Artigo Original. Rev. Latino-Am. Enfermagem 21(4):[07 telas] jul.-ago
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1 Rev. Latio-Am. Efermagem 21(4):[07 telas] jul.-ago Artigo Origial Vulerabilidade às Doeças Sexualmete Trasmissíveis em mulheres que comercializam sexo em rota de prostituição e turismo sexual a Região Cetral do Brasil 1 Marcos Adré de Matos 2 Karlla Atoieta Amorim Caetao 3 Divâia Dias da Silva Fraça 3 Raquel Silva Piheiro 4 Luciee Careiro de Moraes 5 Sheila Araujo Teles 6 Objetivo: ivestigar o cohecimeto, comportametos de risco e siais/sitomas de doeças sexualmete trasmissíveis de mulheres profissioais do sexo. Método: estudo de coorte trasversal, de uma amostra probabilística de 395 mulheres, recrutadas pelo método Respodet Drive Samplig, de 2009 a Os dados foram obtidos por meio de etrevista face a face. Resultados: a maioria era de mulheres adultas joves, com baixa escolaridade e cohecimeto isuficiete sobre formas de trasmissão do vírus da imuodeficiêcia humaa. Mais de um terço das mulheres ão soube iformar os siais/sitomas das doeças sexualmete trasmissíveis. A prevalêcia de corrimeto vagial e ferida/úlcera foi de 49,0 e 8,6%, respectivamete, sedo que 41,7% dessas ão procuraram tratameto. Coclusão: os resultados evideciam a ecessidade de políticas públicas de saúde voltadas para o cotrole e preveção das doeças sexualmete trasmissíveis essa população, especialmete, em mulheres que comercializam sexo em importate rota de prostituição e turismo sexual do Brasil Cetral. Descritores: Prostituição; Vulerabilidade em Saúde; Cohecimeto; Doeças Sexualmete Trasmissíveis; Saúde da Mulher. 1 Apoio fiaceiro do Coselho Nacioal de Desevolvimeto Cietífico e Tecológico (CNPq) e do Miistério da Educação. 2 Doutorado e Professor Assistete, Faculdade de Medicia, Uiversidade Federal de Goiás, Goiâia, GO, Brasil. 3 Doutorada, Faculdade de Medicia, Uiversidade Federal de Goiás, Goiâia, GO, Brasil. 4 Mestrada, Faculdade de Efermagem, Uiversidade Federal de Goiás, Goiâia, GO, Brasil. 5 MSc, Efermeira, Secretaria Muicipal de Saúde de Jataí, Jataí, GO, Brasil. 6 PhD, Professor Associado, Faculdade de Efermagem, Uiversidade Federal de Goiás, Goiâia, GO, Brasil. Edereço para correspodêcia: Marcos Adré de Matos Uiversidade Federal de Goiás. Faculdade de Efermagem Rua 227, s/ Quadra 68 Bairro: Leste Uiversitário CEP: , Goiâia, GO, Brasil marcosdemias@yahoo.com.br
2 Rev. Latio-Am. Efermagem jul.-ago. 2013;21(4):[07 telas] Tela 2 Itrodução Estima-se que, a cada dia, um milhão de pessoas adquira Doeças Sexualmete Trasmissíveis (DST), icluido a ifecção pelo Vírus da Imuodeficiêcia Humaa (HIV). Adultos joves e adolescetes são resposáveis por quase a metade de todos os casos ovos de DSTs (1-2). As DSTs represetam importate problema de saúde pública a atualidade, sedo mais prevaletes em populações que apresetam comportametos de risco, como usuários de drogas ilícitas, homes que fazem sexo com homes e Mulheres Profissioais do Sexo (MPS) (2-4). MPSs têm sido cosideradas um grupo de risco elevado para as DSTs. Muitas usam drogas lícitas e ilícitas e praticam sexo sem preservativos. Além disso, apresetam vulerabilidades idividuais, sociais e programáticas, como baixa escolaridade, grade mobilidade geográfica, difícil acesso aos serviços de saúde e barreiras relacioadas a gêero e estigmas sociais (5-8). Estudos têm mostrado taxas elevadas de positividade para DSTs em MPSs. Em uma metaálise, realizada com MPSs de 51 países, idetificou-se prevalêcia para o HIV de 11,8% (9). Já em uma coorte de cico aos, realizada com mulheres da Idoésia, observou-se aumeto da prevalêcia de 11,0% para 19,0% e de 1,4% para 5,1% para a goorreia e sífilis, respectivamete (8). No Brasil, em estudo multicêtrico com MPSs, de ove Estados e do Distrito Federal, verificou-se prevalêcia de 4,9% para