ANSIEDADE: FOBIA SOCIAL
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- Dalila Domingues Figueiredo
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1 CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA GERAL E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO PSICOLOGIA CLÍNICA NA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO ANSIEDADE: FOBIA SOCIAL Maria Beatriz Devides Mariana Rodrigues Proença Melissa Maria Lury Sato INTRODUÇÃO O medo de acordo com uma perspectiva evolucionista é estudado como resposta normal do organismo frente a contextos de perigo a que se encontra exposto. Estes perigos podem ser ameaças ao bem estar, à integridade física ou a sobrevivência, entretanto, eles podem ser reais ou potenciais, isto é, real se existe uma situação de perigo a sobrevivência e potencial se existe um componente de incerteza. Assim pode-se definir a ameaça real como medo e a potencial como ansiedade (MÉNDEZ, F. X.; OLIVARES, J.; BERMEJO, R.M. 2005). Ansiedade é um respondente biológico do ser humano que antecede momentos de perigo imaginário, que se caracteriza por sensações corporais como taquicardia, transpiração, tensão muscular, boca seca, entre outros (Beck e
2 Emery, 1985; Turner, Beidel e Townsley, 1992, apud Falcone, 2001). É um estado de alerta do organismo, selecionado pela evolução da espécie. No caso da fobia social as respostas de emergência surgem para proteger o organismo de uma ameaça subjetiva percebida e que apenas potencialmente podem se tornar reais. No DSM-IV a Fobia Social é definida como um medo marcante e persistente de uma ou mais situações sociais ou de desempenho, em que a pessoa está exposta a desconhecidos ou a avaliação dos outros e teme demonstrar ansiedade, agir de modo humilhante ou embaraçante. Os sintomas da fobia social constituem uma resposta condicionada adquirida por meio da associação entre o objeto fóbico (o estímulo condicionado) e uma experiência aversiva, sendo que a experiência pode ser direta, por observação ou por regras (transmissão de informações). Assim instalada, a evitação da situação fóbica impede ou reduz a ansiedade condicionada, reforçando consequentemente o comportamento evitativo, portanto este reforço negativo mantém a ansiedade. (ANDRÉS, BAS E CABALLO) Um aspecto característico da Fobia Social é o temor da avaliação negativa por parte dos demais e normalmente o comportamento se deteriora somente quando outras pessoas podem estar observando, ou seja, em situações públicas. Algumas situações sociais mais temidas pelos sujeitos com Fobia Social são: iniciar ou manter conversações; apresentar trabalhos, ir a uma festa, comportar-se assertivamente; telefonar; devolver produto à loja onde comprou; comer/beber em público; ficar com alguém (no sentido sexual); ir a banheiros públicos. Quando uma pessoa espera sentir-se incômoda em um encontro social, com medo de enfrentar e com dificuldades para lembrar do que deseja falar,
3 pode ter excessiva atenção nas interações públicas e desviar o foco da tarefa a ser exercida. Isto pode aumentar os respondentes. Com tantas sensações corporais, altera-se a espontaneidade na interação e consequentemente aumenta a probabilidade de que a tarefa de dizer algo para alguém seja comprometida, acontecendo a frustração esperada. Assim, ele avalia inadequadamente suas próprias experiências, o que muitas vezes acaba funcionando como profecia autorrealizadora. A partir dessas situações o sujeito promove ativação emocional e passa a desenvolver um padrão de comportamentos evitativos (FALCONE, 2001). A presença de um transtorno de ansiedade pode vir acompanhado da ocorrência de outros, como depressão, abuso de álcool e de ansiolíticos, ataques de pânico, transtorno evitativo de personalidade (em casos mais graves) (FALCONE, 2001). A etiologia da Fobia Social é multifatorial, pode ter sua influencia genética, mas as experiências de aprendizagem direta ou por comportamentos verbais são cruciais para favorecer a ocorrência do problema. O transtorno de Fobia Social pode começar a se manifestar na infância, mas segundo Falcone (2001) autores afirmam que o transtorno tem ênfase na adolescência, pois é o momento em que os medos sociais começam a ser encontrados em contextos em que o controle das situações são incertos ou tem de ser estabelecido. AVALIAÇÃO DA FOBIA SOCIAL A avaliação da fobia social ocorre de acordo com o modelo de análise funcional. Há inventários para a coleta de dados, em que o individuo pontua o nivel de ansiedade diante de uma lista de situações. Além disso, o registro de
4 comportamento feito como tarefa para casa contribui para descrever os comportamentos de evitação, as situações em que ocorrem, as consequências ambientais e outros fatores, como regras relacionadas. TRATAMENTO A psicoterapia clínica comportamental pode ser feita de forma grupal ou individual. O tratamento apropriado para a fobia social envolve exposição às contingencias, com aproximações sucessivas, mesmo que ocorra de forma imaginária, essa exposição é necessária para enfraquecer o condicionamento dos estímulos neutros com os aversivos, assim como de seus respondentes. O terapeuta deve ensinar que as causas de sua fobia social não são os respondentes de ansiedade. Juntamente, se faz necessário o treinamento de habilidades sociais e assertividade (FALCONE, 2001). Um exemplo interessante de tratamento de fobia social que foi realizado em grupo através dos moldes comportamentais, Márcio Bernik, médico psiquiatra, que coordena o Ambulatório de Transtornos de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo, em uma entrevista ao Dr. Drauzio Varella fala sobre o tratamento da fobia social em um projeto em 2003 que coordenava: O tratamento da fobia social requer sempre múltiplas abordagens, visto não ser uma doença de causas biológicas somente, nem de causas psicológicas apenas. Há vários indícios de que certos indivíduos têm alguns sistemas serotonérgicos diminuídos e a serotonina exerce papel importante na mediação do estresse. Esses indivíduos com tônus serotonérgico mais baixo, lidam pior com situações aversivas. Parece que também a dopamina, neurotransmissor
5 associado com a motivação e com a busca de gratificação, está diminuída em alguns pacientes com fobia social. Medicamentos como os antidepressivos e os tranquilizantes são necessários para apagar o excesso de reatividade emocional e ansiedade. Entretanto, nenhum medicamento vai ensinar um homem de 35 anos a conversar com uma mulher, coisa que deveria ter aprendido num bailinho aos onze, doze anos de idade. Existem aspectos que não são biológicos, que dependem de aprendizado, essas situações requerem treinamento de habilidades sociais, que pressupõe aprender a fazer e a receber elogios, a reclamar, a posicionar-se e a exigir os direitos que lhe cabem, a falar em público, entre outros. O passo seguinte é a terapia de exposição. Pede-se que, dentro de uma hierarquia razoável, a pessoa se exponha aos piores medos de forma sistemática, gradual e progressiva de modo a ir obtendo vivências de sucesso, o que leva à diminuição da ansiedade antecipatória, o grande vilão que antecede ao enfrentamento das situações. A técnica de psicoterapia consistiu em vinte sessões estruturadas, nas quais era proposto e discutido um tema. Depois, como num teatro a que chamamos de role playing, o grupo de pacientes simulava as situações ali abordadas e, como lição de casa, cabia-lhes praticar aquele aprendizado na vida real. Na sessão seguinte, o tema era retomado para analisar as dificuldades de cada um dos participantes e todo o processo era repetido com novo tema. A vantagem do tratamento combinado, além dos ótimos resultados, é o baixo custo que permite realizá-lo em instituições públicas ou escolas porque é feito em grupo (o que otimiza o uso de pessoal humano) e em tempo mais curto. (VARELA, 2012)
6 REFERÊNCIAS DSM-IV. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Coordenação M. R. Jorge. Tradução Dayse Batista, 4. ed., Porto Alegre: Artes Médicas, FALCONE, M. de O. F. Em: B. RANGÉ (Org). Psicoterapia Comportamental e Cognitiva: Transtornos Psiquiátricos, vol. II. Campinas: Livro Pleno, MÉNDEZ, F. X.; OLIVARES, J.; BERMEJO, R.M. Características e tratamento dos medos, fobias e ansiedades específicas In: Caballo VE, Simón MA, editors. Manual de Psicologia Clínica Infantil e do Adolescente: transtornos gerais. Santos: Editora Santos; VARELLA, D. Entrevista: O que é Fobia Social? Disponível em: < Acesso em: 26 set. 2012
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