PREÇOS SEGUEM EM ALTA, MAS MERCADO SINALIZA ESTABILIDADE PARA DEZEMBRO

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1 Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP Ano 18 nº214 Dezembro 2012 Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP No mês de novembro, o preço recebido por produtores pelo leite entregue em outubro teve aumento de 1,5% (ou 1,3 centavo por litro) frente ao mês anterior, indo para a média de R$ 0,8221/litro (valor líquido), segundo levantamentos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. O preço bruto foi de R $ 0, / l i t r o. E s s a s m é d i a s s ã o ponderadas pela produção de leite nos estados do RS, PR, SC, SP, MG, GO e BA. Em relação ao mesmo período do ano anterior, o preço médio ficou praticamente estável, apresentando leve recuo de 0,1% em termos reais (ou seja, descontando-se a inflação do período - IPCA até outubro/12). Pesquisas do Cepea, no entanto, mostram que os custos de produção estão quase 20% maiores. Os preços do milho continuam subindo, enquanto o preço do farelo de soja, mesmo em queda no mês de outubro, vale quase o dobro que há um ano. Além disso, no início de 2013, deve haver novo aumento dos custos em função do reajuste do salário mínimo. Pesquisadores do Cepea observam que o comportamento dos preços recebidos pelo leite em novembro foi atípico para o período. Normalmente, com a chegada das chuvas na primavera, em outubro, já é maior a disponibilidade de leite, o que tende a pressionar as cotações. Neste ano, entretanto, o volume mais baixo de chuvas combinado aos custos mais elevados da produção de leite têm limitado o avanço da produção. PREÇOS SEGUEM EM ALTA, MAS MERCADO SINALIZA ESTABILIDADE PARA DEZEMBRO S ã o P a u l o, o í n d i c e p e r m a n e c e u praticamente estável. No balanço dos sete estados desta pesquisa, o ICAP/Cepea recuou 0,4%. A maior parte dos laticínios/cooperativas c o n s u l t a d o s p e l o C e p e a ( 5 4 % d o s entrevistados, que representam 63% do volume de leite amostrado) acredita que os preços do leite ao produtor permanecerão estáveis em dezembro (produção entregue em novembro). Para 29% dos agentes (que respondem por 21% do volume da amostra), deve haver alta de preços e 16% dos consultados (responsáveis por 16% do volume de leite amostrado) acha que deve haver queda. AO PRODUTOR De acordo com os levantamentos do Cepea, o estado de Goiás apresentou aumento de 1,8% no preço líquido do leite, que foi para R$ 0,8731/litro em novembro o maior valor entre os estados da média nacional. Em Minas Gerais, o acréscimo foi de 1,7%, com a média a R$ 0,8374/litro. No estado paulista, a média foi de R$ 0,8498/litro, aumento de 0,9% frente a outubro. No Sul do País, o preço médio líquido do ICAP-L/Cepea - Índice de Captação de Leite - OUTUBRO/12. (Base 100=Junho/2004) Série de preços médios pagos ao produtor - deflacionada pelo IPCA (média de RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA) A oferta diminuiu nos três estados do Sul. De acordo com o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-Leite), entre setembro e outubro, a captação média diária naquela região caiu quase 5%. A redução ocorreu devido ao atraso das pastagens de verão, ocasionado pelo frio intenso e chuvas insuficientes nos últimos meses. Já em Goiás, h o u v e a u m e n t o e m t o r n o d e 4 % (principalmente na região sul do estado); em Minas Gerais, houve alta de quase 3% e, em MERCADO INTERNACIONAL pág. 05 DERIVADOS pág. 06 PANORAMA pág. 07 Importação aumenta 50% impulsionada pela compra de leite em pó do Uruguai Preços dos derivados recuam no início de dezembro Produzir com qualidade aumenta rentabilidade MERCADO DE MILHO E SOJA pág. 08