o HIV e de 2,5% para sífilis (10). Em São Paulo (11), foi idetificada prevalêcia de 67,7% para o HPV, 20,5% para clamídia, 4,0% para sífilis e 3,0% para tricomoíase. A Região Cetro-Oeste do Brasil possui importate papel o ceário da prostituição e rota de tráfico iteracioal de mulheres (12-13). Devido à sua posição geográfica, essa Região fucioa como área forecedora ou de trâsito para comercialização da prática sexual. Das 131 rotas iteracioais do tráfico de mulheres, 30% icluem a Região Cetral do País. A cidade de Goiâia tem sido cosiderada um grade cetro de prostituição e de turismo sexual e, atualmete, é cohecida acioalmete como cetro de prostituição, carregado, também, o rótulo de cidade ode a prostituição ifatojuveil mais avaça. Existem evidêcias de ampliação da rede de prestação de serviços ligados ao turismo sexual a capital, que pode ser evideciado por acréscimo de cerca de 300% o úmero de casas de show a cidade, etre 2002 e 2008 (12-13). MPSs podem fucioar como verdadeiras dissemiadoras de DSTs em seu ambiete laboral e social, cotribuido, assim, para a mauteção da edemicidade dessas ifecções. Em Goiâia, ão existem estudos sobre DSTs em mulheres profissioais do sexo, grupo que apreseta elevada vulerabiliade para essas ifecções. Cosiderado que, para a elaboração de estratégias de preveção de DSTs é imperativo cohecer o perfil de vulerabilidade do grupo-alvo, o objetivo deste estudo foi ivestigar o cohecimeto, comportametos de risco e siais/sitomas de doeças sexualmete trasmissíveis em mulheres profissioais do sexo. Método Estudo de coorte trasversal, realizado a cidade de Goiâia, GO, Brasil Cetral, o período de maio de 2009 a juho de 2010, com mulheres que se prostituem em vias públicas (ruas, aveidas, praças, parques) e privadas (boates, casas fechadas, ciemas) da cidade. Para o cálculo amostral, cosiderou-se uma prevalêcia míima de 7% (2), poder estatístico de 80% (β=20%), um ível de sigificâcia de 95%; p<0,05, erro de 3,5% e deseho de efeito de 2,0. A esse valor foram acrescidos 15% de margem de seguraça, totalizado 395 MPSs. Os critérios de iclusão o estudo foram: idade acima de 18 aos, fazer sexo em troca de pagameto, prostituirse em Goiâia e apresetar um cupom recrutador válido o mometo da etrevista. O critério de exclusão foi ser trasgêero, segudo autorrelato. Como as MPSs costituem população de difícil acesso, utilizou-se uma metodologia de amostragem capaz de produzir amostras probabilísticas, que tem sido recomedada para populações de difícil acesso, como as MPSs, deomiada Respodet-Drive Samplig (RDS) (7,14). Esse método é uma variate da metodologia de chai-referral (cadeia de referêcia) e tem sido utilizado em vários países, iclusive o Brasil (7,15-16). Para a utilização dessa técica de amostragem, a população tem que estar coectada por meio de redes sociais, sedo baseada a idicação dos participates pelos seus pares (7,16). A costrução da amostra RDS iiciou-se a partir da seleção iicial ão aleatória de úmero pequeo de participates, desigados semetes, itegrates da população alvo (MPSs). A seleção e recrutameto das semetes foram realizados a partir de uma pesquisa formativa, realizada os meses de maio e juho de Por meio dessa pesquisa, foi possível idetificar locais de prostituição em Goiâia, MPSs-chaves, locais de coleta de dados, como também o tipo de ressarcimeto. Essa etapa do estudo cotou com o apoio de Orgaizações da Sociedade Civil que desevolvem atividades com MPSs, em Goiâia. Sete semetes foram covidadas a participar do estudo. As características dessas mulheres-chave são apresetadas a Tabela 1. A cada recrutada foi solicitada
