Controle Fiscal das Operações com Papel Imune



Documentos relacionados
Sumário. (11)

Desvio de Finalidade Papel Imune

SIMPLES NACIONAL DEVOLUÇÃO DE MERCADORIAS TRATAMENTO FISCAL

PROGRAMA ICMS ANTECIPADO ESPECIAL COM GLOSA DE CRÉDITO. 1. O que é o Programa de ICMS ANTECIPADO GLOSA DE CRÉDITO?

PROJETO DE LEI CAPÍTULO I DO REGIME DE TRIBUTAÇÃO UNIFICADA

O GOVERNADOR DO ESTADO DO ACRE CAPÍTULO I DA DEFINIÇÃO

Art. 2º Fica suspenso o pagamento da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta da venda, no mercado interno, de:

NÃO CUMULATIVIDADE: DO MITO TEÓRICO À OPERACIONALIZAÇÃO CONCRETA

REGIME ESPECIAL DE TRIBUTAÇÃO

Exportação Direta x Exportação Indireta

ASPECTOS FISCAIS NAS EXPORTAÇÕES

Indústria brasileira de bens de capital mecânicos. Janeiro/2011

ENTENDENDO A PREFEITURA

GOVERNO DE RONDÔNIA SECRETARIA DE ESTADO DE FINANÇAS COORDENADORIA DA RECEITA ESTADUAL GETRI GERÊNCIA DE TRIBUTAÇÃO

Parecer Consultoria Tributária Segmentos EFD ICMS/IPI Registro 1110 Operações de Exportação Indireta

ESTADO DO ACRE SECRETARIA DE ESTADO DA FAZENDA DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE AÇÃO FISCAL NOTA TÉCNICA

NOTA FISCAL AVULSA - NFA. atualizado em 08/07/2015

DIFERIMENTO DO ICMS - Recolhimento do Imposto pelo Contribuinte Substituto

COMISSÃO MISTA PARA DISCUSSÃO DA LEGISLAÇÃO DA MICRO EMPRESA E EMPRESA DE PEQUUENO PORTE

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

Parecer Consultoria Tributária Segmentos Diferencial de alíquota para produtos com destino industrialização

ORIENTAÇÕES PARA PREENCHIMENTO DA NOTA FISCAL ELETRÔNICA DE IMPORTAÇÃO

INSTRUÇÃO NORMATIVA SMFA Nº 01/2010

Planejamento Fiscal 2015 DM/SMF

IN SRF 660/06 - IN - Instrução Normativa SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL - SRF nº 660 de

O futuro da tributação sobre o consumo no Brasil: melhorar o ICMS ou criar um IVA amplo? Perspectivas para uma Reforma Tributária

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 110, DE 2015

WHITE PAPER AS EMPRESAS PERNAMBUCANAS ESTÃO PREPARADAS PARA O SPED FISCAL?

SAD Gestor ERP. Módulo Estoque. Cadastro de Produto Escrita Fiscal. Seja Bem Vindo!

PROJETO DE LEI Nº, DE 2013

PIS e COFINS. Um Estudo Comparativo entre as Sistemáticas de Apuração das Empresas Optantes pela Tributação do Lucro Real e Lucro Presumido

Nota Fiscal Eletrônica Volume 4

Instrução de Serviço GETM nº 003, de 17 de agosto de 2012.

Ex.1: se a unidade de medida utilizada na nota fiscal for a tonelada, o fator de conversão será 1.000, pois cada tonelada corresponde a kg.

