PREÇO ATINGE MAIOR PATAMAR REAL DE TODA A SÉRIE DO CEPEA, DE 13 ANOS

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1 Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP Ano 19 nº 223 Outubro 2013 Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP PREÇO ATINGE MAIOR PATAMAR REAL DE TODA A SÉRIE DO CEPEA, DE 13 ANOS Contrariando as expectativas do mês passado, os preços do leite pagos ao produtor continuaram subindo em setembro e alcançaram o maior patamar real da série do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, que foi iniciada em 2000 os valores foram deflacionados pelo IPCA de agosto/13. Essa foi a oitava alta consecutiva. O preço bruto, que inclui frete e impostos, aumentou 2,8% (ou 3 centavos/litro) em relação ao mês passado e chegou a R$ 1,1162/litro. Este valor, se comparado com o de setembro de 2012, representa expressivo acréscimo de 21,7% na receita do produtor. O preço líquido chegou a R$ 1,0378/litro, elevação de 2,3% (ou de 2,3 centavos/litro) em relação a agosto/13. Estas médias, calculadas pelo Cepea, são ponderadas pelo volume captado em agosto nos estados de GO, MG, PR, RS, SC, SP e BA. A valorização do leite aconteceu mesmo com o aumento da captação pelas indústrias em agosto. Segundo o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L/Cepea), o volume comprado pelos laticínios cresceu 2,04% em agosto, sendo impulsionado especialmente pela produção do Sul do Brasil. Nessa região, produtores forneceram 4,53% a mais de leite no comparativo com julho. Este avanço na produção continua atrelado ao maior poder de compra do pecuarista em relação à alimentação concentrada e também à qualidade da silagem fornecida no cocho, que juntas aumentam o desempenho das vacas em lactação. Já nos estados do Sudeste, Centro- Oeste e Nordeste, a captação de leite se manteve praticamente estável em agosto, movimento condizente com este período de entressafra de pastagens. demanda começou a esfriar e a oferta de leite, aumentar, cenário que pode pressionar os valores destes derivados nos próximos meses. No estado de São Paulo, em setembro, o leite UHT e o queijo muçarela registraram médias de R$ 2,34/litro e de R$ 13,17/kg (leves reduções de 0,19% e de 0,07% em relação a agosto), respectivamente esta pesquisa do Cepea é realizada diariamente com laticínios e atacadistas e tem o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e da Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios (CBCL). Para outubro, a expectativa de representantes de laticínios/cooperativas consultados pelo Cepea é novamente de estabilidade nos preços. Entre os compradores entrevistados, 71,3%, que representam 75,6% do leite amostrado, acreditam que os preços continuarão no mesmo patamar de setembro e 21,3% (que representam 21,6% do volume captado) indicam que haverá nova alta. Somente 7,4% dos agentes (representam 2,8% do volume) esperam redução de preços em outubro. AO PRODUTOR Em setembro, o preço bruto do leite pago ao produtor voltou a subir em todos os estados da pesquisa do Cepea. Entre os que compõem a média Brasil, Goiás continuou tendo o maior preço, com o litro cotado a R$ 1,1685, alta de 1,6% (ou 1,8 centavo por litro) frente à média de agosto. Minas Gerais registrou novamente o segundo maior preço, com média de R$ 1,1550/litro, acréscimo de 3,4% (ou 3,8 centavos/litro) em relação ao mês anterior. Em São Paulo, houve reajuste de 1,4% (ou de 1,6 centavo/litro), com o litro chegando a R$ 1,1121. No Paraná, o