Empresa Júnior constitui ou não Instituição de Educação?
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- Maria Laura Oliveira de Sintra
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2 Sumário I. Introdução... 3 II. Empresa Júnior constitui ou não Instituição de Educação?... 3 III. As Imunidades Tributárias das Empresas Juniores... 4 IV. Incidência de Tributos sobre Empresas Juniores:... 5 A) Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins... 5 B) Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza ISS/ISSQN... 6 B.1) Declaração de Utilidade Pública e Isenção do ISS/ISSQN... 7 V. Obrigações Tributárias Acessórias que uma Empresa Júnior deve cumprir 7 A) Declaração de Imposto de Renda:... 8 B) Relação Anual de Informações Sociais (RAIS)... 8 C) Escrituração Contábil... 9 VI. Considerações Finais
3 I. Introdução Este Manual visa elencar as principais incidências de tributos sobre as empresas juniores e abordar algumas das suas obrigações tributárias acessórias a fim de sanar eventuais dúvidas sobre o assunto. Além disso, estudaremos acerca das imunidades tributárias que gozam as empresas juniores. Devemos salientar que este Manual descreve de forma geral os tributos que devem ser pagos pelas empresas juniores, contudo, cada região poderá haver uma cobrança diferente. Desta forma, o Manual abordará de forma genérica os principais tributos que incidem ou não sobre as empresas juniores e suas atividades, sendo eles o IRPJ, CSLL, Cofins e ISS. II. Empresa Júnior constitui ou não Instituição de Educação? Muito se discutia entre os empresários juniores se estas empresas eram ou não Instituições de Educação e, por consequência disso, gozavam da imunidade tributária prevista no artigo 150, VI, alínea c da Constituição da República Federativa do Brasil de Contudo, com a Solução de Consulta 236/2011, da 9ª Região Fiscal, a Receita Federal se posicionou estabelecendo que não constitui instituição de educação, para fins de imunidade tributária, a "empresa júnior", assim considerada a associação civil sem fins lucrativos, constituída por alunos de graduação em instituição de ensino superior, com a finalidade de desenvolvimento profissional mediante a realização de projetos e prestação de serviços à comunidade. Desta forma, as empresas juniores gozam de certas imunidades tributárias por constituírem associações civis sem fins lucrativos e não por serem instituições de educação, como se discutia anteriormente. 3
4 III. As Imunidades Tributárias das Empresas Juniores Tributos que as EJ s não precisam pagar Primeiramente, deve-se explicar singelamente que a imunidade tributária é uma previsão em nossa Constituição Federal que proíbe a tributação de uma pessoa, de uma atividade ou de um bem. Considerando a importância das empresas juniores para a sociedade, uma vez que realizam atividades de interesse coletivo e fornecem serviços e produtos sem objetivo econômico, foram concedidas imunidades tributárias a estas associações civis sem fins lucrativos, desobrigando-as do pagamento de alguns tributos, conforme estabelecido em nossa Constituição Federal. Esta é uma forma de incentivo às empresas juniores para que possam perpetuar no mercado. Segundo Solução de Consulta 236/2011 da 9ª Região Fiscal, as empresas juniores não estão obrigadas do pagamento do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica IRPJ e da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido CSLL, desde que observados os requisitos previstos nos incisos do artigo 14 do Código Tributário Nacional: I não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou rendas, a qualquer título;ii- aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais;iii- manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. Ou seja, as empresas juniores farão jus à imunidade tributária referente ao Imposto de Renda de Pessoa Jurídica IRPJ e à Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido CSLL, em razão da observância dos seguintes requisitos: 1)não-remuneração, por qualquer forma, de seus membros os alunos que compõem o quadro social da EJ pelos serviços prestados; 4
