POLÍTICA DE ATENDIMENTO PEDAGÓGICO DOMICILIAR À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE: ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTO E DIREITOS HUMANOS. MARIA IOLANDA FONTANA (UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ E SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO DE CURITIBA), FABIANA NEVES REGO BARBOSA (SME). Resumo Este trabalho apresenta a política pública de atendimento pedagógico domiciliar implantado pela Secretaria Municipal de Curitiba no ano de 2008, que em cumprimento ao Art. 13 da Resolução do CNE/CEB n.º 02/2001, atende crianças e adolescentes impossibilitados de frequentar a escola por motivo de tratamento prolongado de saúde. Destaca se neste serviço, a realização de práticas pedagógicas embasadas nas Diretrizes Curriculares Nacionais e Municipais, adaptadas às condições físicas e psicológicas de cada estudante. Dentre as práticas apresenta se à sistematização das atividades de leitura e a criação e utilização da biblioteca itinerante para estimular o gosto pela literatura e também desenvolver as habilidades de ler, interpretar e escrever textos. Os dados que se apresentam resultam da análise, dos relatórios dos atendimentos pedagógicos realizados a partir de maio do ano de 2008 até o mês de abril do presente ano e fundamenta se em referencias teóricos relacionados a prática pedagógica, alfabetização e letramento. O estudo revela que as atividades pedagógicas desenvolvidas nos atendimentos, ao priorizar a leitura e a literatura, constituem se em ações afirmativas que contribuíram para o desenvolvimento de habilidades e para a promoção dos estudantes no ano letivo de 2008. Assim, constata se o importante papel social da política do atendimento pedagógico domiciliar aos estudantes, que provisoriamente ou permanentemente possuem necessidades educativas especiais, por garantir lhes o direito à educação. Palavras-chave: políticas educacionais, prática pedagógica, alfabetização e letramento. A Política para o "Atendimento Pedagógico Domiciliar" (APD), que tratamos neste trabalho, é uma ação realizada pela Secretaria Municipal da Educação de Curitiba (SMEC), implantada em maio do ano de 2008[1]. Constitui na legitimação do direito a educação, da criança/adolescente, que por motivos de saúde encontrase, temporariamente ou permanentemente, impossibilitada de frequentar o espaço escolar. O Atendimento Pedagógico Domiciliar garante ao estudante da Rede Pública Municipal de Ensino de Curitiba, que se encontra em tratamento de saúde em sua residência, a continuidade de seus estudos, contribuindo para evitar a reprovação e a evasão escolar. A sociedade, através de uma longa trajetória de lutas históricas pela conquista da igualdade social para todos, vem se mobilizando para que a educação seja garantida democraticamente aos sujeitos históricos, possibilitando-lhes oportunidades de desenvolvimento integral. Nessa direção, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, atribui "ao poder público a responsabilidade de garantir o direito à educação e criar formas alternativas de acesso aos diferentes níveis de ensino" (art. 5º, 5º). Expressa ainda, no Art. 23, que o ensino pode "organizar-se de diferentes formas para
garantir o processo de aprendizagem". A mesma Lei define que para os alunos com necessidades educacionais especiais os sistemas de ensino deverão assegurar currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organizações específicas para atender às suas necessidades (Capítulo V, art. 58). Esta modalidade de atendimento pedagógico é referendada pela Resolução do CNE/CEB nº. 02, de 11/09/2001, que define como alunos com necessidades educacionais especiais aqueles que apresentam dificuldades de acompanhamento das atividades curriculares por condições e limitações específicas de saúde. Essa Resolução expressa no Art. 13: Os sistemas de ensino, mediante ação integrada com os sistemas de saúde, devem organizar o atendimento educacional especializado a alunos impossibilitados de freqüentar as aulas em razão de tratamento de saúde que implique internação hospitalar, atendimento ambulatorial ou permanência prolongada em domicílio. O Atendimento Pedagógico Domiciliar aos estudantes impossibilitados de frequentar a escola, em cumprimento à legislação vigente e ao compromisso da SMEC com a democratização das oportunidades de educação para todos, constitui-se em uma ação inclusiva de grande relevância. Isso se deve, principalmente, por atender alunos que vivem processos permanentes de internação e reinternação em