PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAÍBA GAB. DES. MANOEL SOARES MONTEIRO. N a Vara Cível da Comarca de João

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1 A A \N //, N IN-4 5( PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAÍBA GAB. DES. MANOEL SOARES MONTEIRO DECISÃO APELAÇÃO CÍVEL Pessoa RELATOR APELANTE ADVOGADA APELADO ADVOGADO N a Vara Cível da Comarca de João : Des. MANOEL SOARES MONTEIRO : Unibanco A1G Seguros S/A. : Adalzira Cavalcanti : Pedro Gabriel Pereira Carneiro : Odon Bezerra C. Sobrinho Cobrança. Seguro obrigatório. DPVAT. Procedência do pedido. Seguradoras integrantes do Consórcio DPVAT. Legitimidade. Postulação administrativa. Desnecessidade. Salário mínimo. Legalidade. Aplicação do princípio tempus regit actum. Morte. Limitação do valor. Provimento parcial do apelo. A seguradora consorciada é parte legítima para figurar no pólo passivo da demanda, uma vez que tem o dever jurídico de responder pelo pagamento da indenização decorrente do seguro DPVAT, pois há consórcio de seguradoras que gerencia a distribuição dos fundos destinados ao pagamento do referido seguro. Desnecessário a postulação administrativa antes do ingresso em juízo, em face do imperativo constitucional do princípio da inafastabilidade da tutela jurisdicional prevista no art. 5, XXXV, da Constituição Federal. A aplicação do salário mínimo não ocorre como fator de reajuste, mas como mero referencial, inocorrendo, portanto, ofensa ao disposto no art. 7, inc. IV, da CF. Em atenção ao princípio de que o ato será regido pela legislação da época (tempus regit actum), deve ser aplicada ao caso o texto da lei em vigor na data do sinistro. O valor da indenização do seguro obrigatório, com a edição da MP 340/2006 convertida na Lei 11482/2007, fica limitado à R$ ,00, nos termos do seu artigo 3, I. Deve ser observada a lei vigente na data da ocorrência do evento danoso para a aferição do valor indenizatório, o qual deve ser acrescido de atualização monetária e juros moratórias segundo os critérios fixados na regulamentação específica de seg ro privado (art. 5, 1 e 7, da Lei n 6.194/1974). RELATÓRIO PEDRO GABRIEL PEREIRA CARNEIRO ajuizou ação de cobrança de seguro obrigatório DPVAT contra Unibanco AIG Seguros S/A., alegando, em resumo, ser

2 beneficiário do seguro obrigatório em face de acidente automobilístico que ' (itimou seu genitor em 11/01/2007, pugnando pela procedência do pedido, com a condenação do promovido ao pagamento da quantia equivalente a 40 salários mínimos. Contestação, fl. 39/60, alegando, preliminarmente, inépcia da inicial, ilegitimidade passiva das seguradoras consorciadas e carência de ação por falta de interesse de agir, aduzindo, ainda, no mérito, impossibilidade de vinculação da indenização ao salário mínimo, bem como a fixação na legislação da indenização para o caso de morte, inaplicabilidade da súmula 54 do STJ, impossibilidade de incidência de correção monetária a partir do evento danoso, requerendo, ao final, a improcedência do pedido. Impugnação, fl. 109/118. Sentença, fl. 120/124, julgando procedente o pedido, para condenar o promovido ao pagamento do valor correspondente a 40 salários mínimos vigentes à época do sinistro, acrescido de correção monetária (INPC), a contar do evento danoso, e juros de mora de 1% ao mês, a partir da citação, além das custas processuais e honorários advocatícios à razão de 15% sobre o valor da condenação. Recurso apelatório, fl. 127/146, alegando, em preliminar, ilegitimidade passiva das seguradoras consorciadas e carência de ação por falta de interesse de agir. No mérito, manteve os mesmos argumentos apresentados na contestação, pugnando pelo provimento do apelo, para julgar improcedente o pedido. Contra-razões, fl. 152/160. A Procuradoria de Justiça opinou pelo provimento parcial do apelo, para reformar a sentença, estabelecendo a quantia de R$ ,00 como valor da indenização. (fl. 