BOLETIM DO LEITE Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP Ano 24 nº 280 Setembro - 2018 Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP SETEMBRO 2018
LEITE AO PRODUTOR Por Natália Grigol Movimento de alta deve ser interrompido em setembro Depois de sete meses em alta e de um aumento acumulado de 50,3% em termos reais na Média Brasil líquida¹ (valores deflacionados pelo IPCA de agosto de 2018), o preço do leite no campo deve registrar sua primeira queda do ano em setembro (referente à captação de agosto). Historicamente, observa-se que os preços do leite ao produtor obedecem a uma sazonalidade específica, que ocorre em função do regime de chuvas e, consequentemente, da disponibilidade de pastagens. A Figura 1 mostra as sazonalidades dos preços do leite ao produtor na Média Brasil e da captação, de acordo com dados da Pesquisa Trimestral do Leite do IBGE. Tipicamente, o maior preço observado ocorre em agosto e, já em setembro, começa o período de queda nos valores do leite, em decorrência do aumento da produção. Assim, o movimento de queda já era esperado entre agentes do setor. No entanto, o diferencial deste ano em relação aos anteriores é que, apesar da produção estar se elevando, o volume disponível ainda é baixo. Os últimos dados da Pesquisa Trimestral do Leite mostram que o volume captado no Brasil no segundo trimestre de 2018 esteve 3,2% inferior ao do mesmo período de 2017. Vale lembrar que, de 2016 para 2017, houve alta de 8,2% na mesma comparação. Dessa forma, o principal fator que pode influenciar a queda nas cotações não é a oferta, mas, sim, o consumo enfraquecido. De acordo com pesquisas realizadas pelo Cepea com o apoio da OCB, o preço do longa-vida recebido pelas indústrias na negociação com o mercado atacadista de São Paulo caiu 8,3% no acumulado de agosto, com a média mensal 13% inferior à de julho. Na primeira quinzena de setembro, esse movimento continuou, com queda de 3% no período. Segundo colaboradores consultados pelo Cepea, a formação de estoques tem dificultado as vendas da indústria. A estagnação da economia tem relação direta com esse cenário, à medida que o consumo de lácteos só é estimulado quando o poder de compra do brasileiro aumenta. Para outubro (referente à captação de setembro), agentes de mercado esperam aumento da captação, sobretudo no Sudeste e Centro-Oeste, o que deve levar a uma nova queda de preços ainda mais intensa que a de setembro. Gráfico 1 - Análise de sazonalidade dos preços do leite ao produtor na Média Brasil do Cepea e da captação realizada pelas empresas, de acordo com dados da Pesquisa Trimestral do Leite, do IBGE. Nota: O Índice de Sazonalidade foi calculado através do método da média geométrica móvel centralizada de 12 meses. O deslocamento entre os dados ocorre devido ao preço do leite se referir ao mês seguinte da captação. Na análise de sazonalidade, estabelecemos que 100 é o valor médio: então, os valores abaixo de 100 indicam preços ou volumes abaixo da média, e vice-versa. ¹ A Média Brasil considera os estados de BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS. Os preços líquidos não incluem frete e impostos. EXPEDIENTE Equipe Leite: Natália Salaro Grigol - Pesquisadora do Projeto Leite Equipe de Apoio Caio Monteiro, Juliana Cristina dos Santos, Munira Nasrrallah, Ivan Barreto e Laura Medeiros Editora Executiva: Natália Salaro