2 Paraná aumentou 1,4%, com a média chegando a R$ 0,7967/litro. No Rio Grande do Sul, com acréscimo de 1,2%, o litro teve média de R$ 0,7548 e, em Santa Catarina, houve alta de 0,8%, com média de R$ 0,7946/litro. O Espírito Santo foi o único estado a ter diminuição de preço, entre os 11 atualmente acompanhados pelo Cepea. A queda foi de 1,2% entre outubro e novembro, com a média (valor líquido) passando para R$ 0,7908/litro. No Rio de Janeiro, houve acréscimo de 1,8%, com o litro a R$ 0,9026. Em Mato Grosso do Sul, a alta foi de 2,2%, com média de R$ 0,7247/litro. Na Bahia, o preço médio foi de R$ 0,8110/litro em novembro, leve aumento de 0,3% frente a outubro. No Ceará, a variação foi semelhante, de 0,4%; a média esteve em R$ 0,8550/litro. Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquidos) em NOVEMBRO/12 referentes ao leite entregue em OUTUBRO/12 Mesorregião Noroeste RS SC PR SP MG GO BA Centro-Oriental Média Estadual - RS Oeste Catarinense Norte Catarinense / Vale do Itajaí Média Estadual - SC Centro Oriental Paranaense Oeste Paranaense Norte Central Paranaense Sudoeste Paranaense Média Estadual - PR São José do Rio Preto Campinas Vale do Paraíba Paulista Média Estadual - SP Triângulo Mineiro / Alto Paranaíba Sul / Sudeste de Minas Vale do Rio Doce Metropolitana de Belo Horizonte Zona da Mata Média Estadual - MG Centro Goiano Sul Goiano Média Estadual - GO Centro Sul Baiano Sul Baiano Média Estadual - BA MÉDIA NACIONAL - Ponderada Preço Bruto Inclusos frete e CESSR (ex-funrural) Máximo Mínimo Médio Máximo Mínimo 0,9026 0,6691 0,8263 0,8258 0,5977 0,9225 0,5734 0,8378 0,8234 0,4822 0,9112 0,6668 0,8312 0,8374 0,5951 0,9439 0,7027 0,8621 0,8761 0,6402 0,9365 0,6373 0,8465 0,8375 0,5449 0,9408 0,7013 0,8602 0,8689 0,6347 0,9417 0,8743 0,9291 0,8896 0,8237 0,9073 0,7819 0,8695 0,8340 0,7132 0,9478 0,5583 0,8660 0,8711 0,4906 0,7912 0,60% 0,10% 0,9204 0,6732 0,8526 0,8350 0,5935 0,7688 0,44% 0,44% 0,9181 0,7547 0,8745 0,8425 0,6833 0,9088 0,9985 0,8413 0,9123 0,9812 0,8605 0,9324 0,9075 0,7897 0,9723 0,8049 0,9238 0,8974 0,7285 0,9862 0,8159 0,9284 0,9239 0,7553 0,9415 0,7921 0,8912 0,8815 0,7370 1,0470 0,8615 0,9648 0,9589 0,7805 1,0579 0,9785 0,7273 0,9011 0,8245 0,8143 0,8588 0,9754 0,9524 0,9089 0,9656 0,9040 Preço Líquido 0,6633 0,8172 0,7417 0,7233 0,9715 0,8132 0,9089 0,9014 0,7453 1,0334 0,8205 0,9776 0,9574 0,7508 0,9723 0,7709 0,9292 0,9088 0,7113 0,9923 0,7871 0,9451 0,9247 0,7242 0,8925 0,7571 0,8462 0,8149 0,6814 0,9438 0,8284 0,9005 0,8698 0,7566 0,9738 0,7691 0,8809 0,9019 0,7011 Médio 0,7515 0,7279 0,7548 0,8018 0,7491 0,7946 0,8772 0,7870 0,7967 0,7917 0,8897 0,8600 0,8498 0,8608 0,8321 0,8811 0,8661 0,8159 0,8374 0,9006 0,8597 0,8731 0,7697 0,8273 0,8110 Var% Bruto Nov/Out 0,87% 1,41% 1,24% 2,04% 3,27% 2,04% 2,88% 1,87% 1,48% -1,07% -0,93% 2,55% 1,72% 1,27% 1,09% 0,75% 0,49% 1,80% 3,25% 3,53% 0,93% 1,52% 1,44% 1,45% 2,64% 2,23% 2,63% -0,16% 1,03% Var% Líquido Nov/Out 0,99% 1,53% 1,22% 0,61% 1,37% 0,75% 2,99% 1,53% 1,38% 1,22% 0,91% 1,11% 0,71% 1,95% 1,72% 1,59% 1,99% 1,85% 3,44% -0,83% 0,29% 0,9561 0,7680 0,8952 0,8841 0,6984 0,8221 1,63% 1,54% RJ MS ES CE Preços em estados que não estão incluídos na média nacional RJ, MS, ES e CE Sul Fluminense Centro Média Estadual - RJ Leste Sudoeste Média Estadual - MS Sul Espírito-santense Média Estadual - ES Sertões Cearenses Metropolitana de Fortaleza Centro Sul Cearense Média Estadual - CE 1,0947 0,9840 1,0467 0,8592 0,9347 0,9411 0,9826 0,9398 1,0645 0,9748 0,9516 1,0095 0,8337 0,9220 0,8655 0,6424 0,7025 0,6492 