preço de setembro aumentou 3,2% ICAP-L/Cepea - Índice de Captação de Leite - AGOSTO/13. (Base 100=Junho/2004) Apesar do aumento da oferta nacional de leite, o volume importado em equivalente leite reduziu em 8% no acumulado de janeiro a agosto de 2013 frente ao mesmo período de 2012, passando de 758,5 para 697,4 milhões de litros dados da Secex. A menor disponibilidade do produto importado e o elevado patamar dos preços dos derivados proporcionaram à indústria maior rentabilidade e, consequentemente, maior remuneração ao produtor em setembro. Já no mercado de derivados, a expectativa de representantes da indústria se confirmou. Os preços do leite UHT e do queijo muçarela no atacado de São Paulo se estabilizaram e, segundo os agentes consultados pelo Cepea, a Compras de queijo crescem 25%, mas volume total importado recua Preços de leite UHT e queijo muçarela dão sinais de enfraquecimento pág. 07 Bom dimensionamento do silo reduz perdas de matéria seca

2 (ou 3,4 centavos/litro), chegando a R$ 1,0926/litro. Em Santa Catarina, a média foi de R$ 1,0903/litro, aumento de 2,1% em relação ao mês anterior (2,2 centavos/litro). Por fim, os preços do Rio Grande do Sul e Bahia também registraram altas, de 4,6% (4,6 centavos/litro) e de 2% (2 centavos/litro), respectivamente, com as médias a R$ 1,0545/litro e a R$ 1,0402. Quanto aos estados que não compõem a média Brasil do Cepea, os preços apresentaram o mesmo comportamento. O maior patamar foi verificado no Rio de Janeiro, onde o litro alcançou R$ 1,1679, aumento de 3% (3,4centavos/litro). Na sequência, esteve o Espírito Santo, com média estadual de R$ 1,1155/litro e alta de 3,2% (3,5 centavos/litro). No Ceará, os valores também aumentaram, com variação de 3% (3 centavos/litro) e média de R$ 1,0411/litro. Em Mato Grosso do Sul, o valor pago ao produtor aumentou 4,9% (ou 4,7 centavos/litro), com o litro a R$ 1,0160. SETEMBRO /13 AGOSTO /13 Sul / Sudoeste de Minas 1,1728 1,2496 1,1646 1,2030 1,1594 1,1846 1,1495 1,1276 1,3107 1,1852 1,1648 1,1808 1,2048 1,1777 1,1762 1,2415 1,1781 1,2492 1,2699 1,1823 1,2251 1,2377 1,2356 1,2363 1,0298 1,1336 1,1335 1,1951 0,8519 0,8415 0,8601 0,9182 0,8679 0,9177 1,0499 1,0200 0,7535 0,8432 0,9568 0,9181 1,0871 1,0752 0,9626 1,0737 0,9600 1,0641 1,0494 0,9903 1,0268 1,0114 0,9828 0,9922 0,8444 1,0163 0,9137 0,9619 1,0544 1,1281 1,0545 1,1038 1,0535 1,0903 1,1288 1,0615 1,0943 1,1000 1,0926 1,1000 1,1745 1,1406 1,1121 1,1921 1,1098 1,1893 1,2009 1,0935 1,1550 1,1817 1,1620 1,1685 0,9330 1,0795 1,0402 1,1162 1,0785 1,1371 1,0735 1,1251 1,0517 1,1031 1,1198 1,0505 1,1741 1,0921 1,0831 1,1045 1,1109 1,1086 1,1000 1,1731 1,1079 1,1601 1,1741 1,1088 1,1497 1,1608 1,1674 1,1652 0,9542 1,0567 1,0658 1,1161 0,7655 0,7388 0,7763 0,8453 0,7667 0,8411 0,9919 0,9450 0,6413 0,7578 0,8759 0,8478 0,9959 1,0077 0,8910 1,0055 0,8954 0,9742 0,9519 0,9213 0,9543 0,9354 0,9134 0,9206 0,7726 0,9421 0,8510 0,8864 0,9604 1,0203 0,9643 1,0284 0,9482 1,0112 1,0996 1,0005 0,9672 1,0088 1,0176 1,0256 1,0814 1,0720 1,0372 1,1148 1,0410 1,0995 1,1039 1,0222 1,0778 1,0945 1,0962 1,0957 0,8601 1,0039 0,9750 1,0378 Set/Ago 5,40% 7,48% 4,62% 2,28% 4,44% 2,10% 0,84% 2,26% 2,49% 4,34% 3,23% 2,49% -1,80% 1,56% 1,42% 1,74% 8,10% 0,62% 1,14% 2,12% 3,42% 1,09% 1,82% 1,57% 5,65% 0,45% 1,97% 2,77% Set/Ago 3,40% 6,41% 3,34% 2,53% 4,44% 2,23% 3,59% 1,26% -0,10% 3,54% 2,90% 2,13% -2,38% 0,99% 0,80% 2,05% 9,09% 0,73% 1,16% 1,72% 3,63% 1,02% 0,10% 0,40% 6,04% 0,59% 2,12% 2,31% 1,3045 1,1236 