MAPEAMENTO ENTRE OS TERMOS DO FOCO DA PRÁTICA DA CIPE BETA-2, DA CIPE VERSÃO 1 E DA CIPESC Romana Reis da Silva 1 Andreia Malucelli 2 Marcia Regina Cubas 3 Introdução: Este estudo integra um projeto de pesquisa denominado: Compondo Uma Nova Geração de Sistemas Classificatórios para as Práticas de Enfermagem, do Programa de Pós-graduação em Tecnologia em Saúde da Pontifícia Universidade Católica do Paraná PUCPR (Brasil), o qual tem como objetivo avaliar a aplicabilidade de um sistema computacional para auxílio ao raciocínio diagnóstico individual e coletivo com uso da Classificação Internacional das Práticas de Enfermagem - CIPE / Classificação Internacional das Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva - CIPESC. A busca de uma linguagem própria da enfermagem não é considerada novidade. Formas de expressar as práticas da profissão são desenvolvidas desde a década de 1960, no entanto, a padronização desta linguagem é fato a ser ponderado como inovação. A CIPE representa uma ferramenta produtora de informações para a tomada de decisão do enfermeiro por meio de uma linguagem de enfermagem unificada e universal. É uma terminologia combinatória que permite ao enfermeiro formular diagnósticos de enfermagem, delinear intervenções e identificar resultados aos cuidados prescritos. Estas ações desencadeiam dados e informações confiáveis com potencial para contribuição na formulação de políticas de saúde, contenção de custos, informatização dos serviços de saúde, no controle do próprio trabalho de enfermagem e nos avanços da profissão. A CIPE é um instrumento dinâmico e mutável e, para sua manutenção, é preciso constante avaliação, bem como revisão e validação dos termos para reduzir a ambigüidade e redundância. O fruto deste 1 Enfermeira, mestranda em Tecnologia em Saúde da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Av: Silva Jardim 314 ap 92, e-mail: romanareis@yahoo.com.br Telefone: (41)9206-6212 2 Bacharel em Informática. Doutora em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores. Professora do Programa de Pós-graduação em Tecnologia em Saúde da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. e-mail: malu@ppgia.pucpr.br. 3 Enfermeira. Doutora em Enfermagem Saúde Coletiva. Professora do Programa de Pós-graduação em Tecnologia em Saúde da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. e-mail: m.cubas@pucpr.br.
aperfeiçoamento resultou em diferentes versões (com ano da publicação original): Alfa (1996), Beta (1999), Beta-2 (2001) e Versão 1 (2005). Nesta última houve uma mudança da estrutura da classificação, a qual passou de dois modelos com oito eixos para um modelo com sete eixos. A contribuição brasileira à CIPE foi oriunda do projeto CIPESC, desenvolvido do ano de 1996 até 2000, sob coordenação da Associação Brasileira de Enfermagem - ABEn, o qual estudou o processo de trabalho da enfermagem em sua face coletiva e ampliou termos relativos à classificação (Nóbrega e Gutiérrez, 2005) e teve como base para organização de seus termos a versão Beta. Nesta perspectiva, faz-se necessário a atualização dos termos da CIPESC, bem como a compreensão e adequação desta à estrutura do modelo de sete eixos da CIPE. Objetivo: Construir um mapeamento entre os termos do foco da prática da CIPE beta-2, da CIPE versão 1 e da CIPESC, no sentido da identificação de semelhanças e diferenças entre os mesmos. Metodologia: A base metodológica utilizada no desenvolvimento do projeto ampliado é a proposta incluída na Teoria de Intervenção Práxica de Enfermagem em Saúde Coletiva - TIPESC (Egry, 1996). Este recorte é parte integrante da fase da Captação da Realidade Objetiva com a equivalência semântica entre as classificações sob abordagem descritiva com análise quantitativa. Foram utilizadas como base empírica a versão Beta 2 e versão 1 da CIPE (edição Portuguesa e Brasileira) e a CIPESC (agregada à equivalência semântica de Garcia, Nóbrega e Sousa, 2002). Os termos do foco da prática foram organizados por: termos idênticos; semelhança dos termos; conceito idêntico com termos diferentes; conceito semelhante com termos idênticos; termo idêntico com conceitos diferentes; conceito semelhante com termos diferentes, termos sem conceitos e novos termos. A partir desta organização os termos foram dispostos em: termo novo; termo idêntico; termo ampliado; termo diminuído; termo diferente; termo modificado; termo com hierarquia diferente; termo com conceito na Beta-2 e sem conceito na versão 1. Quando se comparou os termos da CIPESC foi incluída a categoria: termo sem conceito. Durante todo o processo foram utilizados como suporte
