadores de materiais recicláveis o Ministério Público do Trabalho está contribuindo para a redução dos riscos à saúde daqueles que sobrevivem dos resíduos sólidos (lixo). Ademais, como bem lembrado pela Procuradora recorrente, o acesso pelos catadores a um material de melhor qualidade e preço, auxiliará no incremento da renda e consequente afastamento das crianças e adolescentes de tais atividades. Nunca é demais rememorar que o trabalho infantil em lixões inserese entre as piores formas de trabalho infantil, conforme Convenção n. 182 da Organização Internacional do Trabalho, constituindo uma das metas de ação da Coordenadoria Nacional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente. Embora os documentos de fls. 09/52 demonstrem a instituição de um programa de coleta seletiva pela Embrapa Florestas, nos termos do decreto 4

5940/2006, não houve no presente caso qualquer investigação acerca do cumprimento deste Programa no âmbito do Município de Ponta Grossa. A recorrida, aliás, aduz ser penosa a criação de um Plano de Gerenciamento para apenas 13 empregados, tendo em vista a insignificante repercussão na esfera social (fl. 94). Ora, o fato de manter apenas um escritório de representação em Ponta Grossa, com poucos empregados, não é empecilho para o cumprimento do referido Decreto, o qual se aplica a todos os órgãos da administração pública direta e indireta, indistintamente, sem ressalva quanto ao quantitativo de servidores/funcionários públicos pertencentes ao sue quadro. Admitir tal argumentação seria fazer uma ressalva que o decreto não o fez, qual seja, a sua inaplicabilidade nos locais em quem o número de servidores e/ou funcionários públicos é reduzido. Neste ponto, cabe lembrar o imperialismo categórico de Kant: Age de tal modo que a máxima de tua ação possa sempre valer como princípio universal de conduta. Entendo, pois, que a atuação do MPT é mais do que oportuna e conveniente, por envolver duas metas prioritárias desta instituição: de forma imediata, a defesa de um meio ambiente laboral mais saudável; e forma mediata, a diminuição e/ou erradicação do trabalho infantil nos lixões. Pelo provimento do recurso. Por todo o exposto, entendo necessário que o presente tenha prosseguimento, para que se cumpra o que determinado por este Colegiado, a fls. 28/29. 5

CONCLUSÃO Nessas condições, voto no sentido da não homologação do arquivamento do presente procedimento preparatório, com devolução dos autos à origem para prosseguimento, na forma do art. 9º, 4º da Lei 7347/85, como se entender de direito, deixando de designar membro específico para atuação (inciso II, artigo 10, da Resolução nº 69/2007), em respeito à autonomia organizacional da Regional, preservando-se, porém, o caráter de delegação deste ato, ainda que abstrata, que será individualizada no membro a quem couber oficiar no procedimento segundo os parâmetros regionais. Brasília, 08 de setembro de 2010. Eliane Araque dos Santos Relatora 6