A cultura. A importância da cultura no processo de humanização
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- Paula Bernardes Paixão
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1 A cultura A importância da cultura no processo de humanização
2 A cultura A capacidade do Homem de se adaptar ao meio, transformando-o, distingue-o dos outros animais. Para aprender e desenvolver a capacidade de adaptação, não basta um programa genético aberto nem um cérebro complexo. Estas são apenas condições necessárias mas não suficientes. De facto, apesar do ser humano à nascença ser dotado de um sistema biológico complexo, este é contudo inacabado e provavelmente o mais prematuro de todo o planeta. É necessário um meio que ensine e permita aprender. É em função da qualidade das interações com os estímulos externos, isto é, das relações que ativamente estabelece com o mundo envolvente (com as outras pessoas), que o fazem evoluir.
3 A cultura Através das relações que estabelece com outros indivíduos e do que estas lhe transmitem e ensinam, o indivíduo, aprenderá a comportar-se de acordo com o que o grupo social (sociedade) exige. Assim, é desta maneira que o ser humano, imaturo e ignorante aprenderá a comportar-se como membro da sociedade cultural, adotando os seus comportamentos, normas e valores sociais. A necessidade de ser aceite, de se integrar numa sociedade são alguns dos fatores que o levam a submeter-se às diferentes formas de pressão social.
4 A cultura A cultura é o conjunto de valores, crença, conhecimentos, instituições, normas, comportamentos, produções artísticas e técnicas partilhadas pelos membros de uma sociedade, transmissíveis às gerações seguintes e resultantes da interação social. É uma herança social que provém do meio.
5 A cultura A cultura compreende dois tipos de elementos: os espirituais e os materiais. Conteúdo espiritual: Constituído pelas instituições, pelos valores, pelas normas, pelos conhecimentos, pelas crenças e ideias, pelas produções literárias e artísticas. Conteúdo material: Constituído pelas coisas e objetos produzidos e pela tecnologia para produzir objetos e instrumentos, para adquirir produtos e para transportálos.
6 Padrões culturais Estando presente em todas as sociedades, a cultura pode ser abstratamente pensada como sendo universal. No entanto, a enorme diversidade de culturas que existem num mundo obriga-nos a falar de modelos específicos ou de padrões culturais, que incluem as regras sobre o que é aceitável e expectável no seio de uma determinada cultura.
7 Padrões culturais Os padrões culturais dizem respeito a maneiras próprias e tipificadas de pensar, sentir e agir específicas de uma determinada cultura.
8 O Processo de Socialização A socialização é um processo dinâmico (exige interação) de interiorização dos padrões culturais, sob a influência de agentes socializadores significativos, (família, creches, escola, grupos de pares, meios de comunicação social, instituições sociais, políticas, religiosas, militares) que se desenvolve no interior de uma dada cultura. Consiste na aprendizagem de valores, normas e padrões de comportamento tendo como objetivo facilitar a integração social do indivíduo na sociedade e decorre ao longo de toda a nossa vida. Há dois tipos de socialização: a socialização primária e a socialização secundária.
9 A socialização primária A socialização primária realiza-se no seio da família, das escolas e dos grupos de pares que consiste na adaptação aos padrões culturais da sociedade. Visa a adaptação básica dos indivíduos à sociedade de modo a que na sua forma de pensar, agir e sentir haja um mínimo denominador comum que os torne elementos de um mesmo meio sociocultural. Processa-se durante a infância e adolescência.
10 A socialização primária A Nível Motor - são-nos transmitidas normas quanto aos gestos, atitudes corporais, horários. A Nível Afetivo - aprendemos a expressar sentimentos de forma considerada apropriada e a reprimir e recalcar aqueles que não são socialmente aceites. A Nível Ideológico - interiorizamos conceções, valores, ideias, preconceitos e estereótipos próprios da nossa cultura.
11 A socialização secundária Começa na idade adulta, ocorre ao longo de toda avida e verifica-se sempre que há mudanças(transições) significativas na nossa condição social. São situações novas que implicam uma adaptação pautada por valores, normas e conceções da cultura a que pertence. Ex: entrar no mercado de emprego, casar, o nascimento de um filho É um processo permanente ao longo da vida do indivíduo.
12 Socialização A aprendizagem por observação e imitação (também chamada modelação ou modelagem) assume um importante papel no processo de socialização. Uma grande parte dos comportamentos adquiridos ao longo da vida são aprendidos desta forma. Como ocorre a aprendizagem por observação e imitação?
13 Socialização Prestamos atenção ao que dizem e fazem e guardamos as ações que observamos. Se motivados para tal, reproduzimos os modelos fisicamente, imitamo-los. Depois, ensaiamos e repetimos mentalmente cada um destes gestos.
14 Socialização e individuação O processo de desenvolvimento social encerra duas importantes funções interrelacionadas: uma integradora (de socialização) e uma diferenciadora (de individuação). As duas acompanham o desenvolvimento ao longo da vida e contribuem para a adaptação bem-sucedida e para a formação de uma identidade pessoal coesa e dinâmica.
15 Socialização e individuação FUNÇÃO INTEGRADORA FUNÇÃO DIFERENCIADORA Através da socialização cada um de nós estabelece relações com outros e, guiado pela cultura, torna-se parte integrante da sociedade. Através da individuação construímos a nossa identidade e damos sentido à nossa existência, diferenciando-nos dos outros que nos rodeiam.
16 A transmissão cultural A cultura transforma-nos de indivíduos biológicos em seres humanos. Isolados do contacto com os outros não nos tornamos seres humanos. Sem um meio cultural humano a que pertençamos desde o início da vida, não desenvolveremos as capacidades e caraterísticas que fazem de nós seres humanos.
17 Transmissão Cultural Crianças Selvagens As crianças selvagens são crianças que cresceram com um contacto humano mínimo, ou mesmo nulo. Podem ter sido criadas por animais ou, de alguma maneira terem sobrevivido sozinhas. Normalmente, são perdidas, roubadas ou abandonadas na infância e, depois, anos mais tarde, descobertas, capturadas e recolhidas entre os humanos. Os casos que se conhecem de crianças selvagens revestem-se de grande interesse científico. Elas constituem uma espécie de grau zero do desenvolvimento humano, ensinam-nos o que seríamos sem os outros, mostram de forma abrupta a fragilidade da nossa animalidade, revelam a raiz precária da nossa vida humana.
18 Transmissão Cultural Crianças Selvagens Em termos de comportamento, as crianças selvagens exibem o comportamento social das suas famílias adotivas. Não se riem ou choram, apesar de eventualmente poderem desenvolver alguma ligação afetiva. Manifestam pouco ou nenhum controlo emocional e, muitas vezes, têm ataques de raiva podendo então exibir uma força particular e um comportamento claramente selvagem.
19 Crianças Selvagens - Fatores O fenómeno das crianças selvagens é explicado pelos seguintes fatores: O homem é um animal social: só se pode desenvolver plenamente se estiver inserido numa sociedade humana; O homem é um ser cultural: nasce desprovido de meios para poder adaptar-se, por si só, ao meio e para conseguir garantir a sua sobrevivência;
20 Crianças Selvagens - Fatores É através da socialização que o homem se integra numa sociedade e adquire as capacidades especificamente humanas: a capacidade de falar (de usar uma linguagem simbólica) ; capacidade de pensar e de fazer escolhas racionais (que só é possível graças à liberdade); a capacidade de atribuir valores à realidade e às suas ações, de forma a poder orientar a sua vida em função de normas e de escolhas pessoais.
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