Palavras- chave Formação Docente. Educação Sexual. Temas Transversais

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Transcrição:

1 A EDUCAÇÃO SEXUAL E A FORMAÇÃO DOCENTE NA CONTEMPORANEIDADE Rita de Cássia Petrenas i Fátima Aparecida Coelho Gonini ii Valéria Marta N. Mokwa iii Resumo O estudo da formação docente perpassa por várias vertentes, principalmente o que tange os temas polêmicos e de demanda social como, por exemplo, a temática da sexualidade. Buscamos envolver nessa pesquisa duas diretrizes: a formação docente e as questões dessa formação no tocante a educação sexual. Entretanto destacaremos tema transversal, Orientação Sexual, pois se apresenta como temas sociais, graves e urgentes, apresentados na sociedade que devem ser trabalhados no currículo escolar. Para tanto, partimos da premissa que é fundamental que o professor, tanto da educação infantil como do ensino fundamental, seja preparado para abordagem da temática no cotidiano escolar.trata-se de levantamento bibliográfico a partir de alguns documentos que estabelecem diretrizes, legalidade e também autores que abordam a sexualidade no contexto escolar e a relação da temática com a formação docente. A pesquisa tem como objetivo associar a temática da sexualidadeaos cursos de formação docente. Compreendemos quea educação sexual deve fazer parte do cotidiano escolar, pois, é proposta pelos documentos pedagógicos oficiais, além de ser assunto recorrente na sociedade atual. O profissional da educação ao se deparar com questões que perpassam a sexualidade deve estar capacitado para abordar e tratar a temática de forma reflexiva, livre das amarras, dos preconceitos, tabus e crenças, indo muito além de abordagens pontuais e baseadas no senso comum. Desse modo, a capacitação do educador é fator imprescindível, além de que podemos perceber que transformações e mudanças não se implantam somente por legislações e diretrizes é preciso planejamento, formação dos envolvidos e paralelamente vontade e predisposição dos gestores públicos e educacionais. Vislumbramos assim, uma educação sexual emancipatória, com marcas de criticidade, alteridade e reflexão. Palavras- chave Formação Docente. Educação Sexual. Temas Transversais Introdução No Brasil, a partir de 1997, as questões em torno da sexualidade no contexto escolar vêm se intensificando com a introdução dos temas transversais propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN, (BRASIL, 1997, 2001); dentre eles se destaca a orientação sexual que concebe os aspectos referentes à sexualidade e às questões de gênero. Os temas transversais se apresentam como problemas sociais graves e urgentes que despontam na sociedade, nesta concepção podemos destacar também a homofobia, pois o contexto escolar se torna local para tal abordagem, sendo espaço velado ou explicito de preconceitos dessa ordem. 00351

2 No caso da orientação sexual, proposta pelos temas transversais, a epidemia da AIDS e a gravidez precoce vieram ao encontro das questões em torno da sexualidade juvenil, percebendo a importância de abordar o tema desde a educação infantil. Assim, outros documentos, além do próprio PCN, foram se constituindo e abordando a temática da sexualidade no contexto escolar, dentre eles podemos destacar o Referencial Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998), Brasil sem Homofobia (BRASIL, 2004), Gênero e Diversidade na Escola (GÊNERO,2009), dentre outros. Nessa perspectiva, entende-se que a educação sexual se torna necessária em nossas escolas, não só por se apresentar enquanto tema transversal, mas por ser relevante perceber que o desenvolvimento pleno do indivíduo, comoser humano e cidadão também passa pela sua vida acadêmica, e essa é a questão mestra necessária para discussão do tema da sexualidade e a implantação da temática, principalmente nos cursos de formação docente, objetivando desvincular a sexualidade dos tabus e preconceitos e firmar-se como algo ligado ao prazer e à vida. É importante, para a atuação nessa área, que o docente apreenda as questões da sexualidade para trabalhar com os discentes de forma problematizadora, crítica e reflexiva, na busca da formação emancipatória do indivíduo em relação à temática. A sexualidade e a formação docente A escola é um espaço privilegiado para discussões de diferentes assuntos, sobretudo a sexualidade já que é um tema que entra no campo dos interditos e ainda ocasiona diferentes embates. Montrone e Oliveira (2004) aludem que a sexualidade está presente nos diferentes espaços, incluindo as escolas de nível superior, sendo necessário repensar a educação sexual com planejamento, implementação e avaliação de conteúdos curriculares ou eixos temáticos voltados aos direitos sexuais reprodutivos e valores humanos, para que contribua com a formação de profissionais solidários eresponsáveis, na busca de uma sociedade mais justa, humana e igualitária. Para Figueiró (2006) a educação sexual é um processo contínuo e ocorre através dos valores e conceitos sobre sexo e sexualidade, transmitidos nos espaços familiares, nos meios de comunicação de massa e na escola, entre outros espaços sociais e pode ser viabilizada na vigência de programas sistematizados, organizados com planejamento e com objetivos delimitados em que se procura informar e esclarecer sobre sexualidade. Compreendemos que estamos na era da informação, mas omaior desafio educacional na atualidade talvez nãoseja atender as demandas por mais conteúdos, mas 00352