3 Matos MA, Caetao KAA, Fraça DDS, Piheiro RS, Moraes LC, Teles SA. Tela 3 a idicação de três MPSs cohecidas/amigas para participação o estudo. Para tato, cada semete recebeu três covites/cupos persoalizados, para covidar seus pares, iiciado-se, assim, a primeira oda do estudo. As MPSs recrutadas pelas semetes, por sua vez, recebiam, também, três cupos refereciados para recrutarem suas cohecidas/amigas MPSs (ovas odas) e, assim, sucessivamete, até o alcace total da amostra (395). Todas as mulheres elegíveis, que apresetaram o cupom/covite, foram orietadas sobre o projeto, e, após lerem e assiarem o Termo de Cosetimeto Livre e Esclarecido (TCLE) foram etrevistas, utilizado-se um roteiro estruturado que cotiha questões sobre dados sociodemográficos (idade, escolaridade, cor, religião, procedêcia, estado civil, provedora do lar), prática profissioal (local e turo de trabalho e assistêcia à saúde), cohecimeto e siais/sitomas de DST/HIV/ Aids, coforme abordagem sidrômica da Orgaização Mudial de Saúde (OMS) (dor abdomial, dor e ardêcia ao uriar, ichaço a virilha, ferida/úlcera geital e coceira). Tal abordagem cosiste em icluir a doeça detro de sídromes pré-estabelecidas, baseadas em sitomas e siais (2). Utilizou-se, para a aálise dos dados, os programas estatísticos SPSS, versão 15.0, para Widows e RDSAT, v.5.6. Por meio do RDSAT foi possível ajustar as prevalêcias, com itervalos de 95% de cofiaça, das características da população de estudo; de acordo com os padrões de recrutameto e tamaho da rede em relação às outras recrutas, levado-se em cosideração a homofilia da amostra e o alcace do equilíbrio das variáveis(16-17). Esta ivestigação foi aalisada e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa Médica Humaa e Aimal do Hospital das Clíicas da Uiversidade Federal de Goiás, Protocolo CEPMHA/HC/UFG º001/9. Tabela 1 - Características das sete semetes selecioadas ão aleatoriamete em Goiâia. Goiâia, GO, Brasil, 2009 a 2010 Semetes Tipo de local de prostituição Horário de trabalho Idade Aos de estudo Estado ode asceu Religião Cor Estado civil 1 Via pública Ambos 53 4 GO Católica Braca Separada 2 Via pública Ambos 38 2 GO Evagélica Parda Solteira 3 Via pública Diuro 50 7 MG Sem religião Parda Solteira 4 Casa fechada - bordel Ambos GO Sem religião Parda Separada 5 Casa de espetáculo - bordel Ambos GO Católica Parda Solteira 6 Via pública Ambos MA Evagélica Braca Separada 7 Ciema Diuro 34 6 GO Evagélica Outra Solteira Resultados Em relação às características sociodemográficas das 395 mulheres profissioais do sexo ivestigadas, observou-se que a maioria das mulheres (70,1%) tiha meos de 30 aos de idade. Somete 18,3 e 11,6% tiham etre 31 e 40 aos e mais de 40 aos, respectivamete. Em relação à escolaridade, 51,3% referiram até ove aos de estudo, 47,3% de 10 a 12 aos e 2,3% mais de 13 aos. A cor autodeclarada predomiate foi parda (59,5%), seguida da braca (27,3%) e da egra (12,5%). Somete 17,2% das MPSs ão possuíam religião. Detre as que referiram religião, 59,9% se declararam católicas, 18,8% evagélicas e 4,0% espíritas. Referete ao estado civil, 67,1% era de solteiras, 15,7% casadas, 14,4% separadas e 2,9% viúvas. Aida, 70% afirmaram que o diheiro da comercialização da prática sexual era utilizado para o susteto de outras pessoas. A Tabela 2 apreseta o cohecimeto das MPSs sobre siais e sitomas de doeças sexualmete trasmissíveis. Feridas/úlceras a geitália (66,6%) e prurido (61,6%) foram os siais/sitomas de DSTs mais cohecidos pelas MPSs, seguidos por dor e ardêcia ao uriar (57,1%) e dor abdomial (48,7%). Já edema a virilha foi recohecido como sial de DST por apeas um terço das MPSs. Tabela 2 - Cohecimeto sobre os siais/sitomas das DSTs, coforme abordagem sidrômica do MS, de 395 mulheres profissioais do sexo em Goiâia. Goiâia, GO, Brasil, 2009 a 2010 Siais/sitomas de DSTs em mulheres Dor abdomial Não 21,5 13,4-28,1 84 Sim 48,7 37,9-59,1 217 Não sabe 29,8 19,8-43,6 94 Dor e ardêcia ao uriar Não 8,2 4,0-11,9 39 Sim 57,1 45,2-68,3 259 Não sabe 34,7 23,4-48,4 97 (cotiua...)