1,2641 1,0110 1,1677 1,1722 1,3014 1,2106 1,2475 1,0467 1,0820 1,1150 0,9970 1,0580 1,0373 0,8451 0,8067 0,8069 1,1290 1,0266 1,0874 0,9423 0,8827 0,9529 1,1038 1,0934 1,1679 0,9649 1,0086 1,0160 1,2144 1,1155 1,1974 1,0055 0,9819 1,0411 1,2365 1,0718 1,1877 0,9069 1,0597 1,0514 1,2043 1,1268 1,1650 0,9840 1,0134 1,0373 0,9359 1,0076 0,9660 0,7461 0,7069 0,6947 1,0361 0,9470 1,0086 0,8835 0,8186 0,8776 1,0399 1,0422 1,0950 0,8614 0,9037 0,8983 1,1196 1,0338 1,1160 0,9452 0,9155 0,9643 1,83% -1,17% 3,00% 4,39% 2,66% 4,91% -0,14% 3,24% 6,19% 1,13% 0,30% 2,96% 0,48% -1,03% 2,58% 4,88% 2,72% 5,40% 0,21% 3,26% 6,49% 1,21% -0,41% 3,07% Equipe Leite: Paulo Moraes Ozaki - Pesquisador Projeto Leite Ana Paula Negri, Jacqueline Barbieri, Marcel Moscatelli de Souza, Gressa Amanda Chinelato e Natália Salaro Grigol Flávia Romanelli - Mtb: 27540

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4 MARGEM BRUTA DO PRODUTOR DE LEITE PAULISTA AUMENTA 45% EM UM ANO Por Gressa Amanda Chinelato graduanda em Eng. Agronômica Esalq/USP; equipe Leite Cepea As altas nos preços do leite pagos ao produtor e a desvalorização do farelo de soja e do milho melhoraram a relação de troca de leite pela alimentação. Esse cenário, por sua vez, elevou em 45% a margem bruta receita menos custo operacional do produtor de leite paulista (considerando-se somente o custo com alimentação) entre setembro/12 e setembro/13. Este resultado tomou como base uma propriedade paulista com 30 vacas lactantes, que produzem, em média, 15 litros/dia cada. A margem bruta de setembro/13 foi de R$ 9.109,01, com um custo operacional diário de R$ 5,44/vaca em setembro/12, a margem bruta era de R$ 6.277,14 e o custo operacional, de R$ 5,55/vaca.dia. Para esta análise elaborada pelo Cepea, foram embutidos no custo da alimentação os preços da silagem de milho e do concentrado a base de milho e farelo de soja. Quanto à receita, o preço líquido do leite pago ao produtor teve elevação de 24% entre setembro/12 e setembro/13, passando de R$ 0,8349 para R$ 1,0372, em média. Tal valorização esteve relacionada, principalmente, à maior demanda. As condições do mercado da soja em 2013 proporcionaram preços mais baixos dos derivados quando comparados com os valores do mesmo período do ano passado. O farelo de soja é um dos principais insumos na composição da alimentação dos animais na pecuária de leite e teve queda de 11% entre setembro/12 e setembro/13. O maior poder de compra do pecuarista de leite nos últimos 13 meses fez com que produtores optassem por investir na alimentação do rebanho, buscando um incremento na produtividade. Custos com alimentação para vacas com produtividade média de 15 litros/dia em setembro/2013 (São Paulo) Silagem Silagem de Milho + Concentrado Silagem de Sorgo + Concentrado Silagem de Tanzânia + Concentrado Cana Picada - baixa uréia - Manual Cana Picada - baixa uréia - Mec. Custo do volumoso na dieta (R$/ton) 280,66 249,30 277,69 160,51 114,88 Custo do concentrado na dieta (R$/ton) 113,30 134,58 230,72 218,91 218,91 610,6 litros/tonelada 649,4 litros/tonelada 868,4 litros/tonelada 1409,0 litros/tonelada 1505,8 litros/tonelada 1730,2 litros/tonelada 11,7 litros/frasco 50 ml 12,9 litros/frasco 50 ml 15,5 litros/frasco 50 ml (130g de Fósforo) 6,9 litros/frasco 10 ml 7,2 litros/frasco 10 ml 7,8 litros/frasco 10 ml 67,5 litros/sc 25 kg 69,8 litros/sc 25 kg 82,6 litros/sc 25 kg 45,7 litros/litro de herbicida 47,3 litros/litro de herbicida 54,9 litros/litro de herbicida