Grigol Pesquisadora do Projeto Leite Jornalista Responsável: Alessandra da Paz - Mtb: 49.148 Editores Científicos: Prof. Geraldo Sant Ana O Boletim do Leite pertence ao CEPEA - Centro de Estudos Avançados Equipe Grãos: Lucilio Alves - Pesquisador Projeto Grãos de Camargo Barros e Prof. Sergio De Zen em Economia Aplicada - ESALQ/USP Equipe de Apoio André Sanches, Débora Kelen Pereira da Silva, Revisão: A reprodução de conteúdos publicados neste informativo é permitida Isabela Rossi, Carolina 2 Sales, Raphaela Spolidoro, Márcia Ferreira e Bruna Sampaio - Mtb: 79.466 desde que citados os nomes dos autores, a fonte Boletim do Leite/Cepea Marcella Rena CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA e APLICADA a devida data - ESALQ/USP de publicação. Nádia Zanirato - Mtb: 81.086 Flávia Gutierrez - Mtb: 53.681 Contato: (19) 3429-8834 leicepea@usp.br Endereço para correspondência: Av. Centenário, 1080 Cep: 13416-000 Piracicaba/SP
Tabela 1 - Índice de Captação do Leite do Cepea (ICAP-L) VARIAÇÃO MENSAL NA CAPTAÇÃO jul-17 4,42% ago-17 4,92% set-17 4,11% out-17-1,76% nov-17 1,32% dez-17 0,23% jan-18-2,17% fev-18-1,22% mar-18-7,22% abr-18-1,46% mai-18-14,37% jun-18 17,57% jul-18 6,25% Acumulado dos 12 meses 1,22% Acumulado 2018-11,05% Gráfico 2 - Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de agosto/18) MÉDIA BRASIL PONDERADA LÍQUIDA (BA, GO, MG, SP, PR, SC, RS) VALORES REAIS - R$/LITRO (Deflacionados pelo IPCA de agosto/18) 1,65 1,55 Agosto/18 1,5466 1,45 R$/Litro 1,35 1,25 1,15 1,05 0,95 2016 2014 Média 2005 a 2017 2015 2017 0,85 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ 3
Tabela 2 - Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquido) em AGOSTO/18 referentes ao leite entregue em JULHO/18 RS SC PR SP MG GO BA Preço Bruto Inclusos frete e CESSR (ex-funrural) Preço Líquido Mesorregião MÍnimo Médio Máximo Mínimo Médio Máximo % % Noroeste 1,4464 1,5961 1,8654 1,3301 1,4775 1,7429 1,84% 2,56% Centro-Oriental 1,1741 1,4847 1,5725 1,0727 1,3788 1,4652 3,89% 5,24% Média Estadual - RS 1,4184 1,5724 1,8073 1,3096 1,4614 1,6928 3,13% 3,91% Oeste Catarinense 1,3066 1,5522 1,7182 1,2114 1,4533 1,6169 1,31% 1,66% Norte Catarinense/Vale do Itajaí 1,1186 1,4271 1,6110 1,0139 1,2908 1,4721 3,75% 4,87% Média Estadual - SC 1,3001 1,5325 1,6923 1,2043 1,4321 1,5896 1,79% 2,17% Centro Oriental Paranaense 1,5223 1,6818 1,7226 1,4405 1,5976 1,6378 8,49% 8,96% Oeste Paranaense 1,4525 1,6850 1,8189 1,3360 1,5650 1,6969 8,39% 7,04% Norte Central Paranaense 1,5657 1,7045 1,8713 1,4539 1,5906 1,7550 3,85% 4,07% Sudoeste Paranaense 1,4757 1,6847 1,8473 1,3570 1,5629 1,7231 6,64% 5,86% Média Estadual - PR 1,4656 1,6594 1,7876 1,3575 1,5484 1,6747 6,41% 6,13% São José do Rio Preto 1,3205 1,7128 1,8878 1,2191 1,6056 1,7780 0,79% 0,91% Campinas 1,4101 1,6882 1,8182 1,2988 1,5728 1,7009 1,66% 2,55% Vale do Paraíba Paulista 1,4364 1,5824 1,6393 1,3610 1,5049 1,5610 1,41% 1,44% Média Estadual - SP 1,4347 1,6456 1,7625 1,3320 1,5362 1,6514 2,10% 2,41% Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba 1,5875 1,8114 1,9788 1,4702 1,6907 1,8557 3,88% 4,26% Sul/Sudoeste de Minas 1,5442 1,6758 1,8085 1,4557 1,5853 1,7162 3,53% 4,52% Vale do Rio Doce 1,4519 1,5959 1,8634 1,3340 1,4759 1,7394 2,24% 2,61% Metropolitana de Belo Horizonte 1,5275 1,7741 1,9306 1,4028 1,6458 1,8000 8,43% 9,09% Zona da Mata 1,4355 1,6428 1,6971 1,3250 1,5292 