O USO DE MORINGA OLEIFERA COMO PURIFICADOR NATURAL DE ALIMENTOS
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- Cíntia Oliveira Anjos
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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA 4ª Semana do Servidor e 5ª Semana Acadêmica 2008 UFU 30 anos O USO DE MORINGA OLEIFERA COMO PURIFICADOR NATURAL DE ALIMENTOS Luiz Faustino Silva Pereira Neto 1, Fazenda Sobradinho s/n - Caixa Postal 592 CEP , Uberlândia-MG. lfsp18@hotmail.com Gelder Alves Rosa¹ gelder_rosa@hotmail.com Elaine Barbosa de Morais 1 laninhaeafudi@hotmail.com Ana Carolina Oliveira Mesquita¹ carolmesquitapink@hotmail.com Pedro Henrique F. Tomé 2 pedrot@eafudi.com.br Resumo: A Moringa oleifera é uma hortaliça arbórea não convencional, utilizada como coagulante natural de água no Sudão e na Indonésia. Alguns países africanos estão fazendo plantios de M. oleifera para purificar a água. A pasta feita das sementes cruas é antibacteriana, as substâncias ativas são encontradas nos cotilédones das sementes, possuindo três componentes principais: o ben-oil, o floculante - que são polipeptídios (proteínas) substancias ainda não claramente identificadas - e a substância antimicrobiana (4-(-L-Rhamnosyloxybenzylisothiocyanate (RI)). Assim como na água, nos alimentos, as bactérias e os fungos são microrganismos de interesse, pois são responsáveis por processos de deterioração e por toxinfecções. Foram realizadas análises microbiológicas de três amostras de leite bovino não pasteurizado, com os seguintes grupos de microorganismos: bactérias aeróbias mesófilas totais; coliformes totais; coliformes fecais, Staphylococcus aureus e bolores e leveduras. Em seguida adicionou-se 8g/L da pasta obtida através de cotilédones de sementes de M. oleifera devidamente macerados à amostra, por um período de 2 horas. Transcorrido este período, fez-se novamente o exame microbiológico da amostra com os mesmos grupos de microorganismos. Palavras Chave: Moringa Oleifera, 4-(-L-Rhamnosyloxybenzylisothiocyanate (RI), antibactericida. 1 Acadêmico(s) do curso superior de Tecnologia em Alimentos. 2 Doutor, docente, orientador.
2 1. INTRODUÇÃO Existe atualmente no processo de industrialização de alimentos inúmeros conservantes químicos que são carcinogênicos e cumulativos no organismo, por isso a importância de se descobrir inibidores bacterianos naturais. Assim como na água, nos alimentos, as bactérias e os fungos são microrganismos de interesse, pois são responsáveis por processos de deterioração e por toxinfecções. Os coliformes podem se diferenciar em dois grupos: coliformes totais e coliformes fecais. A contagem do grupo coliforme e a contagem padrão de bactérias aeróbicas mesófilas são consideradas indicadores, pois avaliam as condições higiênicas no pós-processamento de alimentos, indicando também a possibilidade de ocorrerem outros organismos entéricos. Alguns sorotipos de Escherichia coli são responsáveis por gastrenterites, especialmente em crianças, idosos e convalescentes. Staphylococcus aureus são microrganismos patogênicos capazes de produzir enterotoxinas, causando vários tipos de intoxicações. O grupo de bolores e leveduras em alimentos representa perigo pela existência de fungos toxigênicos Moringa oleifera A Moringa oleifera é uma hortaliça arbórea não convencional, nativa de regiões subhimalaias no noroeste da Índia, pertencente a família Moringaceae que é composta de um único gênero ( moringa) com um total de quatorze espécies conhecidas, é um arbusto de pequeno porte alcançando no máximo 12m. de altura (imagem 1), de copa aberta usualmente com apenas um tronco central, possui flores que emergem em panículas de cor creme ( figura 2), conhecida por vários nomes de acordo aos seus diferentes usos, também é conhecida por baqueta pela forma de seus frutos ( figura 3) que é um alimento básico em países como Índia e alguns países africanos (RANGEL, 2007), é utilizada como coagulante natural da água no Sudão e na Indonésia (JAHN, 1986). Em alguns países africanos, como Quênia e Nigéria, órgãos responsáveis pelo tratamento da água estão fazendo plantios de M. oleifera para purificar a água. A pasta feita das sementes cruas é antibacteriana, as substâncias ativas são encontradas nos cotilédones das sementes (figura 4), possuindo três componentes principais: o ben-oil, o floculante - que são polipeptídios (proteínas) substancias ainda não claramente identificadas - e a substância antimicrobiana(4(lrhamnosyloxybenzylisothiocyanate (RI)) No processo de purificação, a carga bacteriana pode ser reduzida em até 97% em pouco tempo. (SILVA; KERR, 1996). Figura1- Árvore de Moringa oleifera. 2