5 COMPRAS DE QUEIJO CRESCEM 25%, MAS VOLUME TOTAL IMPORTADO RECUA Por Natália Salaro Grigol, analista de mercado da equipe Leite Cepea O volume de lácteos importado pelo Brasil vinha registrando consecutivos aumentos desde abril de 2013, chegando ao recorde do ano em agosto. Entretanto, em setembro, a quantidade adquirida pelo Brasil em equivalente leite pouco mais de 107,1 milhões de litros caiu 7% em relação ao mês anterior, segundo dados da Secex. Já as aquisições de queijos apresentaram movimento contrário, com elevação de 25% na mesma comparação, atingindo 27,9 milhões de litros. O aumento das compras externas de queijos evidencia a forte demanda brasileira pelos tipos importados e a maior competitividade do produto internacional. O queijo muçarela importado, por exemplo, foi negociado à média de R$ 10,74/kg, valor 18% menor que o produto nacional, que foi comercializado a R$ 13,17/kg em setembro no atacado paulista, de acordo com pesquisas diárias realizadas pelo Cepea com apoio da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e da Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios (CBCL). As cotações da muçarela no mercado externo têm registrado constantes elevações desde março deste ano. Contudo, a queda de 3% do dólar entre agosto e setembro amenizou essa valorização externa e deixou os preços internacionais mais atrativos na comparação com o mercado doméstico. A redução do volume total de lácteos importado pelo Brasil em setembro foi influenciada pela diminuição de 14% nas compras de leite em pó que representaram 71% do total de lácteos adquirido pelo Brasil, conforme dados da Secex. As quantidades de doce de leite, leite fluido e leite modificado também apresentaram quedas, de 39%, 27% e 29% respectivamente, de agosto para setembro. A participação do Uruguai na pauta de importações brasileiras recuou 5 pontos percentuais em setembro, representando 40,1% das compras totais. As compras na Argentina registraram queda de 7% e o país reassumiu a posição de maior fornecedor do Brasil em setembro, contribuindo com 47,3% das aquisições. O Chile voltou a ofertar considerável volume e participou com 7% do total importado pelo Brasil no mês. Os Estados Unidos, por sua vez, elevaram sua oferta em 65%, participando com 2,6% das compras totais. Em relação às exportações de lácteos, o volume negociado em equivalente leite em setembro seguiu em queda, totalizando 6,5 milhões de litros recuo de 13% na comparação com agosto. Embora os embarques de queijos, creme de leite, leite fluido e leite modificado tenham registrado altas de 3%, 72%, 14% e 12%, respectivamente, em setembro, tais aumentos não foram suficientes para elevar a quantidade total exportada. Isso porque houve retração nas vendas de leite condensado (de 34%) e leite em pó (4%), dois dos principais produtos da pauta de exportação brasileira. Além disso, os embarques de doce de leite e de manteiga também caíram, 71% e 6%, respectivamente, frente a agosto. O maior comprador do Brasil em setembro foi o Chile, com 17,2% das exportações. Em segundo lugar, com 12,2% das compras, ficou o Equador e em terceiro, com 8,4%, o Paraguai. IPE-L/Cepea Em setembro, o Índice de Preços de Exportação de Lácteos do Cepea (IPE-L) registrou alta de 1,5% em dólar frente a agosto, atingindo média de US$ 4,14/kg. Já em Real, o IPE-L caiu 1,8% na mesma comparação, com média de R$ 9,41/kg. Dentre os produtos considerados pelo IPE-L, os preços da manteiga e do doce de leite