0,8687 0,7843 0,8710 0,8736 0,8775 0,8611 0,9857 0,9575 0,9710 0,8100 0,8528 0,8319 0,9282 0,8680 0,9856 0,9274 0,8914 0,9347 1,0257 0,9216 0,9751 0,7793 0,8280 0,8370 0,8889 0,8608 0,9825 0,8907 0,8615 0,9292 0,7764 0,8608 0,7995 0,5667 0,6011 0,5516 0,7776 0,7086 0,7818 0,8140 0,7780 0,7790 0,9250 0,8958 0,9026 0,7312 0,7338 0,7247 0,8359 0,7908 0,9019 0,8682 0,7957 0,8550 0,37% 0,21% 1,57% 5,45% 0,18% 2,80% 0,65% -0,91% 1,46% 0,01% -0,01% 0,17% 0,25% 0,31% 1,78% 3,19% 0,19% 2,20% 0,70% -1,21% 0,86% 0,13% 0,25% 0,36% Equipe Leite: Aline Barrozo Ferro - Pesquisadora Projeto Leite Ana Paula Negri, Jacqueline Barbieri, Paulo Moraes Ozaki e Pedro Parzewski Neves Equipe Grãos: Lucilio Alves - Pesquisador Projeto Gãos Ana Amélia Zinsly, Renata Maggian, Débora Kelen P. da Silva, Cássia Rebelo Varella, Flávia Gonçalves de Godoy e Daniele Ghiraldelli Editores Científicos: Prof. Geraldo Sant Ana de Camargo Barros e Prof. Sérgio de Zen (19) leicepea@usp.br Endereço para correspondência: Av. Centenário, 1080 Cep.: Piracicaba/SP

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4 EM DOIS ANOS, O PODER DE COMPRA FRENTE À UREIA REDUZ EM 13% Por Pedro Parzewski Neves, graduando Eng. Agronômica Esalq/USP; equipe Leite Cepea Apesar do aumento do preço líquido médio recebido pelo produtor de leite paulista em novembro/12 em relação a novembro/11, o poder de compra do pecuarista leiteiro frente à ureia permaneceu estável no mesmo período. No entanto, comparando-se com o mesmo mês de 2010, o poder de compra diminuiu 13%, devido aos elevados patamares de preços dos fertilizantes nos últimos anos. Em novembro/12, a tonelada da ureia em São Paulo teve média de R$ 1.268,00 e o preço recebido pelo produtor, de R$ 0,8498/litro. Com isso, foram necessários litros para adquirir uma tonelada de ureia sendo que, em 2010, o produtor necessitava de litros, o que representa uma redução de 13% no poder de compra. Vale lembrar que o nitrogênio é um nutriente essencial para o estabelecimento e manutenção da produtividade da pastagem. Dessa forma, sua deficiência pode resultar em degradação da área de pasto. Quanto aos atuais patamares de preços dos fertilizantes, está atrelada à forte demanda pelo insumo. Com os preços dos grãos elevados, a procura por fertilizantes aumentou para atender uma área plantada maior que a da safra 2011/12. Segundo dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), a quantidade de fertilizantes entregues ao consumidor final de janeiro a novembro esteve 4,5% maior em 2012 em relação ao ano anterior. Segundo dados do Cepea, o preço da tonelada da ureia agrícola subiu 1,7% entre novembro/11 e novembro/12 a p e n a s d e o u t u b r o / 1 2 p a r a novembro/12, o aumento foi de fortes 3,1%. O preço do leite, por sua vez, caiu 1, 2 % d e n o v e m b r o / 1 1 p a r a novembro/12 de outubro/12 para novembro/12, o incremento foi de 0,9%. Quantidade de litros de leite necessária para se adquirir uma tonelada de uréia agrícola no estado de São Paulo. Fonte: Cepea/CNA Concentrado (22% PB) 887,6 litros/tonelada 960,5 litros/tonelada 628,4 litros/tonelada Uréia 1626,7 litros/tonelada 1634,6 litros/tonelada 1527,2 litros/tonelada Antibiótico Oxitetraciclina 15,7 litros/frasco 50ml 15,0 litros/frasco 50ml 14,3 litros/frasco 50ml Fonte: Cepea/CNA Antimastítico 8,0 litros/frasco 10 ml 7,5 litros/frasco 10 ml 7,3 litros/frasco 10 ml Sal Mineral 80,7 litros/sc 25kg 80,6 litros/sc 25kg 68,7 litros/sc 25kg Herbicida 2,4D 55,8 litros/litro de herbicida 55,9 litros/litro de herbicida 54,2 litros/litro de herbicida Nota: As relações de troca referem-se ao estado de São Paulo.