4 Rev. Latio-Am. Efermagem jul.-ago. 2013;21(4):[07 telas] Tela 4 Tabela 2 - cotiuação Siais/sitomas de DSTs em mulheres Edema a virilha Não 14,4 6,7-19,3 80 Sim 33,8 20,4-47,7 204 Não sabe 51,8 37,0-70,3 111 Feridas/úlceras a geitália Não 10,7 6,0-16,1 33 Sim 66,6 58,2-76,5 283 Não sabe 22,7 13,1-31,2 79 Prurido Não 9,5 4,5-14,5 27 Sim 61,4 50,0-71,5 275 Não sabe 29,1 19,3-41,4 93 * ajustada para os padrões de recrutameto em RDSAT. =395 Em relação ao cohecimeto das MPSs sobre HIV/ Aids, observou-se, a Tabela 3, que a maioria sabia que uma pessoa com aspecto saudável pode ser portadora do HIV (91,7%); que o uso do preservativo durate as relações sexuais protege da ifecção (80,7%); que o HIV pode ser trasmitido por meio do compartilhameto de agulhas/serigas cotamiadas com sague de portador do HIV (99,0%) e que a mulher ifectada pode trasmitir o vírus para seu bebê durate a gravidez/parto (90,6%) ou amametação (70,5%). Por outro lado, 19,0% das MPSs ão cosideraram o uso do preservativo como método de preveção da ifecção pelo HIV. Destaca-se que 81,4% das MPSs ão acreditaram que a abstiêcia sexual seria uma forma de se preveir cotra o HIV. Aida, foi apotado que picada de mosquito e compartilhameto de talheres costitui meio de se adquirir o HIV em 37,4 e 17,4% das ivestigadas, respectivamete. A possibilidade de trasmissão do HIV, durate a gestação, foi referida por 357 (90,6%) das etrevistadas. Já 23,9% ão recoheceram a trasmissão durate a amametação. Mais da metade das MPSs (59,4%) descohecia a profilaxia da trasmissão vertical do HIV. Tabela 3 - Cohecimeto sobre HIV/Aids de 395 mulheres profissioais do sexo em Goiâia. Goiâia, GO, Brasil, 2009 a 2010 Siais/sitomas de DST/HIV/Aids Uma pessoa com aspecto saudável pode estar ifectada pelo HIV Não 7,3 3,8-11,8 26 Sim 91,7 87,0-95,3 366 Não Sabe 1,0 0,1-2,5 3 O uso correto do preservativo em todas as vezes que faz sexo protege da ifecção pelo HIV, que causa Aids Não 19,0 13,0-23,2 94 Sim 80,7 76,4-86,6 299 Não sabe 0,3 0,1-1,0 2 As pessoas podem se preveir cotra o HIV deixado de trasar Não 81,4 75,0-87,0 323 Sim 18,6 12,5-24,7 70 Não sabe A trasmissão do HIV ocorre pela picada de mosquito Não 60,4 52,6-67,7 241 Sim 37,4 30,0-45,3 145 Não sabe 2,2 0,7-4,1 9 A trasmissão do HIV/Aids ocorre por compartilhado de talheres com alguém ifectado Não 82,6 74,8-87,6 331 Sim 17,4 11,6-24,4 59 Não sabe A trasmissão do HIV/Aids ocorre por meio de ijeções com agulhas usadas por alguém ifectado Não 1,0 0,1-1,5 4 Sim 99,0 98,5-99,9 391 Uma mulher grávida ifectada pelo HIV/Aids pode trasmitir o vírus para o seu bebê Não 9,4 5,2-14,3 35 Sim 90,6 84,2-93,7 357 Não sabe (cotiua...)