1,5827 4,26% 4,53% Média Estadual - MG 1,5404 1,7248 1,8807 1,4285 1,6102 1,7639 4,59% 5,17% Centro Goiano 1,6617 1,7517 1,9369 1,5507 1,6394 1,8219 3,55% 4,59% Sul Goiano 1,6306 1,7922 2,0162 1,5140 1,6731 1,8939 7,69% 8,80% Média Estadual - GO 1,6362 1,7875 1,9852 1,5205 1,6695 1,8643 7,26% 8,30% Centro Sul Baiano 1,3180 1,3688 1,4703 1,2000 1,2500 1,3500 0,00% 0,00% Sul Baiano 1,3386 1,3465 1,3543 1,2101 1,2179 1,2256 1,38% 1,40% Média Estadual - BA 1,3342 1,3990 1,5172 1,1844 1,2483 1,3647 2,60% 3,00% MÉDIA NACIONAL - Ponderada 1,4763 1,6589 1,8250 1,3673 1,5466 1,7103 4,13% 4,64% Var% Bruto Var% Líquido LEITE AO PRODUTOR Tabela 3 - Preços em estados que não estão incluídos na média Brasil RJ, MS, ES e CE RJ MS ES CE Sul Fluminense 1,6354 1,7249 1,8072 1,5337 1,6219 1,7030 3,25% 3,54% Centro 1,5510 1,7073 1,7845 1,4241 1,5781 1,6541 1,50% 1,63% Média Estadual - RJ 1,4234 1,6051 1,6850 1,3294 1,5083 1,5871 2,12% 2,33% Leste 1,2318 1,5472 1,5735 1,0525 1,3633 1,3891 9,28% 10,59% Sudoeste 1,3644 1,5554 1,6422 1,2250 1,4131 1,4987 5,89% 3,76% Média Estadual - MS 1,3108 1,5521 1,6144 1,1553 1,3930 1,4544 7,23% 6,36% Sul Espírito-santense 1,4957 1,5622 1,5863 1,4019 1,4674 1,4911 1,15% 1,66% Média Estadual - ES 1,4186 1,5519 1,6793 1,3072 1,4386 1,5640 1,29% 1,26% Sertões Cearenses 1,2054 1,3362 1,4334 1,1456 1,2745 1,3703 3,05% 2,77% Metropolitana de Fortaleza 1,2016 1,3663 1,4211 1,1818 1,3440 1,3980 2,59% 2,61% Centro Sul Cearense 1,0962 1,1676 1,2948 1,0758 1,1461 1,2714 1,01% 1,03% Média Estadual - CE 1,2524 1,3456 1,4256 1,1883 1,2801 1,3589 3,51% 3,50% 4
Preço do leite longa vida recua 13% em agosto Por Munira Nasrrallah e Juliana Santos Após meses em alta, o preço do leite UHT recuou 13% de julho para agosto, fechando o mês com média de R$ 2,7761/litro. Quanto ao queijo muçarela, as cotações caíram 5% na mesma comparação, para a média de R$ 18,84/kg em agosto. As desvalorizações de ambos os produtos estão atreladas ao baixo consumo e aos elevados estoques no atacado paulista. Se comparados ao mesmo período do ano passado, porém, os valores do UHT subiram 19,8% e os do queijo muçarela, 23,2%, permanecendo em patamares elevados no acumulado do ano, as altas são de 39,5% e de 28,3%, respectivamente. Na segunda quinzena de setembro, as cotações no mercado spot de leite (comercialização entre indústrias) seguem praticamente estáveis em São Paulo (+0,7% frente à primeira quinzena do mês), mas registram alta em Minas Gerais 2,9%, na mesma comparação e queda em Goiás (2,7%) e no Paraná (6%). Já os preços do leite UHT e da muçarela registraram quedas de 5,6% e de 2,5%, respectivamente, no acumulado da primeira quinzena de setembro, fechando o período com médias de R$ 2,6238/litro e de R$ 18,3963/kg. A pesquisa diária de preços realizada pelo Cepea no atacado de São Paulo tem o apoio financeiro da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras). DERIVADOS Produto Variações em termos reais (deflacionados pelo IPCA de agosto/2018) Cotação diária - atacado do estado de São Paulo Média de preços em agosto/18 Fonte: Cepea-Esalq/USP e OCB. Nota: Médias mensais obtidas de cotações diárias. Variação (%) em relação a agosto/17 Variação (%) em relação a julho/18 Leite UHT R$ 2,7761/litro 19,85% -13,0% Queijo muçarela R$ 18,84/kg 23,25% -5,03% Preços médios (R$/litro ou R$/kg) praticados no mercado atacadista e as variações no mês de agosto em relação a julho de 2018 GO MG PR RS SP Média Brasil Jul Ago % Jul Ago % Jul Ago % Jul Ago % Jul Ago % Jul Ago % Leite pasteurizado 2,61 2,57-1,36% 2,31 2,33 0,76% 2,55 2,51-1,94% 2,45 2,53 3,36% 2,46 2,45-0,43% 2,48 2,50 0,73% Leite UHT 3,15 2,65-15,79% 2,85 2,69-5,75% 3,03 2,74-9,36% 2,96 2,59-12,47% 3,21 2,78-13,42% 3,08 2,76-10,26% Queijo prato 20,38 18,02-11,61% 23,16 22,02-4,93% 20,71 19,77-4,55% 20,41 19,80-2,98% 21,39 20,28-5,21% 21,32 20,18-5,37% Leite em pó int.