hospitais e em tratamentos prolongados de recuperação de saúde na própria casa, muitas vezes com prejuízos para seu desenvolvimento e aprendizagem. Os atendimentos se efetivam por meio da elaboração de planejamentos em conformidade com a proposta da SMEC e articulados a realidade dos estudantes, respeitando a diversidade sociocultural, bem como o tempo e as formas diferenciadas de aprender. Compete ao professor que ministra o atendimento promover a valorização do APD junto às famílias, tendo-as como aliadas no processo de escolarização, por meio do através do compartilhamento de informações. Também cabe ao professor do APD estabelecer o vínculo com as escolas de origem dos estudantes, para adequação das atividades escolares e entrega de relatórios de ensino-aprendizagem. O projeto em sua ação pedagógica privilegia as orientações das Diretrizes Curriculares para a Educação do Município de Curitiba (2006) e os Cadernos Pedagógicos (2007) que contemplam todas as áreas do conhecimento em volumes específicos. Esses são os documentos que embasam o planejamento e a abordagem de conteúdos de ensino, das áreas do conhecimento, adaptados e adequados ao desenvolvimento intelectual dos estudantes, suas condições e limitações físicas e emocionais. O planejamento das ações didáticas de ensino e aprendizagem, a serem executadas no APD, prevêem a adaptação de recursos e materiais pedagógicos, selecionados pelo professor como: jogos educativos, livros didáticos e de literatura, materiais concretos, material dourado, mapas, globo terrestre, ábaco, alfabeto imantado, pranchetas, vídeos educativos e outros. As atividades pedagógicas propostas no APD privilegiam as práticas de leitura, oralidade e escrita, tanto para o trabalho com os conteúdos de Língua
Portuguesa, como para as demais áreas do conhecimento. Entendemos que é por meio da leitura de diversos textos que se constrói a visão de mundo e de formas linguísticas para expressar saberes e sentimentos. Quanto mais oportunidades de leitura e de escrita forem oferecidas aos estudantes, mais rápido eles desenvolverão suas habilidades interpretativas e de escrita. No entanto, quando as crianças se encontram na fase inicial do processo de alfabetização, não se prescinde da sistematização das unidades menores da língua, da identificação, reflexão e uso das relações fonema-grafema convencionadas na escrita e na leitura. Esse trabalho é realizado por meio de atividades corporais, visuais, auditivas e enunciativas para resolução de situações concretas de uso da leitura e da escrita. Como orientam as DCEMC, o processo de letramento deve ser trabalhado de modo gradativo, visando o desenvolvimento das "habilidades de leitura e escrita para atingir diferentes objetivos, como informar ou informar-se, interagir com os outros, imergir no imaginário, seduzir ou induzir, divertir-se, para orientar-se, apoiar a memória". (CURITIBA, 2006: 217). Nessa perspectiva, os conteúdos das áreas do conhecimento são abordados por meio de textos de diferentes gêneros, pois sendo eles portadores de significados, possuem todos os recursos gráficos que devem ser analisados, interpretados e sistematizados, começando pelo próprio código convencional da escrita, até as informações de cunho cultural, cientifico, artístico, literário e ideológico, explícitas ou implícitas no texto. Entende-se a leitura como possibilidade de compreender o mundo e transformá-lo, conforme expressa Silva (SILVA, 1995): Em verdade, fruir o texto literário e crescer pessoalmente ou transformar-se politicamente são partes de um mesmo ato. Ao leitor do texto não basta só compreender, mas também imaginar como a realidade poderá ser diferente; não só compreender, mas transformar-se, não só transformar, mas sentir o prazer de estar transformando. (p.45). A prática de leitura deve levar os estudantes a reconhecerem e a buscarem a informação, o divertimento, o estudo e o aprendizado. Uma das mais importantes tarefas do professor é despertar no estudante o prazer pela leitura. Formar um leitor é formar um sujeito capaz de ler e entender o mundo, de criticar e interferir no meio em que vive. Ler não é apenas decifrar sinais, mas ser capaz de dar sentido a eles. É com esta intenção que o Atendimento Pedagógico Domiciliar, além de oferecer uma diversidade de textos para abordar os conteúdos das áreas do conhecimento, oportuniza o acesso à literatura por meio da "Biblioteca Itinerante", cujas características e objetivos apresentam-se a seguir. Biblioteca Itinerante: alternativa para a democratização da leitura.