5 IMPORTAÇÃO AUMENTA 50% IMPULSIONADA PELA COMPRA DE LEITE EM PÓ DO URUGUAI Os 159,5 milhões de litros de leite equivalente importado pelo Brasil em novembro representaram aumento 50% em relação ao volume de outubro. Esse crescimento na quantidade foi puxado basicamente pelo crescimento de 153% das compras de leites em pó, já que os demais produtos importados pelo Brasil registraram queda no volume comprado. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) e referem-se aos produtos do capítulo 4 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), além de doce de leite e leite modificado. O aumento no volume de leites em pó importado pode estar atrelado à maior demanda das indústrias do Brasil neste período de final do ano. Segundo agentes de mercado, a produção doméstica não foi suficiente para a procura nesse período. Mesmo com a entrada do produto estrangeiro, os preços internos do leite em pó se mantiveram firmes em novembro. Assim, o principal grupo de produtos importado em novembro foi o de leites em pó, representando 80% do total, seguido pelos queijos, com 19%. O total de lácteos importado apenas em novembro foi o equivalente a 64% de todo o ano de Ademais, este foi o maior volume mensal adquirido em Com o forte crescimento nas importações, o saldo da balança comercial de lácteos registra déficit de US$ 467 milhões na parcial de Esse déficit é 5% superior ao verificado no mesmo período do ano passado, quando o déficit havia sido o maior, desde Em novembro, o principal país de origem das importações continuou sendo o Uruguai, representando quase 60% do total do comercializado no mês, seguido pela Argentina, com 38%. Essa maior participação uruguaia deve-se ao grande aumento da aquisição de leite em pó daquele país, que avançou 78% de outubro para novembro. De forma inversa, as exportações brasileiras diminuíram 25% em novembro. Os volumes dos dois principais produtos vendidos pelo Brasil, o leite condensado (58%) e os queijos (22%), recuaram 22% e 20%, respectivamente, no mês. O principal destino das vendas brasileiras foi a Angola, que adquiriu 28% do total comercializado pelo Brasil, seguida pelo Chile (7,5%) e Trinidad e Tobago (6,5%). PREÇOS INTERNACIONAIS Os preços i n t e r n a c i o n a i s d e l e i t e s e m p ó permaneceram praticamente estáveis entre o final de novembro e início de dezembro. Somente o leite em pó desnatado no Oeste da Europa teve reajuste negativo nesse período. De acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o preço médio do leite em pó desnatado de 26 de novembro a 7 de dezembro foi de US$ 3.437,50/tonelada no Oeste da Europa, 7% acima da média do mesmo período do ano anterior. No caso do leite em pó integral, o valor médio registrado na mesma região foi de US$ 3.850,00/t e na Oceania, de US$ 3.375/t. IPE-L/Cepea Em novembro, o Índice de Preços de Exportação de Lácteos do Cepea (IPE-L) caiu 3% em dólar (com média de US$ 2,9/kg) e 1% em Reais (R$ 6,19/kg) frente a outubro. As principais quedas ocorreram nos grupos de leite fluido, soro de leite e iogurtes. O preço médio do leite condensado, principal produto exportado, teve baixa de 3% no período. Leite em pó integral Oceania Oeste da Europa Preços internacionais (US$/tonelada) Var. (%) Leite em pó desnatado Var. (%) US$ US$ US$ US$ ,6% -1,9% Oceania Oeste da Europa US$ US$ 3.437,5 US$ US$ ,2% 10,9% Nota: Variação em termos nominais, ou seja, sem considerar a inflação do período. Fonte: USDA. Dados referem-se à média entre 26/11 07/12. Total Leites em pó Total Leites em pó Queijos Leite fluido Soro de leite (mil kg) Volume exportado de lácteos em Novembro/12 (em equivalente leite)¹ Volume (mil L de leite) Volume importado de lácteos em Novembro/12 (em equivalente leite)¹ Volume (mil L de leite)² Var. - Nov/12 (%) Participação no total exp. em Nov/12 Var. Nov/11 - Nov/12 (%) % Leite Condensado Queijos Leites fluídos e cremes % -20% -74% 58% 22% 3% 16% -13% 31% Total de janeiro a novembro/12 frente ao mesmo período de 2011: -8% Total de janeiro a novembro/12 frente ao mesmo período de 2011: 2,5% Var. - Nov/12 (%) Participação no total exp. em Nov/12 Var. Nov/11 - Nov/12 (%) 50% - 57% 48% 80,2% 153% 59% 19% -36% 319% 0,5% -75% 22% - -12% Nota: (1) Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite; (2) O soro de leite é medido em quilos, não sendo convertido em leite % 13% 51% 7% Fonte: Secex. Elaboração: Cepea

6 PREÇOS DOS DERIVADOS RECUAM NO INÍCIO DE DEZEMBRO Por Ana Paula Negri, graduanda de Ciência dos Alimentos, e Jacqueline Betim Barbieri, graduanda em Eng. Agronômica Esalq/USP; equipe Leite Cepea Entre o final de novembro e a primeira quinzena de dezembro, os preços dos derivados lácteos negociados no atacado paulista caíram, influenciados pelo desaquecimento na demanda, observado principalmente para o leite UHT e muçarela, e pelo aumento na oferta de matéria-prima. Para a segunda quinzena de dezembro, a expectativa de agentes de mercado é de que os preços sigam em queda, por conta do período de safra de leite. Em novembro, por outro lado, os preços subiram em relação ao mês anterior. De acordo com as pesquisas diárias realizadas pelo Cepea, o leite UHT teve média de R$ 1,93/litro (inclui frete e imposto) no atacado paulista em novembro/12, 2,12% superior à de outubro/12 e 8,43% maior que a de novembro/11, em termos nominais. captação da matéria-prima. Assim, o preço médio nacional do leite em pó (400g) subiu pelo sexto mês consecutivo. De setembro para outubro, a elevação foi de 1,2%, com a média do produto a R$ 10,84/kg. Dentre os estados acompanhados, o Rio Grande do Sul registrou a maior alta no preço do leite em pó, de 8,2%, com a média a R$ 11,90/kg em outubro. As médias nacionais do leite UHT e do pasteurizado subiram 2,9% e 1,8%, respectivamente, passando para R$ 1,74/litro e R$ 1,40/litro em outubro. O queijo prato valorizou 2,5% no período, com média nacional a R$ 13,10/kg. C o n s i d e r a n d o - s e o s d e r i v a d o s acompanhados pelo Cepea, o queijo muçarela registrou a maior valorização, de 5,7%, com a média nacional passando para R$ 12,08/kg em outubro. A alta nos preços do muçarela foi observada em todos os estados pesquisados pelo Cepea, com destaque para o Paraná, onde o derivado valorizou 7,4% em relação ao mês anterior. Esse aumento ocorreu por conta da redução dos estoques do produto em outubro. O preço médio nacional da manteiga (200g) subiu pelo segundo mês consecutivo, 2,2%, passado para R$ 10,77/kg. Evolução dos preços de leite UHT e leite in natura spot no estado de São Paulo. O queijo muçarela teve média de R$ 10,68/kg (inclui frete e imposto) em novembro/12, alta de 4,75% em relação à de outubro/12 e de 5,32% frente à de novembro/11. Esta pesquisa tem apoio financeiro da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) e da CBCL (Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios). No mercado de leite spot, alguns colaboradores já relataram queda de preço na segunda quinzena de novembro, principalmente em Goiás e no Paraná. Para a primeira quinzena de dezembro, agentes acreditam que os preços devem seguir em baixa. MERCADO EM OUTUBRO: Todos os derivados lácteos acompanhados pelo Cepea registraram alta nos preços de setembro para outubro, considerando-se a média nacional (que inclui os estados de GO, MG, PR, RS e SP). Segundo agentes colaboradores do Cepea, o aumento nas cotações esteve atrelado à redução na oferta de todos os derivados lácteos, por conta da estiagem nos meses anteriores, que limitou a Leite UHT Queijo Muçarela Cotação diária - atacado