AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 122610/AL (0001933-12.2012.4.05.0000) AGRTE : CRISTINA MOREIRA DE BRITO TENORIO ADV/PROC : FLÁVIO ADRIANO REBELO BRANDAO SANTOS E OUTRO AGRDO : FAZENDA NACIONAL ORIGEM: 5ª VARA FEDERAL DE ALAGOAS (COMPETENTE P/ EXECUçõES FISCAIS) RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL WALTER NUNES DA SILVA JúNIOR (CONVOCADO)- Segunda Turma RELATÓRIO O Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal WALTER NUNES DA SILVA JúNIOR (RELATOR CONVOCADO): Trata-se de Agravo de Instrumento, com pedido de efeito suspensivo, interposto por CRISTINA MOREIRA DE BRITO TENÓRIO contra a decisão proferida pelo MM. Juízo Federal da 5ª Vara-AL que, em sede de execução fiscal, indeferiu a pretensão formulada em exceção de pré-executividade, objetivando a invalidação do executivo e a desconstituição da arrematação realizada. O MM. magistrado prolator da decisão agravada indeferiu a pretensão da executada, ora agravante, por não vislumbrar nenhuma nulidade de ordem pública na execução fiscal, considerando válida a certidão de dívida ativa que a instruiu e determinando o prosseguindo da demanda, com a expedição de mandado de imissão na posse do imóvel, conforme requerido anteriormente pelo arrematante. Entendeu o douto julgador que, inicialmente, o executado foi citado para responder a lide por edital, já que não encontrado pelo oficial de justiça, e que este e sua cônjuge (a ora agravante) foram regularmente intimados, também por edital, da penhora que recaiu sobre o imóvel ora arrematado. Aduz que a legislação pátria não prescreve a citação do cônjuge para integrar o pólo passivo da demanda executiva fiscal, mas apenas a intimação do executado e cônjuge da penhora, o que foi feito, não havendo que se falar em qualquer nulidade processual. Em suas razões recursais, a Agravante requer a reforma da decisão vergastada, sob a alegação de que a instrução processual da execução fiscal em epígrafe está eivada de nulidade insanável, tendo em vista que tal demanda tramitou tendo como partes a UNIÃO (exeqüente) e EDSON TENÓRIO DE LIMA (executado), seu esposo, falecido em 14/11/2004. Aduz a agravante (esposa do executado falecido) que não foi citada pessoalmente do executivo fiscal, sendo a citação por edital uma medida excepcional apenas quando esgotados os procedimentos normais no sentido de 1
tentar encontrar a parte citanda. Aduz a recorrente que quando tomou ciência da execução, o seu bem já tinha sido alvo de uma arrematação, ou seja, o processo executório tramitou sem a presença de uma parte obrigatória, já que o bem imóvel pertencia tanto ao executado quanto à sua esposa (a agravante).pugna, em caráter liminar, pelo provimento jurisdicional que determine a suspensão dos efeitos da imissão de posse do arrematante do imóvel adquirido em leilão. Deferido o pedido de atribuição de efeito suspensivo. Contrarrazões apresentadas as fls.39/42. É o relatório. 2
AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 122610/AL (0001933-12.2012.4.05.0000) AGRTE : CRISTINA MOREIRA DE BRITO TENORIO ADV/PROC : FLÁVIO ADRIANO REBELO BRANDAO SANTOS E OUTRO AGRDO : FAZENDA NACIONAL ORIGEM: 5ª VARA FEDERAL DE ALAGOAS (COMPETENTE P/ EXECUçõES FISCAIS) RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL WALTER NUNES DA SILVA JúNIOR (CONVOCADO)- Segunda Turma VOTO O Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal WALTER NUNES DA SILVA JúNIOR (RELATOR CONVOCADO): Trata-se de Agravo de Instrumento, com pedido de efeito suspensivo, interposto por CRISTINA MOREIRA DE BRITO TENÓRIO contra a decisão proferida pelo MM. Juízo Federal da 5ª Vara-AL, que, em sede de execução fiscal, indeferiu a pretensão formulada em exceção de pré-executividade pela ora Agravante, objetivando a invalidação do executivo e a desconstituição da arrematação realizada. A atribuição de efeito suspensivo a agravo de instrumento pressupõe a presença, concomitante, dos requisitos da relevância dos fundamentos do recurso e a plausibilidade do direito alegado pelo recorrente, além da possibilidade de ocorrência de dano irreparável ou de difícil reparação. Quanto à plausibilidade do