3 valorizar também a qualidade de ensino, fazendo da escola um local de convivência com as diferenças. Consequentemente, as questões da sexualidade perpassam essa instituição e é característica essencialmente humana e desta forma, o processo de formação docente tem muito a acrescentar, para que o educador compreenda o educando como sujeito de direitos. A Formação Docente e a Temática da Sexualidade O estudo da formação docente perpassa por várias vertentes, principalmente no que tange a temas polêmicos e de demanda social, como a sexualidade. Em relação aos cursos de formação docente podemos destacar que na Resolução do Conselho Nacional de Educação no artigo 5º ao descrever as competências necessárias aos egressos do curso de Pedagogia, aponta dezesseis atribuições para o pedagogo, dentre elas: IX- identificar problemas socioculturais e educacionais com postura investigativa, integrativa e propositiva em face de realidades complexas, com vistas a contribuir para superação de exclusões sociais, étnico-raciais, econômicas, culturais, religiosas, políticas e outras; X demonstrar consciência da diversidade, respeitando as diferenças de natureza ambiental-ecológica, étnico-racial, de gêneros, faixas geracionais, classes sociais, religiões, necessidade especiais, escolhas sexuais, entre outras. (BRASIL, 2006). Portanto, a formação docente referente à sexualidade é fundamental uma vez que a escola tem papel preponderante na formação de crianças e adolescentes, sendo para muitos o único meio de informação, bem como as questões concernentes ao processo de pesquisa para atuar na pratica pedagógica. No Brasil, raros são os cursos de formação docente que abordam as questões da sexualidade, os educadores, na maioria das vezes, procuram capacitações após a formação na graduação, que não são contínuas, sendo caracterizadas por momentos pontuais. A Orientação Sexual, preconizada pelos PCNs, diante da prática da transversalidade entre as disciplinas, propõem diretrizes teóricas e pedagógicasque destaca a formação integral do educando envolvendo as diversas áreas do conhecimento e assim, vislumbra a emancipação do indivíduo, objetivando perceber a sociedade em seus diversos aspectos social, político, econômico e cultural. Diante desses pressupostos, a formação docente no tocante à sexualidade é fundamental, uma vez que a escola tem papel preponderante na formação de educandos, sendo para muitos, ainda o único meio de informação consciente e precisa. Ribeiro (2008) adverte sobre a formação dos educadores: [...] como os professores e demais profissionais que lidam com crianças e jovens têm um papel fundamental no processo de aquisição de conhecimentos e valores por parte de seus alunos, é essencial que também 00353