A Secretaria Municipal de Ensino de Curitiba tem priorizado, nos últimos anos, a implantação de Bibliotecas em todas as escolas municipais, são atualmente 160 bibliotecas, funcionando nas escolas e faróis do saber, disponibilizando 700.000 livros, para o atendimento de 105.000 crianças da Rede Municipal de Ensino de Curitiba (RMEC) e, consequentemente, os seus familiares. Neste contexto, em que a socialização de livros de literatura, constitui-se em prioridade para a Secretaria Municipal da Educação de Curitiba, questionou-se como o Atendimento Pedagógico Domiciliar poderia também permitir o acesso à literatura aos estudantes, que, por tempo permanente ou prolongado, estão impossibilitados de frequentar o espaço escolar. Pensou-se, então, que organizando uma biblioteca itinerante essa necessidade seria atendida. Para compor essa biblioteca, utilizaram-se, inicialmente, os livros de literatura infanto-juvenil disponíveis no Departamento de Ensino Fundamental da SMEC, cedidos por várias editoras para análise da qualidade das obras e futura aquisição. Essa biblioteca denominada "Biblioteca Itinerante" possui, atualmente, um acervo de, aproximadamente, 300 livros catalogados, selecionados em conformidade com as orientações expressas nas Diretrizes Curriculares para a Educação Municipal de Curitiba (CURITIBA, 2006): [...] há necessidade de selecionar as obras segundo alguns critérios, que vão desde a análise do objeto livro, com suas ilustrações, diagramação, formato e tipo de letra, até os aspectos que dizem respeito às especificidades do texto narrativo ficcional, como marcação cronológica, características dos protagonistas, importância dos personagens secundários, ambientes em que desenvolve o enredo e possibilidades de intertextualidade e de relações com saberes canonicamente constituídos. (p. 213). O transporte dos livros é realizado dentro de uma bolsa de pano, idealizada especificamente para este atendimento, com 02 bolsos externos, contendo um alfabeto móvel imantado, dedoches, fantoches e um jogo da velha. Dentro da bolsa são colocados livros pré-selecionados de acordo com a escolaridade, interesse e temas pertinentes de serem explorados com o estudante, podendo emprestar o número de livros que considerar conveniente. Os gêneros textuais encontrados no acervo da Biblioteca Itinerante compreendem textos literários como: narrativas ficcionais ou não, fábulas, poemas, parlendas, quadrinhas, lendas e outros. Além da leitura para fruição e desenvolvimento da imaginação, fantasia e criatividade, os temas possibilitam a reflexão sobre: autoconhecimento, pluralidade cultural, meio ambiente, ética, trabalho, consumo, lazer, respeito, direitos humanos, cidadania e outros. A Biblioteca Itinerante respalda sua ação nas DCEMC para a área da Língua Portuguesa, direcionadas à leitura de textos, tendo como objetivos: despertar o prazer pela leitura; propiciar um envolvimento emocional com a obra e com o autor; aprimorar o desenvolvimento da linguagem e com isso a ampliação vocabular; possibilitar o acesso às diversas formas dos textos literários; refletir sobre os respectivos textos trabalhados desenvolvendo o senso crítico e a formação de opiniões conscientes; desenvolver a oralidade e a sequencia de idéias; envolver
os pais a interagirem com seus filhos através da leitura de histórias. (CURITIBA, 2006: 208-210) O mundo infantil é repleto de desafios, sonhos e fantasias e por meio da Biblioteca Itinerante procura-se estimular o estudante que participa do Atendimento Pedagógico Domiciliar - APD a sonhar/desejar, e, por intermédio da literatura, almejar um futuro melhor para si. Entende-se que, enquanto diverte e envolve a criança, a literatura esclarece: medos, possibilidades, avanços, desafios, favorecendo o desenvolvimento da personalidade de quem lê, enriquecendo a existência da criança nos aspectos biopsicossocial. A leitura deve ser uma atividade permanente da condição humana, uma habilidade a ser adquirida desde cedo, conforme defende Meireles (MEIRELES, 1979): [...] se muitas crianças têm na infância o melhor tempo possível de sua vida, que talvez nunca mais possam ter a liberdade de uma leitura desinteressada, compreendemos a importância de bem aproveitar essa oportunidade. [...] quando eu ainda não sabia ler, brincava com os livros e imaginava-os cheios de vozes, contando o mundo (p.48). A leitura é uma construção social e cultural. O homem viveu séculos sem ela, no entanto, depois que os sons foram transformados em sinais gráficos, a humanidade, sem dúvida, enriqueceu-se culturalmente. Surgiu, assim, a possibilidade de guardar o conhecimento adquirido, através do registro escrito e transmiti-lo às novas gerações. Jolibert ao afirmar que: "é lendo que nos tornamos leitor e não aprendendo primeiro para poder ler depois" (JOLIBERT, 1994: 14), salienta que ler vai além da decifração de códigos. Ao ler uma história, descobrem-se outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir, de ser, outras regras, outra ética, outra ótica, enfim outra leitura de mundo. A proposta da Biblioteca Itinerante, além de oferecer uma diversidade de leituras e contação de histórias, também busca desenvolver o potencial crítico da criança: o pensar, o duvidar, o perguntar, o questionar, querer saber mais, perceber que existem diferentes pontos de vista e que as ideias se modificam nos diferentes tempos e espaços. A prática da literatura e o papel do professor O Atendimento Pedagógico Domiciliar tem duração aproximada de 2 horas semanais e inclui a realização de atividades relativas às áreas do conhecimento, destinando-se, aproximadamente, vinte minutos, antes de finalizar a aula, para que o estudante escolha um livro da Biblioteca Itinerante. O livro pode ser lido por ele ou pela professora, sendo que a maioria dos estudantes do Ciclo I faz questão que a leitura da história seja feita pela docente, mesmo quando os livros são escolhidos para empréstimo.
Entende-se que esse momento é de grande relevância para que a criança perceba as habilidades da leitura fluente, com ritmo e entonação feita pela professora e que esses aspectos técnicos favorecem à compreensão do significado dos textos lidos. Algumas leituras são intensificadas com diferentes procedimentos metodológicos, que podem suscitar atividades de escrita, desenho, oralidade e de dramatização. Constata-se, com esse trabalho, o aprimoramento das habilidades técnicas de escrita e leitura, a ampliação do repertório vocabular e a argumentação de ideias. A escolha dos livros pelos estudantes é um momento importante para a professora definir estratégias que promovam a ampliação de critérios de seleção a serem utilizados por eles. Verifica-se que a criança ao escolher um livro, ela utiliza, principalmente, critérios como: título, cores, ilustrações, letras, muito ou pouco texto e breve resumo da história. Com o objetivo de aprimorar o processo de escolha e descobrir o significado da leitura para os estudantes que recebem o APD, realizou-se uma pesquisa que demonstrou os seguintes resultados: são as ilustrações e as cores os critérios mais utilizados por eles para a escolha dos livros; ler e ouvir histórias para eles significa um momento de prazer. Levantaram-se dados sobre quantas vezes os estudantes lêem os livros e a participação da família nessa atividade. Descobriu-se que, em média, lêem ou ouvem duas vezes a história e as mães são as pessoas que mais interagem com os estudantes dessa amostragem. A respectiva pesquisa revelou que se faz necessário pensar em estratégias eficazes para que o momento da escolha dos livros seja um momento de maior reflexão, percepção de detalhes e de identificação com autores e formas de escrita. Constatou-se, também, que o envolvimento da família do estudante com a leitura tem contribuído para incentivar o hábito e o interesse da criança em ler. Defende-se que a prática da leitura no Atendimento Pedagógico Domiciliar demanda uma parceria constante com os pais, que são orientados para ler com seus filhos e para incentivar a leitura diária. Ler um texto é construir o seu significado. O professor é mediador neste processo, fornece subsídios aos estudantes, auxiliando-os no que diz respeito ao processo de aprendizagem, considerando que cada estudante tem um mecanismo de aprender, que deve ser respeitado. No cotidiano das aulas do APD, isso é vivido com frequência e ensinar da maneira que o estudante apresente maior facilidade é desafiador. Cabe ao professor atenção às individualidades dos estudantes atendidos e identificar o canal de aprendizagem de maior apropriação do saber, e, também, possibilitar o desenvolvimento dos demais. Nessa perspectiva, acredita-se que a literatura acessada pelas crianças que estão atravessando momentos difíceis de recuperação e tratamento de saúde, poderá ajudá-las a compreender os impasses do dia a dia, a conhecer o desconhecido - imaginado, a sonhar com novas possibilidades, aguçar sua curiosidade e sentir-se mais bem preparada para vencer os desafios que a vida apresenta. O significado de ler e escutar histórias é amplo, é uma possibilidade de descobrir o mundo imenso dos conflitos, das dificuldades, dos impasses, das soluções que todos atravessamos e vivemos, de um jeito ou de outro, através dos problemas que vão sendo enfrentados (ou não), resolvidos (ou não) pelos personagens de cada história (cada um a seu modo), e, assim, esclarecer melhor os nossos impasses, as nossas alegrias e angústias ou encontrar um caminho possível para a resolução deles.