do estado de São Paulo Média de preços Variação (%) em Variação (%) em em novembro/12 relação a out/12 relação a nov/11 R$ 1,93/litro 2,12% 8,43% R$ 10,68/kg 4,75% 5,32% Nota: Variação em termos nominais, ou seja, sem considerar a inflação do período. Fonte: Cepea Fonte: Cepea - OCB/CBCL Produto Leite Pasteurizado Leite UHT Queijo Prato Queijo Muçarela Manteiga (200g) Preços médios dos derivados praticados em OUTUBRO e as variações em relação ao mês anterior Leite em pó int. (400g) GO MG PR RS SP Média Geral 1,41 2,7% 1,76 0,8% 11,84 4,1% 11,97 11,23 11,00 6,7% 1,41-0,3% 1,77 1,5% 13,22 1,9% 1,39 3,0% 1,75 3,4% 12,86 6,5% 1,35 2,1% 1,62 5,8% 12,67 1,8% 1,46 1,8% 1,78 36% 14,67-0,8% 1,40 1,8% 1,74 2,9% 13,10 2,5% 11,93 4,6% 11,50 7,4% 12,35 3,7% 12,12 6,6% 12,08 5,7% 1,9% 11,67 0,8% 9,53 1,3% 9,67 1,4% 11,69 5,4% 10,77 2,2% 0,0% 10,40-2,1% 10,52-0,7% 11,90 8,2% 10,61 0,2% 10,84 1,2% Nota: Os valores estão em reais e referem-se sempre ao preço de 1 quilo ou de 1 litro de cada produto. Fonte: Cepea-OCB/CBCL

7 PRODUZIR COM QUALIDADE AUMENTA RENTABILIDADE Por Paulo Moraes Ozaki, Engenheiro Agrônomo e analista de custos de produção de leite do Cepea Desde a implementação das Instruções Normativas, a IN 51, em 2002, pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), produtores brasileiros de leite estão mais atentos aos padrões de produção, que visam a qualidade do produto. Vale lembrar que, em 2011, entrou em vigor a IN 62, que revisou os padrões de qualidade e estendeu o prazo para adequação do leite. Estes padrões, principalmente a Contagem Bacteriana Total (CBT) e a Contagem de Células Somáticas (CCS), conferem maior r e n d i m e n t o i n d u s t r i a l, s e g u r a n ç a alimentar e maior competitividade do leite brasileiro no mercado internacional. A redução da CCS e da CBT é vantajosa ao produtor, visto que este pode receber mais pelo leite caso a indústria pague por qualidade. Além disso, o rebanho deixa de perder produção e, consequentemente, a margem do produtor aumenta. Sendo assim, o Cepea simulou uma redução de C C S n o t a n q u e d e células/mililitro para cél/ml (limite considerado normal, que não acarreta em prejuízos) em propriedades típicas de Minas Gerais, o que elevaria a produção em 6% ao longo do ano. Considerando-se essa elevação da produção, mantendo o preço do leite estável e considerando-se os gastos com tratamento e prevenção da mastite, a margem bruta aumentaria em quase 27% para esse resultado, foi levado em consideração painéis realizados neste ano pela equipe do Cepea/CNA. O controle da CBT, por sua vez, dá-se p r i n c i p a l m e n t e p e l a h i g i e n e d o ordenhador e dos animais no momento da ordenha e lavagem dos equipamentos de ordenha e armazenamento após o uso. Assim, a CBT é relativamente mais fácil e rápida de se implantar, de modo que os resultados são imediatos. Já os fatores que influenciam a CCS são vários (época do ano, estágio da lactação, raça), mas o mais importante e recorrente é a infecção intramamária, a mastite. A mastite, além de aumentar a CCS do leite, também reduz consideravelmente a produção do animal, incorrendo em prejuízo ao produtor. Para avaliar a sanidade do rebanho, a amostragem do leite armazenado no tanque torna-se um grande aliado. Trabalhos mostram que CCS de tanque entre cél/ml e cél/ml revelam perdas de produção de 6% a 30% (EBERHART et al., 1982). Contagem de células somáticas no tanque e a perda de produção do rebanho CCS (células/ml) Perda de produção - 6% 18% 29% Fonte: Adaptado de EBERHART et al. (1982). EBERHART, R. J.; HUTCHINSON, J.; SPENCER, S. B. Relationships of bulk tank somatic cell counts to prevalence of intramammary infection and to indices of herd production. Journal of Food Protection, v. 45, n. 12, p , 1982.