4 estes educadores tenham um espaço onde possam se formar como orientadores conscientes e capazes de indicar caminhos e escolhas que tornem a vida do indivíduo menos traumática, com menos culpa e ansiedade, com menos preconceitos e desinformação. (RIBEIRO, 2008, p. 2). Corroborando com essa vertente, Ferreira e Ribeiro (2009, p. 23) [...] entendendo a Educação como espaço primeiro de sua intervenção, alegam que essa detêm em suas entranhas tudo que é necessário à formação plena, integral e totalizante dos seres humanos. Entretanto, há mais de uma década da formulação inicial dos PCNs, poucas são as iniciativas e esforços governamentais nessa direção, e assim, carrega a dúvida de como os cursos de formação docente percebem e trabalham com essa proposta e mesmo como os educadores atuarão no cotidiano escolar. Diante desses apontamentos, pressupõe-se que pesquisas que envolvam essa temática necessitam serem melhores sistematizadas, suprindo as lacunas que possivelmente há em relação a essa área, principalmente no que se refere à formação docente nas licenciaturas, contribuindo de maneira mais efetiva para a inserção de uma educação sexual no cotidiano escolar livres das amarras dos preconceitos e estereótipos. Algumas Considerações Devido as questões sociais adentrarem cada vez o contexto escolar e dentre elas a temática da sexualidade, fica evidente a importância da abordagem de questões relacionadas a sexualidade, gênero, homofobia, gravidez na precoce, doenças sexualmente transmissíveis no cotidiano das escolas. Além do mais, os PCNs enquanto documento pedagógico de orientação viabiliza através dos temas transversais a abordagem da temática Orientação Sexual nas escolas. Nesse contexto os cursos de formação da área educacional necessitam reavaliar como estão preparando seus profissionais para atuarem com as questões da sexualidade, buscando assim, um currículo adequado para discussão da temática na busca de um espaço que possibilite reflexão e ressignificação de conceitos e valores. Se o educador não tiver a formação adequada não atuará de maneira a proporcionar a emancipação e a formação do educando com o qual educa. Na sociedade contemporânea novos paradigmas são essências para se poder atuar nas demandas que encontramos, para tanto, o docente necessita se instrumentalizar para atuar e transformar a realidade, minimizando preconceitos e padrões estereotipados. 00354

5 Referências BRASIL. Secretaria do Ensino Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:introdução. Brasília, DF: MEC/SEF, 1997. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília, DF: MEC/SEF, 1998. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: 1ª a 4ª série: apresentação dos temas transversais: ética. Brasília, DF: MEC/SEF, 2001. BRASIL. Congresso. Brasil sem homofobia: programa de combate à violência e à discriminação contra GLTB e promoção da cidadania homossexual. Brasília: SEDH, 2004. BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006. Brasília, 2006. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_06.pdf. Acesso em: 25 jan. 2009. FERREIRA, N. B. de P.; RIBEIRO, P. R. M. Sexualidade e História: fissuras no presente. In: FIGUEIRÓ, M. N. D. ; RIBEIRO, P. R. M.; MELO, S. M. M. (Org.). Educação sexual no Brasil: panorama de pesquisas do Sul e do Sudeste. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009.p.19-24. FIGUEIRÓ, M. N. D. Formação de educadores sexuais: adiar não é mais possível. Campinas: Mercado das Letras; Londrina: Eduel, 2006.p. 328. GÊNERO e diversidade na escola: formação de professoras/es em gênero, orientação sexual e relações étnico-raciais: livro de conteúdo. Rio de Janeiro: CEPESC, 2009. MONTRONE, A. V. G.; OLIVEIRA. M.W. Sexualidade: novas abordagens. In: SOLFA, G. C. (Org.). Gerando cidadania: reflexões, propostas e construções práticas sobre os direitos das crianças e do adolescente. São Carlos: Editora RIMa, 2004.p. 256. RIBEIRO, P. R. M.Processos e trajetórias na formação de professores para atuação no campo da educação sexual: a experiência do núcleo de estudos da sexualidade na UNESP, em Araraquara. In: ENCONTRO NACIONAL DE DIDÁTICA E PRÁTICA DE ENSINO, 14., Trajetória e Processos de ensinar e aprender: lugares, memórias e cultura.2008, Porto Alegre. Anais...Porto Alegre: PUCRS, 2008. i Doutoranda na Unesp/Araraquara, Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara. Integrante do NUSEX - Núcleo de Estudos da Sexualidade. São Paulo StateUniversity (UNESP), CEP 14807-901 Araraquara SP -Brasil. E-mail: petrenas@bol.com.br ii Doutoranda na Unesp/Araraquara, Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara.Integrante do NUSEX Núcleo de Estudos da Sexualidade. São Paulo StateUniversity (UNESP),CEP 14807-901 Araraquara SP - Brasil. E-mail: fatinini@yahoo.com.br 00355

6 iii Doutoranda na Unesp/Araraquara, Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara. Integrante do NUSEX - Núcleo de Estudos da Sexualidade. São Paulo StateUniversity (UNESP),CEP 14807-901 Araraquara SP - Brasil. E-mail: valeriamokwa@gmail.com 00356