direito invocado, há que se ressaltar que a agravante alega nulidade absoluta da execução fiscal em epígrafe por vício insanável na citação. Considero pertinente transcrever excertos da decisão exarada pelo Exmo. Des. Federal Francisco Barros Dias, que deferiu o pedido de atribuição de efeito suspensivo do agravante, os quais utilizo como razões de decidir, verbis: Há que se considerar, nesta análise perfunctória própria das tutelas de urgência, a notícia de que a execução fiscal (a qual não foi devidamente juntada ao presente agravo de instrumento) teria sido ajuizada, em 2008, pela UNIÃO (exeqüente) em face de EDSON TENÓRIO DE LIMA (executado), após o seu falecimento, ocorrido em 14/11/2004; tendo ocorrido a citação editalícia em nome do mesmo, após tentativa de citação pessoal por oficial de justiça. Com efeito, sabe-se que a citação de devedor por edital, após o seu falecimento, é ato juridicamente inexistente, motivo pelo qual se vislumbra a plausibilidade do direito alegado, ao menos neste juízo de delibação. 3
Confira-se precedente deste egrégio Tribunal a respeito: PROCESSO CIVIL - EXECUÇÃO FISCAL - BEM IMÓVEL ADJUDICADO A TERCEIRO, NOS AUTOS DE INVENTÁRIO, POR SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO - PENHORA - IMPOSSIBILIDADE. - Postula-se a reforma da decisão judicial que determinou a penhora e avaliação do imóvel residencial matriculado no 1º RGIH de Maceió/AL, sob o n. 12.198, desconsiderando ato de disposição do inventariante, nos autos do inventário. - No caso dos autos, a citação da co-devedora ELEUZA NUNES MARTINS, realizada por edital, se deu após o seu falecimento, sendo ato juridicamente inexistente. O mesmo se pode dizer da citação do espólio, somente levada a efeito quando do encerramento do inventário. - A adjudicação do imóvel a terceiro se deu por ocasião do encerramento do inventário, mediante sentença judicial transitada em julgado, sendo, por isso, plenamente válida. - Assim como não se concebe citação de pessoa falecida, não há de se falar em citação de espólio quando já encerrado, por sentença, o processo de inventário, sendo plenamente válida a disposição do bem integrante daquela universalidade. - Agravo de Instrumento provido. (AG 200805000026269, Desembargador Federal Sérgio Murilo Wanderley Queiroga, TRF5 - Segunda Turma, DJE - Data::11/11/2009 - Página::156.) Quanto ao perigo da demora, entendo que esta também se faz presente, na medida em que o bem imóvel penhorado nos autos da presente execução fiscal está na iminência de sofrer imissão na posse por parte dos arrematantes. Diante do exposto, dou provimento ao agravo de instrumento. É como voto 4
AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 122610/AL (0001933-12.2012.4.05.0000) AGRTE : CRISTINA MOREIRA DE BRITO TENORIO ADV/PROC : FLÁVIO ADRIANO REBELO BRANDAO SANTOS E OUTRO AGRDO : FAZENDA NACIONAL ORIGEM: 5ª VARA FEDERAL DE ALAGOAS (COMPETENTE P/ EXECUçõES FISCAIS) RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL WALTER NUNES DA SILVA JúNIOR (CONVOCADO)- Segunda Turma EMENTA PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. CITAÇÃO POR EDITAL APÓS FALECIMENTO DO DEVEDOR. ATO INEXISTENTE. AGRAVO PROVIDO. 1. A execução fiscal ajuizada em 2008, após o falecimento do executado, ocorrido em 2004, cuja citação, em razão frustrada a citação pessoal, foi feita pela via editalícia. 2. A citação de devedor por edital, após o seu falecimento, é ato juridicamente inexistente, motivo pelo qual se vislumbra a plausibilidade do direito alegado, ao menos neste juízo de delibação. 3. Precedentes deste Egrégio Tribunal (AG 200805000026269, Desembargador Federal Sérgio Murilo Wanderley Queiroga, TRF5 - Segunda Turma, DJE - Data::11/11/2009 - Página::156.) 4. Agravo provido. ACÓRDÃO 5
Vistos e relatados os autos em que são partes as acima indicadas, decide a Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5a. Região, por unanimidade, dar provimento ao agravo, na forma do relatório e voto constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Recife/PE, 10 de abril de 2012. (data do julgamento) Desembargador Federal WALTER NUNES DA SILVA JúNIOR (Relator convocado) 6