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº, DE As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal promulgam a seguinte emenda constitucional:

DIFERENCIAL DE ALÍQUOTA - Hipóteses de Incidência, Cálculo e Formas de Recolhimento. Matéria elaborada com base na Legislação vigente em:

PESQUISA IMPACTOS DAS MUDANÇAS NA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA NA ROTINA FISCAL DAS EMPRESAS

I. ESTATUTO DO VENDEDOR DIRETO. 1. Venda Direta

RENÚNCIA FISCAL DO IMPOSTO DE RENDA

Parecer Consultoria Tributária Segmentos Crédito diferencial de alíquota no Ativo Imobilizado - SP

PLP 448/2014 Posicionamento dos Municípios

PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº 171, DE 2000

RESOLUÇÃO N 007 /2014

Atividade de Verificação: Direito Tributário Capítulo 16

( RIPI/2010, art. 43, VII, art. 190, II, art. 191 e art. 497, e RICMS-SP/ Decreto nº /2000 )

Saiba tudo sobre o esocial

Programa de Estímulo à Cidadania Fiscal do Estado de São Paulo

GUERRA FISCAL - Impactos da Resolução SF 13/2012

Planejamento Tributário: O desafio da Logística

II - Fontes do Direito Tributário

Comitê de Assuntos Federativos 24 de março de Tema de Pauta Plano de Trabalho do GT - Repositório Nacional de NFS-e

ICMS/ES - Armazém geral - Remessa e retorno - Roteiro de procedimentos

empresas constantes de seus anexos, de acordo com o Estado da Federação em que estava localizado o contribuinte.

SENADO FEDERAL Gabinete do Senador ALOYSIO NUNES FERREIRA PARECER Nº, DE RELATOR: Senador ALOYSIO NUNES FERREIRA

Pergunte à CPA. Devolução e Recusa de Mercadorias Regras gerais

Módulo Contábil e Fiscal

Dr. Luis Carlos Massoco - Presidente

INFORMATIVO JURÍDICO

Incentivos Fiscais na Emissão de Debêntures - Lei nº /2011. Fernando Tonanni. 16 de Agosto de 2011

PRINCIPAIS REFLEXOS CONTÁBEIS DA NOVA LEI DA FILANTROPIA ENTIDADES BENEFICENTES (Lei Federal nº /09) Autores: Ivan Pinto Ricardo Monello

A Reforma Tributária e o Desenvolvimento

EXIGÊNCIA DE INSCRIÇÃO DE EMPRESA ESTRANGEIRA NO CADASTRO NACIONAL DE PESSOA JURÍDICA (CNPJ), SEGUNDO A INSTRUÇÃO NORMATIVA (SRF) N 200 DE 2002.

GOVERNO DO ESTADO DE RONDÔNIA SECRETARIA DE ESTADO DE FINANÇAS COORDENADORIA DA RECEITA ESTADUAL

Legenda: Portaria CAT 14 Portaria CAT 46 Portaria CAT 51 Portaria CAT 103

REPORTO - REGIME TRIBUTÁRIO PARA INCENTIVO À MODERNIZAÇÃO E AMPLIAÇÃO DA ESTRUTURA PORTUÁRIA

ILEGALIDADE NA INSTITUIÇÃO E COBRANÇA DE ICMS PELO ESTADO DO AMAZONAS: REGIME DE ESTIMATIVA E REGIME DE ANTECIPAÇÃO.

INFORMATIVO JURÍDICO

Regulamenta os incentivos e benefícios fiscais instituídos pela Lei nº 5.780, de 22 de julho de 2014.

DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE?

CARTILHA PARA CONDOMINIOS DAS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS DOS CONDOMÍNIOS SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

REQUERIMENTO. (Do Sr. Carlos Bezerra) Senhor Presidente,

POLITICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

IMPACTOS DAS MUDANÇAS NA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA NA ROTINA FISCAL DAS EMPRESAS

SECRETARIA DE ESTADO DA FAZENDA DIRETORIA DE TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO DIRETORIA DE FISCALIZAÇÃO ANTECIPACÃO DE ICMS MANUAL DO USUÁRIO - CONTRIBUINTE

GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ SECRETARIA DE ESTADO DA FAZENDA DIRETORIA DE FISCALIZAÇÃO CÉLULA DE PADRONIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS DE FISCALIZAÇÃO

CONSELHO DE CONTRIBUINTES DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Workshop: Marco Regulatório da Mineração. Celebração do dia do Geólogo (30/maio) Evento: 07jun13

TABELA RESUMO DE INFRAÇÕES E PENALIDADES (LEI SC 10297/1996)

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE Art. 2.º Para os efeitos desta lei, considera-se:

Parecer Consultoria Tributária Segmentos DEREX Declaração decorrentes a recursos mantidos no exterior.