subiram 14,5% e 13,8%, respectivamente. Já as cotações de iogurtes, queijos e leite em pó tiveram quedas de 11,5%, 8,7% e 5,8% respectivamente. Comparação dos preços do queijo muçarela importado e do preço do indicador diário do Cepea Set/ Volume exportado de lácteos (em equivalente leite)¹ Ago - Set (%) Participação no total exp. em Set/13 Set/12 Set/13 (%) -13% -4% -34% 3% 14% Total de janeiro a set/13 frente ao mesmo período de 2012: 2% - 28% 29% 32% 9% -25,6% Volume importado de lácteos (em equivalente leite)¹ Set/13 Ago - Set (%) Participação no total imp. em Set/13 Set/12 Set/13 (%) ² % -14% 25% -27% 48% Total de janeiro a set/13 frente ao mesmo período de 2012: -7,7% - 71,5% Notas: (1) Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite; (2) O soro de leite é medido em quilos, não sendo convertido em litro. 26% 1,9% - -13% -57% 39% 17% -5% -19% 83% 119% -26%

6 PREÇOS DE LEITE UHT E QUEIJO MUÇARELA DÃO SINAIS DE ENFRAQUECIMENTO Por Ana Paula Negri, graduanda em Ciências dos Alimentos, e Marcel Moscatelli de Souza, graduando em Eng. Agronômica Esalq/USP; equipe Leite Cepea Depois de terem subido de forma consecutiva por seis meses, os preços do leite UHT e do queijo muçarela apresentaram estabilidade em setembro, dando sinais de enfraquecimento. O motivo seria a retração da demanda e o leve aumento de volume de leite captado no mês. Nos meses anteriores, as altas nas cotações do leite UHT e do muçarela estavam atreladas ao baixo estoque e à boa procura por esses derivados. Já para os próximos meses, agentes consultados pelo Cepea indicam que os valores podem cair. De acordo com as pesquisas diárias realizadas pelo Cepea, em setembro, o leite UHT foi negociado no atacado paulista à média de R$ 2,34/litro (inclui frete e impostos), 0,19% inferior à de agosto e forte aumento de 27,81% em relação a setembro/12, quando foi negociado a R$ 1,83/litro (em termos nominais). Em termos reais, ou seja, considerando-se a inflação do período, a alta é de 20,7%, com a média de setembro/12 a R$ 1,93/litro. Quanto ao queijo muçarela, o preço médio do derivado foi de R$ 13,17/kg em setembro, valor 0,07% menor em relação ao de agosto, mas 22,36% superior ao de setembro/12, em termos nominais. Esta pesquisa é diária e tem apoio da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) e da CBCL (Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios). MERCADO EM AGOSTO: Considerando-se os preços dos derivados no mercado nacional (que inclui os estados de GO, MG, SP, PR e RS), o do leite UHT, que teve alta de 4,6% em agosto, foi o produto que apresentou a maior elevação no mês. O leite pasteurizado teve leve valorização de 1,6%, sendo negociado a R$ 1,65/litro. Os valores dos queijos muçarela e prato, por sua vez, não apresentaram alterações significativas em relação ao mês anterior. Ambos tiveram aumento de, respectivamente, 0,9% e 0,8%. Para a manteiga, houve pequeno decréscimo de 1,1% na média nacional, influenciado principalmente pela queda de 10% no preço desse derivado em Goiás. A cotação do leite em pó se manteve praticamente estável, com ligeira baixa de 0,8% em agosto. Série de preços de leite UHT (em termos reais) no atacado paulista, desde março/2010 (IPCA=setembro/2013) Fonte: Cepea OCB/CBCL em set/13 ago/13 seto/12 R$ 2,34/litro R$ 13,17/kg -0,19% -0,07% 27,81% 22,36% Fonte: Cepea OCB/CBCL Preços médios dos derivados praticados em AGOSTO e as variações em relação ao mês anterior 1,67 2,27 14,22 14,41 11,25 13,17-3,0% 1,65 4,1% 2,21 7,7% 16,20 2,2% 15,31-10,0% 13,37-2,5% 13,33 2,0% 1,4% 3,2% 2,5% -2,8% 2,6% 1,71 2,35 15,38 14,80 12,10 13,92-0,2% 8,4% 3,6% 7,1% 0,0% 2,2% 1,61 2,27 14,67 14,60 11,30 14,05 4,6% 7,8% -12,7% -10,4% 5,6% 0,0% 1,63 2,26 16,42 14,31 12,53 12,60 5,3% 1,3% 4,2% 4,9% 2,7% -6,4% 1,65 2,27 15,38 14,69 12,11 13,42 1,6% 4,6% 0,8% 0,9% -1,1% -0,8% Fonte: Cepea/ESALQ-USP