8 Ana Amélia Zinsly Trevizam e Débora Kelen Pereira da Silva MILHO: Em novembro, exportações são recordes Nunca o Brasil exportou tanto milho num mês quanto em novembro. Foi recorde também a receita, que passou de US$ 1 bilhão. Segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior), em novembro foram embarcadas 3,91 milhões de toneladas de milho. No ano, já foram exportadas 17 milhões de toneladas, das quais 15,2 milhões somente nos últimos cinco meses. O preço médio de exportação em novembro foi de US$ 273,15/t, o maior desde maio deste ano. Além desse escoamento acelerado, a procura de compradores nacionais também esteve aquecida. Com isso, os preços tiveram fortes altas no mercado brasileiro. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, as cotações tiveram acréscimo de 8,4% no mercado de lotes (negociação entre empresas) e de 7,9% no mercado de balcão (ao produtor) no acumulado de novembro. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa, que representa negócios no segmento de lotes na região de Campinas (SP), subiu fortes 9,5% no mês, fechando a R$ 35,67/sc de 60 kg no dia 30. Se considerada a taxa de desconto NPR na região de Campinas, o preço médio à vista foi de R$ 35,12/sc de 60 kg na sexta-feira, alta de 9,6% em novembro. Mesmo com esse patamar de preços, a área com milho na safra verão deve ser entre 7,7% e 4,9% menor que a plantada em 2011/12, segundo estimativa da Conab. O motivo é que a soja tem apresentado remuneração ainda mais atraente e produtores apostam na segunda safra de milho. A menor área verão, porém, deve ser compensada por melhora da produtividade média, que elevaria a produção de milho da primeira safra para o intervalo de 34,09 a 35,39 milhões de toneladas, o que representaria aumento de 0,6% a 4,5%. FARELO DE SOJA: Demanda e preços enfraquecem em novembro Os valores de farelo de soja tiveram mais um mês de pressão, com cotações voltando aos níveis observados em julho. Segundo colaboradores do Cepea, esmagadoras e tradings do Brasil a d q u i r i r a m g r a n d e s v o l u m e s d o g r ã o principalmente até meado do ano, preocupadas com a diminuição da disponibilidade no segundo semestre. Muitas delas ainda têm bons volumes e, agora, processam e ofertam. O problema é que não há demanda para exportação e, no mercado interno, muitas empresas já estão se preparando para férias coletivas. Na média das regiões pesquisadas pelo Cepea, os preços de farelo de soja caíram 2,8% entre 31 de outubro e 30 de novembro. Entretanto, na parcial do ano, os valores ainda acumulam expressiva valorização de 87,3%. As exportações de farelo de soja caíram em novembro e também na parcial do ano. Dados da Secex mostram a saída de apenas 732,6 mil toneladas, redução de 46,8% sobre os embarques de outubro e de 39% sobre novembro de Na parcial do ano, as exportações de farelo de soja somam 13,2 milhões de toneladas, queda de 1,11% sobre as dos 11 primeiros meses de Importante considerar também que estimativas do relatório mensal do USDA elevaram a produção de soja norte-americana em relação aos dados de outubro e, na América do Sul, o clima contribuiu para o melhor avanço dos trabalhos de campo e desenvolvimento das lavouras. Ainda há expectativa de que o Brasil possa ser o maior produtor mundial de soja na temporada 2012/13. Fonte: CEPEA - Esalq/USP Valores em Campinas/SP 2012 Milho* Farelo** 2012 Janeiro 30,52 674,13 Julho Fevereiro 27,89 662,69 Agosto Março 28,39 687,14 Setembro Abril 25,34 784,37 Outubro Maio 24,46 878,33 Novembro Junho 23,64 955,11 Milho* Farelo** 28, ,66 32, ,92 31, ,70 30, ,31 33, ,47 * R$/saca ** R$/tonelada Envie suas dúvidas e sugestões! Contato: leicepea@usp.br Acompanhe mais informações sobre o mercado de leite em nosso site: