CURSO DE CAPACITAÇÃO: ANSIEDADE - Como Diagnosticar e Tratar o Mal do Século

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1 CURSO DE CAPACITAÇÃO: ANSIEDADE - Como Diagnosticar e Tratar o Mal do Século ATENÇÃO: Se ainda não adquiriu seu Certificado de 240 horas de carga horária pelo valor promocional de R$ 47,00, adquira clicando no link abaixo, antes que a promoção acabe: (Se o link não funcionar ao clicar, copie o link, cole-o no seu navegador e dê enter) IMPORTANTE: Certificado válido em todo o território nacional, com todos os requisitos para ser validado nas faculdades e outras instituições. Veja um Modelo do Certificado: OBS: Os materiais abaixo estão disponíveis livremente na Internet e foram selecionados por nossos especialistas para compor o material do Curso gratuito. 1

2 SUMÁRIO Módulo I Considerações sobre a Ansiedade Introdução... 5 Mas então, o que é ansiedade? Identificando os tipos de ansiedade Ansiedade Generalizada (TAG) Transtorno do pânico fobias específicas (anteriormente fobia simples) Transtorno Obsessivo Compulsivo Módulo II O curso da doença e síndromes associadas como surge a ansiedade? Principais Distúrbios de Ansiedade e Suas definições Ansiedade, como enfrentar o mal do século? A síndrome do Pensamento Acelerado Síndrome do Pensamento Acelerado ou Hiperatividade? Os níveis da Síndrome do Pensamento Acelerado Graves Consequências da Síndrome do Pensamento Acelerado Como controlar a Síndrome do Pensamento Acelerado? Módulo III O papel do Psicólogo no tratamento da Ansiedade Diagnóstico Tratamento XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental Transtorno De Ansiedade Generalizada Sob A Ótica Da Teoria Cognitivo Comportamental

3 Conclusão Referências

4 BEM-VINDO AO CURSO Curso de Capacitação: ANSIEDADE Como Enfrentar a Doença do Século Indicações para um melhor aproveitamento do conteúdo 1. Lembre-se que a finalidade do curso é se capacitar no assunto e não somente se certificar. 2. Não tenha pressa, cada pessoa tem seu próprio ritmo, busque tempo e disposição para a leitura. 3. Grife as partes que considerar importantes e relevantes, sempre lembrando que o principal está no desenvolvimento do conteúdo e não na última página. 4. Durante o estudo, fique atento aos acontecimentos do dia-a-dia, mídias sociais, jornais e TV para substanciar o que está aprendendo. 5. A prática é o melhor de todos os instrutores." (Publílio Siro) e além de tudo, leva a perfeição! Bons estudos. 4

5 Módulo I Considerações sobre a Ansiedade. Introdução Lidar com a Ansiedade não tem sido uma tarefa muito fácil e é possível compreender que pode ser constituída como um componente inerente ao ser humano, pois qual de nós já não passou por situações que nos deixou instável, ainda que por um breve momento? No entanto o que se vê, é um número excessivo de pessoas que a cada dia necessitam de acompanhamento para superar ou até mesmo controlar a ansiedade. 5

6 Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), existem 264 milhões de pessoas no mundo com diagnóstico de transtorno de ansiedade, o que corresponde a uma média de 3,6% da população mundial. Além disso, estima-se que até 2020 a depressão será a principal doença incapacitante do mundo e, até 2030, ela será a doença mais comum, acometendo mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde. Pela grande incidência das alterações psíquicas nos pacientes é fundamental entendermos os transtornos mais comuns encontrados na população. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 9,8% dos brasileiros apresentam sintomas da ansiedade, distúrbio que, diferente daquela empolgação equivalente a "borboletas no estômago", dificulta o dia a dia de quem o tem e gera uma série de crises mentais e físicas. Um estudo feito em São Paulo comprovou que parte da população que sofre do distúrbio de ansiedade possuem dores crônicas. Pesquisadores do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo mensuraram essa relação em pessoas adultas residentes na Região Metropolitana de São Paulo e os dados são alarmantes. A dor crônica foi a mais comum entre os indivíduos com transtorno de humor como depressão e bipolaridade, ocorrendo em 50% dos casos de transtornos de humor, seguidos por doenças respiratórias (33%), doença cardiovascular (10%), artrite (9%) e diabetes (7%). Os distúrbios de ansiedade também são largamente associados com dor crônica (45%) e doenças respiratórias (30%), assim como com artrite e doenças cardiovasculares (11% cada). A hipertensão foi associada a ambos os distúrbios em 23%. O resultado do estudo é que indivíduos com transtornos de humor ou de ansiedade tiveram duas vezes mais chance de apresentar doenças crônicas. 6

7 Uma outra pesquisa, desta vez, realizada pelo Departamento de Psicologia da Universidade de Waterloo, no Canadá, afirma que a ansiedade também pode afetar a forma como pessoas ansiosas lembram de determinados episódios ou tarefas. Um novo estudo, realizado por pesquisadores do Brigham and Women s Hospital em Boston, nos Estados Unidos, pode ter encontrado uma relação direta entre altos níveis de ansiedade e a aparição de Alzheimer em pessoas com idade avançada. Até então, pesquisas anteriores haviam apontado depressão e outros sintomas neuropsiquiátricos como possíveis sinais precoces de Alzheimer em sua fase pré-clínica, quando há um acúmulo maior de proteína beta amiloide no cérebro de pacientes. Esse estágio da doença pode acontecer até uma década antes dos efeitos próprio da demência começarem a aparecer. Os investigadores, porém, examinaram a associação do surgimento dos beta amiloides e as medidas de sintomas depressivos em 270 pacientes homens e mulheres, entre 62 e 90 anos, sem desordens psiquiátricas. Então, perceberam que níveis mais altos do peptídeos podem estar associados com sintomas de ansiedade crescentes. Em resumo: a ansiedade pode ser um sinal precoce de Alzheimer. Tanto o transtorno de ansiedade generalizada quanto a depressão apresentam sintomas que afetam o humor e emoções, bem como manifestações físicas comuns, como fadiga, insônia, pouca concentração e inquietude. Do outro lado, a depressão é uma doença que apresenta uma variedade de sintomas e pode se manifestar de formas diferentes de maneira crônica ou aguda, dependendo do paciente. 7

8 No entanto, a ansiedade é um termo que se refere a um conjunto de transtornos, entre eles o transtorno de ansiedade generalizada (TAG), fobias e síndrome do pânico. Apesar das semelhanças, é importante saber diferenciar os dois transtornos e buscar ajuda profissional para tratá-los adequadamente. Mas então, o que é ansiedade? A ansiedade é um mecanismo do nosso corpo que nos leva a reagir em situações que entendemos como sendo ameaçadoras ou tensas como apresentações diante de uma plateia ou andar sozinho, à noite, em uma rua escura. Normalmente, depois que a situação estressante passa, a ansiedade se dissipa e voltamos ao nosso estado habitual. No entanto, em algumas pessoas, a esse é um estado permanente, que independe de gatilhos externos. Esses indivíduos sofrem de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), uma doença que pode provocar sérios prejuízos à saúde física e mental, além de afetar a vida social, pessoal e profissional, comprometendo a capacidade de executar tarefas básicas do dia a dia, como sair para fazer compras ou trabalhar. 8

9 A sensação de ansiedade é descrita como frio na barriga, coração apertado, nó na garganta, mãos suadas e, também, como paralisante. A ansiedade é definida como um estado emocional desagradável acompanhado de desconforto somático, que guarda relação com outra emoção o medo (GENTIL, 1997). O construto ansiedade, segundo diversos autores, indica um estado que envolve excitação biológica e manifestações autonômicas e musculares (taquicardia, respostas galvânicas da pele, hiperventilação, sensações de afogamento ou sufocamento, sudorese, dores e tremores), redução na eficiência comportamental (decréscimo em habilidades sociais, dificuldade de concentração), respostas de esquiva e/ou fuga (o que sugere expectativa ou um controle por eventos futuros) e relatos verbais de estados internos desagradáveis (angústia, apreensão, medo, insegurança, mal-estar indefinido, etc.) (GENTIL, 1998; KANFER e PHILLIPS,1970). A resposta de ansiedade envolve a perspectiva de que algum evento aversivo vai ocorrer, implica um futuro carregado de ameaça. O medo é um sentimento, é uma reação a um alarme imediato. Caracteriza-se por uma forte excitação com taquicardia, sudorese, frio, tremor, diante de um evento ameaçador, e a tendência à ação, em geral, é de luta ou fuga. Esse sentimento vem acompanhado de ansiedade. A ansiedade torna-se um problema clínico, denominado Transtornos de Ansiedade, quando há comprometimento da vida do indivíduo, impedindo o andamento das atividades profissionais, sociais e acadêmicas, quando envolve um grau de sofrimento e a fuga de situações ou de muitas coisas que ocupam uma grande parte do tempo e impede a pessoa de executar as tarefas da vida diária. Os transtornos de ansiedade têm alta prevalência, afetando 18% da população. 9

10 O comportamento característico do transtorno de ansiedade é a esquiva fóbica: na presença de um evento ameaçador ou incômodo, o indivíduo foge do estímulo ameaçador, deixando, muitas vezes, de sair, trabalhar ou até divertir-se. Mesmo assim, a ansiedade é uma condição essencial da vida, pois ela sinaliza as situações de ameaça ou perigo, envolve o organismo como um todo, nos aspectos fisiológicos, neurológicos, cognitivos, comportamentais e afetivos. A ansiedade é uma condição orientada para o futuro e tem como características a apreensão de não poder controlar ou prever eventos potencialmente aversivos; os sintomas corporais, como tensão física, sudorese, taquicardia, estão sempre presentes e produzem sensações corporais desagradáveis. Os indivíduos ansiosos têm a atenção voltada para eventos potencialmente aversivos ou às respostas afetivas eliciadas por eles. Os transtornos de ansiedade podem ter características de estresse, de medo, de obsessão, de compulsão, de modo que, para a sua identificação, é necessário descrever a situação em que a ansiedade ocorre e quais comportamentos, sentimentos, emoções e pensamentos ocorrem simultaneamente com os sintomas corporais. Os sinais indicadores de Transtorno de Ansiedade são sentir medo repentinamente sem razão, evitar lugares ou atividades que produzem sensações desagradáveis, sentir-se inquieto, ter medo de sair de casa. As pessoas podem não identificar o medo e apenas relatar desconforto, ou pensarem que estão doentes, já que as sensações corporais desagradáveis sugerem doenças. Na sociedade contemporânea, com as notícias em tempo real, o excesso de trabalho, os conflitos nas relações, a correria do dia a dia, a 10

11 ansiedade é uma companheira. Quando as pressões aumentam e o escape é impossível, a ansiedade companheira passa a ser desconfortável e ameaçadora, assim o Transtorno de Ansiedade passa a existir 3.0 Identificando os tipos de ansiedade 3.1 Ansiedade Generalizada (TAG) Uma doença que pode provocar sérios prejuízos à saúde física e mental, além de afetar a vida social, pessoal e profissional, comprometendo a capacidade de executar tarefas básicas do dia a dia, como sair para fazer compras ou trabalhar. Características: Excesso de preocupação O ansioso está sempre preocupado, independentemente se há ou não motivo para isso. A mente é continuamente tomada por pensamentos ansiosos, que persistem por muito tempo a ponto de ser um desconforto e causar um cansaço físico e mental. 11

12 Mente inquieta Acontece por exemplo quando você tenta relaxar enquanto assiste a um filme, mas a mente não para de processar pensamentos repetitivos. São preocupações excessivas com questões reais ou hipotéticas, que não tem necessariamente relação com aquele momento. 12

13 Insônia Você deita em sua cama à noite, mas não consegue dormir, ou acorda antes do despertador, porque seu cérebro não desliga? Ter dificuldades para dormir e acordar cansado, pois o sono não foi restaurador, é um dos indícios de ansiedade. Medos irracionais Você está em casa, em segurança, mas tem receio de que algo ameaçador possa acontecer. 13

14 Você sente medo em situações em que normalmente ficaria tranquilo e relaxado. Problemas digestivos A ansiedade também pode se manifestar fisicamente. Dor no estômago, diarreia frequente, gases, constipação e cólicas podem se manifestar quando uma pessoa passa por uma crise de ansiedade. Comportamentos compulsivos 14

15 Pensamentos repetitivos e constantes, seguidos por hábitos que ocorrem de maneira excessiva ao longo do dia, como checar se as portas estão trancadas ou lavar a mão várias vezes, podem ser indícios de ansiedade. Ao contrário de uma fobia, onde o medo está ligado a uma coisa ou situação específica, a ansiedade de transtorno de ansiedade generalizada é difusa, um sentimento geral de medo ou desconforto para com as coisas da sua vida. Esta ansiedade é menos intensa do que um ataque de pânico, mas muito mais duradoura, tornando a vida normal, difícil e impossível de se relaxar. Causas da Ansiedade Generalizada 15

16 A causa exata da Ansiedade Generalizada não é totalmente conhecida, mas uma série de fatores incluindo genética, química do cérebro e elementos estressores ambientais podem contribuir para o seu desenvolvimento. Genética Algumas pesquisas sugerem que o histórico familiar desempenha um papel relevante. Fatores hereditários podem aumentar a probabilidade de uma pessoa desenvolver o Transtorno. Isso significa que a tendência para desenvolver TAG pode ser transmitida hereditariamente. Química do cérebro A Ansiedade Generalizada tem sido associada ao funcionamento anormal de certas células nervosas que conectam regiões cerebrais específicas envolvidas no pensamento e na emoção. 16

17 Essas conexões de células nervosas dependem de produtos químicos chamados neurotransmissores que transmitem informações de uma célula nervosa para a próxima. Se as vias que conectam regiões específicas do cérebro não funcionam de forma eficiente, os problemas relacionados ao humor ou à ansiedade podem aparecer. Medicamentos, psicoterapias ou outros tratamentos que são pensados para ajustar esses neurotransmissores podem melhorar a conexão entre circuitos e ajudar a melhorar os sintomas relacionados à ansiedade ou à depressão. Fatores ambientais Traumas e eventos estressantes podem contribuir para o aumento da ansiedade. O Transtorno de Ansiedade Generalizada também pode piorar durante os períodos de estresse. Listamos abaixo alguns fatores ambientais que podem contribuir para o aumento dos níveis de ansiedade. Estresse no trabalho, escola ou outros ambientes de alta pressão; Lidar com o abuso, violência, assédio moral e outros traumas Morte de um ente querido, divórcio e luto 17

18 Situações de grandes mudanças na vida como casamento, mudanças de emprego, escolas ou mesmo cidade e país Questões relacionados, tais como depressão, transtornos alimentares e abuso de substâncias químicas Efeito colateral de medicamentos ou substâncias como drogas, álcool, cafeína e nicotina Problemas financeiros ou desemprego Relacionamento difícil com o parceiro, membro da família ou amigos Quais as diferenças da ansiedade saudável e a Ansiedade Generalizada? A ansiedade começou a ser estudada em 1895, quando Freud escreveu sobre a neurose de ansiedade e identificou duas fases. A primeira é a saudável que surge de um sentimento difuso de medo ou um desejo. Já a segunda é a do sentimento aterrorizante. 18

19 Diferentemente da ansiedade normal, a ansiedade patológica causa prejuízos ao indivíduo, ao seu desempenho no trabalho, nas atividades diárias, gerando uma sensação de impotência diante das situações e dificultando o enfrentamento dos eventos geradores de ansiedade. Os transtornos ansiosos são quadros comuns tanto em crianças quanto em adultos, com uma prevalência estimada durante o período de vida de 9% e 15% respectivamente. O transtorno de ansiedade generalizado (TAG) é definido pela Classificação dos Transtornos Mentais (CID 10) como um quadro ansioso generalizado e persistente, não relacionado às circunstâncias ambientais. Ou seja, ele é flutuante, comenta a psicóloga Márcia Iorio. Já a ansiedade saudável é controlável e a pessoa que a sente, consegue identificar os sentimentos que estão sendo desvendados no momento. Diagnóstico O transtorno da ansiedade generalizada, também conhecido como TAG, é considerado um distúrbio mental salientado pela preocupação excessiva ou expectativa exorbitante que sai fora do controle por mais de seis meses. 19

20 Se os sintomas de Ansiedade Generalizada estiverem presentes, o médico iniciará uma avaliação fazendo perguntas sobre o histórico médico e psiquiátrico do indivíduo. Na sequência realizará um exame clínico. Embora não haja testes de laboratório para diagnosticar especificamente distúrbios de ansiedade, o médico pode usar vários testes para procurar doenças físicas como a causa dos sintomas. Um psiquiatra ou um psicólogo farão o diagnóstico de Transtorno de Ansiedade Generalizada baseados em relatos da intensidade e duração dos sintomas incluindo quaisquer problemas de funcionamento causados pelos sintomas. O psicólogo ou psiquiatra então determina se os sintomas e o grau de disfunção indicam um transtorno de ansiedade específico. TAG é diagnosticado se os sintomas estiverem presentes há mais dias do que não durante um período de pelo menos seis meses. Os sintomas também devem interferir com a vida diária, como fazer com que você perca o trabalho ou outros compromissos importantes Tratamentos Se nenhuma outra condição médica for encontrada, o indivíduo pode ser encaminhado para um psiquiatra ou psicólogo, profissionais de saúde 20

21 mental que são especialmente habilitados para diagnosticar e tratar doenças mentais como a Ansiedade Generalizada. O tratamento para o Transtorno de Ansiedade Generalizada geralmente inclui uma combinação de medicação e psicoterapia. Medicamentos As drogas estão disponíveis para tratar a Ansiedade Generalizada e podem ser especialmente ç úteis para pessoas cuja ansiedade interfira com o funcionamento diário. Os medicamentos mais usadas para tratar TAG no curto prazo (uma vez que podem gerar dependência, são sedantes e podem interferir na memória e na atenção) são de uma classe de drogas chamadas benzodiazepinas. Esses medicamentos às vezes são também referidos como sedativos-hipnóticos ou tranquilizantes menores porque podem remover sentimentos intensos de ansiedade aguda. Eles funcionam diminuindo os sintomas físicos da ansiedade, como tensão muscular e agitação. Os benzodiazepínicos comuns incluem Xanax, Librium, Valium e Ativan. Esses medicamentos podem exagerar os efeitos da sedação quando combinadas 21

22 com outros medicamentos e também são perigosas se misturadas com álcool. Alguns antidepressivos, como Paxil, Effexor, Prozac, Lexapro, Zoloft e Cymbalta também são usados para tratar o TAG por longos períodos de tempo. Esses antidepressivos podem levar algumas semanas para começar a fazer efeito, mas são mais seguros e mais apropriados para o tratamento a longo prazo de Ansiedade Generalizada. Psicoterapia É um dos processos extremamente recomendados para as pessoas que sofrem de transtornos de ansiedade. Durante a psicoterapia o indivíduo aprende a reconhecer e mudar os padrões de pensamento e comportamentos que levam a sentimentos ansiosos. A terapia ajuda a limitar o pensamento distorcido e analisar as preocupações de forma mais realista. 22

23 Além disso, técnicas de relaxamento, respiração profunda, meditação e ioga, podem ajudar a controlar a tensão muscular que acompanha freqüentemente o TAG. A prática de exercícios físicos e técnicas de mindfulness (atenção plena) podem ser grandes aliados da Psicoterapia e da intervenção medicamentosa. 3.2 Transtorno do pânico A síndrome do pânico é um transtorno de ansiedade que acomete de 2 a 4% da população mundial, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A doença tem sintomas que afetam a qualidade de vida do indivíduo. É uma doença psiquiátrica em que ocorrem crises de pânico recorrentes. Esses episódios de intensa ansiedade costumam durar segundos a poucos minutos. Os sintomas são pensamentos rápidos, sensação de perda de controle sobre si, associado a fenômenos autonômicos, como palpitação, tremor, sudorese, mãos frias e úmidas, descreve o médico, explicando que a associação da ansiedade afetiva com as alterações orgânicas citadas geram, muitas vezes, a busca por auxílio de médico de urgência, devido à expectativa dos sintomas serem decorrente de infarto, acidente vascular cerebral, entre outras. 23

24 Pessoas que sofrem de transtorno do pânico apresentam alterações no volume do cérebro, segundo estudo feito na Universidade de São Paulo (USP). A diferença de tamanho é verificada em estruturas cerebrais relacionadas à ansiedade e pode levar os pacientes a sentirem as crises da doença de maneira mais intensa. 24

25 Imagens de ressonância magnética do cérebro de pacientes com transtorno do pânico mostram aumento da ínsula esquerda (A) e diminuição do cíngulo anterior direito (B), entre outras alterações (créditos: Psychiatry Research: Neuroimaging). O transtorno do pânico caracteriza-se pela ocorrência de repetidas crises, em que o paciente sente enorme desespero e necessidade de fuga e acredita que irá morrer. Os indivíduos em crise apresentam sintomas como taquicardia, falta de ar, tremores e ondas de frio e calor. Estima-se que entre 1,5% e 3% da população mundial sofram da doença. Desse grupo, dois terços são mulheres. O ataque de pânico começa de repente e apresenta pelo menos quatro dos seguintes sintomas: 1) medo de morrer; 2) medo de perder o controle e enlouquecer; 3) despersonalização (impressão de desligamento do mundo exterior, como se a pessoa estivesse vivendo um sonho) e desrealização (distorção na visão de mundo e de si mesmo que impede diferenciar a realidade da fantasia); 4) dor e/ou desconforto no peito que podem ser confundidos com os sinais do infarto; 5) palpitações e taquicardia; 6) sensação de falta de ar e de sufocamento; 7) asfixia; 8) sudorese; 25

26 9) náusea ou desconforto abdominal; 10) tontura ou vertigem; 11) ondas de calor e calafrios; 12) adormecimento e formigamentos; 13) tremores, abalos e estremecimentos. Com frequência, portadores da síndrome do pânico apresentam quadros de depressão. Em alguns casos, alguns buscam no alcoolismo uma saída para aliviar as crises de ansiedade. Ainda não foram perfeitamente esclarecidas as causas do transtorno do pânico, mas acredita-se que fatores genéticos e ambientais, estresse acentuado, uso abusivo de certos medicamentos (as anfetaminas, por exemplo), drogas e álcool, possam estar envolvidos. O diagnóstico do transtorno do pânico obedece a critérios definidos no DSM.IV, o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais. Uma crise isolada ou uma reação de medo intenso diante de ameaças reais não constituem eventos suficientes para o diagnóstico da doença. As crises precisam ser recorrentes e provocar modificações no comportamento que interferem negativamente no estilo de vida dos pacientes. É muito importante estabelecer o diagnóstico diferencial com outras doenças que apresentam sintomas semelhantes, tais como os ataques cardíacos, o hipertireoidismo, a hipoglicemia e a epilepsia, por exemplo, para orientar corretamente o tratamento. O tratamento do transtorno do pânico inclui a prescrição de medicamentos antidepressivos (tricíclicos ou de nova geração), e psicoterapia, especialmente a psicoterapia cognitivo-comportamental, que defende a exposição a situações que provocam pânico, de forma sistemática, 26

27 gradual e progressiva, até que ocorra a dessensibilização diante do agente agressor. Geralmente, a medicação precisa ser mantida por períodos mais longos e descontinuada progressivamente por causa do risco de recaídas. 3.3 fobias específicas (anteriormente fobia simples) As fobias são medos irracionais profundos, perturbadores e desorganizadores da vida da pessoa acometida e que resultam da evitação consciente de um objeto, situação ou atividade temida. A pessoa percebe que o medo é infundado e isto o torna mais perturbador. São situações que trazem muito sofrimento mas que podem ser tratadas. Os três principais tipos de fobias são: Fobia específica. É o medo extremo de um particular objeto ou situação que não é ameaçador intrinsecamente. As fobias específicas incluem os medos tradicionais: Claustrofobia - medo de espaços fechados Acrofobia - medo de lugares altos Medo de animais - particularmente de cães 27

28 Algumas fobias específicas têm pouco impacto na vida da pessoa; outras podem ter grande impacto na capacidade funcional da pessoa no trabalho e na vida familiar. A pessoa sabe que os medos não são lógicos mas a sua capacidade de superá-los sem tratamento é pequena. Fobia Social - A fobia social é o medo de ser observado, embaraçado ou humilhado durante a realização de alguma coisa em público. Uma forma comum de fobia social é o medo de falar em público, de dar uma aula, fazer uma conferência etc. Outras pessoas tem muito medo de ser observados enquanto escrevem ou comem e chegam a evitar estas situações não indo nunca a restaurantes e levando cheques já assinados para pagamentos e ao banco. A Fobia social não se refere a timidez ou pequenos desconfortos que todos experimentamos ao realizar estas atividades. Trata-se de um medo intenso, tão forte que às vezes a pessoa não pode realizar a tarefa temida. Quando não corretamente diagnosticado e tratada a fobia social pode prejudicar muito a vida profissional e social da pessoa, impedindo um pleno aproveitamento da vida cotidiana. 28

29 Agorafobia - Agorafobia é o medo de lugares e situações das quais a fuga pode se tornar difícil tais como estar numa multidão, numa loja cheia de pessoas, etc. Nos casos mais severos de agorafobia não tratados a pessoa pode ficar totalmente impedida de sair de casa sem ajuda e quando o faz é com grande sofrimento. É frequente o desenvolvimento de agorafobia após um ou mais ataques de pânico O medo, por ser um mecanismo de proteção, é considerado como inerente a todo ser humano. No entanto, quando é persistente, desproporcional e irracional, passa a caracterizar um transtorno fóbico. Dar à luz é, para a mulher, um momento de grandes emoções, mas também de ansiedade. Em geral, as mulheres sentem medo quanto à anestesia e à dor que possam vir a sentir. No entanto, se esse medo vem associado a detalhes do procedimento cirúrgico (tais como injeção, ambiente 29

30 hospitalar e sangue) e em grau elevado com angústia e respostas fisiológicas de ansiedade exacerbadas, pode caracterizar-se como fobia. A fobia é definida como um medo persistente, desproporcional e irracional de um estímulo que não oferece perigo real ao indivíduo (Organização Mundial da Saúde, 1993). Ela envolve ansiedade antecipatória, medo dos sintomas físicos e esquiva e fuga. Quando o medo excessivo apresenta estímulo definido, denomina-se fobia específica (Lotufo Neto, 2011). Teóricos da abordagem cognitivo-comportamental consideram esse medo aprendido e o explicam com base na teoria do condicionamento clássico de Pavlov, do operante de Skinner e da modelação de Bandura (Piccoloto, Pergher, & Wainer, 2004). O sujeito fóbico tem um pensar distorcido ao considerar algumas situações mais ameaçadoras do que realmente são. Essa forma de pensar leva o fóbico a frequentemente adotar os mecanismos de evitação e esquiva por acreditar ser incapaz de enfrentar e superar a situação (Piccoloto et al., 2004). A constante evitação impossibilita que ele cheque a validade de suas crenças e essas são cada vez mais reforçadas. Além disso, por ter consciência de que seu medo é irreal, o portador desse transtorno passa a escondê-lo, por vergonha e por temer a exposição pública (Roso, 1998). Com o objetivo de promover a reestruturação cognitiva, estudos indicam a psicoeducação, a dessensibilização sistemática e a exposição ao vivo como as melhores estratégias para o sucesso no tratamento da fobia (Lotufo Neto, 2011). A psicoeducação inclui o ensino sobre a terapia, seus pressupostos e sobre o transtorno (Knapp, 2004). A dessensibilização sistemática, baseada na extinção, no contracondicionamento e na habituação visa eliminar os comportamentos de medo e evitação com emissão de respostas assertivas (Turner, 2002). Nela, o cliente é levado à exposição gradativa ao objeto 30

31 fóbico, precedida pelo relaxamento (Vera & Vila, 2002). Wright, Basco e Thase (2008) destacam que, para promover respostas contrárias à ansiedade, inicialmente é necessário aprender as técnicas de relaxamento e a respiração diafragmática. A exposição ao vivo, normalmente usada após a dessensibilização, objetiva expor o cliente à situação temida direta e gradualmente, associada à respiração diafragmática para reduzir a ansiedade. Turner (2002) salienta que essa redução é favorecida quando o cliente sente segurança e confiança em relação ao terapeuta. O tratamento visa a reestruturação cognitiva a partir da identificação por parte do cliente de seus pensamentos e crenças distorcidas que provocam falha na avaliação da situação, substituindo-os por cognições realistas e assertivas. A irracionalidade ou exagero da reação emocional é central na definição de uma fobia: as reações que as pessoas têm quando estão perante o foco da sua fo1bia são, normalmente, muito fortes, podendo ir da quase incapacidade para se moverem até ao seu oposto, numa agitação elevada, fugindo e/ou gritando. Além disso, as pessoas reconhecem o carácter ilógico do seu medo, ainda que o possam explicar em parte num contexto de racionalidade: os cães podem morder, as faíscas podem ser perigosas, os aviões podem cair, as cobras podem ser venenosas. A diferença entre um receio com fundamento, adaptativo e uma fobia é, muitas vezes, o componente extra do receio cauteloso para o medo exagerado, de uma abordagem conservadora à situação para uma reação descontrolada, do reconhecimento de um perigo relativo ou características desagradáveis para uma emoção de pânico quando confrontado com o objeto fóbico. O evitamento daquilo que nos provoca o medo fóbico é a consequência mais frequente e, igualmente, a mais complicada, pelo impacto 31

32 que tem na nossa liberdade individual um indivíduo com uma fobia é alguém com um sinal de sentido proibido num aspecto da sua vida; no entanto, em muitas situações, as pessoas enfrentam o que lhes faz medo, mas com intenso desconforto. Da próxima vez que viajar de avião, sugerimos-lhe que olhe em seu redor, observando as reações e linguagem não-verbal dos outros passageiros Muitos estarão sentados no avião apenas por uma enorme força de vontade que os compele a viajarem para um determinado destino; muitos outros, no entanto, terão ficado em terra, incapazes de pensar, sequer, na possibilidade de levantar voo. Surgem-nos, muito frequentemente, fobias que não o são. O cliente queixa-se de uma fobia a viajar de avião mas, após avaliação detalhada, verifica-se que esse medo fóbico mais não é do que um sintoma de um quadro ansioso mais vasto: agorafobia. Ou o cliente queixa-se de uma fobia a coisas sujas, e verificamos que se insere numa configuração da perturbação obsessivo-compulsiva. Ou surge com uma queixa de fobia a situações de avaliação, como exames orais e apresentações em público e, após diagnóstico, verifica-se que estamos perante uma fobia/ansiedade social (uma outra perturbação da ansiedade). Nestes casos, toda a intervenção em psicologia é orientada para a perturbação que enquadra a fobia na sua sintomatologia isto é, nos exemplos acima, o psicoterapeuta iria desenvolver um plano terapêutico para resolver agorafobia, a perturbação obsessivo-compulsiva ou a fobia social e o objeto do medo seria trabalhado à medida em que se interviria no quadro ansioso que o enquadra. Precisamente porque uma fobia nem sempre é tão simples como bem, como uma fobia, convém procurar uma opinião de um profissional de saúde mental para avaliar até que ponto a fobia não esconde uma realidade mais genérica de ansiedade que possa e deva ser resolvida sem demora. 32

33 Perante a teoria psicanalítica, a fobia é um sinal para o ego de que um instinto inaceitável está exigindo representação e descargas conscientes (sintomas de ansiedade ou fobias). A ansiedade desperta o ego para que tome medidas defensivas contra as pressões interiores. Se a repressão não for bem sucedida, outros mecanismos psicológicos de defesa podem resultar em formação de sintomas. Contudo, para a teoria comportamentalista a fobia é uma resposta condicionada a estímulos ambientais específicos. Uma pessoa pode aprender a ter uma resposta interna de ansiedade após uma experiência negativa ou imitando respostas ansiosas de seu meio social. A teoria cognitiva da fobia sugere que padrões de pensamentos incorretos, distorcidos, incapacitantes ou contraproducentes acompanham ou precedem os comportamentos desadaptados. Os pacientes que sofrem de fobia tendem a superestimar o grau e a probabilidade de perigo em uma determinada situação e a subestimar suas capacidades para lidar com ameaças percebidas ao seu bem-estar físico ou psicológico. CURIOSIDADES SOBRE FOBIAS Sabia que A fobia mais comum é a aracnofobia (aranhas)? Vá-se lá saber porquê uns bichinhos tão simpáticos 33

34 As fobias são a perturbação psicológica mais comum em mulheres de qualquer idade e a segunda mais comum em homens de idade superior a 25 anos? Há fobias para todos os gostos Ou seja, qualquer coisa, seja ela qual for, pode dar origem a um medo irracional ou exagerado. Evidentemente que há as fobias recordistas, partilhadas por muitos, mas existem muitas fobias capazes de causar alguma estranheza a alguns de nós como o medo a engolir ar, ou uma fobia a livros, ou a relógios, ou a joelhos Há listas extensa com um conjunto impressionante de fobias (e respectivos nomes ainda mais impressionantes ) em vários websites e, ainda, listas das fobias que cada qual considera mais mais estranhas. De um ponto vista mais científico, as fobias encontram-se categorizadas em 5 conjuntos: Animais Ambiente natural (alturas, tempestades, água, etc) Sangue-injeções-ferimentos Situacional (aviões, elevadores, lugares fechados, etc) Outros tipos (engasgar, vómitos, doenças, ruídos altos, etc) 34

35 Os seguintes subtipos podem ser especificados, para indicar o foco do medo ou esquiva na Fobia Específica. Tipo Animal. Este subtipo deve ser especificado se o medo é causado por animais ou insetos; em geral tem início na infância. Tipo Ambiente Natural. Este subtipo deve ser especificado se o medo é causado por objetos do ambiente natural, tais como tempestades, alturas ou água; geralmente inicia na infância. Tipo Sangue-Injeção-Ferimentos. Este subtipo deve ser especificado se o medo é causado por ver sangue ou ferimentos, por receber injeção ou submeter-se a outros procedimentos médicos invasivos. Este subtipo é altamente familial e frequentemente se caracteriza por uma vigorosa resposta vasovagal. 35

36 Tipo Situacional. Este subtipo é especificado se o medo é causado por uma situação específica, como andar em transportes coletivos, túneis, pontes, elevadores, aviões, dirigir ou permanecer em locais fechados. Este subtipo tem uma distribuição bimodal de idade de início, com um pico na infância e outro na metade da casa dos 20 anos. Este subtipo é aparentemente similar ao Transtorno de Pânico Com Agorafobia em suas proporções características entre os sexos, padrão de agregação nas famílias e idade de aparecimento. Outro Tipo. Este subtipo deve ser especificado se o medo é causado por outros estímulos, que podem incluir: medo ou esquiva de situações que poderiam levar à asfixia, vômitos ou contração de uma doença; fobia a "espaço" (isto é, o indivíduo teme cair se estiver afastado de paredes ou outros meios de apoio físico), e medo de sons altos ou personagens em trajes de fantasia, em crianças. A ordem de frequência dos subtipos nos contextos clínicos adultos, do mais ao menos frequente, é a seguinte: Situacional, Ambiente Natural, Sangue-Injeção-Ferimentos e Animal. Em muitos casos, mais de um subtipo de Fobia Específica está presente. O fato de ter uma fobia de um determinado subtipo tende a aumentar a probabilidade de ter uma outra fobia do mesmo subtipo (por ex., medo de gatos e de cobras). Quando há mais de um subtipo, 36

37 todos devem ser anotados (por ex., Fobia Específica, Tipos Animal e Ambiente Natural). Características e Transtornos associados Características descritivas e transtornos mentais associados. A Fobia Específica pode acarretar um estilo de vida restrito ou interferência em certas profissões, dependendo do tipo de fobia. Por exemplo, uma promoção no emprego pode ser ameaçada pela esquiva de viagens aéreas, e as atividades sociais podem ser restritas por medo de locais cheios de gente ou fechados. As Fobias Específicas com frequência ocorrem concomitantemente a outros Transtornos de Ansiedade, mas raramente são o foco de atenção clínica nestas situações. A Fobia Específica em geral está associada com menor sofrimento ou menor interferência no funcionamento do que o diagnóstico comórbido principal. Existe uma co-ocorrência particularmente frequente entre Fobias Específicas e Transtorno de Pânico Com Agorafobia. Curso A idade média de início varia de acordo com o tipo de Fobia Específica. A idade de início para a Fobia Específica, Tipo Situacional, tende a uma distribuição bimodal, com um pico na infância e um segundo pico na metade da casa dos 20 anos. As Fobias Específicas, Tipo Ambiente Natural (por ex., fobia de alturas), tendem principalmente a começar na infância, embora muitos novos casos de fobia de alturas desenvolvam-se no início da idade adulta. As idades de início para Fobias Específicas, Tipo Animal, e Fobias Específicas, Tipo Sangue-Injeção-Ferimentos, também se situam geralmente na infância. Os fatores predisponentes para o início de Fobias Específicas incluem eventos traumáticos (tais como ser atacado por um 37

38 animal ou ficar preso em um armário), Ataques de Pânico inesperados na situação futuramente temida, observação de outros sofrendo traumas ou demonstrando temor (tal como observar outros caindo de alturas ou demonstrando medo frente a animais) e transmissão de informações (por ex., alertas parentais repetidos sobre os perigos de certos animais ou cobertura de acidentes aéreos pelos meios de comunicação). Os objetos ou situações temidos tendem a envolver coisas que realmente podem representar uma ameaça ou ter representado uma ameaça em algum momento no curso da evolução humana. As fobias resultantes de eventos traumáticos ou de Ataques de Pânico inesperados tendem a um desenvolvimento particularmente agudo. As fobias de origem traumática não têm uma idade característica de início (por ex., o medo de sufocar, que geralmente se segue a um incidente de asfixia ou quase-asfixia, pode desenvolver-se em quase qualquer idade). As fobias que persistem na idade adulta raramente apresentam remissão (em torno de 20% dos casos). Padrão Familiar Evidências preliminares sugerem uma possível agregação dentro de famílias pelo tipo de fobia (por ex., os parentes biológicos em primeiro grau de pessoas com Fobias Específicas, Tipo Animal, tendem a apresentar fobias de animais, embora não necessariamente do mesmo animal, e os parentes biológicos em primeiro grau de pessoas com Fobias Específicas, Tipo Situacional, tendem a ter fobias de situações). Os temores de sangue e ferimentos têm padrões familiais particularmente vigorosos. 38

39 CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO A Medo pronunciado e persistente, que é excessivo ou irracional, surgindo na presença ou antecipação de um objeto ou situação específicos (ex: viajar de avião, alturas, animais, receber uma injeção, ver sangue) B A exposição ao estímulo fóbico provoca quase de imediato uma resposta de ansiedade que pode assumir a forma de um ataque de pânico específico à situação. Nota: em crianças, a ansiedade pode ser expressa por choro, birras, paralisia de movimentos, agarrar-se às pessoas C A pessoa reconhece que o medo é excessivo ou ilógico. Nota: nas crianças, este componente pode não estar presente. D A situação fóbica é evitada ou é suportada com um desconforto e ansiedade intensos. E O evitamento, ansiedade antecipatória ou desconforto da situação temida interfere significativamente com a rotina normal da pessoa, com o seu funcionamento ocupacional (ou académico), ou com as suas relações ou atividades sociais, ou existe perturbação significativa com o facto de ter a fobia. F Em indivíduos com menos de 18 anos, a duração mínima é de 6 meses. 39

40 G A ansiedade, ataques de pânico ou evitamento fóbico associados com o objeto ou situação específicos não podem ser melhor explicadas por outra perturbação mental, tal como a Perturbação Obsessivo-compulsiva (por exemplo, medo de sujidade para alguém com obsessões de contaminação), Perturbação de Pós-Stress Traumático (por exemplo, evitamento de estímulos associados a um agente estressor grave), Perturbação da Ansiedade de Separação (por exemplo, evitamento da escola), Fobia Social (por exemplo, evitamento de situações sociais por medo de ser humilhado), Perturbação do Pânico com Agorafobia ou Agorafobia sem Historial de Perturbação do Pânico. Diagnóstico Diferencial As Fobias Específicas diferem da maioria dos demais Transtornos de Ansiedade pelos níveis de ansiedade intercorrente. Tipicamente, os indivíduos com Fobia Específica, à diferença daqueles com Transtorno de Pânico com Agorafobia, não apresentam ansiedade invasiva, porque seu temor se limita a objetos ou situações específicos e circunscritos. Entretanto, uma antecipação ansiosa e generalizada pode emergir sob condições nas quais há maior probabilidade de defrontar-se com o estímulo fóbico (por ex., quando uma pessoa que tem medo de cobras se muda para uma área descampada) ou quando os acontecimentos da vida forçam o confronto imediato com o estímulo fóbico (por ex., quando uma pessoa que tem medo de voar é forçada pelas circunstâncias a realizar uma viagem aérea). A diferenciação entre Fobia Específica, Tipo Situacional, e Transtorno de Pânico Com Agorafobia pode ser particularmente difícil, porque ambos os transtornos podem incluir Ataques de Pânico e esquiva de tipos similares de situações (por ex., dirigir, voar, andar em transportes coletivos e permanecer em locais fechados). O protótipo do Transtorno de Pânico com Agorafobia caracteriza-se pelo aparecimento inicial de Ataques de Pânico inesperados e 40

41 subsequente esquiva de múltiplas situações consideradas como ativadoras dos Ataques de Pânico. O protótipo da Fobia Específica, Tipo Situacional, caracteriza-se pela esquiva de situações na ausência de Ataques de Pânico recorrentes e inesperados. Algumas apresentações se enquadram a meio caminho entre esses protótipos e exigem discernimento clínico na seleção do diagnóstico mais adequado. Quatro fatores podem ser úteis para este julgamento: o foco do medo, o tipo e número de Ataques de Pânico, o número de situações evitadas e o nível de ansiedade intercorrente. Por exemplo, um indivíduo que anteriormente não temia ou evitava elevadores tem um Ataque de Pânico em um elevador e começa a ter medo de ir ao emprego, em vista da necessidade de tomar o elevador até seu escritório, no 24º andar. Se este indivíduo depois passa a ter Ataques de Pânico apenas em elevadores (mesmo que o foco do temor se concentre no Ataque de Pânico), então um diagnóstico de Fobia Específica pode ser apropriado. Se, entretanto, o indivíduo experimenta Ataques de Pânico inesperados em outras situações e começa a evitar ou suportar com pavor outras situações em razão do medo de um Ataque de Pânico, então se indica um diagnóstico de Transtorno de Pânico com Agorafobia. Além disso, a presença de uma apreensão invasiva acerca de ter um Ataque de Pânico mesmo sem prever a exposição a uma situação fóbica também apoia um diagnóstico de Transtorno de Pânico com Agorafobia. Se o indivíduo tem Ataques de Pânico inesperados também em outras situações, mas sem desenvolver qualquer esquiva ou enfrentamento com pavor, então o diagnóstico apropriado é Transtorno de Pânico Sem Agorafobia. Às vezes se justificam diagnósticos concomitantes de Fobia Específica e Transtorno de Pânico Com Agorafobia. Nestes casos, pode ser útil levar em conta o foco da preocupação do indivíduo acerca da situação fóbica. Por exemplo, a esquiva a estar desacompanhado em vista de uma preocupação com Ataques de Pânico inesperados indica um diagnóstico de Transtorno de Pânico Com Agorafobia 41

42 (se outros critérios são satisfeitos), enquanto a esquiva fóbica adicional a viagens aéreas, se decorrente de preocupações com mau tempo e acidentes, pode indicar um diagnóstico adicional de Fobia Específica. A Fobia Específica e a Fobia Social podem ser diferenciadas com base no foco dos temores. Por exemplo, a esquiva de comer em um restaurante pode estar baseada em preocupações acerca da avaliação negativa de outros (isto é, Fobia Social) ou em preocupações acerca de uma asfixia (isto é, Fobia Específica). Contrastando com a Fobia Específica, a esquiva no Transtorno de Estresse Pós-Traumático segue-se a um estressor que oferece risco de vida e se acompanha de características adicionais (por ex., reexperiência do trauma e afeto restrito). No Transtorno Obsessivo-Compulsivo, a esquiva está associada ao conteúdo da obsessão (por ex., sujeira, contaminação). Em indivíduos com Transtorno de Ansiedade de Separação, um diagnóstico de Fobia Específica não é dado se o comportamento de esquiva se restringe exclusivamente a temores de separação de pessoas de vinculação do indivíduo. Além disso, as crianças com Transtorno de Ansiedade de Separação com frequência apresentam temores exagerados de pessoas ou eventos (por ex., de assaltantes, ladrões, sequestradores, acidentes automobilísticos, viagens aéreas) que podem ameaçar a integridade da família. Um diagnóstico em separado de Fobia Específica raramente seria indicado. A diferenciação entre Hipocondria e uma Fobia Específica, Outro Tipo (isto é, esquiva de situações que podem levar a contrair uma doença), depende da presença ou ausência de convicção acerca da existência da doença. Os indivíduos com Hipocondria temem ter uma doença, ao passo que os indivíduos com uma Fobia Específica temem contrair uma doença (mas não creem que esta já esteja presente). Em indivíduos com Anorexia Nervosa e Bulimia Nervosa, um diagnóstico de Fobia Específica não é feito se o comportamento de esquiva se limita exclusivamente à esquiva de alimentos e indicadores relacionadas a alimentos. Um indivíduo com 42

43 Esquizofrenia ou outro Transtorno Psicótico pode evitar certas atividades em resposta a delírios, mas não reconhece que o medo é excessivo ou irracional. Temores são muito comuns, particularmente na infância, mas não indicam um diagnóstico de Fobia Específica, a menos que haja uma interferência significativa no funcionamento social, educacional ou ocupacional, ou acentuado sofrimento por ter a fobia. SOLUÇÕES PSICOTERAPÊUTICAS Curiosamente, a maior parte das pessoas com fobias simples raramente procuram resolução para esses medos talvez por serem situações incomodativas mas muito limitadas a determinados contextos que, regra geral, conseguem ser evitados e, por isso, as pessoas optam por permanecer com medo que apenas as incomoda quando se confrontam com o seu objeto, ao vivo, em imagens ou, ainda, em pensamentos. Por exemplo, um citadino com uma fobia a cobras raramente se encontra com um destes bicharocos. A 43

44 não ser que queira ir passear para a Amazónia; ou levar os filhos ao Jardim Zoológico; ou ir viver para um monte alentejano Quando o objeto do medo não está presente nas nossas vidas do dia-a-dia e o seu evitamento não gera situações limitativas a uma autonomia saudável, de facto, não fará muito sentido resolver a fobia. No entanto, existem muito fobias que, pela frequência com que nos deparamos com o objeto fóbico, se tornam verdadeiramente limitadoras da nossa autonomia por exemplo, uma fobia a cães, quando nos cruzamos permanentemente com eles na rua. Ou uma fobia a trovoadas, quando os fenómenos atmosféricos são algo que não podemos evitar. E outras há que podem ser perigosas, quer de uma forma quase direta, quer indireta. Por exemplo, as fobias a procedimentos médicos e agulhas podem atrasar diagnósticos e tratamentos médicos vitais para a saúde e sobrevivência. Ou porque criam reações descontroladas que podem colocar o próprio em risco: fugir correndo descontroladamente, sem mesmo ver para onde, perto de uma estrada movimentada, por exemplo. Não hesite em pedir acompanhamento psicoterapêutico, se for essa a sua situação. As fobias serão dos temas de saúde mental mais frequentes, mas igualmente dos mais rápida e eficazmente resolvidos. Existem diversas formas de tratar uma fobia, pelo que a sua escolha depende muito das qualificações profissionais do psicólogo que o acompanha, bem como das suas preferências pessoais e maior ou menor adesão a métodos diferentes. Por vezes, poder-se-á optar por um conjunto de ferramentas técnicas diversificadas para resolver uma fobia, garantindo uma maior suavidade da intervenção e conforto do cliente. Abordagem cognitivo-comportamental 44

45 Com base numa lista de comportamentos de aproximação ao objeto fóbico (por exemplo, ver uma imagem num livro, dizer o nome do objeto fóbico, tocá-lo, etc), ordenada por ordem crescente de medo, começa-se por enfrentar cada uma das tarefas que se encontram na lista, executando estratégias que visam reduzir a ansiedade sempre que a situação se torna desconfortável, para ensinar ao organismo a estar perante o objeto ou situação de uma forma descontraída. EMDR Aplica-se o protocolo de fobias, reprocessando-se emocionalmente as situações difíceis do passado, os estímulos atuais que provocam o medo e as situações futuras nas quais a pessoa poderá vir a estar perante o que lhe provoca medo. Hipnoterapia Utiliza-se o estado de relaxamento induzido em hipnose para alterar a relação emocional com o objeto ou situação que provoca medo. 45

46 3.4 Transtorno Obsessivo Compulsivo As pessoas acometidas pelo transtorno obsessivo-compulsivo tentam lidar com sua ansiedade patológica com as obsessões (pensamentos repetitivos, não desejados) e com os compulsões (comportamentos ritualizados que fogem ao controle). Como exemplo podemos citar: - constante lavagem das mãos - A pessoa lava as mãos até destruir a pele na tentativa de livrar-se de germes contaminantes. - verificação - A pessoa gasta uma hora ou mais de seu dia em seu ciclo de verificação de portas, janelas, fogão e outros aparelhos domésticos tentando satisfazer uma dúvida imperiosa. - obediência a regras rígidas de procedimentos- A pessoa faz demorados procedimentos para evitar que ocorram danos a si mesma ou a seus familiares; como contagens, não pisar em rachaduras das calçadas, não passar debaixo de escadas, etc. - Estocagem - A pessoa resiste à ideia de jogar no lixo mesmo os objetos mais inúteis por preocupações não realísticas de que eles podem fazer falta no futuro. As pessoas com TOC podem passar algumas horas ou grande parte do dia tentando lidar com as obsessões e compulsões e nos casos não tratados é impossível a pessoa ter uma vida produtiva normal. 46

47 O TOC é um transtorno relacionado à ansiedade, que tem como principal característica a quantidade de pensamentos compulsivos e obsessivos apresentados por um indivíduo, que passa a apresentar comportamentos completamente estranhos aos olhos do restante da sociedade. Na maior parte dos casos, o indivíduo que sofre de TOC manifesta seus comportamentos e pensamentos obsessivos e compulsivos em relação à saúde, à higiene, à simetria, à organização à perfeição e também por meio de (muitas) manias. Por causa das manias que o TOC é mais conhecido do grande público, especialmente pelo fato de que há grande quantidade de pessoas que fazem atos muito repetitivos e acabam tornando rituais diários. O fato de que as manias e todo o resto dos comportamentos obsessivos e compulsivos apresentados pelos indivíduos serem 47

48 Incontroláveis simplesmente faz do TOC um problema que deve ser tratado pela pessoa. Uma das manias mais comuns apresentadas por pessoas com TOC é a mania de lavar as mãos, mesmo depois de já terem sido lavadas, o que pode gerar problemas e extremo desconforto nos outros e na própria pessoa, que sente a necessidade de fazer essa higienização constantemente. Há também pessoas que apresentam mania de não pisar em linhas, o que pode ser considerado um pouco estranho pelas outras pessoas, gerando situações realmente desconfortáveis quando se encontra em público. A mania de arrumar quadros que estão supostamente desalinhados também é uma característica de quem tem TOC, bem como não sair pela mesma porta pela qual entrou em um determinado ambiente, ou o contrário, não sair por outra porta que não seja a porta pela qual entrou. Há casos famosos de pessoas que sofrem de TOC e que simplesmente não utilizam uma determinada cor em suas roupas, como o cantor Roberto Carlos, que durante anos aboliu certas cores de seu guarda-roupa. Mas o que mais chama a atenção no TOC é a quantidade de rituais, já que há pessoas que sofrem do transtorno que têm de realizar verdadeiros rituais antes de entrar em um carro, por exemplo. O TOC muitas vezes passa despercebido por um longo período de tempo, o que propicia o agravamento dos pensamentos e comportamentos obsessivo-compulsivos. Quanto mais tempo demora a sua identificação e 48

49 diagnóstico, maiores são os problemas decorrentes e sofrimento vivenciado por quem possui esse transtorno. A demora no diagnóstico e início de tratamento ocorre por diversos fatores. Geralmente as pessoas que sofrem com TOC acreditam que podem resolver sozinhas àquilo que as incomoda, tentam controlar um problema que se repete constantemente e se veem obrigadas a realizar comportamentos contra a própria vontade. Isso as deixa envergonhadas, procurando manter segredo sobre o que está acontecendo. Outro fator é que comportamentos repetitivos ou manias são aceitos com naturalidade pelas pessoas e perceber a diferença entre eles e um comportamento obsessivo-compulsivo pode fazer grande diferença, pois quanto antes o tratamento se inicia, melhores serão os resultados. O que diferencia um comportamento repetitivo adaptado e um comportamento obsessivo-compulsivo é o grau de intensidade, desconforto e incapacidade que esse comportamento causa para a pessoa. Quando o indivíduo tem suas atividades cotidianas prejudicadas, como estudar, trabalhar, fazer compras, se relacionar com pessoas, etc., por causa desses comportamentos, é necessário procurar ajuda. É comum que as pessoas com TOC percebam que seus pensamentos são obsessivos e não fazem sentido e que seus comportamentos compulsivos não são realmente necessários para resolver o problema que as afligem. Contudo, saber isso não é suficiente para acabar com os sintomas da doença. Cerca de 4,6 milhões de brasileiros são portadores de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). Caracterizada pela manifestação repetida de obsessões, compulsões ou de rituais, a enfermidade pode prejudicar intensamente a vida pessoal e profissional dos doentes. Há casos de pessoas 49

50 que não conseguem cumprir seus compromissos nos horários, por exemplo, porque simplesmente repetem sem parar um ritual de lavagem das mãos Casos leves e moderados de transtorno obsessivo compulsivo podem ser tratados apenas com a psicoterapia e muitas vezes o paciente fica livre de sintomas, apresentando uma melhora significativa da sua qualidade de vida. Já nos casos mais graves de TOC, o tratamento é feito com a combinação do antidepressivo com psicoterapia. Os medicamentos normalmente são usados em doses elevadas e durante bastante tempo, enquanto que a psicoterapia, através da terapia cognitivo comportamental, ajuda a pessoa a controlar os pensamentos obsessivos e os rituais compulsivos. O importante é que o TOC seja tratado continuamente. Quanto mais tempo dura o tratamento, mais os sintomas regridem. Com os antidepressivos e a psicoterapia é possível melhorar a vida da grande maioria dos pacientes, sendo que em muitos casos os sintomas desaparecem completamente. Contudo, algumas pessoas não apresentam melhoras ou melhoram muito pouco. Informar o paciente e a família sobre o transtorno, o sofrimento que ele causa e o que pode ser feito é outra parte significativa do tratamento. É muito importante a família estar bem informada sobre o que é o TOC e os prejuízos que ele provoca para poder apoiar o familiar e incentiválo a procurar ajuda. O médico psiquiatra é o especialista responsável pelo diagnóstico e tratamento do TOC. Os sinais que podem ajudar a identificar uma pessoa com TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) são: 50

51 Obsessões ou ideias obsessivas: Ideias ou imagens que vêm à mente da pessoa repetidamente sem ela querer, geralmente relacionadas a: Religião; Sexo; Dúvidas; Contaminação (ideias repetidas das mãos estarem contaminadas por terem tocado em objetos sujos); Compulsões ou rituais compulsivos: Tratam-se de atos ou rituais que a pessoa vê-se obrigada a fazer para aliviar ou evitar as obsessões. Se ela não executa a atitude compulsiva, fica muito ansiosa. Tais rituais são repetidos várias vezes, mesma a pessoa tendo a sensação que não fazem sentido. Algumas compulsões frequentes são: Lavar as mãos; Verificar se a janela está trancada ou o gás está fechado; Questionar repetidamente uma informação para ver se está correta; Realizar de forma minuciosa uma série de atos pré-programados para evitar que aconteça alguma coisa de mal a alguém; Contar ou falar silenciosamente. A pessoa deve procurar ajuda quando as obsessões ou as compulsões do TOC ocupam boa parte do seu tempo, prejudicando ou dificultando o seu dia-a-dia. Porém, como o próprio paciente reconhece que tais atitudes ou pensamentos não fazem sentido, ele procura disfarçá-los, evitando falar sobre o assunto e relutando em procurar um médico psiquiatra. 51

52 O transtorno obsessivo compulsivo (TOC) geralmente tem início no final da adolescência, perto dos 20 anos de idade e atinge cerca de 2% da população. O TOC também pode ocorrer em crianças, geralmente com períodos de melhora e piora. É possível controlar os sintomas com um tratamento adequado, embora seja raro a cura total do TOC. É comum os portadores de TOC terem também outros transtornos mentais, como: Fobia social; Depressão; Transtorno de pânico; Alcoolismo; Tricotilomania (arrancar pelos ou cabelos); Distúrbio dismórfico do corpo (ideia fixa de que existe algum defeito no corpo, normalmente no rosto); Síndrome de Tourette (síndrome dos tiques). O tratamento do TOC inclui medicamentos e psicoterapia. Os medicamentos mais usados são os antidepressivos, geralmente administrados em doses elevadas e por bastante tempo. Já a psicoterapia mais utilizada é a terapia comportamental, na qual a pessoa é estimulada a controlar os seus pensamentos obsessivos e rituais compulsivos. O médico psiquiatra é o responsável pelo diagnóstico e tratamento do TOC 52

53 Considerado raro até há pouco tempo, sabe-se hoje que o TOC é um transtorno mental bastante comum, acometendo entre 1,6 e 2,3% das pessoas ao longo da vida, ou 1,2% no período de 12 meses.2,3 Uma pesquisa recente em nosso meio avaliou adolescentes de 14 a 17 anos, alunos de escolas de ensino médio, e encontrou uma prevalência de TOC de 3,3%.4 Calculase que aproximadamente 1 em cada 40 a 60 indivíduos na população apresente TOC, e é provável que no Brasil entre 3 e 4 milhões de pessoas acometidas pela doença. Muitas das pessoas acometidas pelo TOC nunca foram diagnosticadas e, menos ainda, tratadas, apesar de existirem tratamentos efetivos há mais de 30 anos. Talvez a maioria desconheça que tenha o transtorno, em vez de simples manias ou superstições. Boa parte desconhece a natureza de seus rituais, mesmo quando estes implicam consequências para a saúde física. Um estudo verificou que 20% dos pacientes de uma clínica dermatológica preenchiam critérios do Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-IV)7 para TOC, que na maioria (95%) não havia sido diagnosticado.8 Em uma pesquisa epidemiológica, constatou-se que mais de 90% dos adolescentes de escolas de ensino médio de Porto Alegre que apresentavam TOC nunca haviam sido diagnosticados, e apenas 6,7% haviam sido tratados.4 Já os que buscam tratamento geralmente o fazem muito tempo após o início dos sintomas. Um estudo constatou uma demora de 17 anos entre o início dos sintomas e o início do tratamento.9 Em nosso meio, um estudo verificou uma demora de 23 anos em média,10 e outro, de mais de 18 anos.11 Esse atraso se deve, em grande parte, ao desconhecimento da doença, à dificuldade, por parte do próprio paciente, de seus familiares e até mesmo dos profissionais da saúde, de reconhecer os sintomas do TOC. Soma-se a isso, ainda, a dificuldade de encontrar profissionais com experiência em tratar o transtorno, sobretudo em realizar 53

54 a terapia cognitivo-comportamental (TCC), e que sejam acessíveis, especialmente nos serviços públicos de saúde AS MANIFESTAÇÕES DO TOC O TOC frequentemente se caracteriza pela presença de obsessões e/ou compulsões, também chamadas de rituais compulsivos ou simplesmente rituais. Costumam, também, estar presentes manifestações emocionais como medo, ansiedade, culpa, depressão, comportamentos evitativos ou evitações, indecisão, lentidão motora, pensamentos de conteúdo negativo ou catastrófico, apreensão e hipervigilância. O QUE SÃO OBSSESSÕES? Obsessões são pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes, experimentados como intrusivos (invadem a consciência contra a vontade da pessoa) e indesejáveis. Causam acentuada ansiedade, medo ou desconforto, interferem nas atividades diárias, nas relações interpessoais ou ocupam boa parte do tempo do indivíduo. As obsessões também podem ser 54

55 cenas, palavras, frases, números, músicas que o indivíduo não consegue afastar ou suprimir. Obsessões são pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes, experimentados como intrusivos (invadem a consciência contra a vontade da pessoa) e indesejáveis. Causam acentuada ansiedade, medo ou desconforto, interferem nas atividades diárias, nas relações interpessoais ou ocupam boa parte do tempo do indivíduo. As obsessões também podem ser cenas, palavras, frases, números, músicas que o indivíduo não consegue afastar ou suprimir. As obsessões mais comuns são os medos de contaminação e a preocupação com germes/ sujeira, as dúvidas sobre a possiblidade de falhas e a necessidade de ter certeza. Também são comuns pensamentos, impulsos ou imagens indesejáveis e perturbadores de conteúdo violento ou agressivo (ferir outras pessoas), sexual (molestar uma criança) ou blasfemo (ofender a Deus); pensamentos supersticiosos relacionados a números, cores, datas ou horários; preocupação de que as coisas estejam alinhadas e simétricas ou no lugar certo ; e em armazenar, poupar ou guardar coisas inúteis (acumulação compulsiva). As obsessões não são sintomas exclusivos do TOC. Elas podem estar presentes em uma variedade de outros transtornos mentais, como nas depressões (ruminações de culpa, desvalia ou desamparo), nos transtornos alimentares (preocupação persistente com o peso ou com as calorias dos alimentos), nos transtornos de impulsos (com aquisições, no comprar compulsivo, ou com o jogo, no jogo patológico). Nesses casos, não deve ser realizado o diagnóstico de TOC, mas desses outros transtornos. Algumas características auxiliam na identificação das obsessões relacionadas ao TOC: São intrusivas: invadem a mente contra a vontade do indivíduo; são difíceis de controlar ou de afastar, especialmente quando muito graves. 55

56 São indesejadas: são desagradáveis, causam desconforto, ansiedade ou medo e se referem a temas como perigo, ameaça ou desastre, e não a situações prazerosas. Provocam resistência: induzem o indivíduo a lutar contra, tentar afastar, ignorar, suprimir ou neutralizar, geralmente sem sucesso. São egodistônicas: seu conteúdo é indesejado e provoca desprazer, medo e angústia; pode, ainda, ser estranho ao indivíduo, contrariando seus valores morais ou seus desejos. Comportamentos evitativos ou evitações. Neutralizações: tentativa de afastamento, supressão ou substituição de um pensamento ou palavra ruim ; ruminação mental (dúvidas e necessidade de repassar fatos, cenas, detalhes, em busca de certeza); argumentação mental (repassar argumentos para se convencer de que cometeu ou de que não cometeu uma falha, ou de que foi ou não responsável); tentativa de obter garantias: reassegurar-se, perguntar repetidamente Hipervigilância: estar permanentemente atento para os estímulos que provocam as obsessões (p. ex., sujeira, objetos tocados por outras pessoas). Indecisão: dificuldade e demora para tomar decisões em situações de incerteza; lentidão, atrasos, postergações. O QUE SÃO COMPULSÕES? Compulsões, rituais compulsivos ou simplesmente rituais são comportamentos repetitivos ou atos mentais que a pessoa se sente compelida 56

57 a executar em resposta a obsessões ou em virtude de regras que devem ser seguidas rigidamente.21 São atos realizados com a intenção de afastar ameaças, reduzir os riscos, prevenir desastres ou possíveis danos a si próprio e a outras pessoas ou simplesmente aliviar um desconforto físico. São, portanto, atos voluntários, repetitivos, estereotipados que têm um motivo e uma finalidade, em contraste com movimentos repetitivos mecânicos e robóticos observados em transtornos neurológicos.22 São comportamentos claramente excessivos (p. ex., verificar as portas e janelas repetidas vezes antes de deitar) aos quais o indivíduo não consegue, na maioria das vezes, resistir. São precedidos por um senso interno de pressão para agir, que pode ser decorrente de um pensamento catastrófico (verificar o gás porque a casa poderia incendiar), de um desconforto físico ou de um fenômeno sensorial (ter que estalar os dedos, olhar para o lado ou bater na parede para aliviar uma agonia ). Algumas compulsões podem não ter uma conexão realística com o que pretendem neutralizar ou prevenir por exemplo: alinhar os chinelos ao lado da cama antes de deitar, não pisar nas juntas das lajotas da calçada para que não aconteça algo ruim no dia seguinte, dar três batidas em uma pedra da calçada ao sair de casa para que a mãe não adoeça, mandar um beijo para o avião que está passando para que ele não caia, tocar três vezes na tecla do computador, ligar e desligar três vezes para a mãe não morrer. Nesses casos, subjacentes a esses rituais, existe um pensamento ou uma obsessão de conteúdo mágico, muito semelhante ao que ocorre nas superstições, em que a pessoa acredita poder agir a distância ou no futuro, por contato ou semelhança. O modelo cognitivo-comportamental propõe que o alívio obtido com a realização das compulsões, mesmo que passageiro, seja a razão pela qual o indivíduo é induzido a executá-las (reforço negativo) e a adotá-las como estratégias regulares para lidar com medos e ansiedades. Acredita-se que esse seja um importante fator para perpetuar os rituais e consequentemente o TOC. As compulsões impedem, ainda, o enfrentamento 57

58 dos medos e seu desaparecimento natural por meio do mecanismo da habituação, que será descrito mais adiante, no Capítulo 5. Por fim, pode-se dizer que o efeito de alívio, de certa forma, valida as crenças subjacentes de que de fato havia uma ameaça, que foi afastada pela execução do ritual. Exemplos de Compulsões Lavar as mãos repetidas vezes para proteger-se de germes ou contaminação; Verificações para afastar dúvidas e incerteza; Contar, repetir palavras ou frases, relembrar repetidamente uma cena; Fazer certas coisas um determinado número de vezes (p. ex., apagar e acender a luz) para evitar alguma falha ou desgraça; Alinhar os objetos para que fiquem na posição certa ; Acumular ou armazenar objetos sem utilidade e não conseguir descartá-los; Repetições diversas: tocar, olhar fixamente, bater de leve, raspar, estalar os dedos ou as articulações, sentar e levantar, entrar e sair de uma peça. Sendo assim, TOC é um transtorno heterogêneo com apresentações clínicas bastante diversificadas, o que dificulta a elucidação de sua etiologia, da neurofisiologia e da comparação da resposta aos tratamentos. 58

59 Módulo II O curso da doença e síndromes associadas 4. como surge a ansiedade? Os sintomas de ansiedade podem se manifestar a nível físico, como a sensação de aperto no peito e tremores ou a nível emocional como a presença de pensamentos negativos, preocupação ou medo, por exemplo e, geralmente, surgem vários sintomas ao mesmo tempo. Fase de estresse na vida Independentemente de as outras pessoas lhe dizerem: Ah, mas isso não é nada, não dê bola, vai passar!, aquilo está ultrapassando a sua capacidade de enfrentamento, portanto, está lhe causando estresse. 59

60 Ou seja, a situação pode ser desde um acúmulo de trabalho que esteja tirando seu sono, até o seu pé machucado que o esteja impedindo de realizar seus exercícios físicos prediletos. A questão é que quando você está enfrentando um momento de estresse, seu corpo produz maior quantidade de algumas substâncias químicas, como por exemplo, a adrenalina. Pois bem Assim como uma visita inconveniente que não se flagra sobre a hora de ir embora, estas substâncias levam algum tempo para serem destruídas no organismo. Assim, mesmo que você não esteja mais exposto (a) diretamente à situação estressante, você ainda pode se sentir alerta e apreensivo (a), pois a adrenalina ainda está vagando pelo seu corpo, produzindo sintomas de ansiedade. Desenvolvimento do Hábito de respirar rápido Sem perceber, você está ocasionando o que se chama de hiperventilação: um ritmo respiratório acelerado e superficial que produz variações na quantidade de oxigênio em certas partes do corpo. Esta forma de respirar pode ser ocasionada por fatores não tão conscientes, como pensamentos, emoções, estresse e cansaço. isso? Você pode estar se perguntando: mas como eu nunca percebi que faço A hiperventilação não é fácil de ser percebida pela pessoa que a realiza, pois é muito sutil. Não é algo que se identifica a quilômetros de distância. Muitas vezes, apenas com muito treino é possível perceber. 60

61 Porém, a variação nas taxas de oxigênio ocasionada por ela pode produzir uma variedade de sintomas tais como: Tonteira; Sensação de vazio na cabeça; Falta de ar; Aumento dos batimentos cardíacos; Mãos frias e suadas; Dormências e formigamentos nas extremidades. E veja só: estes sintomas são similares aos sentidos por uma pessoa que está diante de uma situação de perigo! Hipersensibilidade aos sintomas de ansiedade Aqui, a questão é a seguinte: digamos que um dia você tenha subido no alto de um prédio e manifestado sintomas como taquicardia, tremores, sudorese e falta de ar. Até aí, tudo certo. Porém, ao invés de reagir naturalmente e esperar os sintomas diminuírem, você se assustou e os sintomas se intensificaram. É possível que neste momento tenha ocorrido o que se chama de condicionamento interoceptivo: sintomas físicos que até então eram naturais para você ficaram associados àquela ansiedade elevada e se tornaram sinais de ameaça para você. Com isso, você se torna (involuntariamente) cada vez mais atento a estes sintomas físicos. Cada vez que eles voltam a aparecer, é como se soasse uma sirene dentro de você, acompanhada de uma luz piscante e um som bem alto de alguém gritando: p-e-r-i-g-o! 61

62 Porém, a grande questão é que estes sintomas podem surgir em seu dia a dia diante de atividades rotineiras, como correr, caminhar mais rápido ou fazer movimentos bruscos. Pronto! Cenário preparado para que simples alterações no organismo se transformem em sinais de alerta e disparem sintomas de ansiedade. Percebe como sua mente transformou algo inofensivo em algo perigoso? Seu corpo está passando por mudanças naturais. Parece que vivemos em uma era em que tudo deve estar sempre perfeito, funcionando da melhor forma e, se não for assim, deve haver algo errado. Calma! Seu corpo está longe de ser um objeto que se mantém intacto diante de influências internas e externas. Assim, existem momentos em que você pode experimentar mudanças naturais em seu corpo, como aquelas causadas por variações hormonais ou por algum tipo de alimentação. Um exemplo disso ocorre quando você ingere café, alguns tipos de chás ou refrigerantes à base de cola, que por conterem cafeína, podem acelerar os batimentos cardíacos. Não é preciso existir um motivo explícito ou uma situação de perigo para ativar as sensações de ansiedade. A boa notícia é que assim como ela surge do nada, ela também poderá ir embora do nada se você não transformá-la em catástrofe. 62

63 4.1 Principais Distúrbios de Ansiedade e Suas definições Não existe apenas uma forma e um grau de manifestar a ansiedade. Os principais tipos são: Transtorno de ansiedade de separação A pessoa é apreensiva ou ansiosa quanto à separação das figuras de apego, até um ponto que é impróprio para o nível de seu desenvolvimento. Sempre reluta em se afastar de tais figuras. Mutismo seletivo Temos um quadro caracterizado por um fracasso consistente para falar em situações sociais nas quais existe expectativa de que se fale (na escola, por exemplo), mesmo que a pessoa fale em outras situações. O fracasso para falar pode implicar consequências significativas em contextos de conquistas acadêmicas ou profissionais, e pode também trazer prejuízos em outros aspectos da comunicação. 63

64 Fobia específica São pessoas apreensivas, ansiosas e que se esquivam de objetos ou situações circunscritas. Existem vários tipos de fobias específicas, como medo de animais, ambiente natural, sangue, injeções, ferimentos, aranhas, voar, altura, entre outros. Fobia social No transtorno de ansiedade social, também conhecido como fobia social, a pessoa é temerosa, ansiosa ou se esquiva de situações sociais que envolvem a possibilidade de ser avaliado. Teme ser avaliado negativamente pelos demais, ficar embaraçado, ser humilhado ou rejeitado. 64

65 Agorafobia As pessoas são apreensivas e ansiosas acerca de duas ou mais das seguintes situações: Utilizar transporte público, 65

66 Estar em espaços abertos, Estar fora de casa sozinho. Teme que nessas situações possa ser difícil escapar ou de pode haver auxílio disponível caso desenvolva sintomas de pânico ou outros sintomas incapacitantes ou constrangedores. Transtorno de pânico Quem tem esse problema, sofre ataques de pânico inesperados e recorrentes, causando medo ou desconforto intenso, deixando a pessoa sempre apreensiva ou preocupada com a possibilidade de sofrer novos 66

67 ataques, o que a faz evitar circunstâncias ou locais que possam ser um estímulo para desencadear as crises (evitar exercícios físicos ou lugares que não são familiares, por exemplo). Transtorno de ansiedade generalizada (TAG) 67

68 Ansiedade e preocupação persistente e excessiva acerca de vários domínios, incluindo desempenho no trabalho e escolar, além disso, são experimentados sintomas físicos que incluem: inquietação ou sensação de ''nervos à flor da pele'', fatigabilidade (tendência para se cansar, enfraquecimento muscular), dificuldade de concentração ou esquecimentos, irritabilidade, tensão muscular e perturbações do sono. 68

69 Transtorno de ansiedade induzido por substâncias/medicamentos Envolve ansiedade devido à intoxicação ou abstinência de substâncias químicas ou tratamento medicamentoso. Este transtorno normalmente está relacionado ao uso de: Cafeína, Álcool, Maconha, Sedativos, Hipnóticos, Ansiolíticos, Anfetamina, Cocaína. Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) Esse quadro é caracterizado por obsessões (pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes) e compulsões (comportamentos repetitivos ou atos mentais conscientes, padronizados e recorrentes, que consistem na tentativa de reduzir a ansiedade associada à obsessão). Os pensamentos podem estar relacionados à contaminação, à necessidade de simetria, aos pensamentos sexuais, entre outros. As compulsões normalmente estão relacionadas a verificar, lavar, contar, precisar e guardar. 69

70 Transtorno dismórfico corporal A pessoa manifesta preocupação com um ou mais defeitos ou falhas de sua aparência física. Diante disso, a pessoa executa comportamentos repetitivos como se verificar repetidamente no espelho, se arrumar excessivamente, beliscar a pele, buscar tranquilização ou comparar sua aparência com a de outras pessoas. O componente central do transtorno dismórfico corporal é uma preocupação com um imaginado defeito na aparência ou uma reação excessiva a uma ligeira falha física. É uma doença crônica que pode crescer e reduzir em intensidade, e pode mudar de uma parte do corpo para outra. 70

71 As áreas comuns de imperfeições percebidas envolvem a pele (acne, oleosidade, rugas), face (excesso de pelos faciais), nariz, boca, dentes, calvície, seios ou genitais. Transtorno de acumulação Nesse problema o que há é uma dificuldade persistente de descartar ou se desfazer de pertences, independente de seu valor. A pessoa sente um intenso sofrimento diante da possibilidade de descarte. O "transtorno de colecionamento", como é denominado pelos psiquiatras, pode ser caracterizado por uma série de fatores. Especialistas afirmam que, antes de tudo, é importante distingui-lo do colecionismo normal, não patológico. O transtorno não deve ser diagnosticado se os itens são colecionados exclusivamente enquanto realizando um hobby (como coleção de selos ou outro tipo específico de colecionamento), se o comportamento não resultar em um ambiente doméstico bagunçado ou se não causar sofrimento ou comprometimento significativos. 71

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73 Tricotilomania Estamos falando do transtorno de arrancar o próprio cabelo. Esse ato pode causar sofrimento e prejuízos significativos nos aspectos da vida social e profissional da pessoa. 73

74 Transtorno de escoriação No inglês, esse transtorno é conhecido como skin-picking. Trata-se de beliscar a pele de forma recorrente, o que acaba por provocar lesões. 74

75 Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) Esse transtorno de ansiedade é desencadeado após a exposição a um evento que tenha ameaçado a integridade da pessoa. Pode ser um assalto, sequestro, presenciar desastres naturais, acidentes, etc. 75

76 Transtorno misto ansioso e depressivo (TMAD) Nesse caso, estão incluídos tanto sintomas de depressão quanto de ansiedade. 6. Ansiedade, como enfrentar o mal do século? Muitas pessoas com transtorno de ansiedade generalizada se beneficiam de juntar-se a um grupo de ajuda e compartilhar seus problemas com outros. Conversar com um amigo de confiança pode lhe dar apoio. Meditação e técnicas de controle de estresse podem ajudar pessoas com ansiedade a se acalmar e elevar os efeitos do tratamento. Há evidência preliminar também de que exercício pode ter um efeito calmante. Porém, tudo isso não é substituto do tratamento médico profissional. 76

77 Uma vez que cafeína, certas drogas ilícitas e até alguns remédios vendidos sem prescrição médica podem agravar os sintomas dos transtornos de ansiedade generalizada, eles devem ser evitados. Verifique com seu médico antes de tomar qualquer remédio adicional. A família é muito importante para ajudar uma pessoa a tratar e controlar a ansiedade. A família deveria dar apoio e não trivializar o transtorno de ansiedade ou cobrar melhoras sem tratamento. Em perceber, a sociedade moderna consumista, rápida e estressante alterou algo que deveria ser inviolável, o ritmo de construção de pensamentos, gerando consequências seriíssimas para a saúde emocional, o prazer de viver, o desenvolvimento da inteligência, a criatividade e a sustentabilidade das relações sociais. Adoecemos coletivamente. Este é um grito de alerta. Para muitos, incluindo médicos, advogados, jornalistas, policiais, professores e funcionários de empresas, a mente é um verdadeiro depósito de pensamentos perturbadores. Pesquisas revelam que 80% dos jovens do mundo apresentam sintomas de timidez e insegurança. O gatilho para a ansiedade é qualquer coisa que seja interpretada pelo indivíduo como prejudicial, o que é extremamente variável de pessoa para pessoa, pois os fatos não são interpretadas da mesma forma por todo mundo. Uma pessoa pode ficar extremamente ansiosa no dia anterior a uma prova 77

78 talvez a ponto de passar mal ter insônia, sentir náuseas; enquanto outra pessoa lidar de forma mais natural com isso. Por quê? Porque uma interpreta essa prova como uma possível "rasteira" que a vida pode estar lhe dando, acha que por mais que tenha se preparado nunca será bem sucedida, e que será terrível ser reprovada. A outra pessoa, aquela que encarou a prova mais tranquilamente, considerou que essa prova é uma das possibilidades da vida dela, dando muito menos importância às possibilidades negativas. Entre as causas mais comuns que disparam a ansiedade, são algumas: o primeiro dia em novo emprego, o nascimento de um filho, casamento, cirurgias, ser demitido, comprar uma casa e problemas com a justiça. Porém, lembrando mais uma vez que isso sempre é muito individual. 5.1 A síndrome do Pensamento Acelerado Uma das principais causas desse distúrbio é o excesso de informação a que somos expostos hoje em dia Tem dificuldade em relaxar a mente e acalmar os pensamentos? Está sempre em busca de estímulos, precisando de cada vez mais informações para satisfazer essa vontade? Esse pode ser não apenas um caso de uma pessoa agitada, mas a representação de sintomas da síndrome do pensamento acelerado. 78

79 O excesso de informações satura o córtex cerebral, produzindo uma mente hiper pensante, agitada, com baixo nível de tolerância, impaciente e sem criatividade. Essa é uma condição moderna que tem origem com o ritmo alucinante das grandes cidades, com overdoses diárias de informações e obrigações que afetam a saúde emocional de uma boa quantidade de gente. Depressão, estresse, síndrome do pânico e nomofobia (medo de ficar sem celular) são outros exemplos de situações que ocorrem com muito mais frequência nas últimas décadas. 79

80 Especialistas dizem que a síndrome do pensamento acelerado não é uma doença, mas sim um sintoma vinculado a um quadro de transtorno de ansiedade. As pessoas mais vulneráveis geralmente são aquelas que são avaliadas constantemente por conta das suas obrigações profissionais, não podendo desligar um minuto sequer, caso contrário o trabalho é comprometido. Bons exemplos são executivos, jornalistas, escritores, publicitários, professores e profissionais da saúde. As possíveis causas são, além dessa ansiedade devido à pressão profissional, o excesso de informações às quais somos submetidos durante o dia, condição considerada normal nos dias de hoje. 80

81 É comum entre quem tem a síndrome do pensamento acelerado ter a sensação de estar sendo esmagado pela rotina, com aquela impressão de que 24 horas são insuficientes para cumprir tudo o que você tem planejado para o dia. Há o sentimento persistente de apreensão, falta de memória, déficit de atenção, irritabilidade e sono alterado. O humor flutuante é outra característica bem comum. O esgotamento mental da pessoa que não consegue desacelerar o seu pensamento normalmente se converte em cansaço físico também. Isso porque o córtex cerebral, a camada mais evoluída do cérebro, rouba energia que deveria ser utilizada em músculos e outros órgãos. Um componente que colabora muito para o aumento nos casos de síndrome do pensamento acelerado e para a piora no quadro é a tecnologia. Primeiro, com a popularização da televisão, há décadas, as crianças começaram a ter menos atenção na escola e os educadores mais dificuldade para influenciar o universo psíquico dos jovens. Depois, vieram os computadores e videogames. Hoje, as redes sociais são um mundo que oferece um excesso de estímulos e informações. Passar uma noite inteira no Facebook significa uma quantidade absurda de textos (lidos e escritos) e imagens passando pelo nosso cérebro em um tempo curto. Além disso, ser usuário de uma rede social colabora para a ansiedade criase o costume de consultá-las o tempo todo para checar se há novas mensagens. A Síndrome do Pensamento Acelerado foi denominada e vem sendo estudada pelo psiquiatra, pesquisador e escritor, Dr.Augusto Cury. Um de seus livros mais lidos é Ansiedade, o mal do século. Ele também é autor da Teoria da Inteligência Multifocal e descobriu a Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA), ao estudar o pensamento como ciência. 81

82 Uma das características mais marcantes da Síndrome do Pensamento Acelerado é o sofrimento por antecipação. Ficamos angustiados por fatos e circunstâncias que ainda não aconteceram, mas que já estão desenhados em nossa mente. Mesmo quem detesta filme de terror cria, com frequência, um filme fantasmagórico em sua mente. Seu Eu sabota sua tranquilidade. Todos os professores no mundo sabem, embora não entendam a causa, que, do final do século XX para cá, crianças e adolescentes estão cada vez mais agitados, inquietos, sem concentração, sem respeito uns pelos outros, sem prazer em aprender. Por que muitos acordam fatigados? Porque gastam muita energia pensando e se preocupando durante o estado de vigília. O sono deixa de ser reparador, não consegue repor a energia na mesma velocidade. E os sintomas físicos, por que surgem? Quando o cérebro está desgastado, estressado e sem reposição de energia, procura órgãos de choque para nos alertar. Nesse momento, aparece uma série de sintomas psicossomáticos, como dores de cabeça e muscular, que representam o grito de alerta de bilhões de células suplicando para que mudemos nosso estilo de vida. Mas quem ouve a voz do seu corpo? 5.2 Síndrome do Pensamento Acelerado ou Hiperatividade? Essa perturbadora síndrome produz alguns sintomas semelhantes aos da hiperatividade, mas suas causas são diferentes. Na hiperatividade, há um fundo genético; frequentemente, um dos pais é hiperativo. Além disso, a agitação e a inquietação de uma pessoa hiperativa manifestam-se já na primeira infância, enquanto na SPA a inquietação é construída pouco a pouco, ao longo dos anos. Entre as causas da SPA estão o excesso de estimulação, de brinquedos, de atividades, de informação. 82

83 O tratamento também é diferente em alguns aspectos. Na SPA não há alteração metabólica. A falha é funcional e social, está ligada ao processo de formação da personalidade e ao funcionamento da mente e, portanto, deve ser corrigida com técnicas. Desacelerar a criança com SPA é fundamental. Encorajá-la, por exemplo, a desenvolver atividades mais lentas e lúdicas, como ouvir músicas tranquilas (música clássica), tocar instrumentos, pintar, praticar esportes, fazer teatro, pode ser muito útil. Crianças e adolescentes hiperativos também podem e devem aprender essas práticas. Prescrever indiscriminadamente ritalina e outras drogas para quem tem SPA pode ser um erro grave. Tanto os jovens hiperativos quanto os portadores da SPA, se não aprenderem técnicas para gerenciar seus pensamentos e proteger sua emoção, poderão repetir erros, desacelerar sua maturidade, se tornar irritadiços, com baixo limiar para frustrações e baixa capacidade de se adaptar a contrariedades, sofrer de insatisfação crônica, além de ter o 83

84 rendimento intelectual comprometido. Mas o que mais me preocupa na SPA, bem como na hiperatividade, é a retração de duas funções vitais para o sucesso social, profissional e afetivo: pensar antes de agir e colocar-se no lugar do outro (empatia). Desenvolvê-las é fundamental e deveria ser a meta de todas as escolas em todas as nações. Quem se preocupa com sua qualidade de vida e com a saúde emocional dos seus filhos e alunos deve estudar a SPA detalhadamente. Nós, adultos, ainda que sem consciência, estamos cometendo um crime contra a saúde emocional dos pequenos. A SPA dificulta o processo de elaboração das informações como conhecimento, do conhecimento como experiência e da experiência como função complexa da inteligência, ou seja, pensar nas consequências, expor, e não impor, as ideias, colocar-se no lugar dos outros, proteger a emoção e, principalmente, gerenciar pensamentos. Alguns jovens só conseguem perceber algo errado em sua vida quando se tornam adultos frágeis, dependentes, ansiosos, cujos sonhos foram enterrados nos becos da história. Alguns pais só conseguem perceber a crise familiar depois que suas relações com os filhos estão esfaceladas, sem respeito, afeto e amor. Alguns casais só percebem que sua relação está falida depois que vivem o inferno dos atritos. Alguns profissionais só conseguem perceber que não são produtivos, proativos, criativos depois que perderam o encanto pelo trabalho, quando estão na lama da frustração Observe que um simples barulho no carro já nos perturba e nos faz ir ao mecânico. Entretanto, muitas vezes, nosso corpo grita através de fadiga excessiva, insônia, compulsão, tristeza, dores musculares, dores de cabeça e outros sintomas psicossomáticos, e, mesmo assim, não procuramos ajuda. Você ouve o inaudível, a voz do seu corpo e da sua mente? Ou só o que é audível? Alguns só ouvem a voz dos seus sintomas quando estão num 84

85 hospital, enfartados, quase mortos. Seja inteligente, respeite sua vida. Pare! Pense! Observe-se! Enxergue-se! Nenhum psiquiatra ou psicólogo pode fazer isso por você. A SPA abarca o estresse profissional (síndrome de burnout), gerado pelo uso de telefones celulares, pelo excesso de atividades, de informações, de trabalho e pela competição predatória. Um profissional, a não ser em casos excepcionais ou horas muito específicas, deveria se proibir de usar telefone celular nos finais de semana. Sempre haverá problemas para resolver, sempre haverá atividades para executar Nesse mundo competitivo e consumista, ou aprendemos a ser seres humanos ou seremos máquinas de trabalhar. Muitos não sabem o que é ser um simples humano que anda no traçado do tempo em busca de si mesmo. Moram em belos endereços, mas nunca encontraram um endereço dentro de si mesmos. Os níveis da Síndrome do Pensamento Acelerado Primeiro nível da SPA: viver distraído Trata-se daquela pessoa que senta na nossa frente e parece que está nos ouvindo, mas, de repente, começa a mover repetidamente os dedos ou bater as mãos sobre as pernas. Tenha certeza de que tal pessoa viajou, não ouviu quase nada do que falamos. Os distraídos fazem parte de um grande grupo. Olham para uma direção, porém estão desligados. Leem um texto, mas não guardam nada. Como vimos, eles têm um Eu desconectado, desconcentrado. Segundo nível da SPA: não desfrutar a trajetória Trata-se daquela pessoa que senta para ler um jornal, revista ou livro e sempre começa a lêlos de trás para a frente. É tão mentalmente agitada que não tem paciência de seguir a trajetória normal. Tal pessoa, em seus projetos, não desfruta do percurso. Não vê a hora de chegar ao ponto final. Pessoas com este nível da 85

86 SPA, mesmo que lutem pelo sucesso, quando o alcançam não celebram o pódio. Partem para uma nova jornada. São algozes de si mesmas. Não se dão o direito da trégua. Só sabem guerrear, não sabem viver tempos de paz. Ao mesmo tempo que são inteligentes, são incoerentes consigo mesmas. Não desfrutam do próprio sucesso; quem vai desfrutá-lo serão seus filhos, genros e agregados. Terceiro nível da SPA: cultivar o tédio Trata-se daquela pessoa que está tão estressada que, quando alguém a convida para ir a uma festa, se enche de júbilo. Não vê a hora de sair do trabalho e se arrumar. Todavia, quando chega à festa, os problemas não tardam a aparecer. A velocidade de seus pensamentos é maior do que os movimentos da festa. Ela começa a estalar os dedos, olhar para os lados, se inquietar. Cinco minutos depois, está tão entediada e estressada que dá um grito: Vamos embora!. Nesse nível da SPA, a pessoa está sempre procurando algo que não existe fora dela. Somente dentro. Tais indivíduos têm horror à rotina. Tudo os cansa logo. Dificilmente relaxam e curtem o ambiente. Geralmente acham os outros superficiais, com uma conversa maçante. Quando estão em casa, pegam o controle da TV e deixam todo mundo maluco. Mudam de filme e programa a cada minuto. E sua mente é tão rápida que detesta comerciais. Quarto nível da SPA: não suportar os lentos Esse grupo é representado por aquelas pessoas que ficam tensas e irritadas ao conviver com pessoas vagarosas. São impacientes com quem não pega rápido as coisas, com quem não tem atitude, com quem demora para enxergar os problemas e trazer soluções. Pessoas com este nível da SPA não conseguem ensinar duas ou três vezes, que já perdem a paciência. Acham que seus colegas de trabalho têm algum problema mental, QI baixo ou são relapsos, já que não conseguem acompanhar seu ritmo nem seu raciocínio. Elas não entendem que, normalmente, não são as pessoas que as rodeiam que são 86

87 lentas; elas é que são rápidas demais. Elas é que são eficientes, proativas, determinadas, empreendedoras em demasia. E acompanhá-las é uma tarefa dantesca. Os profissionais com este nível da SPA querem que todos sejam rápidos e estressados como eles, que todos vivam o mal do século. São ótimos para empresas, mas uma vez mais afirmo: são carrascos de si mesmos. Terão grande chance de ser os mais ricos de um cemitério ou os mais perfeitos do leito de um hospital. Vale a pena? Quinto nível da SPA: preparar as férias dez meses antes Este nível da SPA representa o grupo de pessoas que estão tão ansiosas com a velocidade alucinada de seus pensamentos que pegam o calendário e começam a planejar as férias dez meses antes. Isso porque as anteriores não conseguiram levá-las ao descanso. Em alguns casos, deixaram-nas mais estressadas. Uma pessoa com este nível da SPA é inquieta, tica dia a dia, mês a mês, e espera ansiosamente as benditas férias. No mês anterior a elas, melhora seu humor. Quando chega o último dia de trabalho, abraça seus colegas de trabalho e diz só para si: Fiquem no fogo, seus estressados; fui!. Tudo parece perfeito. Serão as melhores férias da sua vida, até que ela começa a arrumar as malas. Já na preparação, acha que a bagagem está em excesso e estressa filhos e parceiro(a). No trajeto, já deveria começar a relaxar, mas se enerva com os péssimos motoristas que encontra pelo caminho. Impacienta-se no trânsito, acelera, breca, dá arrancadas. Não olha para o horizonte, não contempla a paisagem. Quer chegar ao destino, vestir uma roupa leve e colocar um chinelo. Logo estará aliviada. No primeiro dia de férias, esse indivíduo não sabe por quê, mas não relaxou. No segundo dia, está tão irritado que parece um gerente financeiro cobrando tudo de todos. No terceiro dia, seus filhos e seu parceiro(a) não o estão suportando. No quarto, nem ele se aguenta. No 87

88 quinto, está tão atacado pela SPA que quer voltar para o campo de batalha, o trabalho, pois só se sente vivo guerreando. Sexto nível da SPA: fazer da aposentadoria um deserto O sexto nível da SPA representa a pessoa que fica pensando ansiosamente na aposentadoria. Ela conta mês após mês, ano após ano, o tempo que falta para sair do caldeirão de estresse do seu trabalho. Gosta dos colegas, mas não suporta mais olhar para a cara deles. Quando seu chefe se aproxima, tem calafrios. E, se for ela mesma o chefe, quando pensa em cobrar metas dos seus colaboradores, tem insônia. Qualquer coisa a irrita. Não curte sua empresa. Não mais ama desafios. Se for um professor, o barulho da sala de aula lhe parece uma câmara de tortura. Sonha com as férias como o ofegante sonha com oxigênio. Pensa em pescar, passear, sentar na varanda de casa, ler livros. Depois da travessia do deserto, a vida será um oásis, imagina. Após uma espera prolongada, chega finalmente o grande momento: a merecida aposentadoria. Os amigos fazem festa. Ela está com o humor nas alturas. A primeira semana é maravilhosa: visita amigos, cuida das plantas, lê alguns textos. Mas as semanas se passam, os meses correm, e a SPA a pega na contramão. O cachorro começa a irritá-la, os vizinhos tornam-se sisudos, ela não conquista novos amigos, começa a se sentir inútil, não sabe conversar sobre o trivial, só sabe falar de trabalho e viver sob pressão e cobranças. Não se preparou para curtir a vida, descansar, contemplar o belo. O resultado de mais de três décadas de trabalho são a depressão e doenças psicossomáticas. O oásis da aposentadoria aumentou a temperatura da sua ansiedade. Claro, há exceções. Nem todos estão nestes níveis da SPA, porém estou dizendo uma verdade que atinge, em menor ou maior grau, milhões de pessoas. Quem vive em guerra no trabalho e na sua mente fica viciado em batalhas. Nunca se esqueça de que o corpo se aposenta, mas a mente jamais 88

89 o faz. Devido aos altos níveis da SPA, as pessoas são muito ativas na atualidade. Estão em pleno vigor intelectual com 60, 70 ou 80 anos. E, frequentemente, têm uma necessidade vital de continuar a se sentir úteis à sociedade. Não podem se aposentar sem se preparar para ter uma segunda jornada de prazer, lazer, sonhos, trabalho filantrópico ou remunerado. Caso contrário, adoecem e deixam doentes os mais próximos. 5.4 Graves Consequências da Síndrome do Pensamento Acelerado As consequências emocionais, intelectuais, sociais e físicas da SPA são enormes. Algumas provavelmente nos deixarão atônitos. Elas nem sempre se manifestam no presente, mas com certeza aparecerão no futuro. Envelhecimento precoce da emoção: insatisfação crônica Toda vez que hiperaceleramos os pensamentos, a emoção perde em qualidade, estabilidade e profundidade. São necessários cada vez mais estímulos, aplausos, reconhecimento para sentirmos migalhas de prazer. É grande a chance de quem tem alto nível de SPA mendigar o pão da satisfação, ainda que viva debaixo dos holofotes da mídia. Uma mente hiperpensante envelhece a emoção precocemente, gerando um estado desconfortável que é bem caracterizado: reclamação frequente, irritabilidade diante de imprevistos, impaciência com quem não pensa a mesma coisa ou não tem o 89

90 mesmo ritmo, déficit de motivação, falta de disciplina para correr atrás dos sonhos, dificuldade de desfrutar o próprio sucesso. Uma pessoa emocionalmente rica e jovem do ponto de vista psiquiátrico é capaz de contemplar o belo, curtir a vida, cantarolar pela manhã, fazer das pequenas coisas um espetáculo aos olhos. Infelizmente, há jovens de 10, 12, 15 ou 20 anos com idade emocional mais avançada do que muitos idosos de 80 ou 90 anos. Têm um Eu engessado e autossabotador. São especialistas em criticar os outros, o que representa o sintoma mais evidente de uma emoção envelhecida. Querem tudo na hora. Perderam o vigor da vida, não têm pique para se aventurar, construir oportunidades, começar tudo de novo depois de tropeçar Diante do espelho, fazem uma guerra apontando seus defeitos, jamais exaltando suas qualidades. Vivem condicionados ao padrão tirânico de beleza imposto pela mídia. Não sabem que a beleza está nos olhos de quem vê. Não sabem elogiar seus pais e professores. Nem sequer sabem agradecer a vida ou se autopromover. Sua emoção flutua entre o céu e o inferno: num momento estão felizes; noutro, mal-humorados. Se muitos jovens estão emocionalmente envelhecidos, imagine os adultos mentalmente acelerados. Vários se encontram num asilo emocional. São miseráveis no território da emoção. Alguns administram empresas ou exercem sua profissão com maestria, mas são incapazes de gerir a que considero a mais complexa empresa: a mente humana. Reclamam de tudo e de todos. Colocam sua qualidade de vida nos últimos lugares da sua agenda. Felizmente, a emoção humana pode e deve rejuvenescer. Felizmente, podemos todos os dias relaxar e aprender a fazer muito do pouco. Por isso, há idosos com idade biológica de 80 anos, mas com um vigor inacreditável. Amam a vida, sair, viajar, se aventurar, conhecer pessoas, inventar e se reinventar. Desenvolveram intuitivamente um Eu gerente, que não se 90

91 submete ao medo da morte, ao pessimismo, ao sofrimento por antecipação. Para eles, a vida é um show, mesmo quando atravessam crises. Retardamento da maturidade da emoção Jamais devemos esquecer esse mecanismo: quando uma pessoa tem uma SPA importante e seu Eu é incapaz de gerenciar minimamente os pensamentos, o processo de elaboração das experiências, que contêm perdas, decepções, derrotas, limites, fica muito comprometido. Você conhece executivos, médicos, psicólogos, advogados, jornalistas ou políticos que não podem ser contrariados, criticados, confrontados? Eles são exemplos de pessoas sem juventude emocional e imaturas intelectualmente. São cronicamente insatisfeitos, desanimados, reclamam de tudo portanto, envelhecidos e têm um comportamento autoritário, não podem ser desafiados, jamais reconhecem seus erros ou pedem desculpas. O egocentrismo, o egoísmo e o individualismo não são e nunca foram sinais de poder: são, sim, sintomas de uma psique envelhecida e, ao mesmo tempo, infantil. Todos os ditadores agem como crianças em termos de maturidade. A imaturidade emocional acompanha algumas necessidades neuróticas: de poder, de estar sempre certo, de não saber lidar com limites, de controlar os outros, de querer tudo rápido e de ser o centro das atenções sociais. Se nos mapearmos com profundidade, enxergaremos alguma imaturidade. Todos nós precisamos revisar nossa história. Algumas pessoas são encantadoras fora dos focos de tensão, porém, quando atravessam alguns tipos de estresse, ficam irreconhecíveis. Um Eu maduro é empático (sabe se colocar no lugar dos outros), tem prazer no altruísmo, promove as pessoas, enriquece a autoestima e, além disso, não vende sua paz por um preço vil; enfim, sabe se proteger. Devido à SPA, crianças e adolescentes estão perdendo coletivamente a ingenuidade, a criatividade, a capacidade de superação dos conflitos e de adaptação às adversidades. Não sabem ouvir não, chorar, 91

92 atravessar crises, ser abandonados pelo(a) namorado(a). Paciência é um artigo raro. Eles necessitam de estímulos prolongados, elaborados, como um prato à la carte, e não como um hambúrguer. Quem não luta pelos seus sonhos e quer tudo rápido será uma eterna criança. Não à toa, muitos profissionais com 40 anos têm maturidade emocional de 18. Muitos adolescentes de 18 têm idade emocional de 10. Reciclar a Síndrome do Pensamento Acelerado para nutrir a maturidade emocional é fundamental para ter uma mente livre e realizada. Caso contrário, a palavra felicidade estará nos dicionários, mas jamais fará parte dos textos de nossa história. Morte precoce do tempo emocional O tempo para a emoção não é o mesmo que para a física. Uma das mais graves consequências da SPA é a morte precoce da emoção, ou melhor, da percepção do tempo. Para explicar esse fenômeno, deixe-me exemplificálo. Vivemos mais ou menos que os habitantes da Idade Média? A resposta é óbvia. Biologicamente, vivemos muito mais, o dobro. Naqueles tempos, a expectativa média de vida era de 40 anos. Uma amigdalite poderia gerar grave infecção, pois não havia antibióticos. Hollywood retrata de maneira distorcida as mulheres da corte da época, glamorosas, reluzentes. Na verdade, muitas princesas, aos 20 anos de idade, já haviam perdido os dentes e tinham que andar com os lábios cerrados. Hoje, vivemos, em média, de 70 a 80 anos e estamos progredindo, mas permita-me fazer outra pergunta: do ponto de vista emocional, vivemos mais ou menos do que os gregos, romanos ou do que se vivia na Idade Média? A Síndrome do Pensamento Acelerado nos leva a viver uma vida tão rápido em nossa mente, que distorce nossa percepção do tempo. Vivemos mais tempo biologicamente, mas morremos mais cedo emocionalmente. Oitenta anos hoje passam mais rápido que vinte anos no passado. A medicina prolongou a vida, e o sistema social contraiu o tempo emocional. 92

93 Não parece que dormimos e acordamos com a nossa idade? Não parece que nossa existência passou rapidíssimo? Estamos tão atolados com atividades mentais e profissionais que não temos tempo para desfrutar, digerir e assimilar as experiências existenciais. Como disse, estamos na era do fastfood emocional, engolimos nosso nutriente. Não sabemos amar, dialogar, ouvir, sonhar, interiorizar, jogar conversa fora. Você não sente que os meses e os anos voam? Isso é grave. Um dos nossos maiores desafios é dilatar o tempo. Mas quem tem um Eu treinado para expandir a percepção do tempo? Não sabemos sequer o que fazer com o tédio. As crianças estão tão aceleradas que, quando ficam cinco minutos sem atividade, já reclamam: Não tem nada para fazer nesta casa!. Estamos viciados em atividades, viciados em informação, viciados em celulares, viciados em asfixiar o tempo, viciados em pensar. Devemos viver as experiências lenta e suavemente, como quando saboreamos um sorvete ao sol escaldante do verão. Nosso Eu deve fazer de um dia uma semana, de uma semana um mês, de um mês um ano. As pessoas ansiosas, impacientes, inquietas, que detestam a rotina e querem tudo imediatamente não verão a vida passar; elas são os piores inimigos da sua emoção. Desproteção emocional e desenvolvimento de transtornos psiquiátricos Outra consequência da SPA é a desproteção da emoção. Uma pessoa agitada e hiperpensante não contrai a habilidade de filtrar estímulos estressantes. Tem uma facilidade enorme de formar janelas killer. Sua emoção torna-se terra desolada, sem proprietário. Qualquer calúnia, crítica ou injustiça a derrota. Perdas e decepções a afetam tanto que desertificam seu dia, sua semana, seu mês e, às vezes, sua vida. O fenômeno do autofluxo a domina, lê e relê essas experiências e transforma sua mente num inferno. Uma pessoa sem proteção emocional tem chance de desenvolver hipersensibilidade. Ela não apenas se preocupa com a dor do outro como 93

94 vive essa dor; não apenas pensa no amanhã como sofre pelo futuro. E, além disso, tem uma preocupação exagerada com sua imagem social, com o que os outros pensam dela, ainda mais atualmente, em que não há privacidade na internet. Por tudo isso, tem maior facilidade de intensificar a SPA e deflagrar ou desenvolver depressão, síndrome do pânico, doenças psicossomáticas. Muitas pessoas não admitem lixo no carro, na cozinha, no escritório ou no quarto, mas admitem acumular lixo no mais fascinante espaço: o da própria mente. Não é isso um paradoxo? Como não ser vítimas da ansiedade se somos relapsos no único lugar onde é inadmissível deixar de atuar? Qualquer um coloca tranca na porta de casa, mesmo nos países mais seguros. Mas sua personalidade é uma casa sem proteção. Uma emoção desprotegida tem um Eu flutuante. Momentos alegres se alternam com momentos tristes, bom humor alterna-se com isolamento, segurança e ciúme fazem parte do mesmo cardápio. Lembre-se sempre: nossos piores inimigos não estão fora de nós. É vital desenvolver, nesta sociedade estressante, habilidades para gerenciar pensamentos; caso contrário, nossa emoção será um barco sem leme, um carro sem direção. É quase impossível não se acidentar. E não há possibilidade de não entrar nesse veículo, pois nós somos o veículo. Outras consequências da SPA Além de todas as consequências emocionais que a Síndrome do Pensamento Acelerado pode causar, há outras igualmente importantes. Doenças psicossomáticas A ansiedade crônica (contínua) pode causar inúmeros sintomas e doenças psicossomáticas, hipertensão, taquicardia, nó na garganta, queda de cabelo e doenças autoimunes. É provável, inclusive, que desencadeie, 94

95 acelere ou influencie a evolução de determinados tipos de enfarto e de câncer. Comprometimento da criatividade Uma pessoa com uma mente hiperacelerada tem maior dificuldade de abrir as janelas da memória e elaborar respostas brilhantes nas situações estressantes. Pensar excessivamente bloqueia a inventividade e a imaginação. Comprometimento do desempenho intelectual global A longo prazo, a SPA afeta o processo de observação, assimilação, resgate e organização de dados. Provas orais e escritas podem ser severamente afetadas por uma mente hiperpensante e hiperpreocupada com seu rendimento intelectual e com a opinião de pais e professores. O estresse crônico (permanente) da SPA pode dificultar a abertura das janelas da memória. Deterioração das relações sociais Uma mente hiperacelerada tem tendência a ser impulsiva, a não pensar antes de reagir e a ter baixo nível de paciência com filhos, amigos, cônjuge, colegas de trabalho. Esse comportamento compromete a afetividade, a estabilidade e a profundidade das relações interpessoais. Muitos casais começam sua relação no céu do afeto e terminam no inferno dos atritos. Dificuldade de trabalhar em equipe e cooperar socialmente Uma mente agitada tem maior dificuldade de expressar seus pensamentos, debater ideias, promover seus colegas, ser simpática (agradável) ou empática (olhar com os olhos dos outros). E, como vimos, uma pessoa hiperpensante pressiona todos a que acompanhem seu ritmo 95

96 alucinante. Uma exigência quase impossível para os simples mortais. A SPA compromete a saúde psíquica de um ser humano, o futuro de uma empresa, o PIB (Produto Interno Bruto) de um país e a sustentabilidade do meio ambiente e da espécie humana. 5.5 Como controlar a Síndrome do Pensamento Acelerado? 1. Capacitar o Eu para ser autor da própria história No mundo todo, academias de ginástica exercitam o corpo, colégios ensinam habilidades técnicas e autoescolas ensinam a dirigir veículos, mas 96

97 praticamente não há escolas que eduquem e treinem o Eu para dirigir o mais complexo de todos os veículos, a mente humana. Capacitar o Eu para ser gestor psíquico não é apenas vital para a desaceleração do pensamento; é também fundamental para promover uma emoção saudável e uma mente criativa. Mas tal capacitação parece algo inalcançável nesta sociedade exteriorizante. Entretanto, é possível! O seu Eu está capacitado? Porque temos um rico sistema sensorial que nos conecta com o mundo externo, viciamo-nos em atuar nele e não nos equipamos para intervir nos solos psíquicos. Deixamos essa responsabilidade para a psiquiatria clínica e a psicoterapia quando já estamos doentes, ou ainda para a espiritualidade, a filosofia e os autores de autoajuda. Cometemos erros graves por não termos desenvolvido ferramentas psiquiátricas, psicológicas, psicopedagógicas e sociológicas para prevenir os transtornos emocionais e potencializar as funções mais importantes da inteligência. Quando ocorre uma nova virose, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e cientistas de inúmeras universidades são mobilizados para evitar uma epidemia. Entretanto, não ficamos desesperados com a falta de tecnologia para prevenir fobias, depressão, anorexia, pânico, bullying e o mal do século, a SPA. Bilhões de pessoas são atingidas por esses sintomas nas sociedades modernas, e parece que estamos hibernando. A OMS, cientistas e professores de todas as universidades deveriam ser mobilizados para a necessidade vital de gerenciar pensamentos, proteger a emoção, filtrar estímulos estressantes, olhar com os olhos dos outros, pensar como humanidade. Nossa espécie está em crise, por causa não apenas de ataques terroristas, epidemia das drogas, violência urbana, violência nas escolas, violência contra as mulheres, consumismo, pedofilia, discriminação, mas da hiperconstrução de pensamentos que violenta nossa mente e da inabilidade do Eu como gestor da nossa psique. 97

98 Você deve escolher se ficará na plateia, assistindo passivamente aos pensamentos produzidos pelos fenômenos inconscientes (o gatilho, as janelas da memória e, em especial, o autofluxo), ou se assumirá o papel de diretor do script da sua história. Dependendo da sua decisão, as técnicas comentadas a seguir poderão ser vitais. Nunca seremos plenamente donos do nosso próprio destino, como Jean-Paul Sartre e os demais existencialistas sonhavam. Nunca seremos plenamente autônomos como Paulo Freire almejava. Mas não estamos de mãos atadas. Podemos e devemos deixar de ser meros atores coadjuvantes e assumir o papel de ator principal do teatro mental. Se nosso Eu for equipado para conhecer a última fronteira da ciência, o processo de construção de pensamentos e educado para gerir nosso intelecto, as prisões, pelo menos a maioria, tornar-se-ão museus, muitos policiais tornar-se-ão poetas, muitos psiquiatras e psicólogos terão tempo para cultivar flores. E as guerras? As guerras mudarão de estilo, não serão mais usadas armas para extrair o sangue, e sim ideias para injetar o amor, o altruísmo e a tolerância no mundo. Pensaremos não mais como feudos, mas como uma família humana. 2. Ser livre para pensar, mas não escravo dos pensamentos Ser livre para pensar é muito diferente de ser escravo dos pensamentos. Ser livre em nossa mente é libertar o imaginário, inovar, ousar e propor novas ideias. É encantar nossos alunos, impactar nossos filhos e surpreender quem escolhemos para dividir nossa história. É dizer palavras nunca ditas e ter comportamentos inesperados. Por exemplo, para quem amamos, dizer Obrigado por existir ; para quem acabou de nos decepcionar, Apesar de ter me frustrado, eu aposto que você vai brilhar. Ser escravo da SPA, ao contrário, é não ter defesa contra o pessimismo, o conformismo, a autopiedade, o autoabandono, a autopunição, o sentimento de culpa, a agitação mental. É ser asfixiado por dentro e não 98

99 reagir. É ser aterrorizado em sua própria mente e ficar calado. Para libertarnos desses cárceres, precisamos desenvolver uma genialidade não genética. Quando um ser humano aprende a se colocar no lugar do outro e a expor, e não impor, suas ideias, ele se torna um gênio na empatia. Quando aprende a ter resiliência, torna-se um gênio em sua capacidade de trabalhar perdas. Quando decide ser livre e transformar o caos em oportunidade para crescer, torna-se um gênio em inovação e criatividade. 3. Gerenciar o sofrimento antecipatório Uma das mais importantes tarefas do Eu é gerenciar, todos os dias, os pensamentos que debilitam e bloqueiam a inteligência, em especial aqueles que imprimem estresse por antecipar o futuro. Entretanto, é surpreendente como nosso Eu faz o velório antes do tempo. Muitos de nós são críticos do misticismo, mas se comportam como cartomantes de segunda categoria. Sofrem por previsões da sua mente. Mais de 90% das nossas preocupações sobre o futuro não se materializarão. E os outros 10% ocorrerão de maneira diferente da que desenhamos. Não é possível ter uma emoção estável e saudável sem dar um choque de lucidez nas preocupações diárias que nos assaltam. Nada coloca tanto combustível no mal do século, na ansiedade gerada pela SPA, do que sofrer pelo que ainda não aconteceu. Nosso Eu deve pensar no amanhã apenas para sonhar e desenvolver estratégias para superar desafios e dificuldades. Mas, infelizmente, muitos se assombram com o futuro. Sabotam sua qualidade de vida no presente. 4. Fazer a higiene mental através da técnica do DCD Fazer a higiene mental é tão ou mais importante do que fazer a higiene bucal ou corpórea. Sem aprender a fazê-la, não é possível aliviar a Síndrome do Pensamento Acelerado e muito menos reeditar as janelas killer ou 99

100 traumáticas. Uma excelente ferramenta, que temos preconizado em mais de sessenta países, para realizar uma higiene mental eficiente é a técnica do DCD (duvidar, criticar e decidir). Por que a dúvida é fundamental? Porque ela é o princípio da sabedoria na filosofia. Ninguém libertou sua criatividade, rompeu paradigmas e produziu importantíssimas ideias se não aprendeu, ainda que intuitivamente, a manipular a arte da dúvida. Tudo em que cremos nos controla; se o que cremos é doentio, poderá nos deixar enfermos a vida toda. Duvidar do controle do medo, da insegurança, da ansiedade, da impulsividade, da irritabilidade, da baixa autoestima é fundamental para superá-los. E a crítica, por que é vital? Porque a crítica e a autocrítica são os alicerces da sabedoria na psicologia. Criticar cada pensamento perturbador e cada emoção angustiante, bem como a passividade do Eu, é nutrir a lucidez e a maturidade psíquica. Muitos são ótimos em criticar os outros, não deixam nada passar em branco, a ponto de se tornarem difíceis de suportar, porém são incapazes de fazer uma autocrítica. São candidatos a deuses, possuem um Eu engessado, jamais questionam sua rigidez, sua mente agitada ou seus pensamentos mórbidos. E, para completar a técnica, devemos aplicar a determinação estratégica. Essa ferramenta é o princípio da sabedoria na área de recursos humanos. A determinação é a fonte da disciplina, da autodeterminação, da capacidade de lutar pelas metas. Sem disciplina, nossas metas se tornam motivações superficiais, e não projetos de vida. Sem autodeterminação, nossos projetos se diluem no calor das dificuldades Duvidar de tudo o que nos aprisiona, criticar cada pensamento que nos fere e determinar estrategicamente aonde queremos chegar em nossa qualidade de vida e em nossas relações sociais são tarefas fundamentais do Eu. Lembre-se de que duvidar e criticar vêm antes de determinar; caso 100

101 contrário, o DCD se tornará uma técnica de autoajuda sem sustentabilidade, e não uma técnica científica e efetiva. Reciclar as falsas crenças As falsas crenças são mais poderosas que eventuais pensamentos e emoções angustiantes Exemplos de falsas crenças: sentimento de incapacidade, complexo de inferioridade, timidez, conformismo, necessidade neurótica de ser perfeito (autocobrança), pensamento convicto de que está programado para ser deprimido, ter fobia social, dependência, ansiedade. Há pessoas complacentes com os outros, mas implacáveis consigo mesmas. Vivem se punindo, pois têm a necessidade ansiosa de ser o melhor profissional, o melhor amigo, o melhor pai ou a melhor mãe. Há outras que acreditam que serão tímidas a vida toda, que terão dificuldade de falar em público e debater ideias. Há as que pensam que estão condenadas a ser depressivas ou conviver com sua claustrofobia para sempre Não poucas dessas pessoas são seres humanos maravilhosos, inteligentes, generosos, mas não para si. Vivem em calabouços, que, muitas vezes, foram criados por elas mesmas. O pensamento, como estudamos, por ser virtual, faz da verdade um fim inatingível, porém as falsas crenças têm o poder de transformar a irrealidade em verdade absoluta, criando prisões psíquicas para o Eu, que podem perdurar por toda a existência. Por produzirem cárceres psíquicos, tais crenças irrigam a SPA. O Eu autossabotador dessas pessoas está sempre construindo armadilhas para que elas vivam como miseráveis, ainda que sejam admiradas socialmente. Aplicar a técnica do DCD diariamente sobre as falsas crenças é vital para reeditar os núcleos doentios de habitação do Eu. A técnica do DCD é feita nos focos de tensão, quando as emoções e os pensamentos perturbadores produzidos pelas falsas crenças estão em cena; já a técnica da mesa-redonda do Eu é realizada fora do foco de tensão, 101

102 quando o monstro está hibernando, ou seja, quando o núcleo killer não está aberto. A técnica do DCD reedita as janelas killer, e a técnica da mesaredonda do Eu constrói janelas light paralelas ao redor do núcleo traumático. Essas duas técnicas são poderosas para quem quer sair da plateia, entrar no palco da própria mente e exercer os papéis solenes de gerenciar pensamentos, proteger a emoção e filtrar estímulos estressantes. Não ser uma máquina de trabalhar: o mais eficiente no leito de um hospital A sexta ferramenta para aliviar a Síndrome do Pensamento Acelerado vai ao encontro das pessoas mais realizadas profissionalmente. Ser empreendedor é vital para ser um construtor de projetos, mas ser empreendedor em excesso é a melhor forma de destruir a própria saúde emocional. Parece que esses profissionais desejam, embora não conscientemente, ser os mais ricos do cemitério Sabem claramente que são mortais, mas vivem como se fossem eternos, como se fossem viver milhares de anos. Não há dúvida de que em alguns momentos de nossa história profissional temos que nos sacrificar, aproveitar as oportunidades, trabalhar muito, inclusive em feriados e finais de semana. No entanto esse sacrifício tem de ser temporário e durar meses ou, no máximo, alguns anos. Ninguém é inatingível. Alguns trabalham excessivamente durante décadas, mas não para ter lucro, e sim para suprir as necessidades dos outros e enriquecer seu sentido existencial. Há religiosos e filantropos que se doam muito para os desvalidos, o que é nobre. Mas, ainda que sejam felizes em ajudar os outros, o preço é alto; o altruísmo não administrado é desgastante. Não é possível doar-se excessivamente e ter um cérebro intacto Mesmo uma mente brilhante como a do mestre dos mestres sofreu há dois milênios um desgaste emocional sem precedentes na sua última noite. Uma análise psicológica e não teológica dos seus comportamentos demonstra que ele antecipou o drama que teria no dia seguinte, preparou-se para suportar o insuportável e, 102

103 por fim, hiperacelerou seus pensamentos e teve hematidrose (suor sanguinolento), um sintoma raro produzido por um estresse violentíssimo. Quase enfartou antes de morrer sobre o madeiro, ante a sentença romana. Mas não se curvou à ansiedade, protegeu sua emoção, gerenciou seus pensamentos e fez poesia no caos Centenas de milhões de pessoas que o valorizam nas mais diversas religiões muito provavelmente não estudaram os mecanismos mentais que ele utilizou nos focos de tensão. Não poucas vivem na lama da ansiedade. Não poucas vivem na lama da ansiedade. A utilização desses mecanismos explica sua fenomenal capacidade de lucidez para resgatar seu aluno mais culto no exato momento em que este o traía. Ele teve a coragem de chamar Judas de amigo e fazer-lhe uma pergunta, o que, como vimos, é o princípio da sabedoria na filosofia: Amigo, para que vieste?. Isso indica que ele tinha medo não de ser traído, mas de perder um amigo. Que mestre era esse que investia tudo o que tinha em quem o decepcionava? Infelizmente, Judas entrou numa janela killer duplo P, que lhe gerou intensa culpa, fechou-lhe o circuito da memória e sequestrou seu Eu no único lugar em que jamais deveria vender sua liberdade. Judas tinha vocação social, queria ajudar os outros, mas, quando precisou se proteger, falhou, foi um carrasco de si mesmo. Muitos cientistas passam a vida pesquisando, dia e noite, para produzir conhecimentos, incluindo vacinas, e aliviar o sofrimento dos outros. Possuem uma motivação incontrolável para contribuir com a humanidade. No entanto, não gerenciam seu estresse nem se protegem. Fecham-se em seu mundo, e não poucos adoecem. Preocuparse com o bem-estar dos outros é uma boa forma de minimizar os fantasmas que criamos. É um privilégio e uma obrigação nos doar socialmente, já que o essencial para a sobrevivência é gratuito: o ar, o pulsar do coração, o ciclo da glicose de mais de 3 trilhões de células que constituem o corpo. Todavia, quem se preocupa com a dor dos outros tem de gerenciar seus pensamentos com maior eficiência, pois o altruísmo, como disse, sempre cobrará um preço 103

104 psicossomático alto. E um dos mecanismos que mais podem aliviar a SPA e nos proteger é a diminuição ao máximo da expectativa do retorno. Ninguém pode nos frustrar mais do que as pessoas a quem nos doamos. Sob o ângulo estritamente profissional, o problema é que pessoas muito eficientes e responsáveis são irresponsáveis com sua saúde emocional. Não desligam nunca. Não se deleitam com seu êxito. Quanto maior for o êxito financeiro, mais elas querem trabalhar. Quando alcançam o pódio, sua alegria dura pouco, pois logo mergulham em outra jornada. Se as colocarmos numa varanda para contemplar o belo por uma ou duas horas, sentem tédio. Não conseguem desacelerar. Não ser uma máquina de informações Na atualidade, qualquer computador, por mais lento que seja, tem capacidade de armazenar e resgatar mais informações que os cérebros mais geniais. Mas não é a quantidade de dados que dá a relevância da criatividade e da eficiência intelectual. Computadores se formam com um excelente programa e um superbanco de dados; pensadores se formam com um bom banco de dados e com doses elevadas das funções mais complexas da inteligência. Quem não seleciona livros, textos, técnicas, cursos, artigos tem duas grandes possibilidades: expandir a Síndrome do Pensamento Acelerado e bloquear sua criatividade. Lembre-se de que Einstein, Freud e tantos outros produtores de conhecimento tinham menos dados em sua memória do que a maioria de seus discípulos das gerações seguintes. Então como foram tão longe? Eles reciclaram suas falsas crenças e seu sentimento de incapacidade, fizeram a técnica do DCD intuitivamente (eram perguntadores, críticos, determinados) e, além disso, foram destemidos, intuitivos, imaginativos, mentalmente livres. Claro que falharam muito, tiveram noites de insônia, foram zombados, excluídos, desacreditados. Mas quem vence sem crises e acidentes vence sem glória 104

105 Não ser um traidor da qualidade de vida A oitava e última técnica para aliviar A SPA está ligada a um erro dramático. Antes de discorrer sobre ele, permita-me perguntar: você já foi traído de alguma forma? Não poucos de nós já foram traídos. Só os amigos nos traem; os inimigos nos decepcionam. Só as pessoas a quem nos doamos muito podem nos ferir tanto. Mas, sinceramente, todos nós já traímos! E, o que é pior, traímos aquilo que é mais relevante para ter uma mente livre e uma emoção saudável. Traímos nosso sono, nossos finais de semana, nossas férias, nosso relaxamento. Traímos o tempo precioso que poderíamos gastar conosco, fazendo uma higiene mental, reciclando nossas falsas verdades, nutrindo-nos com prazer de viver. Somos todos traidores. E nossa traição não para por aí. Traímos o diálogo com as pessoas que nos são mais caras. Traímos o tempo com nossos filhos, amigos, cônjuge ou parceiro(a). O diálogo entre duas pessoas é a melhor forma de transferir o mais notável legado, as novas experiências. E a transferência desse legado é fundamental não apenas para aliviar a SPA, mas também para alicerçar as relações e dar sabor à existência. Saldar nossas dívidas e corrigir rotas Devemos nos lembrar de que uma das mais graves consequências da SPA é a morte precoce do tempo emocional. Vivemos tão agitados e atarefados ao longo da jornada existencial que, quando paramos para pensar sobre a vida, levamos um susto. Parece que, como afirmei, dormimos e não vimos o tempo passar. Perdemos o melhor de nós, de nossos filhos, amigos, cônjuge, chafurdando na lama das preocupações, entrincheirados em nossas batalhas mentais. A consequência é que não poucos seres humanos notáveis estão à beira da falência física e emocional. Quem não é fiel à sua qualidade de vida tem uma dívida impagável consigo mesmo. Qual é o tamanho da sua dívida com sua qualidade de vida? Só ao mapear sua mente de maneira transparente e honesta você saberá. Para 105

106 gerenciar a ansiedade produzida pelo mal do século, a SPA, e saldar nossas dívidas, devemos usar essas técnicas diariamente. Ter coragem para velejar para dentro de nós mesmos, reconhecer nossas fragilidades, admitir nossas loucuras, corrigir rotas e nos educar para sermos autores da nossa própria história é, acima de tudo, ter um caso de amor com a vida. E ninguém pode fazer essa tarefa por você nem filhos, parceiro(a), amigos, neurologista, psiquiatra, psicólogo, amigos, neurologista, ou livros. Só você mesmo Não traia o que você tem de melhor! 106

107 Módulo III O papel do Psicólogo no tratamento da Ansiedade A psicoterapia associada ao emprego de medicamentos já demonstrou, em pesquisas, uma eficaz combinação (Psicóloga Iracema Teixeira) Facilita a tomada de consciência Na maioria das vezes a pessoa não consegue avaliar a própria ansiedade sozinha. Com a ajuda do terapeuta é possível entrar em contato consigo mesma e entender as raízes e os desdobramentos do problema. Ao tratar o assunto na terapia, você o entende melhor. Vai conseguir perceber o que alimenta a sua ansiedade, identificar as possíveis causas e reconhecer as emoções e comportamentos que vêm dificultando a sua vida. Aumentar o autoconhecimento é o primeiro passo para ficar bem. Ensina técnicas de controle Também é papel do psicólogo orientar você sobre estratégias que ajudam a controlar o sentimento de ansiedade. A metacognição, uma técnica de refletir sobre os próprios pensamentos, é muito interessante para esses casos. Além disso, algumas técnicas de relaxamento, como a respiração diafragmática, também são eficientes para controlar a ansiedade. Com as intervenções do psicólogo, você se capacita para intervir em si mesma e controlar as crises. 107

108 Estimula novos comportamentos Por fim, a terapia também atua modificando a sua forma de agir no mundo: depois que você entende melhor o que está passando e desenvolve técnicas de controle emocional, fica mais fácil identificar e mudar os comportamentos que mantém a sua ansiedade em alta. Atenção: não existem dicas gerais para modificar comportamentos ansiosos. A forma como você vive a sua ansiedade não é igual a de outras pessoas. Por isso, a terapia é fundamental para entender o que acontece na sua vida e saber o que precisa ser mudado. A intervenção de um psicólogo no tratamento da ansiedade é fundamental para superar os sintomas e recuperar sua saúde. Se você vivencia os sintomas apresentados aqui, não tente controlar sozinha, procure a ajuda de um profissional qualificado. Jean de Oliveira Leite batia na namorada. De repente, por causa de uma discussão ou por terem esquecido uma das sacolas de compras no supermercado, ele dava tapas e pancadas na mulher que amava. Dois anos de namoro e algumas situações de violência depois, ela deu queixa na delegacia e terminou com ele. Os dois estariam separados até hoje se Jean não tivesse procurado um analista e ingressado num grupo de reflexão de homens com o mesmo problema. Na terapia, entendeu por que, em um de seus sonhos que tinha a namorada como personagem, ela assumiu a forma de um arame que ele dobrava sem parar. Eu não podia dobrá-la metendo a mão, diz. Depois das sessões de psicoterapia, os dois voltaram. Estão juntos e em paz há 3 anos. No ano passado, a bancária Tatiana Dória não queria mais viver. No fundo de uma depressão, não se interessava por nada nem ninguém. Raramente saía: passava os dias na cama, dormindo ou assistindo filmes. Foi 108

109 quando decidiu bater à porta de um psiquiatra. Saiu de lá com uma receita de antidepressivos e um encaminhamento à psicoterapia. Durante 6 meses, passou por dois terapeutas de abordagens diferentes, até o convênio médico cortar o benefício. Insistiu por dois meses, pagando as sessões do próprio bolso, mas resolveu abandonar o tratamento por achá-lo inútil. Procuro o autoconhecimento há muito tempo, mas realmente não sei se um terapeuta tem algo a me acrescentar, diz Tatiana, que preferiu seguir com os remédios e se dedicar a práticas como meditação. Assim como Jean e Tatiana, milhares de pessoas estão insatisfeitas com o que são ou como estão. Querem se livrar de fobias, manias obsessivas, conseguir dormir direito, ter forças para sair da cama pela manhã, deixar para trás dificuldades sexuais ou simplesmente achar a vida mais interessante. Cada vez mais gente resolve desbravar a torre de Babel que é o mundo das terapias, habitado por mais de 400 modelos. O número de psicólogos deu um salto de 48% desde 2000, de 123 mil para 182 mil. Sem contar o crescimento do número de psicanalistas, psiquiatras e outros profissionais, como os filósofos clínicos. A quantidade de pessoas que procuram terapia também deve aumentar, já que, em abril, o governo tornou obrigatório aos planos de saúde oferecer 12 sessões anuais de psicoterapia a todos os conveniados. Se antes ir a psicólogos era coisa de problemáticos, hoje falar da experiência parece ser um bom jeito de engatar conversas com amigos no bar. A palavra vem do grego therapeúein, que carrega significados como assistir e cuidar. Desabafar no ombro do amigo e conversar com um médico atencioso pode até ser terapêutico mas não é um método que afasta o sofrimento por meio de técnicas apoiadas em fundamentação teórica, as psicoterapias, todas, de um modo ou de outro, baseadas no tratamento pela fala. Entre quem frequenta um psicoterapeuta e quem está pensando em procurar um, é comum haver dúvidas do tipo: vale a pena gastar tempo e 109

110 dinheiro com isso? Não é besteira contar detalhes da intimidade a alguém que mal conhecemos e que não oferece nenhuma garantia de eficácia? Afinal, terapia funciona? Sim e não. Dezenas de pesquisas neurológicas provam que sessões de psicoterapia modificam conexões neurais e padrões de comportamento, como aconteceu com Jean. Apesar disso, é grande a possibilidade de você conhecer terapia e, como Tatiana, achar o método inútil e até bizarro. Por dentro da terapia A primeira pessoa tratada pela terapia da palavra se chamava Bertha Pappenheim, mas ela ficou conhecida como Anna O. Foi assim que os médicos Josef Breuer e Sigmund Freud a chamaram na hora de narrar o caso clínico que germinou a psicanálise. Anna O. sofria de alucinações histéricas, sonambulismo e se recusava a beber água. Já levava 6 semanas ingerindo somente a água de frutas quando os sintomas começaram a desaparecer sempre após falar em voz alta sobre o que a atormentava. Depois de ter desabafado energicamente a raiva que ficara dentro dela, pediu para beber e bebeu sem inibição uma grande quantidade de água, acordando da hipnose com o copo nos lábios. Com isso, o distúrbio desapareceu para sempre, escreveram os dois no livro Estudos sobre a Histeria, de Anna O. fez Freud ter uma sacada genial: expressar em voz alta pensamentos opressores e resgatar lembranças traumáticas causam efeitos benéficos ao corpo. Isso parece óbvio hoje em dia, mas não naquela época. As pessoas então enxergavam o corpo e a alma (o pensamento e o sentimento) como elementos que se opunham ou pelo menos não se comunicavam. Tratavam-se doenças mentais com procedimentos físicos, como eletrochoques ou incisões no cérebro. Com a criação do tratamento pela fala, Freud revolucionou a psiquiatria, criando uma nova área de estudo a psicanálise. 110

111 Primeiro, ele afirmou que todos temos problemas mentais de menor ou maior grau. Cada pessoa, para Freud, monta sua identidade em cima de conflitos do inconsciente local dos traumas e desejos reprimidos na infância. Depois, para chegar a esses desejos e impulsos que operam abaixo do nível da consciência, ele criou todo um conjunto de técnicas. Colocou um divã para dentro do Consultório (e do nosso imaginário), onde o paciente deveria sentar e falar fazendo associações livres, de modo que o psicanalista pudesse desvendar as reais motivações por trás daquela fala e dos sonhos que a pessoa narrava ter vivido. Não apenas Freud inventou sozinho o campo da psicoterapia mas o fez de uma só vez, afirma, no livro Os Desafios da Terapia, o psiquiatra Irvin D. Yalom, professor emérito de psiquiatria da Universidade Stanford (EUA) e autor de Quando Nietzsche Chorou. Nesses mais de 100 anos, a psicanálise se multiplicou em diferentes teorias e abordagens, dando origem a uma área mais abrangente, a psicologia. Mas a criação de Freud permanece a fonte onde, de alguma forma, todas as correntes da psicoterapia ainda bebem. Dá para considerar a psicanálise como o berço de todo o campo, pelo menos em relação à maioria das linhas de psicologia profunda, diz Franklin Goldgrub, professor de psicologia da PUC-SP. De modo geral, o terapeuta com alguma influência de Freud tenta provocar no paciente um processo de autoconhecimento, ou seja, de descoberta da raiz das suas motivações e traços de personalidade 111

112 7. Diagnóstico 112

113 Todo mundo fica nervoso ou ansioso de tempos em tempos ao falar em público, por exemplo, ou quando está passando por dificuldade financeira. Para algumas pessoas, porém, a ansiedade se torna tão frequente, ou tão forte, que começa a tomar conta da vida delas. Como saber se a ansiedade normal do dia a dia ultrapassou os limites e se transformou em transtorno? Não é fácil. A ansiedade vem em diferentes formas tais como ataques de pânico, fobias, ansiedade social e a distinção entre um diagnóstico oficial e ansiedade normal não está sempre muito claro. Preocupação Excessiva A marca do transtorno da ansiedade generalizada (TAG) o tipo mais amplo da ansiedade é se preocupar demais com as coisas do dia a dia, grandes ou pequenas. Mas o que significa demais? No caso do transtorno da ansiedade generalizada, significa ter pensamentos ansiosos persistentes em quase todos os dias da semana, por seis meses. E a ansiedade tem que ser tão forte a ponto de interferir no seu dia-a-dia e estar acompanhada de sintomas notáveis, como fatiga. A distinção entre transtorno da ansiedade e ansiedade normal é se suas emoções estão causando muito sofrimento e disfunção, diz Sally Winston, PhD, codiretor do transtorno da ansiedade e estresse do instituto de Maryland-EUA. Problemas de sono Dificuldade em adormecer ou manter o sono está associado a uma ampla gama de condições de saúde, tanto físicos como psicológicos. E, claro, 113

114 não é incomum ficar girando e tossindo em antecipação à um discurso importante ou entrevista de emprego. Mas se você encontrar-se frequentemente deitado e acordado, preocupado ou agitado com problemas específicos (como dinheiro), ou nada em particular pode ser um sinal de transtorno da ansiedade. Segundo algumas estimativas, Metade de todas as pessoas com transtorno da ansiedade generalizada experimentam problemas com sono. Medos Irracionais Alguns casos de ansiedade não são generalizados, pelo contrário, está ligada à alguma situação ou coisa, como voar, animais ou multidões. Se o medo se torna opressivo, disruptivo e muito fora de proporção do real risco envolvido, então é um sinal de fobia. Apesar das fobias serem incapacitantes, elas não são óbvias à todo instante. De fato, elas não podem vir à tona até que você enfrente uma situação específica e descobre que você é incapaz de superar o seu medo. Uma pessoa que tem medo de cobras pode passar anos sem ter problema, diz Winston. Mas, de repente, seu filho quer ir acampar, e eles percebem que precisam de tratamento. Tensão muscular A tensão muscular quase constante, quer se trate de apertar sua mandíbula, tensionando os punhos, ou flexionando os músculos por todo o corpo, muitas vezes acompanha os transtornos de ansiedade. Este sintoma pode ser tão persistente e generalizado que as pessoas que viveram com isso por um longo tempo pode parar de perceber depois de um tempo. O exercício regular pode ajudar a manter a tensão muscular sob controle. 114

115 Indigestão crônica A ansiedade pode começar na mente, mas muitas vezes se manifesta no corpo através de sintomas físicos, como problemas digestivos crônicos. Síndrome do intestino irritável (IBS), uma condição caracterizada por dores de estômago, cólicas, inchaço, gases, constipação e / ou diarreia, é basicamente uma ansiedade no trato digestivo, diz Winston. IBS nem sempre está relacionada com a ansiedade, mas os dois ocorrem frequentemente em conjunto e podem piorar. O intestino é muito sensível ao estresse psicológico, e vice-versa, o desconforto físico e social dos problemas digestivos crônicos pode fazer uma pessoa sentir-se mais ansioso. Medo de falar em público A maioria das pessoas sentem pelo menos um frio na barriga antes de abordar um grupo de pessoas ou estar no centro das atenções. Mas se o medo é tão forte que nenhuma quantidade de treinamento ou prática vai aliviá-lo, ou se você gasta muito tempo pensando e se preocupando com isso, você pode ter uma forma de transtorno de ansiedade social (também conhecido como fobia social). As pessoas com ansiedade social tendem a se preocupar por dias ou semanas antes de um determinado evento ou situação. E mesmo se elas conseguirem passar pela situação, elas tendem a ficar profundamente desconfortáveis e ficar pensando por um bom tempo depois sobre como elas foram julgadas pelas outras pessoas. Autoconsciência Transtorno de ansiedade social nem sempre envolve falar para uma multidão ou ser o centro das atenções. Na maioria dos casos, a ansiedade é 115

116 provocada por situações do cotidiano, como puxar conversa em uma festa, ou beber e comer em frente até mesmo de um pequeno número de pessoas. Nestas situações, as pessoas com transtorno de ansiedade social tendem a se sentir como se todos os olhos estão voltados para elas, e elas muitas vezes ficam vermelhas, tremem, tem náuseas, suam ou tem dificuldade para falar. Estes sintomas podem ser tão perturbadores que eles tornam difícil conhecer novas pessoas, manter relacionamentos, e progredir no trabalho ou na escola. Pânico Ataques de pânico podem ser assustadores. Imagine uma sensação repentina de medo extremo que pode durar vários minutos, acompanhados por sintomas físicos assustadores como aperto na garganta e peito, coração acelerado, mãos frias, tontura e fraqueza, dores no estômago e no peito. Nem todo mundo que tem um ataque de pânico tem um transtorno de ansiedade, mas as pessoas que os experimentam repetidamente podem ser diagnosticados com transtorno de pânico. Pessoas com transtorno do pânico vivem com medo sobre quando, onde e por que seu próximo ataque pode acontecer, e elas tendem a evitar lugares onde os ataques ocorreram no passado. Flashbacks Reviver um evento traumático um assalto, morte repentina de um ente querido é uma marca do transtorno do estresse pós-traumático, que compartilha algumas características do transtorno da ansiedade. Mas flashbacks podem ocorrer em outros tipos de ansiedade também. Algumas pesquisas, incluindo um estudo de 2006 no Jornal dos Transtornos 116

117 de Ansiedade, sugere que algumas pessoas com ansiedade social tem flashbacks do tipo pós-traumático, mas de experiências que não são obviamente traumáticas, como ser ridicularizado publicamente. Estas pessoas podem até evitar lembrar da experiência. Perfeccionismo A mentalidade obsessiva conhecida como perfeccionismo anda de mãos dadas com transtornos de ansiedade, diz Winston. Se você está constantemente a julgar a si mesmo ou você tem um monte de ansiedade antecipatória de cometer erros ou aquém de suas normas, então você provavelmente tem um transtorno de ansiedade. Perfeccionismo é especialmente comum no transtorno obsessivocompulsivo (TOC), que, como o estresse pós-traumático, tem sido visto como um transtorno de ansiedade. TOC pode acontecer sutilmente, como no caso de alguém que não pode sair de casa durante três horas, porque a maquiagem tem que estar absolutamente impecável, diz Winston. Comportamento compulsivo Para ser diagnosticado com transtorno obsessivo-compulsivo, os pensamentos obsessivos e intrusivos de uma pessoa devem ser acompanhados de comportamento compulsivo, seja mental (dizendo-se: Vai dar tudo certo repetidamente) ou física (lavar as mãos, endireitando itens, etc). Pensamentos obsessivos e comportamento compulsivo se tornam ansiedade quando a necessidade de terminar o comportamento também conhecido como rituais começa a controlar sua vida, diz Winston. Se você gosta do seu rádio no volume 3, por exemplo, e ele quebra e fica parado no volume 4, você entraria em pânico até consertar o rádio? 117

118 Um bom histórico médico e exame físico são essenciais para o diagnóstico inicial de qualquer transtorno de ansiedade, a fim de excluir qualquer outra condição médica significativa e tratável que poderia estar causando os sintomas. Histórico familiar de transtornos de ansiedade, ou outra doença psiquiátrica, fortalece os indícios para um caso de desordem de ansiedade. Uma vez que há grande associação entre ansiedade e outros problemas psiquiátricos, incluindo abuso de drogas e depressão, o exame médico deve incluir a verificação de sinais de uso de drogas intravenosas ou episódios anteriores de autoflagelação. Tratamento Os sintomas agudos de ansiedade geralmente são controlados com agentes ansiolíticos como os benzodiazepínicos. Diazepam (valium) foi uma das primeiras dessas drogas. Hoje há uma grande variedade de agentes anti-ansiedade baseados em benzodiazepínicos, porém somente dois foram aprovados para ataques de pânico, Klonopin (Clonazepam) e Xanax (Alprazolam). Todos os benzodiazepínicos causam dependência química, e o uso extensivo deve ser cuidadosamente monitorado por um médico, de preferência um psiquiatra. É importante que, uma vez que o paciente seja colocado sob regime de uso regular de benzodiazepínicos, esta medicação não seja interrompida abruptamente. Alguns dos antidepressivos SSRI (selective Serotonin reuptake inibitors), ou inibidores seletivos do transportador da serotonina, têm sido usados com variados níveis de sucesso para tratar pacientes com ansiedade crônica. Beta bloqueadores algumas vezes também são usados para tratar sintomas somáticos associados à ansiedade. 118

119 Terapia cognitiva e de comportamento são as formas de psicoterapia mais populares e eficientes para tratar a ansiedade. Exercícios e outras atividades físicas também são bons para aliviar o estresse e ansiedade. Uma variedade de medicações de balcões de drogarias são usados por causa das suas alegadas propriedade anti-ansiedade. Kava Kava é um tratamento herbal popular. Raiz de valeriana e camomila também têm reputação de possuir propriedades sedativa e anti-ansiedade. Muitos cientistas acreditam que benzodiazepínicos e outros remédios anti-ansiedade são excessivamente prescrevidos e têm potencial de criar dependência. Entre os benzodiazepínicos, Xanax (alprazolam) parece ser o com maior potencial de criar dependência devido à sua rápida ação e curta meia-vida na corrente sangüínea. A interrupção abruta do uso de qualquer benzodiazepínico pode resultar em ânsia, dor estomacal, câimbra, elevação da ansiedade, insônia, entre outros efeitos. Autoajuda e técnicas de relaxamento também desempenham importante papel no alívio dos sintomas da ansiedade. Autoajuda inclui dieta apropriada, exercícios físicos, rir, técnicas de respiração, caminhada rápida, sono adequado, etc. Há várias técnicas de relaxamento disponíveis, converse sobre isso com seu médico. Dicas para controlar a ansiedade Prática de Exercícios Físicos A forma mais comum de tratar a ansiedade é a prática de exercícios físicos. Praticar exercícios físicos ajuda a lidar com estados de ansiedade porque eleva a produção de serotonina, substância que aumenta a sensação de prazer. Caminhar três vezes por semana, por pelo menos meia hora, já pode ajudar a lidar com a ansiedade. O momento da caminhada, além de ser um exercício para o corpo, também normalmente é aproveitado para descansar a mente, ou automaticamente pelo cérebro, ou sob a forma da 119

120 meditação ativa. Quando você anda, pensa. A caminhada de meia hora é um movimento repetitivo, que relaxa o cérebro e refresca a cabeça de pensamentos repetitivos. Controle sua Respiração Para reduzir as reações do sistema nervoso autônomo, devemos fazer o controle da respiração. Isto pode ser feito compassando a respiração e inspirando lentamente pelo nariz, com a boca fechada. Ao inspirar deixar o abdômen expandir-se, ou seja, estufe a barriga e não o peito. Depois, expire lentamente, expelindo o ar pela boca. Isto pode ser feito em qualquer lugar, a qualquer hora. É simples, mas pode testar que funciona! Além disso, quando você estiver em um ambiente silencioso e com possibilidade de ficar deitado, use uma técnica de relaxamento. O relaxamento combinado com a respiração diafragmática, certamente, reduzirá a respiração ofegante, a taquicardia e o tremor. Ioga Dentro dessa proposta de exercícios físicos e controle da respiração, o exercício perfeito é a ioga. A Ioga oferece ao praticante a possibilidade de aprender a controlar sua mente e seu corpo simultaneamente, por isso é tão eficiente. Este controle, que é obtido através de uma combinação de técnicas respiratórias, corporais e de meditação, tem como resultado o aumento da flexibilidade, fortalecimento dos músculos, aumento de vitalidade e maior controle sobre o estresse. Além da ioga, outras alternativas populares para pessoas ansiosas são sessões de massagem e de acupuntura. Melhore a Alimentação 120

121 Quanto mais rica e mais nutritiva for sua alimentação, melhor. Um cérebro bem nutrido dá muito menos espaço para doenças, como a ansiedade por exemplo. Para controlar a ansiedade, podemos ingerir alimentos que sejam fonte de triptofano, um aminoácido precursor da serotonina, como a banana e o chocolate, de forma moderada (para não ganhar peso). Outra possibilidade é ingerir o triptofano em cápsulas, junto com vitamina B6 e magnésio. Outros aminoácidos que podem ajudar são a taurina e a glutamina. Eles aumentam a disponibilidade de um neurotransmissor chamado GABA, que o organismo usa para controlar fisiologicamente a ansiedade. Eles também podem ser ingeridos em cápsulas, mas apenas com a orientação de um médico especialista. Existem ainda os chás. Muitos deles possuem substâncias que funcionam como sedativos suaves e podem ajudar no controle da ansiedade diária. As plantas mais conhecidas e estudadas com essa ação são a passiflora, a melissa, a camomila e a valeriana. Aromaterapia A aromaterapia é ótima como coadjuvante no tratamento da ansiedade, auxiliando a medicina convencional. Pesquisas em aromaterapia demonstraram que todos nós reagimos consciente ou inconscientemente ao estimulo dos cheiros. Quando bemutilizados, cheiros são extremamente eficazes para despertar lembranças boas ou acalmar. E, certos cheiros são mais propícios em causar reações emocionais e/ou físicas, aliviando o sistema nervoso e alguns ativam os centros psíquicos. Os óleos essenciais da aromaterapia induzem a mudanças de humor, dando uma sensação de bem-estar e reduzindo o stress. A terapia com a 121

122 aromaterapia poderá ser realizada através de banhos relaxantes e revigorantes, massagens e inalação com os óleos essenciais. As gotas de óleos essenciais devem ser sempre diluídas em óleos vegetais caso faça a massagem. Para fazer inalação pingue algumas gotas em uma xícara de água quente e respire profundamente. 6.0 Artigos Relacionados Mas de onde vem tanta ansiedade? Pare um instante e contemple nosso paradigma econômico. A cooperação, outrora regra nas sociedades primitivas, tem sido esmagada num mundo onde a competição reina absoluta. Mais pra você é menos pra mim. Preciso "demarcar meu território" e garantir meus interesses. Até o próprio sistema educacional se baseia na competição, neste caso, por notas, implicitamente associadas ao sucesso na vida à sobrevivência. Ontologia e economia nos colocam em competição uns contra os outros e, assim, geram ansiedade. Podemos perceber o quanto somos dominados pela ansiedade se considerarmos individualmente cada atitude, examinando as emoções e os motivos que determinam nossas escolhas mais importantes e que moldam diretamente nosso destino. As pessoas buscam um diploma universitário por diferentes motivos: (a) "quero fazer um bom curso pra ter um bom emprego", (b) "porque é o que meus pais esperam de mim e não quero desapontá-los", (c) "sei lá, a faculdade vem depois do ensino médio", (d) "pra matar minha curiosidade e sede por conhecimento". Pergunta: qual das alternativas melhor reflete a nossa realidade? A resposta é óbvia(a). Em outras palavras, a maioria dos 122

123 estudantes só ingressam na universidade porque sentem uma certa obrigação. Obrigação de entrar na melhor universidade possível, o que significa um bom emprego, o que significa mais dinheiro, que precisam pra obter, no mínimo, o básico: comida, casa e roupas. O desejo em se tornar universitário vem, muitas vezes, da ansiedade em sobreviver. Se tornam universitários porque "não podem se dar ao luxo" de fazer outra coisa, não seria sensato, acabaria atrapalhando de algum modo suas chances de alcançar a tão sonhada estabilidade financeira. Ao associar, culturalmente, dinheiro à sobrevivência, a expressão "não posso me dar ao luxo" assume um sentido de "bancar" ou "financiar", e acaba nos revelando a extensão dessa ansiedade pela sobrevivência já implícita até em nossas pequenas decisões. "Não posso me dar ao luxo" não se aplica somente ao contexto de compra, mas sugere a monetização de toda a vida. À medida em que a esfera das atividades monetizadas cresce, também cresce a difusão de uma ansiedade decorrente da escassez de um sistema econômico que, por sua vez, só induz à competição. Tomar decisões apoiadas no que podemos "bancar" é assumir uma situação de escassez. Infelizmente, as mecânicas de uma moeda sustentada por juros só fazem garantir, por diversos meios, que nunca teremos o bastante. Projetamos nossa ansiedade até na biologia, ao enxergá-la como uma competição impulsionada pela sobrevivência e reprodução. A programação genética de qualquer organismo visa, entre outras coisas, anular as ameaças a sua sobrevivência. Se um gene não age dessa forma, acaba sendo excluído do genoma simples assim. A ansiedade, assim como o medo, parece desempenhar muito bem o seu papel nessa programação. Dessa forma, o progresso tecnológico pode ser encarado como a expressão de um impulso Darwiniano pela sobrevivência. 123

124 A biologia, ao acompanhar a economia, presume que agentes individuais e distintos (genes) trabalham para maximizar seus próprios interesses: sobreviver e reproduzir. Nossa própria concepção de vida (biologia) e, em particular, seu progresso (evolução), baseiam-se na competição pela sobrevivência. Portanto, não é estranho perceber que encaramos a vida e o progresso humano da mesma forma como competição. A ansiedade, que define muito da vida moderna, está implícita em nossa própria concepção do que é ser vivo, do que é ser humano. Essa visão de que a vida é uma luta pela sobrevivência reflexo da forma como enxergamos o mundo vai além do Darwinismo. Na verdade, nossos paradigmas científicos nem admitem outra alternativa. A competição está culturalmente implícita em nossa própria concepção de "si mesmo" como entidade independente, distinta e separada do ambiente e de outros seres. Essa concepção chegou ao ápice com Descartes, ao identificar o Eu 124

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