7 BOM DIMENSIONAMENTO DO SILO REDUZ PERDAS DE MATÉRIA SECA Por Gressa Amanda Chinelato e Jacqueline Betim Barbieri, graduandas em Eng. Agronômica, Cepea/Esalq-USP Um estudo publicado em 2009 pelo professor Brian J. Holmes, da Universidade de Wisconsin- Madison (Estados Unidos), recomenda dimensionamentos para construção de um silo, visando ter maior aproveitamento da matéria seca. Segundo Holmes, que elaborou uma planilha pra auxiliar produtores, a construção do silo vai depender do tamanho do rebanho que, por sua vez, influenciará na taxa de remoção de matéria seca. Com base na planilha de Holmes, o Cepea analisou o dimensionamento em duas importantes regiões produtoras de leite e utilizou informações levantadas em painéis realizados em As simulações foram realizadas nos municípios de Castro (PR), onde a produção é mais tecnificada, e em Uberlândia (MG), utilizando como fonte o rebanho das propriedades típicas definidas com base em dados levantados em painéis. A forrageira utilizada nas duas fazendas foi o milho, considerando-se 32% de teor de matéria seca. Em Castro, segundo dados dos painéis, a propriedade típica trabalha com dois silos de 2 metros de altura, 50 metros de comprimento e 10 metros de largura que são preenchidos duas vezes ao ano (silagem safra e safrinha). Nessa propriedade, a necessidade nutricional diária do rebanho é de kg de matéria seca. Dessa forma, é necessária uma taxa de remoção de 50 cm/dia, considerando-se uma densidade de 650 kg de matéria verde/m³, o que, do ponto de vista técnico, torna estes silos bem dimensionados e com uma perda de matéria seca de 17%. Já em Uberlândia, dados de painel mostram que a necessidade nutricional diária do rebanho é de 810 kg de matéria seca. Considerando-se uma taxa de remoção diária de 30 cm, para minimizar as perdas de matéria seca, o ideal seria a construção de um único silo de 2 metros de altura, 8 metros de largura e 50 metros de comprimento. Assim, num período de estocagem de 152 dias, a perda de matéria seca seria de 18,6%. Neste período, boa parte dos produtores já começou a compra dos materiais necessários para a produção da silagem para o próximo ano. A qualidade da silagem está diretamente atrelada ao correto dimensionamento do silo trincheira, que, por sua vez, leva em consideração as dimensões mínimas, a taxa de remoção diária e a densidade da silagem. As dimensões mínimas do silo estão relacionadas à mecanização utilizada durante o processo de ensilagem, ou seja, o silo deve ter espaço o suficiente para que os vagões de tratores tenham espaço para descarregar e a máquina também consiga compactar a massa de forragem. Após o processo de ensilagem, outra variável a ser considerada é a altura do silo, que deve ser conveniente ao método de remoção do alimento. Silos corretamente dimensionados e que apresentam altas taxas de retiradas de forragem (maiores que 30 cm por dia) apresentam perdas reduzidas de matéria-seca, já que o painel do silo fica exposto ao ar por um período reduzido de tempo. Além disso, deve-se manter o painel do silo uniforme para diminir ainda mais as perdas