(400g) 15,34 16,73 9,05% 17,12 17,48 2,08% 16,87 19,88 17,79% 18,88 18,16-3,86% 16,55 16,20-2,13% 16,48 15,21-7,72% Manteiga (200g) 26,15 26,41 1,00% 25,82 25,41-1,60% 25,06 24,89-0,68% 25,57 25,25-1,26% 26,45 25,83-2,32% 25,41 25,31-0,41% Queijo muçarela 20,04 18,69-6,75% 21,15 20,51-3,06% 19,73 18,98-3,77% 19,77 18,71-5,34% 19,74 18,76-4,97% 19,98 19,05-4,66% Nota: Valores reais, deflacionados pelo IPCA de agosto/2018. Evoluímos a linha de produtos para que sua produção de leite também evolua. Conheça a nova linha Bovigold 0800 011 6262 www.tortuga.com.br 5
Por Laura Medeiros Exportação aumenta e reduz déficit da balança comercial Tabela 1 - Volume importado de lácteos (em equivalente leite)¹ - AGOSTO/18 Produto Volume (mil litros de leite) Agosto/18 Julho/18 Participação no total importado em Agosto/18 Agosto/18 - Agosto/17 Total 105.811-10,0% - 2,0% Leite em pó (integral e desnatado) 78.243-9,9% 73,9% 18,2% Queijos 27.120-5,89% 25,6% -24,41% Manteiga 447-64,68% 0,42% -38,04% As exportações de derivados lácteos aumentaram significantemente em agosto, totalizando 6,471 milhões de litros em equivalente leite, 80,9% acima dos embarques de julho, mas 8,6% abaixo do exportado em agosto de 2017. A expressiva elevação dos embarques e a queda de 10% na quantidade importada reduziram o déficit da balança comercial de lácteos em 12,9% assim, o saldo negativo no mês passado foi de 99 milhões de litros de leite. Os produtos mais exportados pelo Brasil em agosto foram os queijos, com participação de 50,4% no total de derivados enviados ao exterior, e o leite condensado, com 34,9%. Frente ao mês de julho, os embarques desses lácteos aumentaram 63,6% e 109,8%, respectivamente. Os países que mais importaram o queijo brasileiro no mês passado foram Argentina (31,7%), Chile (22,5%) e Rússia (21,1%). Quanto ao leite condensado, os principais compradores foram Trinidad Tobago (34,7%), Tunísia (16,7%) e Chile (14,3%). As importações, por sua vez, somaram 105 milhões de litros em equivalente leite, aumento de 2% frente às do mesmo período de 2017. O leite em pó continua sendo o principal produto importado pelo Brasil, somando 78 milhões de litros em equivalente leite em agosto, o que representa 73,9% do total. Em seguida destacam-se os queijos, com participação de 25,6% no volume total. Frente a julho, as importações de leite em pó e de queijos diminuíram 9,9% e 5,89%, nessa ordem. As importações de leite em pó e de queijos da Argentina, especificamente, representaram 56,6% e 74,1% do total adquirido pelo Brasil em agosto, enquanto as compras dos mesmos produtos vindos do Uruguai representaram 41% e 15,2% no mesmo período. Tabela 2 - Volume exportado de lácteos (em equivalente leite)¹ - AGOSTO/18 Produto Volume (mil litros de leite) Agosto/18 - Julho/18 Participação no total exportado em Agosto/18 Agosto/18 - Agosto/17 Total 6.471 80,95% - -8,6% Leite em pó (integral e desnatado) 26 224,7% 0,41% -50,6% Leite condensado 2.255 109,8% 34,9% -47,0% Queijos 3.259 63,6% 50,4% 58,2% MERCADO INTERNACIONAL Total acumulado jan-ago/2018 frente ao mesmo período de 2017: -26,9% Leite fluido 558 87,5% 8,63% -18,0% Total acumulado jan-ago/2018 frente ao mesmo período de 2017: -55,6% Notas: (1). Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite. (2). o soro de leite é medido em quilos, não sendo convertido em litros. Fonte: Comex / Elaboração: Cepea. 1 A categoria leites em pó considera os seguintes NCM definidos pela Secex: 4021010; 4022110; 4021090. ² A categoria queijos considera os seguintes NCM definidos pela Secex: 04061010; 04061090; 04062000; 04063000; 04064000; 04069010; 04069020; 04069030; 04069090. 6
CUSTOS DE PRODUÇÃO Margem positiva em 2018 favorece saúde financeira de propriedades Por Caio Monteiro O ano de 2018 tem apresentado margens mais favoráveis ao produtor de leite, o que indica que este pode ser um bom momento para que muitos reestabeleçam a saúde financeira de suas propriedades. Vale lembrar que, em 2017, alguns pecuaristas acumularam dívidas de custeio da atividade, devido à forte queda nos preços do leite no campo. No correr deste ano, ainda que os custos de produção estejam em alta, os aumentos na receita (preço do leite) ocorrem em intensidade muito maior. No acumulado de 2018 (até agosto), o COE (Custo Operacional Efetivo, que considera os gastos correntes da propriedade) da pecuária leiteira na média Brasil (estados da BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP) registra alta de 6,53%, praticamente a mesma variação observada no IGP-DI, de 6,63%. Já o preço do leite pago ao produtor subiu expressivos 54,4% no mesmo período. Em agosto, especificamente, os custos de produção da pecuária leiteira recuaram, após 10 meses de altas consecutivas. Por outro lado, o preço médio do leite seguiu em alta, atingindo, inclusive, o maior patamar nominal desde setembro/16. Sobre os custos, a queda de julho para agosto esteve atrelada à desvalorização de alguns insumos, como concentrado e medicamentos. Na média Brasil, a queda foi 0,20% para o COE e de 0,18% para o COT (Custo Operacional Total, que, além do COE, considera o pró-labore e depreciações). A ligeira retração nos valores do milho em julho em algumas regiões, reflexo da colheita da segunda safra, teve efeito sobre os valores dos concentrados nas casas agropecuárias em agosto. Na média Brasil, o grupo dos concentrados se desvalorizou 0,3%. Essa queda nacional, por sua vez, foi influenciada principalmente pelo recuo nos preços do insumo em Minas Gerais e em São Paulo, onde as desvalorizações foram de 0,70% e de 0,35%, respectivamente. Os preços de alguns medicamentos também registraram queda em agosto, como vitaminas, hormônios e antitóxicos que, juntos, se desvalorizaram 0,64%. Foto: Bento Viana/Senar 7