dicionários técnicos, bem como dicionários da língua portuguesa. Os resultados são apresentados por distribuição percentual simples. Resultados: A CIPE versão 1 possui um total de 816 termos do foco da prática, distribuídos hierarquicamente em três subconjuntos: Entidade, Processo e Estado (Status). Em relação ao mapeamento da versão 1 com a Beta-2, foi identificado 41% de termos novos (333) e 33% (269) são termos e conceitos idênticos entre as versões, totalizando 602 termos. Os 27% (214) dos termos restantes apresentaram diferenças: 4% (30) termos ampliados; 3% (28) termos diminuídos; 9% (68) termos com conceito diferente, sendo 32% (22) deles inseridos em diferentes classes, por exemplo: na versão 1 o termo habilidade para vestir tem equivalência com o conceito de autocuidado: arranjar-se na CIPE Beta-2, porém está inserido em classes diferentes: o primeiro termo pertence a hierarquia Estado e o segundo à Ação. Nesta comparação ainda encontra-se 9% (70) dos termos modificados e 2% (20) dos termos com conceito na Beta-2 e sem conceito na versão 1. Em relação ao mapeamento CIPE versão 1 e a CIPESC, identificou-se 79% (648) termos não encontrados na CIPESC ; 8% (65) são termos idênticos; o restante dos 13% (103) dos termos são categorizados como: 10 termos ampliados; 17 termos diminuídos; 31 termos com conceito diferente; 21 termos modificados; e 24 termos sem conceito. Cabe ressaltar que os 131 termos novos identificados na CIPESC, 11 destes apresentam correspondência na CIPE versão 1. Conclusão: Buscar acordo para títulos dos fenômenos da prática da enfermagem é um desafio percebido pelo desejo da própria profissão na não manifestação de focos de sua prática; da inevitável exclusão de focos importantes; da inclusão de focos co-ligados a outros campos profissionais e da real possibilidade de reducionismo e ignorar este fato é prejudicial ao desenvolvimento científico da enfermagem (Cruz, 2001). O mapeamento de termos é produto de trabalho minucioso. Muitas dúvidas são levantadas, pesquisas são necessárias, bem como revisões constantes de todo o processo de localização e classificação dos mesmos. Houve dificuldades operacionais derivadas da CIPE versão 1 brasileira que apresenta falhas no processo de tradução e editoração da edição, o que pode levar ao leitor/pesquisador uma
interpretação errônea do termo ou do próprio conceito. Em relação à CIPESC o agravante foi o fato da mesma não possuir seus novos termos conceituados, situação esta, que é minimizada pela publicação de Garcia, Nóbrega e Sousa (2002). Notam-se termos que, num primeiro momento, podem ser equivalentes entre as classificações, porém, necessitam de validação. Este resultado, em continuidade à pesquisa em que se insere, desencadeará um processo de validação de termos que não possuem equivalência entre as versões. Palavras chave: Sistema de Classificação. Enfermagem. Linguagem especial. Área Temática: Instrumento e inovação tecnológica no trabalho da enfermagem. Referências: Conselho Internacional de Enfermagem. CIPE versão 1. (trad. Heimar de Fátima Marin). São Paulo: Algol, 2007. Conselho Internacional de Enfermagem. CIPE versão 1.0. (trad. de António Manuel Vieira Alves da Silva et al.). Lisboa: Ordem dos Enfermeiros, 2006. Conselho Internacional de Enfermagem. Classificação Internacional das práticas de enfermagem do conselho internacional de Enfermeiras: versão beta 2. (trad. Heimar de Fátima Marin). São Paulo, 2003. Conselho Internacional de Enfermagem.CIPE/ICNP Beta. (trad. de Adelaide Madeira, Leonor Abecassis e Tereza Leal). Lisboa: Associação Portuguesa de Enfermeiros, 2000. Cruz DALM. A inserção do diagnóstico de enfermagem no processo assistencial. In: Cianciarullo TI, Gualda DMR, Melleiro MM, Anabuky MH. Sistema de Assistência de Enfermagem: Evolução e Tendências. São Paulo: Ícone, 2001. p. 63-84. Egry EY. Saúde Coletiva: Construindo um novo método em enfermagem. São Paulo: Ícone. 1996. Garcia TR, Nóbrega MML, Sousa MCM. Validação das definições de termos identificados no projeto CIPESC para o eixo foco da prática em enfermagem da CIPE. Rev Bras Enferm 2002; 55(1): 52-63. Garcia TR, Nóbrega MML. Projeto CIPESC CIE/ ABEN: inventário vocabular de fenômenos e ações de enfermagem em saúde coletiva. In: Garcia TR, Nóbrega MML (Organizadoras). Sistemas de Classificação em Enfermagem:
um trabalho coletivo. João Pessoa: Idéia, 2000. p.83-170. [Série Didática: Enfermagem no SUS] Nielsen GH, Mortensen R. Classificação Internacional das práticas de enfermagem do Conselho Internacional de Enfermeiras: versão alpha. (trad. Diná de Almeida Lopes Monteiro da Cruz et al.). Brasília: ABEn, 1997. [Série Didática: Enfermagem no SUS].