de matéria seca. A redução de perdas de matéria seca, como resultado de um dimensionamento adequado do silo, só é possível se todas as etapas seguintes da ensilagem forem realizadas de forma eficaz. Devem ser respeitados o tamanho da partícula da forragem e a compactação correta do silo, que, juntas, levam a uma boa densidade da silagem de milho. Além disso, uma vedação adequada faz com que a fermentação seja eficiente, reduzindo perdas de carboidratos solúveis e também de matéria seca. Portanto, é necessário o planejamento estratégico para a construção de silos trincheiras, evitando perdas principalmente do âmbito financeiro. Município Forrageira Teor de Matéria Seca (%) Número de Silos Dimensão (alt x compr x larg) Tx. de Remoção % de perda de matéria seca Castro (PR) Milho 32% 2 2x50x10m 50 cm/dia 17,0% Uberlândia (MG) Milho 32% 1 2x50x8m 30 cm/dia 18,6% Fonte: Cepea.

8 Por Ana Amélia Zinsly Trevizam e Débora Kelen Pereira da Silva MILHO: Cotações voltam a cair em setembro A necessidade de venda de produtores brasileiros e os recuos das cotações externas de milho pressionaram os valores do cereal no mercado interno em setembro. A desvalorização do dólar frente ao Real de agosto para setembro também influenciou as quedas no mercado doméstico. No curto prazo, poucos parâmetros apontam recuperação dos valores. Quanto às exportações, até seguiram firmes em setembro, mas não em volume surpreendente. Em setembro, dentre as regiões acompanhadas pelo Cepea, houve expressivo recuo de 3,5% no mercado de balcão (pago ao produtor) e de 4% no de lotes (negociações entre empresas). O Indicador ESALQ/BM&FBovespa, referente à região de Campinas (SP), caiu fortes 4,2% em setembro, fechando a R$ 24,31/sc de 60 kg no dia 30. Se considerados os negócios também em Campinas, mas cujos prazos de pagamento são descontados pela taxa de desconto NPR, o preço médio à vista foi de R$ 23,86/sc de 60 kg no dia 30, recuo de 4,3% no mês. Na BM&FBovespa, o movimento também foi de queda. Em setembro, o contrato Nov/13 recuou 8,3%, fechando a R$ 23,26/saca de 60 kg no encerramento do mês. O vencimento Jan/14 registrou baixa de 9,1% no mesmo período, a R$ 23,64/sc de 60 kg. FARELO DE SOJA: Preços internos se mantêm firmes Após a forte alta em agosto, de aproximadamente 15%, as cotações do farelo de soja seguiram firmes em setembro. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, as cotações desse derivado da soja registraram alta de 0,5% entre 30 de agosto e 30 de setembro. Segundo a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), apenas 18,2 milhões de toneladas de soja em grão foram processadas de fevereiro a agosto período de maior processamento da oleaginosa, o menor volume desde Esse cenário resultou na menor disponibilidade de derivados no mercado interno, principalmente de farelo de soja. Ao mesmo tempo, o setor espera aumento da produção de carnes de aves e suínos em 2014, o que poderia elevar a demanda por este derivado. Quanto aos embarques brasileiros de farelo de soja, o volume acumulado em 2013 (até setembro) é de 10,07 milhões de toneladas 9,4% menor que o registrado no mesmo período do ano passado. A receita em 2013 totaliza US$ 5 bilhões, 3,6% a mais na mesma comparação, favorecida pelo dólar mais alto. Com isso, a receita média anual é de US$ 461,57/t, um recorde dados da Secex. Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro 32,30 31,91 30,29 25,97 25,57 26,01 24,61 23,63 24, ,45 903,48 792,12 744,91 815, , , , ,58