5 Matos MA, Caetao KAA, Fraça DDS, Piheiro RS, Moraes LC, Teles SA. Tela 5 Tabela 3 - cotiuação Siais/sitomas de DST/HIV/Aids Uma mulher grávida ifectada pelo HIV/Aids pode reduzir o risco de trasmissão do vírus para seu bebê quado Tomar medicameto 40,6 32,4-47,9 166 Outros 13,9 9,0-19,6 55 Não sabe 45,5 38,3-54,1 172 O HIV/Aids pode ser trasmitido para o bebê, durate a amametação Não 23,9 17,6-31,6 92 Sim 70,5 62,6-76,9 269 Não sabe 5,6 3,4-8,6 34 * ajustada para os padrões de recrutameto em RDSAT. Nehum itervalo de cofiaça foi gerado pelo RDSAT. =395. =393 Os siais e sitomas de DSTs, referidos pelas MPSs, coforme abordagem sidrômica do Miistério da Saúde (MS), estão apresetados a Tabela 4. Corrimeto vagial e ferida/úlcera os últimos doze meses foi relatado por 49,0 e 8,6% das MPSs, respectivamete. Observouse, aida, que 41,7% ão procuraram tratameto em uidades de saúde. Tabela 4 - Siais/sitomas de DSTs, coforme abordagem sidrômica do MS, de 395 mulheres profissioais do sexo em Goiâia. Goiâia, GO, Brasil, 2009 a 2010 Variável Corrimeto vagial os últimos 12 meses Não 51,0 43,5-59,0 200 Sim 49,0 41,0-56,5 195 Ferida ou úlcera a geitália os últimos 12 meses Não 91,4 87,2-94,8 356 Sim 8,6 5,2-12,8 39 Procurou tratameto em uidades de saúde Não 41,7 24,8-54,0 37 Sim 58,3 46,0-75,2 69 * ajustada para os padrões de recrutameto em RDSAT =395 =106 Discussão Idetificar os siais/sitomas e cohecimeto sobre as doeças de trasmissão sexual, especialmete em grupos de difícil acesso, como as MPSs, colabora para a formulação, implemetação e avaliação de políticas públicas de saúde voltadas para o cotrole e preveção das DST/HIV/Aids. A população em estudo costituiu-se predomiate por mulheres joves e solteiras, sedo essas características comus em MPSs do Brasil (7) e de outros países (3,9). Por outro lado, ao cotrário de outros autores (18-19), verificouse maior escolaridade das MPSs em Goiâia; a metade possuía, o míimo, 10 aos de escolaridade. Acredita-se que esse achado reflita os idicadores de educação desta Região. Segudo dados da Pesquisa Nacioal por Amostras de Domicílios (PNAD) de 2009, praticamete a metade da população ecoomicamete ativa da Região Cetro-Oeste possuía, o míimo, 11 aos de escolaridade (20). A desiformação das mulheres profissioais do sexo em relação aos siais/sitomas de DSTs aida é muito grade. Mais de um terço ão cosiderou ou ão soube iformar que dor abdomial, dor e ardêcia ao uriar, ichaço a virilha, feridas/úlcera a geitália e coceira são sugestivos siais/sitomas de DSTs, coforme abordagem sidrômica do MS (2). Esses achados corroboram outros estudos (9,21) e evideciam a ecessidade premete de maiores ivestimetos em estratégias de educação em saúde, visado a idetificação de siais e sitomas de DST para essa clietela, cotribuido, assim, para o diagóstico precoce, melhor progóstico e iterrupção da cadeia de trasmissão desses patógeos. Quato ao cohecimeto sobre as vias de trasmissão do HIV, foi observado que apesar de quase a totalidade das etrevistadas cosiderarem que uma pessoa com aspecto saudável pode estar ifectada pelo HIV (91,7%) e que o compartilhameto de serigas e agulhas durate o uso de drogas ijetáveis pode trasmitir o agete viral (99,0%), aida existem iformações errôeas quato à trasmissão do HIV. Neste estudo, praticamete uma em cada cico mulheres ão cosiderou o uso do preservativo como método de se preveir do HIV. Dados de uma metaálise idicaram que os achados de percepção de
