DICAS DE SAÚDE. Quais as opções de tratamento disponíveis para depressão?

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1 DICAS DE SAÚDE Quais as opções de tratamento disponíveis para depressão? André Gordilho, Pisiquiatria, Depressão O tratamento principal é feito à base de medicações, através do uso isolado ou combinado de antidepressivos, que pode ser potencializado por outros agentes, como os estabilizadores de humor. Sem medicações, pode-se tratar com: - Estimulação Magnética Transcraniana (tratamento feito através de estímulos magnéticos que funcionam em determinadas áreas do cérebro, geralmente o córtex pré-frontal dorsolateral esquerdo), um tratamento físico, não invasivo, que o paciente faz acordado, não precisa tomar anestesia, chega, faz a aplicação e vai para casa. A Estimulação Magnética Transcraniana pode ser feita também em associação ao tratamento medicamentoso quando o paciente responde parcialmente ao uso das medicações ou apresenta maior sensibilidade aos efeitos colaterais das mesmas. - Eletroconvulsoterapia, um tratamento excelente, feito através da colocação de eletrodos na região temporoparietal, onde é aplicada uma corrente elétrica que vai gerar alterações intracranianas e levar a uma melhora do quadro depressivo.

2 A depressão pode ser evitada? Como fazer para não cair em depressão em tempos de crise? André Gordilho, Pisiquiatria, Depressão As vezes não dá para evitar nem em tempos de bonança quanto mais em tempos de crise. Pode acontecer, principalmente, em quem tem a genética, em quem tem predisposição para desenvolver a doença. O importante é o diagnóstico o mais precoce possível, o tratamento o mais rápido e adequado possível e pelo tempo adequado para que esse paciente tenha maiores benefícios. Muitos pacientes se curam e muitos pacientes não se curam, mas com o tratamento adequado, eles podem levar uma vida perfeitamente normal sem nenhum tipo de impedimento de fazer absolutamente nada, só que tendo que tratar pelo resto da vida.

3 A depressão tem cura? André Gordilho, Psiquiatria, Depressão A depressão pode ter cura sim. Uma boa parcela dos pacientes tem cura, mas, os que não se curam, tem tratamento e podem levar uma vida normal usando medicação.

4 Existem níveis diferentes da evolução da depressão? André Gordilho, Psiquiatria, Depressão A depressão pode ser dividida em: depressão leve, depressão moderada, depressão grave e depressão grave com sintomas psicóticos. Para cada tipo desses, existe um prognóstico, uma evolução, uma necessidade e indicação de tratamento diferentes.

5 Por que existe tanto preconceito na hora de se procurar um psiquiatra? André Gordilho, Psiquiatria, Depressão O preconceito já vem de muito tempo, porque a psiquiatria está associada, de forma chula, à maluquice, vem dessa associação com a loucura. Porém, os problemas psiquiátricos são problemas médicos como outro qualquer, a depressão é um problema médico como outro qualquer, e ninguém tem vergonha de ir ao médico porque está diabético, com pressão alta ou com uma dor no joelho, por exemplo. Não é vergonha, não é problema nenhum adoecer. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que 25% da população mundial, em algum momento da vida, vai desenvolver algum transtorno mental e, se todo mundo tiver vergonha de procurar um psiquiatra, todos carão doentes.

6 Os tratamentos para a depressão são caros? É possível realizá-lo através de planos de saúde ou do Sistema Único de Saúde (SUS)? André Gordilho, Psiquiatria, Depressão Não é nenhum custo absurdo. O custo para o tratamento é o custo da medicação, é o custo do tempo que você vai ter que fazer o tratamento e o custo do pro ssional. Os convênios oferecem tratamentos e o Sistema Único de Saúde (SUS), teoricamente, também oferece.

7 Há algum tipo de exame especí co para se detectar a depressão? André Gordilho, Psiquiatria, Depressão Não existe exame para detectar a depressão. Os exames realizados são importantes para afastar outros problemas que podem gerar um quadro depressivo ou piorá-lo. Servem também para excluir outras patologias, como por exemplo o hipotireoidismo (paciente com hipotireoidismo podem apresentar sintomas depressivos).

8 Depressão pós-parto André Gordilho, Psiquiatria, Depressão Alterações hormonais que acontecem no período pós-parto e a própria adaptação às mudanças na rotina após o nascimento da criança podem ter in uência no desenvolvimento da depressão. O diagnóstico de depressão pós-parto é feito considerando-se os mesmos critérios diagnósticos utilizados no diagnóstico de depressão em outras fases da vida, mas como é feito no período de até seis meses do puerpério caracteriza-se uma depressão pós-parto. Deve ser tratada da mesma maneira que uma depressão comum seria tratada, levando-se em consideração o cuidado com a amamentação

9 Psicologia X Psiquiatria André Gordilho, Pisiquiatria, Depressão Em geral é o psiquiatra o pro ssional mais indicado para fazer o diagnóstico da depressão e iniciar o tratamento, encaminhando, quando necessário, para um terapeuta adequado. Geralmente trabalhamos em parceria, utilizando além da medicação, a psicoterapia para trabalhar eventos de vida que podem estar contribuindo para a manutenção do estar depressivo, a manutenção da doença.

10 No caso da terapia, ela deve ser feita por um psicólogo ou por o psiquiatra? André Gordilho, Pisiquiatria, Depressão A terapia pode ser feita tanto pelo psicólogo quanto pelo psiquiatra, pois alguns psiquiatras que se dedicam quase que exclusivamente à psicoterapia

11 A importância do tratamento correto da depressão. André Gordilho, Psiquiatria, Depressão É muito comum o paciente começar a tratar um quadro depressivo e, com um mês, se sentir melhor e abandonar o tratamento. Isso não deve ser feito de maneira nenhuma, até porque o tratamento deve durar em média um ano após o primeiro episódio. 50% das pessoas que desenvolveram um quadro depressivo podem recair. Então, mesmo com o tratamento feito de forma adequada, existe a possibilidade de o paciente recair. Se o paciente está no segundo episódio depressivo, a taxa vai para 70%, se tem o terceiro episódio a doença já está praticamente crônica e a chance de recaída é acima de 90%. A depressão é uma doença que tem cura, porém deve ser tratada corretamente. Quando não se trata adequadamente, ou a pessoa já apresentou diversas recaídas, o tratamento deve ser de manutenção e crônico. Por isso a importância do tratamento correto e pelo tempo correto desde o primeiro episódio.

12 O transtorno bipolar tem alguma relação com a depressão? André Gordilho, Pisiquiatria, Depressão O humor é dividido basicamente em dois polos: o polo positivo (humor eufórico) e o polo negativo (depressão). A depressão pode ser caracterizada como unipolar, ou seja, a pessoa deprime e depois volta ao normal. No caso do bipolar, o paciente deprime e pode fazer período de euforia, períodos no qual ele vai estar com a desinibição excessiva. Ele vai estar com pressão por falar muito grande, com a diminuição da necessidade de sono, cheio de energia, pode começar a ter delírios de grandeza, gastos excessivos, aumento da irritabilidade, explosividade, se expôr a situações de risco com mais frequência e chegar até a quadros psicóticos. Então o transtorno bipolar faz parte dos transtornos de humor como a depressão, mas a patologia tem essa característica de o paciente também fazer períodos de euforia.

13 Caso não tratado, quão incapacitante pode ser um quadro depressivo? psiquiatria, andre gordilho Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão ocupa posição entre as dez primeiras maiores causas de incapacidade no mundo. Pacientes não tratados apresentam alto grau de absenteísmo (ausência do trabalho), problemas familiares, além do aumento dos riscos de adoecimento por descuido da própria saúde e de suicídio.

14 O que a família pode fazer para ajudar a pessoa deprimida a sair da crise mais depressa? André Gordilho, Psiquiatria, Depressão O papel da família é dar o suporte e justi car o problema, "olha, pode acontecer com qualquer um, isso é um problema médico, um simples tratamento ajuda a grande maioria das pessoas, vamos lá no médico para conversar e ver o que está acontecendo.

15 Crianças podem car deprimidas? andre gordilho, psiquiatra Sim, mas o funcionamento da criança, o modo de abordagem e o tratamento são diferentes.

16 Como os familiares podem identi car o comportamento de um deprimido? andre gordilho, psiquiatra Tanto na depressão como em qualquer problema mental, o que chama atenção é a mudança do comportamento da pessoa. No caso da depressão, geralmente se percebe a pessoa mais isolada, mais chorosa, sem energia, tendendo a car mais deitada, com a conversa desesperançosa, se descuida da aparência, se alimenta menos, perde peso. Esses comportamentos funcionam como um alerta para dizer que existe alguma coisa errada, principalmente naqueles pacientes que não buscam ajuda, que não conversam com a família.

