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Transcrição:

ANO 2 NÚMERO 6 ABRIL 212 PROFESSORES RESPONSÁVEIS: FLÁVIO RIANI & RICARDO RABELO RABELO Considerações Iniciais Neste primeiro trimestre de 212 a economia brasileira apresenta índices econômicos preocupantes no que refere ao desempenho das atividades econômicas. Percebe-se diminuição no ritmo de geração de empregos, de produção industrial e ligeira queda no nível de vendas no varejo. Tais sinais preocupam as autoridades econômicas brasileira na medida em que há expectativas de resultados positivos e mais significativos nas variáveis mencionadas. Por outro lado, o desaquecimento mencionado proporciona outra folga ao governo na medida em que a inflação fica mais ainda sobre seu controle. Tanto isto é verdade que o governo vem tomando uma série de medidas no sentido de aquecer novamente a demanda agregada no país como forma de impulsionar as atividades econômicas. Nesse sentido o governo vem adotando medidas monetárias significativas, reduzindo a SELIC e tentando fazer com que os bancos privados diminuam seus spreads tornando mais barato o dinheiro que poderia ser utilizado para elevar a demanda agregada. Apesar disso esta carta destaca que o Brasil ainda continua tendo um dos maiores spreads do mundo e o maior da América Latina. 1 Aumenta a taxa de desemprego em março Prof. Flávio Riani A taxa de desocupação apurada pelo IBGE elevou-se de 5,7% em fevereiro para 6,2% em março.esse crescimento gerou uma taxa nesse mês ainda inferior à observada no mesmo mês do ano anterior que foi de 6,5%., ainda com a ressalva que foi a maior taxa observada desde junho de 211. Os dados do gráfico 1 mostram a trajetória das taxas de desemprego no Brasil de abril a março de 212, cuja característica principal é a da elevação no emprego nos períodos de final do ano devido principalmente ao grande volume de empregos temporários. EXPEDIENTE Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais: Grão-Chanceler Dom Walmor Oliveira de Azevedo Reitor Professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães Vice-Reitora Professora Patrícia Bernardes Assessor Especial da Reitoria Professor José Tarcísio Amorim Chefe de Gabinete da Reitoria Professor Paulo Roberto Souza Chefia do Departamento de Economia Professora Ana Maria Botelho Coordenação do Curso de Ciências Econômicas Professora Ana Maria Botelho Coordenação Geral Professor Flávio Riani e Professor Ricardo F. Rabelo Estagiária do curso de Ciências Econômicas: Bárbara de Souza Epifânio Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais: Prédio 14, sala 13 Avenida Dom José Gaspar, 5 Bairro Coração Eucarístico CEP: 3535-91 Tel: 3319.439 www.iceg.pucminas.br/conjuntura icegdigital@pucminas.br

7 Gráfico 1 -Brasil -Evolução Mensal da taxa de Desocupação 6,5 6 5,5 5 4,5 6,4 6,4 6,2 6 6 6 5,8 5,2 4,7 5,5 5,7 6,2 4 Fonte: IBGE Tais indicadores refletem valores médios obtidos através de levantamentos nas seis regiões metropolitanas pesquisadas. Por se tratar de valor médio o que se observa pelos dados apuradas são regiões com recuos e avanços nessas taxas, demonstrando um comportamento não homogêneo entre elas. Em março o contingente de desempregados apontado pelo DIEESE alcançou 1,5 milhão de pessoas, 8,8% superior ao estoque apurado no mesmo período do ano anterior. Já a população ocupada permaneceu estabilizada em torno de 22,6 milhões. 2 Vendas no varejo caem em fevereiro Prof. Flávio Riani As últimas informações apuradas sobre vendas no varejo, as variações comparativas com o mês anterior apontam queda no mês de fevereiro após terem crescido no mês anterior. Pelo gráfico 2 nota-se que em fevereiro as vendas no comércio varejista brasileiro caíram,5% após um crescimento de 3,3% em fevereiro., sempre comparativamente ao mês anterior A queda observada em fevereiro quebra uma sequência de três meses seguidos de crescimento. Apesar disso, quando se compara no acumulado do ano este indicador apresenta crescimento de 8,7% e de 6,7% em 12 meses. Na comparação com fevereiro do ano passado o acréscimo foi de 9,6%. Gráfico 2 - Brasil - Vendas no Comércio Varejista Taxas de crescimento Mês/Mês anterior 3,5 3,3 3 2,5 2 1,5 1,5 1,7,2 1,4,6 1,3,5 -,5-1 -,2 -,4 -,5 Fonte: IBGE

Quando se analisa as receitas nominais do comércio nestes mesmos períodos observa-se que elas também cresceram em comparações com períodos anteriores. As taxas comparativas de 12 meses sinalizam crescimento de 11,4%, ela foi de 12,6% no acumulado do ano (janeiro e fevereiro) e alcançou 13,2% na comparação com o mês de fevereiro de 211. Apesar da diminuição na taxa de desemprego os crescimentos mencionados tiverem fortes efeitos dos reajustes salariais em janeiro. A elevação significativa do salário mínimo foi capaz de aumentar o salário real que acabou contribuindo para a performance no comércio nos indicadores mencionados relativos às comparações acumulativas e com o passado recente. 3 Inflação desacelera em Março Prof. Flávio Riani A inflação apurada pelo IPCA tem estado sob controle desde início do segundo semestre de 211. De lá para cá ela oscilou em termos médios em torno de,5%. A exemplo de fevereiro, conforme destaca o gráfico 3, em março ela desacelerou ainda mais alcançando o patamar de,21%, se configurando no menor índice desde julho do ano passado. Gráfico 3 -Brasil -evolução mensal do IPCA,77,47,37,53,43,52,5,56,45,15,16,21 A desaceleração da taxa de inflação em fevereiro foi fortemente causada pela variação negativa nos preços relativos da educação, historicamente elevados nos inícios dos anos nas épocas das renovações das matrículas. 4 - Evolução recente da Taxa de Juros no Brasil: rumo ao padrão internacional? Prof. Ricardo F. Rabelo Desde Agosto de 211 o Banco Central optou, diante das perspectivas de redução da inflação, por iniciar um ciclo de baixa da Taxa Básica de Juros. Desde então, as reuniões do COPOM tem terminado com mais uma redução entre,5 a,75% dos juros. Partindo de 12,5% em julho de 211, em abril de 212 a Selic já está cotada em 9% a.a, e a dúvida que se coloca a partir de agora é se haverá novo corte na próxima reunião do COPOM. A trajetória recente da inflação, como analisamos neste número da Carta, mostra um declínio suave mas persistente, abrindo espaço para novas alterações da SELIC no sentido de sua redução. Isto não significa, entretanto, que nossa taxa básica de juros esteja se aproximando dos níveis das taxas de juros internacionais. As taxas básicas dos países centrais continuam em torno de,5% a.a. nos EUA e de 1% a.a. na Europa, portanto negativas em termos reais. Nossa taxa de juros atual, para uma inflação projetada de 5,% a.a. para 212, está ainda a 4% a.a. em termos reais, isso se não houver nenhuma outra redução da SELIC pelo Banco Central.

As diferenças entre as taxas de juros brasileiras e internacionais ficam ainda maiores se considerarmos os custos financeiros de empréstimos do setor financeiro para pessoas físicas e empresas, Nessas operações creditícias aparece um diferencial importante entre os juros que são pagos pelos bancos aos poupadores e aqueles que são cobrados dos tomadores de empréstimos o spread, cuja redução, dada a sua expressiva magnitude, passou a ser objeto de uma ação do atual governo, via bancos oficiais. O Banco do Brasil, ao lado da Caixa Econômica Federal, promoveu a redução dos juros e a ampliação dos limites de crédito aos clientes em suas principais linhas. O programa, denominado de "BOM PRA TODOS", amplia a oferta de crédito de 43,1 bilhões de reais, sendo que 26,8 bilhões de reais são para micro e pequenas empresas e 16,3 bilhões de reais para pessoas físicas. As reduções de spread vão de 19 % para compra de veículos a 45 % para bens de consumo. Apesar das negativas iniciais e tentativas de obter contrapartidas do governo, os principais bancos privados do país também reduziram as taxas cobradas em várias linhas de crédito. As iniciativas do Banco Central e do Ministério da Fazenda foram, portanto, bem sucedidas e apontam para uma necessária redução global do custo financeiro na economia brasileira. Ao contrário do que pode parecer, no entanto, também neste aspecto, o mercado financeiro brasileiro está longe de atingir proporções mais civilizadas como o resto do mundo. Gráfico 4 - Spreeds bancários -países selecionados 3 27,8 26,9 25 2 15 1 5 16,4 9,6 7,4 5,7 4,5 3,8 3,4 3,4 1,5 Fonte: DIEESE Segundo dados do Bacen de janeiro deste ano, enquanto a taxa média paga para aplicações financeiras no Brasil estava em 38,% ao ano, a taxa média de captação era de 1,2% ao ano, resultando em um spread de cerca de 27,8 pontos percentuais ao ano. Este resultado difere fortemente do nível de spread bancário existente na própria América Latina como na Argentina, de 3,39 % a. a., no México, de 3,82% a.a. e na Bolívia, de 9,61 % a.a. de acordo com dados do FMI, citados na nota técnica no. 19 de abril de 212 do DIEESE. Dessa forma, mesmo com uma redução de 5% do spread atual, permaneceremos no topo do ranking também nessa categoria, talvez ultrapassados somente pelo Paraguai. 5 - Setor Externo da Economia Brasileira: Prof. Ricardo F. Rabelo O Brasil obteve um resultado positivo no Balanço de Pagamentos de US$ 58,6 bilhões em 211. Continuando a apresentar uma performance negativa em transações correntes de US$ 52,6 bilhões, a conta capital e financeira acusou um superávit de US$ 112,3 bilhões. Já o saldo da balança comercial em 211 (US$ 29,8 bilhões) não foi capaz de compensar as transferências líquidas de recursos ao exterior no item de serviços e rendas (US$ 85,2 bilhões), o que produziu o déficit em transações correntes. A compensação que veio da conta capital e financeira deve-se, especialmente, aos aportes de US$ 75,9 da conta de investimento direto e US$ 27,7 bilhões da

conta de investimento em carteira. Em 212, os primeiros dados mostram um arrefecimento tanto do déficit em transações correntes, quanto do superávit na conta capital e financeira. O déficit em transações correntes acumulado até março de 212 (US$ 12,113 bilhões) mostra uma queda de 18,3 %, comparando-se com a evolução ocorrida no mesmo período do ano anterior. A redução do déficit em serviços e rendas de US$ 18,815 bilhões para US$ 15,237 bilhões, juntamente com o aumento das exportações (de US$ 51,233 bilhões para US$ 55,8 bilhões), contribuiu para esse resultado, apesar do aumento das importações (US$ 48,88 bilhões para 55,642 US$ bilhões). No déficit acumulado neste 1º. Trimestre, no que diz respeito à balança de serviços e rendas (US$ 15,237 bilhões) obteve-se remessas líquidas em serviços (US$ 9,432 bilhões) com destaque para serviços de transportes (US$ 1,897 bilhões), viagens internacionais (US$ 3,461 bilhões) e aluguel de equipamentos (US$ 4,38 bilhões). Do ponto de vista das remessas líquidas geradas pelo item rendas (US$ 5,85 bilhões), as relativas aos investimentos diretos (US$ 2,423 bilhão), e aos investimentos em carteira (US$ 2,215 bilhões) mostraram-se as mais relevantes no resultado acumulado até março. Quadro I Balança de Transações Correntes Discriminação 211 212 Mar Jan- Mar Ano Mar Jan -Mar Balança comercial (FOB) 1 554 3 145 29 87 2 19 2 437 Exportações 19 286 51 233 256 4 2 911 55 8 Importações 17 732 48 88 226 233 18 892 52 642 Serviços - 3 51-7 715-37 952-3 286-9 432 Rendas - 4 456-11 1-47 319-2 359-5 85 Transferências unilaterais correntes (líquido) 216 892 2 984 37 686 Transações correntes - 5 737-14 778-52 48-3 32-12 113 Fonte: BACEN A balança comercial acusou, no 1º. trimestre, uma queda do superávit de 22,49% em relação ao mesmo período do ano anterior. Houve um crescimento das importações e uma desaceleração no crescimento das exportações, o que parece resultar do desempenho problemático da economia mundial, em especial o desempenho tendencialmente recessivo da economia européia, o que tem afetado o desempenho dos preços das commodities e provocado redução da demanda de economias que importam tradicionalmente produtos exportados pelo Brasil. Por outro lado, ao se comparar o saldo balança comercial de março de 212 com março de 211, se observa um aumento 29,9%. Neste mês as exportações apresentaram um crescimento de 8,4%, enquanto que as importações cresceram apenas 6,54%. 6 Gráfico 5 -Brasil -Balança Comercial 1ºTrim-212/1ºTrim -211 - US$ milhões 5 4 3 2 1 211 212 Exportações Importações Saldo Fonte: MIDC

5.1 - Conta de Capital e Financeira Prof. Ricardo F. Rabelo Em 212, a entrada de capitais externos acumulada até o mês de março proporcionou um superávit de US$ 23,92 bilhões na conta capital e financeira. Entretanto, o desempenho deste ano representa uma queda de superávit no montante de 45,19%, tomando a mesma base de comparação. A conta financeira, teve no investimento em carteira um saldo positivo de US$ 3,66 bilhões, mas 72,54% abaixo do desempenho de 211. Quadro II Balança de Transações Correntes e Conta de capital e financeira Discriminação 211 212 Mar Jan- Mar Ano Mar Jan -Mar Transações correntes - 5 737-14 778-52 48-3 32-12 113 Conta capital e financeira 16 811 43 648 112 389 13 67 23 92 Conta capital 141 276 1 573 183 375 Conta financeira 16 67 43 372 11 816 13 423 23 546 Fonte: BACEN Pelos dados analisados, vê-se que o setor externo brasileiro mantém um equilíbrio com resultados gerais positivos, mas com problemas estruturais persistentes. Embora tenhamos um expressivo saldo na Balança Comercial, este saldo tem apresentado queda, contribuindo para um aumento de nosso déficit de transações correntes para o período. Por outro lado, a entrada de capital externo, registrada pela conta financeira e de capital, mostra também um comportamento de instabilidade, com redução no aporte de recursos do investimento em carteira. Na medida em que o comportamento de nossas exportações tem tido trajetória descendente, permanecendo ancoradas em commodities cujo valor é extremamente sensível à crise internacional, e nossas importações continuam apresentando ritmo ascendente, não existe uma garantia de que possamos continuar a apresentar resultados positivos como até agora.