6 Rev. Latio-Am. Efermagem jul.-ago. 2013;21(4):[07 telas] Tela 6 vulerabilidade das MPSs, em relação às DSTs e ao uso do método de barreira, aida são escassos, sugerido, assim, ecessidade urgete de expadir o acesso aos programas prevetivos (9). Persiste, aida, etre as MPSs, mitos quato à trasmissão do HIV, muitos deles remaescetes do iício da epidemia a década de 80, como o compartilhameto de talheres com idivíduos ifectados e por meio de picada de mosquito. Realmete, tais achados também foram idetificados em um estudo multicêtrico do Miistério da Saúde (22). Mais da metade das MPSs (59,4%) ão sabia a respeito da profilaxia da trasmissão vertical do HIV e 23,9% ão recoheceram a trasmissão durate a amametação. Tedo em vista que a maior parte das MPSs ivestigadas estavaem plea atividade reprodutiva, tora-se premete o ivestimeto o Plao Itegrado de Efretameto da Femiização da Epidemia da Aids e outras DSTs, que possui como uma de suas metas reduzir a trasmissão vertical do HIV em toda a população femiia (1). Neste estudo, utilizou-se, para defiição de DSTs, o autorrelato de corrimeto vagial e ferida/úlcera os últimos doze meses, associados ou ão à história de diagóstico médico laboratorial de DSTs, coforme abordagem sidrômica do MS (2), sedo que 49,0% das mulheres relataram corrimeto vagial e 8,6% preseça de ferida/úlcera. Esses achados estão em coformidade com as taxas de prevalêcia de DSTs citadas em estudos ateriormete coduzidos (21,23-24). Detre as mulheres que citaram preseça de siais/ sitomas de DST, parcela sigificativa (41,7%) ão procurou tratameto em uidades de saúde, ratificado o distaciameto dessa população do sistema de saúde formal, promovido pelo processo de exclusão social ao qual são submetidas (23-24). Ivestigações sobre o cohecimeto, comportametos de risco e autorrelato de DSTs são ferrametas importates para elaboração de medidas e estratégias efetivas de preveção de doeças trasmitidas pela via sexual para grupos populacioais de difícil acesso, ivisíveis pelos serviços de saúde, margializados e estigmatizados, e que cotribuem sigificativamete para a dissemiação dessas ifecções. Aida, os achados deste estudo cotribuem para o avaço cietífico da Região Cetro-Oeste, possibilitado o etedimeto da epidemiologia das DSTs em um grupoalvo para preveção dessas doeças. Coclusões A população estudada costituiu-se de MPSs adultas joves, com baixa escolaridade e solteiras. Aida, tiham cohecimeto isuficiete quato às DSTs/HIV, o tocate à trasmissão do HIV e siais e sitomas das DSTs, evideciado, assim, o elevado risco e vulerabilidade dessa população às doeças de trasmissão sexual. A prevalêcia, segudo autorrelato, de corrimeto vagial de 49,0% e preseça de ferida/úlcera de 8,6% as MPSs ivestigadas estão em cocordâcia com as prevalêcias de DSTs reportadas em outros estudos com essa população, coduzidos o Brasil e em outros países, ratificado as mulheres em estudo como poteciais dissemiadoras de ifecções trasmitidas pela via sexual. Referêcias 1. Miistério da Saúde (BR). Boletim Epidemiológico Aids e DST Ao 8(1). Brasília (DF): Departameto de DST/HIV/AIDS e hepatites virais; p. 2. World Health Orgaizatio, Departmet of Reproductive Health ad Research. Global strategy for the prevetio ad cotrol of sexually trasmitted ifectios: Breakig the chai of trasmissio. Washigto; Decker MR, Wirtz AL, Baral SD, Peryshkia A, Mogilyi V, Weber RA, et al. Ijectio drug use, sexual risk, violece ad STI/HIV amog Moscow female sex workers. Sex Trasm Ifect Sex Tras. 2012;88(4): Wag K, Ya H, Liu Y, Leg Z, Wag B, Zhao J. Icreasig prevalece of HIV ad syphilis but decreasig rate of self-reported uprotected aal itercourse amog me who had sex with me i Harbi, Chia: results of five cosecutive surveys from 2006 to It J Epidemiol. 2012;41(2): Ayres JRCM, Calazas GJ, Saletti HC Filho, Fraça- Júior I. Risco, vulerabilidade e práticas de preveção e promoção da saúde. I: Campos GWS, orgaizador. Tratado de saúde coletiva. 2ªed. São Paulo: Hucitec/Rio de Jaeiro: Fiocruz; p Figueiredo R, Peixoto M. Profissioais do sexo e vulerabilidade. BIS, Bol Ist Saúde. 2010;12(2): Damacea GN, Szwarcwald CL, Barbosa A Júior. Implemetação do método de amostragem respodetdrivesamplig etre mulheres profissioais do sexo o Brasil, Cad Saúde Pública. 2011;27(1): Nurla SN, Davies SCSC, Kaldor JJ, Wigall SS, Okoseray MM. Prevalece over time ad risk factors for sexually trasmissible ifectios amog ewly-arrived female sex workers i Timika, Idoesia. Sex Health. 2011;8(1): Baral S, Beyrer C, Muessig K, Poteat T, Wirtz AL, Decker MR, et al. Burde of HIV amog female sex
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