17 Geralmente, quem sofre de depressão não aceita essa condição. O que fazer para alertar essa pessoa a procurar ajuda médica? andre gordilho, psiquiatria, depressão Ao perceber que a pessoa está deprimida, devemos abordá-la e ver o que ela tem, o que ela está sentindo a família tem que chegar junto, acolher o seu familiar e encaminhá-lo para um psiquiatra para poder fazer uma avaliação mais adequada e ver se realmente ele está com um quadro depressivo ou com algum outro problema, com um quadro de ansiedade ou um quadro de uma depressão bipolar, por exemplo. *vale destacar que não é só o paciente que não reconhece, muitas vezes a família também não reconhece. Um estudo da década de 90 mostra que dentre as pessoas que foram entrevistadas, e foi um número de pessoas bastante signi cativo, 71% dessas pessoas achavam que a depressão era devido a fraqueza emocional, como se fosse culpa da pessoa, e apenas 10% tinha a base biológica que envolvia o cérebro. Isso vem melhorando com o passar do tempo, mas ainda persistem muitos preconceitos e muita dúvida sobre se não é "frescura", se não é senso de caráter ou coisas deste tipo.

18 Quais são as causas da depressão? andre gordilho, psiquiatria, depressão A causa, a gênese, da depressão ainda não é 100% elucidada. A causa é multifatorial, o paciente pode ter componentes genéticos, componentes químicos/medicamentosos e componentes ambientais que geram a patologia. Doenças associadas podem contribuir também, assim como estudos de imagem vem demonstrando involução de partes cerebrais, como, por exemplo, os hipocampos em pacientes com depressões crônicas. Existem hipóteses sobre o que pode gerar o quadro depressivo, a mais aceita ainda é a hipótese monoaminérgica, ou seja, uma diminuição de determinados neurotransmissores, nas fendas sinápticas, na região dos neurônios. Com isso, fazendo com que o sistema nervoso central não funcione corretamente e levando a um quadro depressivo.

19 Quem está mais sujeito a desenvolver a depressão? Andre Gordilho, Psiquiatra, Psiquiatria Existem vários fatores que podem in uir para que a pessoa desenvolva um quadro depressivo, os principais são o sexo, a idade e o histórico familiar. *a mulher tem duas vezes mais chances de desenvolver a depressão do que os homens e a maior frequência de início está entre os 20 e os 40 anos. *quem tem um histórico familiar de depressão tem um risco entre 1,5 e meio e 3 vezes maior do que quem não tem.

20 Para que servem os antidepressivos? Andre Gordilho, Psiquiatra, Psiquiatria Os antidepressivos na grande maioria das vezes se voltam para o aumento dos neurotransmissores (substâncias químicas produzidas pelos neurônios), alguns com mecanismos de ação diferentes. O que vai variar é o quão incisivo ele pode ser ou não. Alguns geram mais efeitos colaterais, outros menos; muitos interessam mais porque levam ao ganho de peso, outros à perda de peso; têm os que tendem a atuar mais nas depressões em que o paciente está sem energia, outro nas mais melancólicas. Eles são escolhidos a depender do quadro do paciente, do tipo e de como essa depressão vai se exprimir.

21 Como diferenciar uma depressão de um período de tristeza passageira? andre gordilho, depressão, psiquiatria A tristeza é um sentimento que todos nós temos, é um sentimento normal, as vezes ficamos tristes com alguns eventos da vida, com eventos do dia-a-dia que podem acontecer, uma perda e etc... Quando essa tristeza começa a se arrastar e é associada a outros sintomas, pode-se pensar num quadro depressivo. Vale ressaltar que nos quadros depressivos nem sempre a tristeza tem que estar presente, as vezes a perda da capacidade de sentir prazer, a perda da graça na vida é suficiente como sintoma principal.

22 O que é a depressão? Psiquiatria, depressão, andre gordilho A depressão é uma doença caracterizada por um conjunto de sintomas com duração mínima de 2 semanas. Entre eles: tristeza ou anedonia (perda de capacidade de sentir prazer); humor deprimido na maior parte do dia; interesse ao prazer diminuído; perda de peso; insônia, hipersonia ou aumento do sono; agitação ou retardo psicomotor; fadiga, perda de energia a pessoa se sente sem forças para fazer as atividades do dia a dia, na maioria das vezes fica prostrada no leito; a diminuição da capacidade de pensar, se concentrar fazer as coisas fica muito difícil, resolver pequenos problemas se torna extremamente difícil. As vezes, pensamentos recorrentes de morte, pensamentos suicidas também podem acontecer.