168/172). Em síntese, é o relatório, passo a decidir. Não merece guarida a primeira preliminar de ilegitimidade passiva, haja vista ser descabida a substituição da demandada pela Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT S/A, uma vez que qualquer seguradora pertencente ao consórcio responde pelo pagamento da indenização decorrente do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres. Sobre a legitimidade passiva de todos as seguradoras que integram o consórcio DPVAT, merece destaque os arestos a seguir transcritos: "SEGURO DPVAT. EVENTO MORTE. ILEGITIMIDADE PASSIVA. QUITAÇÃO DO VALOR RECEBIDO. PAGAMENTO DA INDENIZAÇÃO NOS LIMITES DA TABELA DO CNSP. VINCULAÇÃO DO VALOR AO SALÁRIO MÍNIMO. Na cobrança de seguro DPVAT, qualquer seguradora responde pelo pagamento da indenização em virtude do seguro obrigatório, mesmo já tendo havido adimplemento parcial, em sede administrativa, por outra seguradora, em face de a responsabilidade decorrer do próprio sistema legal de proteção, conforme preceitua o art. 7, da Lei n 6.194/74. A renúncia só se opera quanto aos valores já recebidos, não atingindo a diferença a que ainda tem direito o autor. A autora é a única beneficiária do seguro "sub judice", motivo pelo qual não há falar em reserva de cota indenitária. É de 40 salários mínimos o valor da indenização para o evento morte, segundo o artigo 3, letra.ct da Lei no 6.194/74. A Lei n 6.194/74, alterada pela Lei n 8.441/92, é o único texto legal que confere competência para fixação dos valores das indenizações do seguro obrigatório, não havendo autorização legal que legitime as Resoluções do CNPS ou de qualquer outro órgão do Sistema Nacional de Seguros Privados para fixar ou alterar os valores indenizatórios cobertos pelo seguro obrigatório sobre danos pessoais causados por veículos automotores. Preliminares rejeitadas. Apelos desprovidos." (TJRS AC n , 54 CC, Relator: Umberto Gu pari Sudbrack, Julg. 31/10/2007).

3 "SEGURO OBRIGATÓRIO DE VEÍCULO. DPVAT. INVALIDEZ PERMANENTE. Preliminar de ilegitimidade passiva afastada. A iridénização atinente ao Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados por Veículgs; Automotores de Vias Terrestres (DPVAI) pode ser exigida de quariiiè -r seguradora integrante do consórcio constituído, obrigatoriamente, por todas as seguradoras que operam no referido seguro. Preliminar de carência de ação, por ausência de documento imprescindível ao exame da lide, rejeitada Preliminar de falta de interesse de agir também afastada. A quitação dada pelo autor não tem o condão de obstar o direito de cobrar a diferença entre o valor efetivamente indenizado e o previsto na Lei n 6.194/74 De acordo com a redação do art. 5 da Lei n 6.194/74, dada pela Lei n 8.441/92, o pagamento da indenização está condicionado apenas à prova do acidente e do dano decorrente. Outrossim, comprovada a invalidez permanente, o valor da indenização deve corresponder a até 40 vezes o salário mínimo vigente da época da liquidação do sinistro, porquanto a alínea 'N do art. 3 da Lei n 6.194/74 não faz diferenciação quanto ao grau da invalidez. Fixação da indenização em salários mínimos como critério de cálculo. Verba honorária majorada. Voto vencido. Apelação e recurso adesivo providos em parte." (TJRS AC n , 5' CC, Relator: Leo Lima, Julg. 31/10/2007). Frise-se, ainda, que, embora cada uma das seguradoras integrantes do consórcio DPVAT pertença a uma entidade líder, qualquer das consorciadas será responsável pelo recebimento das solicitações de indenização, como se pode observar das informações retiradas do site da SUSEP ( link informações sobre seguro DPVAT, a seguir transcritas: "Para operar no seguro DPVAT, as sociedades deverão aderir, simultaneamente, aos dois consórcios específicos, um englobando as categorias 1, 2, 9 e 10 e o outro, as categorias 3 e 4. Cada um dos consórcios terá como entidade líder uma seguradora especializada no seguro DPVA7, podendo a mesma seguradora ser a entidade dos dois consórcios. Qualquer uma das sociedades seguradoras pertencentes aos consórcios se obriga a receber as solicitações de indenização e reclamações que lhes forem apresentadas pelos segurador ou beneficiários. Os pagamento de indenização serão realizados pelos consórcios, representados por seus respectivos líderes." Por outro lado, a parte final do texto precitado culmina por consignar o que segue: 3 "Observação: a partir de 1 de janeiro de 2008, consórcios foram criados em substituição aos convênios ora existentes." Portanto, não merece guarida a presente prefaciai, uma vez que descabe a substituição da seguradora consorciada pela entidade líder da qual esta pertence, tendo em vista que tanto as normas fixadas pelo órgão regulador dessa atividade SUSEP - como a legislação que regra a matéria estabelecem a possibilidade jurídica da indenização securitária ser exigida de qualquer seguradora, quando se tratar deste tipo de seguro, cuja natureza jurídica decorre de obrigação legal. Quanto a preliminar de carência de ação por falta de interesse processual, esta, também, não é digna de acolhimento, haja vista que este se configura com a necessidade da parte de ingressar em juízo na intenção de obter a tutela jurisdicional perseguida. Nesse caso, o interesse processual do apelado reside justamente no direito de requerer, em juízo, o pagamento da gratificação que entende ser devida. Já é questão pacífica a desnecessidade de esgotamento da via administrativa para que a parte ingresse com ação judicial, ante os postulados constitucionais do acesso à informação insculpidos no art. 5 0, XIV, e do livre acesso à justiça gravado no art. 5 0, XXXV, todos da Constituição Federal. Daí que, não há falar em carência de ação por ausência de interesse. Interesse processual efetivamente há.

4 Por conseguinte, rejeito a presente preliminar. Passo a seguir a análise meritória. No tocante à questão do uso do salário mínimo pela Lei 6.194/74, frente ao disposto no art. 7, inciso IV, da Constituição Federal, tenho que a referida lei foi recepcionada pela nova ordem constitucional. Ocorre que o valor da cobertura do seguro obrigatório é em salários mínimos, o que é diferente do uso como indexador. A Lei n 6.205/75 veda a utilização do salário mínimo para indexação, correção, atualização de débitos, etc. Neste caso, não estamos tratando disso, mas de cláusula contratual em que uma parte assumiu o compromisso de fazer certa prestação definida no contrato. Daí por que não se deve aplicar, na hipótese, a restrição que tem o objetivo de impedir inflação. O salário mínimo é o parâmetro legalmente estabelecido para o tarifamento das indenizações derivadas do seguro obrigatório (artigo 3 da lei n /74) e sua utilização com esse desiderato não importa em lhe conferir a natureza de indexador, do que não emerge qualquer ofensa ao texto constitucional (CF, artigo 7, IV), pois sua utilização destinara-se simplesmente a assegurar a identidade dos importes mensurados no tempo, não implicando em sua utilização como fator de atualização monetária. Portanto, neste caso, não me parece que se esteja a aplicar quarenta salários mínimos como um indexador, mas, sim, como base de indenização legal. Ele é o próprio valor da indenização e não um valor de correção da indenização. Por essas circunstâncias particulares da espécie, parece-me que ele não estaria na restrição da Constituição Federal; ele é o valor-base da indenização; assim foi contratado e cobrado com base naquela estipulação. Ao se admitir um valor histórico ou um valor diverso daquele, na verdade, estar-se-ia fazendo uma alteração no próprio âmago, na própria essência do seguro obrigatório e com uma perda evidente para a parte contratante, e mais especialmente para o lesado. Dessa forma vem decidindo o STJ: "CIVIL. SEGURO OBRIGATÓRIO (DPVAT). VALOR QUANTIFICADO EM SALÁRIOS MÍNIMOS. INDENIZAÇÃO LEGAL. CRITÉRIO. VALIDADE. LEI N /74. I. O valor de cobertura do seguro obrigatório de responsabilidade civil de veículo automotor (DPVAT) é de quarenta salários mínimos, assim fixado consoante critério legal específico, não se confundindo com índice de reajuste e, destarte, não havendo incompatibilidade entre a norma especial da Lei n /74 e aquelas que vedam o uso do salário mínimo como parâmetro de correção monetária. II Recurso especial não conhecido." (STJ REsp /RS 2a Seção Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito Rel. p/ Acórdão Min. Aldir Passarinho Junior DJ , p. 265). Na jurisprudência do TJRS é pacífico o entendimento de que é aplicável o art. 3 da Lei n 6.194/74, valendo transcrever acórdão de lavra do eminente Desembargador Carlos Alberto Alvaro de Oliveira, de n : "SEGURO OBRIGATÓRIO (DPVAT). DECORRENDO A INDENIZAÇÃO PELO SEGURO OBRIGATÓRIO DE LEI É DEVIDA TENHA HAVIDO PAGAMENTO OU NÃO DO PRÊMIO E MESMO SE NÃO COMPROVADA A REALIZAÇÃO DO SEGURO. A Lei 8.441/91 só veio a explicitar o que já estava ínsito na Lei 6.194/74. Precedentes do ST,I. Inexistência de ofensa a direito adquirido ou ato jurídico perfeito. Constitucionalidade da regra, porquanto condizente com a norma contida no art. 192 da Constituição da República. PORTARIA DO CNSP. LIMITAÇÃO DA INDENIZAÇÃO. Não pode prevalecer Portaria contrária aos ditames da Lei n 6194/74, quando impuser limitação da indenização devida pela seguradora sem correspondência cone o regime legal

5 referido. Juros moratórios. Explicitação. Devidos, desde a citação, à taxa 6% ao ano até a entrada em vigor do novo Código Civil, quando Passaram a serj de 12% ao ano. Apelação desprovida, rejeitada a preliminar." -: : Assim, nenhuma ilegalidade na utilização do salário mínimo. Pois bem, diz o art. 3 da Lei 6194/74: "Art. 3 0 Os danos pessoais cobertos pelo seguro estabelecido no artigo 2 compreendem as indenizações por morte, invalidez permanente e despesas de assistência médica e suplementares, nos valores que se seguem, por pessoa vitimada: a) 40 (quarenta) vezes o valor do maior salário mínimo vigente no País no caso de morte; b) até 40 (quarenta) vezes o valor do maior salário mínimo vigente no País - no caso de invalidez permanente; c) até 8 (oito) vezes o valor do maior salário mínimo vigente no País - como reembolso à vítima - no caso de despesas de assistência médica e suplementares devidamente comprovadas". É cediço que para o pagamento da indenização ora pleiteada, a Lei 6.194/74 exige, em seu art. 5, a simples prova do acidente e do dano dele decorrente, abolida qualquer franquia de responsabilidade do segurado. No presente caso, o apelado logrou provar o evento danoso, conforme se verifica da documentação acostada às fl. 18/25, restando preenchidos todos os requisitos elencados na Lei n /74, inexistindo qualquer outra exigência para que se efetue o pagamento da indenização referente ao seguro obrigatório. Assim, verificando-se nos autos que toda a documentação exigida foi devidamente apresentada, não se pode criar obstáculo ao pagamento da indenização a que fazem jus. Em relação à insurgência sobre o valor a ser indenizado, tenho que razão assiste a seguradora. Isto porque o sinistro aconteceu em 11/01/2007, quando já em vigor a MP que foi posteriormente convertida na Lei 11482/2007, que assim estabelece: "Art. 8. Os arts. 3o, 4o 5o e 11 da Lei no 6.194, de 19 de dezembro de 1974, passam a vigorar com as seguintes alterações: Art. 3. Os danos pessoais cobertos pelo seguro estabelecido no art. 2o compreendem as indenizações por morte, invalidez permanente e despesas de assistência médica e suplementares, nos valores que se seguem, por pessoa vitimada: 1- R$13.500,00 (treze mil e quinhentos) - no caso de morte; II - até R$13.500,00 (treze mil e quinhentos reais) - no caso de invalidez permanente; e III - até R$2.700,00 (dois mil e setecentos reais) - como reembolso à vítima - no caso de despesas de assistência médica e suplementares devidamente comprovadas". Dessa forma, devida é a indenização securitária, obedecido o teto de R$ ,00 (treze mil e quinhentos reais) estabelecido pela MP 340/2006, convertida na Lei 11482/2007, merecendo, pois, reparos, nesse ponto, a r. decisão de 1 grau. Continuando, no que diz respeito ao termo inicial dos juros moratórios e da correção monetária, não merece qualquer reparo a decisão recorrida. Sobre o ass nto, a Lei n 6.194/74 dispõe, em seu art. 5, 7 : "Art. 5. (.) sç 7. Os valores correspondentes às indenizações, na hipótese de não cumprimento do prazo para o pagamento da respectiva obrigação pecuniária,

6 e sujeitam-se à correção monetária segundo índice oficial nlègul mente ' estabelecido e juros moratórios com base em critérioarfixados na regulamentação especifica de seguro privado." Grifei., Atento a este dispositivo, tem-se que a Circular n 255, de 04 de junho de ,-da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), dispõe sobre a atualização de valores relativos às operações de seguros, de previdência complementar aberta e de capitalização, e, em seu Anexo I, dispõe: "Art. 8 Os valores das obrigações pecuniárias das sociedades seguradoras, das entidades abertas de previdência complementar e das sociedades de capitalização, em relação aos contratos firmados com os respectivos consumidores, não contempladas nos artigos 4, 5, 6 e 7 deste anexo, sujeitam-se à atualização monetária pela variação positiva do índice estabelecido no plano, na hipótese de não cumprimento do prazo para o pagamento da respectiva obrigação pecuniária. Parágrafo único. (..) Art. 9 Para efeito do disposto no artigo anterior, consideram-se as seguintes datas de exigibilidade: para as coberturas de acidentes pessoais, a data do acidente;" Grifei. Tratando-se o DPVAT de "Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados por veículos automotores de via terrestre, ou por sua carga, a pessoas transportadas ou não", podem ser aplicados os dispositivos acima transcritos, sendo, portanto, correta a aplicação da correção monetária desde a data do evento danoso, quando surgiu o direito à percepção da indenização. Além do mais, é cediço que a correção monetária constitui-se apenas numa reposição do valor da moeda, trata-se de uma necessidade concreta em face da depreciação do valor real da moeda, ocorrência comum em uma realidade inflacionária como é a brasileira. Sendo necessário tal reajuste, fixar o termo inicial em data posterior ao surgimento do direito constitui-se, efetivamente, na criação de uma ficção sem amparo legal e econômico, causando o empobrecimento indevido do credor e o enriquecimento ilícito do devedor, o que, em última análise, caracteriza o confisco de valores que integram o patrimônio do titular do crédito. Sobre a correção monetária, o Superior Tribunal de Justiça já assentou: que "(...) a correção monetária não se constitui em um plus; não é uma penalidade, sendo, apenas, a reposição do Valor real da moeda, corroído pela inflação, independe de culpa das partes. (...)" (EREsp /SP, Rel. Min. José Delgado, Corte Especial, DJ ). No tocante ao marco inicial dos juros moratórios, a Circular acima referida é omissa, devendo-se aplicar o Código Civil de 2002, de maneira que também não merece reforma a sentença, uma vez que o art. 405 do CC/2002 é expresso em determinar que "contam-se os juros de mora desde a citação inicial". Feitas estas considerações, REJEITO AS PRELIMINARES ARGÜIDAS E DOU PARCIAL PROVIMENTO AO APELO, com fulcro no art. 557, 1 -A, do Código de Processo Civil, para reformar a sentença, apenas no que tange ao valor da indenização, devendo ser esta no valor de R$ ,00, mantendo a sentença em seus demais termos. João Pessoa(PB), 12 de fevereiro de , imd,a) Des. ANOEL SOARES MONTEIRO Relator

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