3 Figura 2- Flores de Moringa oleifera. Figura 3- Frutos de Moringa oleifera. Figura4- Sementes de Moringa oleifera. 3
4 2. MATERIAL E MÉTODOS Foram realizadas análises microbiológicas de três amostras de leite bovino não pasteurizado, com os seguintes grupos de microorganismos: bactérias aeróbias mesófilas totais; coliformes totais; coliformes fecais, Staphylococcus aureus e bolores e leveduras. As análises microbiológicas foram realizadas no Laboratório de Microbiologia da Escola Agrotécnica Federal de Uberlândia (EAFUDI). Em seguida adicionou-se 8g/L da pasta obtida através de cotilédones de sementes de M. oleifera devidamente macerados às amostras, por um período de 2 horas. Transcorrido este período, fez-se novamente o exame microbiológico das amostras com os mesmos grupos de microorganismos e mesmo método Staphylococcus aureus Inoculação de diluições na superfície de placas de Agar Baird-Parker encubadas invertidas a 35 ± 1 C/48 h para contagem de Staphylococcus aureus, cuja composição evidencia a habilidade desse microrganismo de crescer na presença de 0,01 a 0,05% de telurito de potássio em combinação com 0,2 a 0,5 % de cloreto de lítio e 0,12 a 1,26% de glicina, o Staphylococcus aureus reduz anaeróbia e aerobiamente o telurito de potássio, produzindo colônias negras. O ágar Baird-Parker suplementado com solução de gema de ovo possibilita a verificação das atividades proteolítica e lipolítica do Staphylococcus aureus, por meio do aparecimento de um halo de transparência e um de precipitação ao redor da colônia, respectivamente. Inoculou-se sobre a superfície seca do ágar Baird-Parker, 0,1 ml de cada diluição selecionada, com o auxílio de alça de espalhou-se o inóculo cuidadosamente por toda a superfície do meio, até sua completa absorção. Para confirmação utilizou-se a prova da catalase, com auxílio da Pipeta de Pasteur, retirou-se uma alíquota do cultivo e transferiu-se para uma lâmina ou placa de vidro contendo uma gota de peróxido de hidrogênio a 3%. Misturou-se o inóculo ao peróxido e observar a reação. A não formação de borbulhas indica prova negativa para catalase, a formação de borbulhas indica prova positiva para catalase, sendo que Staphylococcus aureus são catalase positiva Grupo coliforme Prova presuntiva Inoculação da amostra em caldo lauril sulfato de sódio, em que a presença de coliformes é evidenciada pela formação de gás nos tubos de Durhan, produzido pela fermentação da lactose contida no meio. O caldo lauril sulfato de sódio apresenta, em sua composição, uma mistura de fosfatos que lhe confere um poder tamponante, impedindo a sua acidificação. A seletividade do meio se deve à presença do lauril sulfato de sódio, um agente surfactante aniônico que atua na membrana citoplasmática de microrganismos Gram positivos, inibindo o seu crescimento Prova confirmativa para coliformes totais A confirmação da presença de coliformes totais é feita por meio da inoculação dos tubos positivos para a fermentação de lactose em caldo verde brilhante bile lactose 2% e posterior incubação a 36 +/- 1ºC. A presença de gás nos tubos de Durhan do caldo verde brilhante evidencia a fermentação da lactose presente no meio. O caldo verde brilhante bile lactose 2% apresenta, em sua composição, bile bovina e um corante derivado do trifenilmetano (verde brilhante), responsáveis pela inibição dos microrganismos Gram positivos Prova confirmativa para coliformes termotolerantes 4
5 A confirmação da presença de coliformes termotolerantes é feita por meio da inoculação em caldo EC, com incubação em temperatura seletiva de 45 +/- 0,2ºC a partir dos tubos positivos obtidos na prova presuntiva. A presença de gás nos tubos de Durhan evidencia a fermentação da lactose presente no meio. O caldo EC apresenta em sua composição uma mistura de fosfatos que lhe confere um poder tamponante, impedindo a sua acidificação. A seletividade do meio se deve à presença de sais biliares, responsáveis pela inibição dos microrganismos Gram positivos Contagem padrão de microrganismos mesófilos aeróbios Semeadura das diluições em Ágar padrão para contagem (PCA); para contagem seguida de incubação invertida em temperatura de 36 -/+ 1ºC por 48 horas Bolores e leveduras A verificação da capacidade desses microrganismos se desenvolverem em meios de cultura com ph próximo a 3,5 e temperatura de incubação de 25 -/+ 1ºC. A utilização de meios acidificados a ph 3,5 -/+ 0,1 promove seletivamente o crescimento de fungos, inibindo a maioria das bactérias presentes no alimento. Acidificou-se o Agar em Agar batata dextrose (BDA) até ph 3,5 por meio da adição de 1,5 ml de solução de ácido tartárico 10% para cada 100 ml de meio. A incubação ocorreu em 25ºC/72 h. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A utilização de sementes de M. oleifera como purificador natural de alimentos, não mostrou resultados significativos na eliminação de microrganismos do grupo coliformes totais, coliformes fecais e microrganismos aeróbios mesofilos totais. Já na eliminação de Staphylococcus aureus houve redução de 55,17% na amostra em que foi adicionada a pasta de cotilédones de M. oleifera. No grupo de bolores e leveduras foram eliminados da amostra 98,18%. A Tabela a seguir apresenta a distribuição de microrganismos aeróbios mesófilos, coliformes totais, coliformes fecais, Staphylococcus aureus e fungos e leveduras nas amostras de leite com e sem a pasta de cotilédones de M. oleifera. Tabela 01- Resultados médios das análises microbiológicas nas amostras RESULTADOS AMOSTRA PURA AMOSTRA COM M.oleifera ANÁLISES Coliformes totais 2400 NMP CT/mL 2400 NMP CT/ml Coliformes 2400 NMP CF/mL 2400 NMP CF/ml termotolerantes Staphylococcus aureus 2,9 x 102 UFC/mL 1,3 x 102 UFC/mL Aeróbios mesófilos > 6,5 x 106 UFC/mL > 6,5 x 106 UFC/mL Bolores e leveduras 2,2 x 102 UFC/mL 0,4 x 101 UFC/mL 4. CONCLUSÕES 5
6 A ação antibactericida da substância 4-(-L-Rhamnosyloxybenzylisothiocyanate (RI)) em Staphylococcus aureus é de interesse na indústria alimentícia, sendo que se trata de um microrganismo patogênico apontado em muitos países como o principal responsável por doenças veiculadas a alimentos. A eliminação quase completa da carga de bolores e leveduras torna o alimento sem riscos para a presença de micotoxinas. Toxicologicamente falando não existem motivos para descartar o uso de sementes para a purificação de alimentos, pois, SATTAUR (1987) (apud JAHN et. al. 1986) certificou-se que em uma suspensão de 50 sementes por 100 ml de água não causou efeitos tóxicos em ratos. 3. AGRADECIMENTOS À Escola Agrotécnica Federal de Uberlândia (EAFUDI) 4. REFERÊNCIAS BENNETT, R.W.; LANCETTE, G.A. Staphylococcus aureus. In: Bacteriological Analytical Manual Online Disponível em: < Acesso em: 06 dez BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Regulamentos técnicos de identidade e qualidade de leite e produtos lácteos. Ministério da Agricultura e do Abastecimento/ Secretaria de Defesa Animal/ Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal/ Divisão de Normas Técnicas. Brasília, D.F. Série Regulamentação Técnica de Identidade e Qualidade de Produtos de Origem Animal; n , 77p. DUERO, G.P.The Antibacterial activity of the leaves of Moringa oleifera. MCU HITCHINS, A.D.; FENG, P.; WATKINS W.D.; RIPPEY S.R.; CHANDLER L.A. Escherichia coli and the Coliform bacteria. In: Bacteriological Analytical Manual Online Disponível em: JAHN, S. A. A.; MUSNAD, H. A.BURGSTALLER, H.The tree that purifies water. Unasylva, RANGEL, Maria Salete. Embrapa - Moringa oleifera: um purificador natural de água e complemento alimentar para o nordeste do Brasil. Embrapa- Tabuleiros Costeiros - Aracajú - SE < A10moringa.htm> Acesso em: 06 dez SILVA, A. R.; KERR, W. E. Moringa: uma nova hortaliça para o Brasil. Uberlândia SILVA, N. ; JUNQUEIRA, V. C. A. ; SIVEIRA, N. F. A.. Manual de métodos de análise microbiológica de alimentos. 2. ed. São Paulo: VARELA, p. MORTON, R.D. Aerobic Plate Count.In: Compendium of Methods for the Microbiological Examination of Foods, 4. ed. Washington DC. American Public Health Association. Frances Pouch Downes & Keith Ito (Eds.), p
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