MILHO: Baixa liquidez e maior oferta pressionam cotações Por Carolina Camargo Nogueira Sales MILHO E FARELO DE SOJA Os preços do milho registraram leve queda na primeira quinzena de setembro. Esse cenário se deve à maior oferta, aliada à necessidade de fazer caixa de produtores e à baixa liquidez no mercado interno. Além disso, o fraco ritmo de exportações mantém compradores afastados, com a expectativa de maior oferta doméstica nos próximos meses. No acumulado do mês (até o dia 14), o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (base Campinas) caiu 0,9%, fechando a R$ 40,75/sc de 60 kg no dia 14. Quanto à média do mês (até 14 de setembro), de R$ 40,77/sc, é 1% inferior à média de agosto. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, foram registrados recuos tanto no mercado de balcão (valor recebido pelo produtor) quanto no disponível (negociação entre empresa) de 0,5% e 0,8%, respectivamente. Com a colheita praticamente finalizada, produtores estão voltados ao plantio da safra verão, que já teve início no Rio Grande do Sul e Paraná. Dados do Seab indicam que o plantio da nova safra no Paraná havia alcançado 13% da área estimada até o dia 10 de setembro, sendo que 100% das lavouras estão em boas condições. No Rio Grande do Sul, o semeio avança, chegando a 23% da área até o dia 13 deste mês, segundo a Emater. Em relação às exportações, os baixos preços praticados durante esta temporada e os altos custos com os fretes têm deixado compradores e vendedores afastados do mercado. De janeiro a agosto deste ano, foram embarcadas 9,27 milhões de toneladas, queda de 14% frente ao mesmo período de 2017. Segundo a Conab (Companhia Nacional do Abastecimento), os embarques devem ser 17% menores neste ano em comparação ao período anterior. Caso este cenário se confirme, compradores do físico apostam em maiores desvalorizações. FARELO DE SOJA: Alta do grão reduz margem de lucro da indústria Por Débora Kelen Pereira da Silva Mesmo com a valorização do farelo de soja, a margem de lucro da indústria está reduzida, visto que as fábricas não têm conseguido repassar toda a alta da matéria-prima para os derivados. Isso porque suinocultores e avicultores também já vêm trabalhando com uma menor margem de lucro há algum tempo, cenário que inviabiliza as aquisições de farelo a preços mais elevados. Na primeira quinzena de setembro, enquanto os preços de farelo de soja subiram 3,2% na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os do grão avançaram 5,5%. Diante disso, muitas indústrias sinalizam interromper o processamento para manutenção das fábricas. Em relatório divulgado no dia 11 pela Conab, a produção de farelo de soja é estimada em 31,95 milhões de toneladas nesta temporada (2017/18), 3,49% menor que a projetada no mês de agosto. Este volume é menor, inclusive, que a quantidade produzida na safra passada. Com isso, os estoques finais de farelo são previstos em 611,3 mil toneladas pela Companhia, queda de 68,9% frente ao estimado no relatório anterior. Por outro lado, a demanda externa pelo derivado segue elevada neste ano, favorecendo a indústria. De janeiro a agosto, o Brasil exportou 11,76 milhões de toneladas de farelo de soja, 17,7% a mais que no mesmo período de 2017. (R$/sc de 60 kg) janeiro 32,70 fevereiro 34,76 março 41,37 abril 39,92 maio 42,69 junho 40,55 julho 37,22 agosto 41,17 1ª quinzena de setembro 40,77 (R$/tonelada) janeiro 1.004,88 fevereiro 1.115,87 março 1.211,72 abril 1.292,72 maio 1.396,71 junho 1.396,37 julho 1.348,77 agosto 1.340,92 1ª quinzena de setembro 1.374,24 8 ENVIE SUAS DÚVIDAS E SUGESTÕES: PARA RECEBER O BOLETIM DO LEITE DIGITAL: Contato: leicepea@usp.br Encaminhe-nos um e-mail para Acompanhe mais informações sobre o mercado de leite leicepea@usp.br com os seguintes dados: em nosso site: www.cepea.esalq.usp.br/leite nome, e-mail para cadastro, endereço completo e telefone