Acredita-se que o professor no Atendimento Pedagógico Domiciliar, ao oportunizar o contato com diferentes textos literários, favorece o desenvolvimento da imaginação, da linguagem oral, do repertório cultural, das diversidades de visão de mundo, bem como o senso crítico e a formação de opiniões conscientes. Uma criança que ouve, conta, reconta, inventa, lê e representa histórias irá desenvolvendo, de maneira prazerosa, o interesse pela leitura e terá, consequentemente, um melhor desempenho em suas atividades escolares cotidianas. Certamente, conseguirá comunicar-se de forma mais clara, terá maior facilidade para a interpretação e compreensão de fatos, e construirá instrumentos dentro de si para argumentar idéias, formar conceitos a partir do vivido, e portar-se diante do mundo de forma criativa, inovadora, reflexiva. Considerações finais Os dados levantados, entre maio e dezembro de 2008, demonstram a relevância que o Atendimento Pedagógico Domiciliar tem para as crianças e adolescentes que se encontram em período de tratamento de saúde. Foram 15 estudantes de 14 escolas municipais atendidos, efetivamente, durante o afastamento escolar para o tratamento de saúde, destes 14 estudantes progrediram com a indicação de apoio pedagógico para o ano seguinte e um veio a óbito. Como base nos registros do APD e depoimentos das escolas de origem dos estudantes atendidos, constata-se que os procedimentos didáticos adotados nos atendimentos, contribuíram para a melhora das habilidades de leitura, de interpretação e de escrita, auxiliando no processo de diminuição dos casos de reprovação e de evasão escolar, garantindo-lhes o acesso e o direito à educação de qualidade. Neste contexto, ressalta-se que o APD propõe a leitura significativa que deve transcender à decifração do código, ou seja, o domínio do sistema alfabético e outras especificidades da língua escrita. Dimensiona-se a aquisição da leitura e escrita numa perspectiva de letramento, de compreensão e contextualização com meio social, que traga sentido, proporcione ao estudante atuação consciente e cidadã, frente às demandas sociais. A política pública do atendimento pedagógico domiciliar assume uma perspectiva inclusiva, ao efetivar ações didáticas diferenciadas que envolvem a leitura e a literatura para ampliar as condições de alfabetização e letramento de cada estudante, proporcionando a eles a participação consciente e transformadora na sociedade. Referências bibliográficas:
BRASIL. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Resolução CNE/CBE n. 2, de 11/09/01. Diário Oficial da União n.º 177, Seção 1 E, de 14/09/01, pp. 39-40. Brasília: Imprensa Oficial, 1991.. Lei n. 9394 de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: MEC,20 dez. 1996. CURITIBA. Secretaria Municipal da Educação. Diretrizes Curriculares para a Educação Municipal de Curitiba: volume 1. Curitiba, Pr, 2006, 94 p. JOLIBERT, J. Formando crianças leitoras. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. MEIRELES, C. Problemas da Literatura Infantil. São Paulo: Summus, 1979, p. 48. SILVA, E. T. da. Leitura na escola e na biblioteca. 5ª ed. São Paulo: Papirus, 1995. ZILBERMAN, R. & SILVA, E. T. da. Leitura: perspectivas interdisciplinares. São Paulo: Ática, 1991. ZILBERMAN, R. A leitura e o ensino de literatura. 2ª ed. São Paulo: Contexto, 1991. [1] Elaborado por Maria Iolanda Fontana, pedagoga que coordena o trabalho de classes hospitalares da SME, com a colaboração de Fabiana Neves Barbosa, atual professora do Atendimento Pedagógico Domiciliar e revisão técnica da diretora do Departamento de Ensino Fundamental, Nara Luz C. Salamunes.