MICRO EMPREENDEDOR INDIVIDUAL - MEI

MICRO EMPREENDEDOR INDIVIDUAL - MEI

Cartilha. Perguntas e respostas Decreto regulamentando a Lei n

Está em vigor a Medida Provisória n. 680, de 6 de julho de 2015, que institui o Programa de Proteção ao Emprego.

36,6% dos empresários gaúchos julgam que o. 74,4% dos empresários gaúchos consideram que. 66,0% das empresas contempladas pela medida a

SOLUÇÕES FISCAIS PARA O VAREJO. SAT-CF-e e NFC-e Novidades. Marcelo Fernandez Supervisor Fiscal - DEAT

Resolução do Senado 13/2012. Análise da Aplicação da norma e do cumprimento das obrigações acessórias

Coordenação-Geral de Tributação

ICMS/SP - Mudança de endereço - Aspectos fiscais

AQUISIÇÕES INTERESTADUAIS INSTRUTORA: VALÉRIA PERES

Conselho Temático Permanente da Micro e Pequena Empresa O Simples Nacional e o ICMS

Agora começa a ser implementado o esocial, que constituirá a maior e mais complexa parte do Sped.

Administração Pública. Prof. Joaquim Mario de Paula Pinto Junior 1

A Experiência da Iniciativa de Transparência da Indústria Extractiva (ITIE) em Moçambique

Parecer Consultoria Tributária de Segmentos Transferência de Crédito de ICMS de Fornecedor Optante do Simples Nacional

O controle de renúncia de receitas

ASSUNTO: ESTADO DE DESTINO NÃO PODE COBRAR ICMS NAS COMPRAS VIA INTERNET

TOTVS Vendas e Faturamento Visão Geral

Transcrição:

Controle Fiscal das Operações com Papel Imune 1

Contexto A Constituição Federal do Brasil concede imunidade de impostos que incidam sobre livros, jornais, periódicos e ao papel destinado a sua impressão. O objetivo da norma é viabilizar o acesso à informação, estimular a difusão do conhecimento e o hábito da leitura na população brasileira, reduzindo os custos de produção e o respectivo preço final para o destinatário desses produtos. O objetivo maior do legislador ao dispor sobre essa imunidade tributária é fomentar a Educação e a Cultura, dois dos principais diferenciais entre as economias desenvolvidas que valorizam o ser humano e as economias emergentes. Essa imunidade não é estendida a papéis usados para outras finalidades. Porém, nos últimos anos, parte do produto que é declarada para fins editoriais vem sendo desviada na cadeia de comercialização, sem o recolhimento dos impostos devidos. Esse processo gera prejuízos para as empresas e evasão fiscal, uma vez que reduz a arrecadação tanto da União quanto dos Estados. Desde 2008, a Bracelpa negocia com o governo federal uma solução para esse problema, que vem prejudicando a concorrência no mercado interno. 3

Cenário: Mercado de papel imune Nos últimos cinco anos, conforme mostra o gráfico abaixo, o crescimento do consumo nacional de Papel de Imprimir e Escrever Imune se concentrou exatamente na elevação das importações deste produto, enquanto houve a estabilização das aquisições junto à indústria nacional. Papéis de imprimir e escrever: consumo e origem em 1.000 t 600 500 400 468 497 474 395 497 490 484 459 300 315 200 100 204 2005 2006 2007 2008 2009 Aquisições Indústria Nacional Importações A comparação dos dados de 2009 de consumo nacional de Papel de Imprimir e Escrever Imune aproximadamente 940 mil toneladas (produção nacional + importações) com o consumo efetivo voltado à produção de livros e periódicos aproximadamente 410 mil toneladas, evidencia a relevância do desvio de finalidade da imunidade tributária. 4

IMPOSTOS II, IPI e ICMS * Papel para imprimir e escrever: Tributação Nacional X Importado Nacional: 28% Importado: 43,4% a 48,5% Imune: 0% * Imposto de Importação, Imposto sobre Produto Industrializado e Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços 2005: 303 mil t (45%) PAPEL IMUNE Estimativa do desvio de finalidade 2006: 422 mil t (52%) 2007: 473 mil t (54%) 2008: 562 mil t (57%) 2009: 535 mil t (57%) Para combater este ilícito fiscal que, além de causar prejuízos ao Erário Público, prejudica todos os agentes da cadeia econômica cumpridores das suas obrigações sociais e tributárias, a legislação que trata da matéria sofreu relevantes alterações nos âmbitos federal e estadual. Isso demanda pleno conhecimento e debate destas novas regras. 5

Expectativa de Avanço no Controle Fiscal das Operações com Papel Imune Em âmbito federal O primeiro passo no sentido de avançar no controle das operações com papel imune foi dado em 04/06/2009, por meio da publicação da Lei nº 11.945, que traz, nos artigos 1º e 2º, dispositivos que estabelecem maior controle sobre as operações com papel imune e, principalmente, mais rigorosas penalidades nos casos de desvio de finalidade. De forma a regulamentar esses dispositivos, a Receita Federal do Brasil publicou em 08/12/2009, a Instrução Normativa nº 976, estabelecendo novos mecanismos de obtenção do registro especial e a exigência de recadastramento de fabricantes, distribuidores, importadores, empresas jornalísticas, editores e gráficas, que utilizam papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos, amparados pela imunidade tributária. Além disso, trouxe novas obrigações acessórias para esses agentes de mercado, que facilitarão o monitoramento fiscal das referidas operações. A IN nº 976 previa que as medidas entrariam em vigor em 1º de julho de 2010. Nova Instrução da Receita Federal prorrogou o prazo de análise dos pedidos de renovação, determinando que a partir de 1 de setembro, ficam cancelados todos os registros especiais não renovados pelo Fisco, o que, na prática, impossibilitará a realização de operações com papel imune. 6

Nos casos de cancelamento do registro e comprovação da utilização de papel imune para fins não imunes, fica vedada a concessão de novo registro pelo prazo de cinco anos. Esta vedação alcança também a empresa que possua, em seu quadro societário, sócio ou administrador de empresa que teve o registro cancelado. No Estado de São Paulo Nesse mesmo contexto, o Governo do Estado de São Paulo publicou, em 31/12/2009, o Decreto nº 55.308, estabelecendo que a não incidência do ICMS sobre as operações com papel destinado a fins imunes dependerá de prévio reconhecimento pelo Fisco Estadual, conforme normativo ainda a ser publicado. Esta iniciativa estadual se mostra relevante, na medida em que o controle mais efetivo sobre as referidas operações passa pela atuação conjunta das estruturas de fiscalização da Receita Federal e dos Estados, mediante o compartilhamento de informações entre estes órgãos e da assistência mútua para o monitoramento das operações com papel imune. De modo a regulamentar esse dispositivo, a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo publicou a Portaria CAT nº 14/10, que disciplina as condições para obtenção do prévio reconhecimento e institui o Sistema de Reconhecimento e Controle das Operações com Papel Imune RECOPI, prevista para ter efeito a partir de 1º de julho de 2010. A Portaria CAT 103/2010 prorrogou para 1º de agosto de 2010 a entrada em vigor do Sistema. 7

www.bracelpa.org.br