2ª edição revista, ampliada e atualizada
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- Giovanni Cavalheiro Madeira
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1 353 2ª edição revista, ampliada e atualizada 2017
2 Lógica de Argumentação 11 CAPÍTULO I LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO 01. (CESPE/ FUNPRESP-JUD/2016) Julgue o item a seguir, a respeito das maneiras de pensar com argumentos racionais. Considere o texto a seguir: No meu trabalho, troquei meu computador usado por um novo, da marca X, e ele parou de funcionar quando ainda estava na garantia. Preciso comprar um computador para o meu filho, mas não vou comprar um da marca X porque, com certeza, esse também vai apresentar algum problema antes de expirar a garantia.. É correto afirmar que a argumentação apresentada no texto foi construída com base em um raciocínio por abdução. A abdução estabelece apenas a probabilidade da conclusão da inferência e não necessariamente a sua verdade. Na realidade, um mesmo efeito pode ser o efeito de diferentes causas e, por conseguinte, a simples constatação da presença de um dado efeito B em determinadas circunstâncias juntamente com o conhecimento de que, nessas circunstâncias, a putativa presença do acontecimento A teria constituído uma causa da ocorrência do acontecimento B pode não ser suficiente para permitir a identificação categórica daquela de entre as suas possíveis causas que efetivamente originaram a presença de B. Enciclopédia termos lógico-filosóficos-edição de João Branquinho/Desiderio Murcho e Nelson Gonçalves. A questão deixa claro que com certeza, esse também vai apresentar algum problema antes de expirar a garantia Resposta: errado. 02. (CESPE/ FUNPRESP-JUD/2016) Julgue o item a seguir, a respeito das maneiras de pensar com argumentos racionais. Situação hipotética: Ao arrumar a sala de um professor, o faxineiro encontrou, no chão, dois livros escritos em língua estrangeira. Como havia
3 12 Josimar Padilha várias estantes na sala, o faxineiro as observou e desenvolveu o seguinte raciocínio: De todos os livros que estou vendo aqui, os que são escritos em língua estrangeira ficam na estante de madeira. Esses dois livros são escritos em língua estrangeira. Logo, eles devem ficar na estante de madeira. Vou colocá-los lá.. Assertiva: Nessa situação, o empregado desenvolveu um raciocínio dedutivo válido. