O CAPITAL INTELECTUAL APARTIR DOS ATIVOS DO CONHECIMENTO APLICADOS AO DESENVOLVIMENTO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS: perspectivas teóricas



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Transcrição:

70 O CAPITAL INTELECTUAL APARTIR DOS ATIVOS DO CONHECIMENTO APLICADOS AO DESENVOLVIMENTO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS: perspectivas teóricas Amanda Aparecida Vieira Fernandes Uni-FACEF Barbara Fadel Uni-FACEF 1. INTRODUÇÃO No atual contexto, as micro e pequenas empresas (MPE) vêm se destacando no cenário socioeconômico nacional. Tema de grande discussão acadêmica, a dificuldade encontrada quanto à aceitação da disseminação do conhecimento e da informação por este segmento é vista como obstáculo ao desenvolvimento integrado. Em contra parte, a ascensão de técnicas utilizadas como diferencial competitivo dentro das organizações, vem juntamente com as MPE, se destacando no cenário econômico, social e cultural, são estas conhecidas como ativos organizacionais. Esta pesquisa tem como objetivo apontar a administração dos ativos organizacionais como ferramenta de apoio da micro e pequena empresa com enfoque no capital intelectual. Como metodologia dotou-se este artigo de uma pesquisa exploratória qualitativa, baseada em dados secundários. Por se tratar de uma investigação que se encontra em andamento. No primeiro tópico, abordam-se as características, perfil, classificação, a legislação, os números e os obstáculos das MPE no cenário nacional atual. Logo após, relaciona-se a posição ocupada pela MPE com o desenvolvimento, ressaltando sua importância junto ao cenário socioeconômico. Em seguida, apresentam-se os conceitos e características dos ativos organizacionais 1 em suas quatro classificações (ativos humanos, ativos estruturais, ativos de inovação e ativos de relacionamento) e a nova era em 1 O termo ativos organizacionais são classificados também como ativos intangíveis ou ativos do conhecimento. Neste trabalho ao se referenciar qualquer um dos três, aborda se ao mesmo conceito.

71 que se encontra o mercado, a Era do Conhecimento. Após descritos e apresentados de forma conceitual, ressalta-se os ativos humanos integrado ao capital intelectual e o seu papel em quesitos estratégicos e competitivos em uma organização. Apresenta-se posteriormente, uma discussão advinda da pesquisa exploratória realizada sobre os temas em questão, e sua relevância junto ao desenvolvimento integrado. Por fim, apresentam-se os resultados, observando que o trabalho em questão encontra-se em desenvolvimento e que os resultados até o momento obtidos são positivos quanto a sua aplicação. 2. A MICRO E PEQUENA EMPRESA E SUA RELAÇÃO COM O DESENVOLVIMENTO A posição ocupada pela micro e pequena empresa no âmbito socioeconômico nacional atualmente vem adquirindo maior visibilidade e evidência no mercado. A ascendência de seus números, tais como quantidade de adeptos, percentual de empregabilidade, faturamento entre outros, nos últimos anos, vem sido alvo de estudos acadêmicos e mercadológicos. De acordo com o site G1, as pequenas empresas geram quase 15 milhões de empregos formais. O estudo mostra que, a cada R$ 100 em salários, R$ 40 são pagos por micro e pequenos empresários (Portal G1 Globo.com, 2102, online), e hoje totalizam mais de 6.000.000.000 de empresas, responsáveis por 99% dos negócios nacional. Os parâmetros classificativos que enquadram a micro e pequena empresa sofrem divergência entre seus dois principais órgãos de apoio, sendo mais utilizado o do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), o qual considera o faturamento como critério de classificação. Já o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequena Empresa), considera a quantidade de funcionários existentes para enquadramento. De acordo com o BNDES, a microempresa caracteriza-se por um faturamento menor/ igual a 2,4 milhões anual e a pequena empresa por um faturamento maior que 2,4 milhões e menor/igual a 16 milhões anual, conforme rege a Lei nº 123/2006 (BRASIL, 2011):

72 Art. 3o Para os efeitos desta Lei Complementar, consideramse microempresas ou empresas de pequeno porte a sociedade empresária, a sociedade simples e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que: I - no caso das microempresas, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais); II - no caso das empresas de pequeno porte, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada anocalendário, receita bruta superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais). O alto índice de mortalidade apresentado por essas organizações é alvo de grande preocupação, de acordo com SEBRAE, dos primeiros dois anos de atividades exercidas cerca de 50% encerram suas atividades. Parte dos motivos que ocasionam a mortalidade, é a fragilidade de estruturas, controles e imaturidade de processos administrativos. Entende como problema básico, além da inexistência de economias de escala, que os pequenos empresários apresentam três pontos fracos principais: análise inadequada ou superficial quando da escolha inicial do ramo de negócio, capitalização insuficiente e capacidade gerencial medíocre. Isso significa que a maioria dos pequenos empresários estabelecem seus negócios com base na facilidade de entrada em determinado ramo, não em estudos sobre a oportunidade de lucros máximos. (VIAPIANA, 2001 p. 6 7, apud SOLOMON, 1986) Mesmo em decorrência deste índice de mortalidade, a correlação entre as MPE e o desenvolvimento socioeconômico vem demonstrando-se positiva quanto aos seus resultados. Os índices de empregabilidade apresentados ocasionam o desenvolvimento econômico quanto à distribuição de renda, geração de valor agregado com seus stakeholders e a possibilidade de desenvolvimento de todas as partes envolvidas (colaboradores, sociedade e empresa).

73 Neste contexto, há necessidade de se ressaltar as diferenças entre crescimento e desenvolvimento. Para Fadel (2009, p. 76), o desenvolvimento deve ser visto como um processo complexo de mudanças e transformações, com dimensões: econômicas, politicas e sociais, sendo dessa forma essencial a observação do desenvolvimento e não apenas a ilusão do crescimento. Pode ser definido como crescimento econômico, acréscimos positivos em produtos e renda, desde que transformados em níveis de satisfação das necessidades da sociedade, tais como: saúde, educação, habitação, transporte, alimentação, lazer, dentre outras. (FADEL, 2006,apud OLIVEIRA, 2002)). As pequenas empresas desempenham um papel de importância fundamental no crescimento e maturação de uma economia saudável. No processo de desenvolvimento, é expressiva a contribuição que elas prestam ao gerarem oportunidades para o aproveitamento de uma grande parcela da força de trabalho e ao estimularem o desenvolvimento empresarial. (VIAPIANA, 2001 p. 6, apud LEONARDOS, 1984) Contudo, busca-se conscientizar e valorizar as MPE das praticas executadas em empresas de médio e grande porte, visando o amadurecimento e seu desenvolvimento. Neste trabalho, relaciona-se a ascendência deste segmento com outro tema de caráter imprescindível no do ambiente interno, os ativos organizacionais, dentro de uma nova realidade vivida pelas organizações, a Era do Conhecimento. 3. A NOVA ERA DO CONHECIMENTO E OS ATIVOS ORGANIZACIONAIS O conceito sobre ativos organizacionais também conhecidos como ativos intangíveis ou como ativos do conhecimento vem se tornando tema de estudos acadêmicos e cada vez mais enquadrando-se na realidade organizacional de médias e grandes empresas.

74 Abordado inicialmente pela área contábil, o termo ativo trata-se de um dos elementos mais importante de sua teoria, sendo considerado como bens e direitos adquiridos por uma entidade. A característica fundamental [dos ativos] é a sua capacidade de prestar serviços futuros à entidade que os controla individual ou conjuntamente com outros ativos e fatores de produção, capazes de se transformar, direta ou indireta- mente, em fluxos líquidos de entrada de caixa. Todo ativo representa, mediata ou imediatamente, direta ou indiretamente, uma promessa futura de caixa. (IUDÍCIBUS, 2000, p. 142) Para Martins (1972, p. 30) ativo é o futuro resultado econômico que se espera obter de um agente. Trazendo para uma ótica econômica e financeira, os ativos são recursos controlados pela empresa e capazes de gerar benefícios futuros (entradas de caixa ou redução de saídas de caixa) (PEREZ e FAMÁ, 2006, p. 12). Com os demasiados conceitos existentes sobre ativos e para uma compreensão mais ampliada sobre o tema, é necessária a diferenciação entre o resultado e o agente para que a teoria sobre ativos tenham uma abrangência e uma abertura de maior entendimento. O conceito conservador é o de qualificar o agente como sendo o ativo; e o deste outro (mais econômico ) é o de assim denominar o resultado trazido pelo agente. O computador é um agente que presta diversos serviços, como cálculo e armazenagem de dados e isso constitui o verdadeiro ativo; o computador é apenas o agente. O caminhão é o agente que proporciona o resultado transporte; e este é o ativo. (MARTINS, 1972, p. 29) Sendo dessa maneira classificado como ativo (físico ou não) que estão sobre poder de uma organização, gerando produtos ou serviços a seus clientes. Na atual situação mercadológica e com a grande paridade entre os processos produtivos realizados pelas instituições, a criação do conceito de ativos intangíveis, mostrou-se necessária. Em épocas antepostas, a diferenciação de mercado detida por instituições, era empregada em suas

75 estruturas físicas, em seus processos produtivos, não comportando no cenário econômico atual tais características de competitividade. Nos aspectos de terminologia, Hendriksen E Van Breda (1999) explica que a palavra tangível vem de origem latina (tangere), que significa tocar, tendo a palavra intangível seu sentido como intocável ou não tocável, sendo nesse contexto, os ativos intangíveis classificados como ativos não físicos que geram valor para a organização e seus stakeholders. Kohler (In: Iudícibus, 2000) define com muita propriedade os ativos intangíveis, como sendo ativos de capital que não têm existência física e cujo valor é limitado pelos direitos e benefícios que sua posse confere ao proprietário. Lev (2001) defini o ativo intangível como um direito futuro sem estrutura física ou financeira, tendo sua criação de valores embasados em recursos humanos e pelas práticas organizacionais, interagindo com os ativos tangíveis, criando valor para a corporação e fomentar o crescimento econômico. Seguindo a mesma linha conceitual Upton (2001) complementa que estes ativos, são adquiridos mediante troca ou desenvolvidos internamente se embasando em identidades organizacionais. Na visão de Kayo (2002, p. 14) os: Ativos intangíveis podem ser definidos como um conjunto estruturado de conhecimentos, práticas e atitudes da empresa que, interagindo com seus ativos tangíveis, contribui para a formação do valor das empresas. Os ativos intangíveis podem ser classificados em quatro categorias apresentadas no Quadro 1. QUADRO 1 Uma Proposta de Classificação dos Ativos Intangíveis EXEMPLO ATIVOS HUMANOS Conhecimento, talento, capacidades, habilidades e experiências dos empregados; Administração superior ou empregadoschave; Treinamento e desenvolvimento; Entre outros; ATIVOS DE INOVAÇÃO Pesquisa e Desenvolvimento Patentes

76 ATIVOS ESTRUTURAIS Fórmulas Secretas Know How tecnológico Entre Outros Processos; Softwares proprietários; Banco de Dados; Sistema de Informação; Sistemas Administrativos; Inteligência de Mercado; Canais de mercado; Entre outros; ATIVOS DE RELACIONAMENTO Fonte: Kayo (2002, p. 19). Marca Logos Trademarks Direitos Autorais(de obras literárias, de softwares, entre outros) Contratos com clientes, fornecedores, etc. Contratos de licenciamento, franquias, etc. Direitos de exploração mineral, agua, entre outros. Contudo, observa-se em cada ativo intangível apresentado, a real falta de estrutura física, porém a valorização financeira contida em cada um. Tomando como exemplo a marca (característica encontrada nos ativos de relacionamento), que em determinadas organizações detém o maior valor financeiro (patrimônio), sendo em alguns casos, maior que propriamente suas estruturas e bens físicos. Já nos ativos estruturais, os processos fabril, administrativos, a inteligência competitiva detida, é de extremo valor quando trazido para questões de competitividade mercadológica, enquanto os ativos de inovação são as bases de desenvolvimento de tecnologias, produtos, pesquisas, modo de fazer e como saber fazer (Know How). Por fim, os ativos humanos que trazem as pessoas como ferramenta de alavancagem organizacional, onde este se relaciona diretamente com o capital intelectual de cada instituição.

77 3.1 OS ATIVOS INTENGIVEIS E SUA RELAÇÃO COM O CAPITAL INTELECTUAL A chegada de uma nova era conhecida como Era do Conhecimento, destaca a relevância do capital intelectual que vem sendo tratado como ferramenta de diferenciação competitiva entre organizações. Quel (2006, p. 48) já visionava a intensificação por essa busca: [...]com tendência a se intensificar nesse século, passou a ser o trabalhador intelectual, aquele capaz de transformar uma realidade em algo que contribua para o alcance dos objetivos das organizações. Para Rezende (apud Stewart 1998), o capital intelectual constitui a matéria intelectual, como o conhecimento, a informação, a propriedade intelectual e experiências que podem ser utilizadas para gerar riqueza. André Saito em matéria a revista online VOCÊRH, descreve abaixo um trecho que resume bem a ideia atual sobre capital intelectual: A importância dada a elas - suas capacidades criativas, motivações, competências e conhecimentos - é sentida como um diferencial e uma oportunidade para as empresas crescerem mais. (Revista VocêRH, A importância da Gestão do Conhecimento, 2012, online). O capital intelectual pode ser considerado atualmente, como a peça fundamental na estratégia e execução das organizações. Dentre todos os ativos intangíveis apresentados, este estudo foca-se nos Ativos Humanos, os quais, pode se observar como as experiências, os conhecimentos individuais, as trocas de informações, podem ser e são saudáveis dentro de um meio organizacional, trazendo resultados extremamente positivos mutuamente. 4. DISCUSÃO DE RESULTADOS

78 De acordo com a pesquisa exploratória realizada sobre os temas em questão observaram-se duas linhas que traçam um perfil ascendente socioeconômico a nível nacional, sendo a primeira relacionada às micro e pequenas empresas (MPE). Atualmente, as MPE são o porte empresarial com maior crescimento econômico e social, em destaque aos seus índices de empregabilidade, geração e distribuição de renda, associa-se ao mesmo tempo, com o desenvolvimento em suas várias vertentes, apesar de todas as dificuldades enfrentadas, na evolução obtida pelas MPE. Como segunda linha (porém não menos relevante) observou-se o amadurecimento e procura do capital intelectual aplicado como ativo humano nas organizações de médio e grande porte, como ferramenta de competitividade e diferenciação. A aplicabilidade dessa procura e valorização do capital humano e intelectual às MPE vem associando-se a uma cultura ainda escassa, onde a junção, conscientização, dos micro e pequenos empresários, deixam de ter uma administração fraca, falha e passa a ver não somente fatores externos, e passa a reverter parte de sua atenção para seu ambiente organizacional. A questão dos ativos intangíveis não terem estruturas físicas, pode acarretar a ciência de terem uma prioridade menor. A mentalidade de se ter uma estrutura física tais como maquinários, prédios, bens materiais é mais relevante e do que investimentos feitos em processos, ou seja, a maneira de se fazer, o modo de se fazer. Em sumo, as duas vertentes tem ampla relevância, em total grau de paridade. A conscientização das MPE quanto a aceitação, identificação e valorização dos ativos intangíveis, em específico, os ativos humanos com embasamento no capital intelectual, é vista como uma potencialidade ao desenvolvimento organizacional, social e econômico. CONCLUSÃO A observância quanto as praticas e a mudança cultural ocorrida no mercado, alavancaram em novos valores quanto a valorização dos intangíveis. Com a chegada da Era do Conhecimento os ativos intangíveis classificados em quatro categorias vêm tido destaque quanto a sua relevância

79 em quesitos como diferenciação competitiva, em um ambiente cuja paridade entre produtos e processos encontra-se extremamente acirrada. Juntamente com a chegada desse novo cenário atual, o destaque que tem sido pontuado por estudos e por experiências práticas quanto à emersão de um novo segmento empresarial nacional, as MPE, traz consigo números extremamente positivos no que se refere ao desenvolvimento social e econômico. Como traçado no objetivo deste trabalho, apontar a administração dos ativos organizacionais como ferramenta de apoio da micro e pequena empresa com enfoque no capital intelectual, chega-se a conclusão através do resultados obtidos mediante pesquisa exploratória, que os temas abordados necessitam de uma correlação entre si, ou seja, a necessidade de amadurecimento do perfil da MPE para que possa aceitar a relevância atual de se valorizar o ambiente organizacional a partir de integrantes, pessoas, colaboradores, enfim, todos que contribuem para a construção do capital intelectual organizacional, ocorrendo com tais praticas o desenvolvimento das MPE, de maneira integrada (social, cultural e econômico.). Conclui-se que os ativos intangíveis são de extrema relevância para o desenvolvimento interno e externo das organizações e é considerado como ferramenta de desenvolvimento socioeconômico possibilitando junto, ao capital intelectual, a diferenciação competitiva que se busca atualmente.

80 REFERÊNCIAS: BNDES Modificação porte classificativo empresarial. Disponível em http://www.bndes.gov.br/sitebndes/bndes/bndes_pt/institucional/sala_de_imp rensa/noticias/2010/institucional/20100622_modificacao_porte_empresa.html Acessado em 27. Maio de 2013. BRASIL. Lei Complementar no. 123/2006, de 15 de dezembro de 2006. Brasília: diário Oficial da União, 2006. FADEL, Bárbara (org). Desenvolvimento Regional Debates Interdisciplinares. São Paulo SP. Editora Cultura Acadêmica, 2009. G1 Economia. Micro e pequenas empresas são 99% do total no país, mostra pesquisa. Disponível em <http://g1.globo.com/economia/pme/noticia/2012/02/micro-e-pequenasempresas-sao-99-do-total-no-pais-mostra-pesquisa.html>. Acesso em 28 maio. 2013. HENDRIKSEN, Eldon S.; VAN BREDA, Michael F. Teoria da Contabilidade. Tradução por Antonio Zoratto Sanvicente. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 1999. IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da contabilidade. São Paulo: Atlas, 6. edição, 2000. LEV, B. Intangibles: management, measurement, and reporting. Washington: Brookings.2001. KAYO, E. K.. A estrutura de capital e o risco das empresas tangível e intangível-intensivas: uma contribuição ao estudo da valoração de empresas. Tese de Doutorado, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, SP, 2002.

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