5 Neste item, devemos destacar que, segundo o CNEJ Conceito Nacional de Empresas Juniores, professores não podem ser membros de uma EJ. Desta forma, pode haver a remuneração de professores como prestadores de serviços. Neste caso, orienta-se que, na realização dos pagamentos a estes orientadores contratados, sejam emitidas notas fiscais. Entretanto, a remuneração dos alunos membros de EJs é expressamente vedada pelo CNEJ. 2) destinação integral de seus recursos e de eventual resultado (superávit em suas contas) na manutenção e no desenvolvimento dos seus objetivos sociais; 3) pela devida escrituração de receitas e despesas em livros, que é uma obrigação tributária acessória. IV. Incidência de Tributos sobre Empresas Juniores: A) Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins A incidência de Cofins para Empresas Juniores é um assunto bastante polêmico. Acredita-se que isto se dá em razão da Súmula 276 do Superior Tribunal de Justiça, que determinava que as sociedade civis de prestação de serviços profissionais são isentas da COFINS, irrelevante o regime tributário adotado. Logo, com base neste entendimento do STJ, por muito tempo, entendeu-se que associações civis, como as empresas juniores, eram isentas do pagamento da Cofins. Entretanto, esta súmula foi cancelada, sendo hoje obrigatório o recolhimento desta contribuição pelas EJ s. Com a Solução de Consulta nº 236/2011 da 9ª Região Fiscal, isto se tornou mais claro, umas vez que esta determinou que empresas juniores não são imunes nem estão isentas da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, em razão do seu evidente caráter contraprestacional. 5
6 Desta forma, as receitas decorrentes de prestação de serviços pela empresa júnior, através da realização de projetos e prestação de serviços à comunidade mediante pagamento, não estariam isentas da Cofins. B) Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza ISS/ISSQN Em regra, as empresas juniores estão obrigadas ao pagamento do ISS. Contudo, este é um imposto de competência municipal. Sendo assim, sua alíquota varia de acordo com o município onde situa a empresa júnior ou, excepcionalmente, segundo legislação tributária, onde o serviço é prestado. A regra geral, portanto, é pagar o ISS ao município em que se situa. Alguns municípios possuem isenção para associações formatadas juridicamente no modelo das empresas juniores, podendo a Empresa Junior obter tal isenção. Se este for o caso, é necessário obter da secretaria da fazenda municipal uma declaração expressa desta isenção (ver a advertência do item B.1). O Decreto-Lei n. 406, de 31 de dezembro de 1968, estabelece que alguns serviços, se prestados por sociedades, ficam sujeitos ao imposto sobre serviços cobrados em alíquotas fixas, calculado em relação a cada profissional habilitado, sócio, empregado ou não, que preste serviços em nome da sociedade, embora assumam responsabilidade pessoal, nos termos da lei aplicável. Assim, é necessário que cada empresa júnior fique atenta para verificar se o benefício do decreto lhe é aplicável e se lhe é vantajoso. No caso de dúvida, escolha o pagamento pela alíquota variável por serviço. Cada município tem uma sistemática de cobrança do ISS, apesar da maioria deles hoje contar com a emissão da nota de prestação de serviço via internet, devendo, cada empresa júnior ficar atenta à data de pagamento, usualmente nos primeiros dias úteis do mês seguinte à prestação de serviço. 6
7 B.1) Declaração de Utilidade Pública e Isenção do ISS/ISSQN Em alguns municípios, entretanto, não há a obrigatoriedade de pagamento do ISS. Desta forma, os empresários juniores devem, em um primeiro momento, buscar saber se, no município onde está localizada a empresa júnior, este imposto é cobrado. Caso o município realize a cobrança do ISS, os empresários, que pretendam obter a isenção deste imposto, deverão requerer a Declaração de Utilidade Pública junto à Prefeitura local. Deve-se alertar também que cada Prefeitura possui regras e requisitos próprios para concessão de tal benefício, assim, os empresários juniores que almejam esta isenção tributária deverão pesquisar quais são os requisitos estabelecidos pela Prefeitura local. V. Obrigações Tributárias Acessórias que uma Empresa Júnior deve cumprir Tratamos até agora das obrigações tributárias principais, que têm como objeto o pagamento do tributo. Entretanto, existem também as obrigações tributárias acessórias, as quais não possuem caráter pecuniário, ou seja, não têm como objeto a entrega de dinheiro aos entes federativos Município, Estado ou União na arrecadação tributária, mas dizem respeito a obrigações de fazer ou não fazer. Como exemplo de obrigação tributária acessória, temos a entrega de declaração ao Fisco, escrituração de livros e emissão de notas fiscais etc. Entre as obrigações acessórias que as empresas juniores devem cumprir, existem algumas que merecem maior atenção, como é o caso da Declaração de 7
8 Crédito Tributários Federais DCTF, que é uma obrigação mensal de todas as pessoas jurídicas. A DCTF conterá as informações relativas aos tributos e contribuições apurados pela pessoa jurídica em cada mês, os pagamentos, eventuais parcelamentos e as compensações de créditos, como as informações sobre a suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Esta declaração deve ser apresentada pelas pessoas jurídicas até o 15º dia útil do 2º mês subsequente ao mês de ocorrência dos fatos geradores. Além disso, é importante lembrar que o descumprimento de obrigações acessórias importa em multa de caráter tributário, que poderá ser cobrada através de ações de execução fiscal, com possibilidade de haver penhora de bens que compõem o patrimônio da EJ. A) Declaração de Imposto de Renda: Apesar de ser chamada de acessória, esta é uma obrigação independente da obrigação principal. Neste sentindo, ainda que a empresa júnior não tenha que recolher o Imposto de Renda deverá realizar a Declaração Anual de Isento. B) Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) Todos aqueles que, independentemente de organização empresarial, tenham mantido, como empregadores, qualquer relação de emprego durante o ano devem apresentar a declaração anual à RAIS. Aqueles que não apresentam empregados no ano-base devem declarar RAIS negativa. Para as empresas juniores isto não é diferente. Estas também deverão apresentar anualmente declaração negativa à RAIS, indicando que não possuem empregados. 8
9 C) Escrituração Contábil De acordo com o artigo 195, Parágrafo Único, do Código Tributário Nacional, os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos direitos tributários decorrentes das operações a que se refiram. No tocante deste assunto, os empresários juniores devem se atentar acerca da elaboração e regularização de documentos como o plano de contas; as demonstrações contábeis e financeiras, que deve conter o balanço patrimonial e a demonstrações de déficit e superávit de exercício; folha de pagamento, em caso de existência de empregados; cadastro de membros. Neste ponto, é interessante ressaltar que a prescrição perda do direito da Fazenda Pública de cobrar o tributo ocorre passados 5 anos contados da data da constituição definitiva do crédito tributário. Desta forma, aconselha-se que esta documentação deve ser guardada pela EJ por cinco ano desde a constituição do crédito tributário e não do pagamento do tributo, para garantir a comprovação de quitação das obrigações tributárias, em casos de cobranças realizadas pelo fisco. Muitas vezes, a constituição do crédito tributário se dá por decurso de prazo, após cinco anos do fato gerador, devendo a EJ guardar a documentação por períodos superiores a cinco anos, uma vez que a constituição do crédito pode ser posterior ao seu pagamento. Assim, alguns documentos exigem o arquivo pelo prazo de até dez anos. VI. Considerações Finais Este Manual foi elaborado com o intuito de solucionar as dúvidas mais comuns acerca da incidência de tributos em relação às empresas juniores e suas atividades. Contudo, podem existir variações na cobrança de tributos de região para região e é preciso ficar atento a isto. Contribuições previdenciárias, taxas, 9
10 preços públicos e outras cobranças estatais podem ser devidos em razão da natureza da atividade da empresa júnior. Ademais, a Legislação Tributária Brasileira sofre constantes modificações ao longo do tempo, assim, faz-se necessário, para um melhor desenvolvimento de sua empresa júnior, atentar-se a estas alterações. Esperamos que este material desenvolva maior segurança jurídica às empresas juniores, mantendo-as firmes no caminho do sucesso. Desejamos ótimo trabalho a todos os empresários juniores. Juiz de Fora, 30 de julho de Eduarda Gambogi Pereira Assessora de Regulamentação regulamentação@brasiljunior.org.br Daniel Pimentel Coordenador de Regulamentação regulamentação@brasiljunior.org.br Michel Barros FelippeJabour Colaborador 10
Nesta matéria vamos tratar dos prazos de prescrição para a guarda de documentos contábeis, declarações acessórias e dos tributos federais pagos.
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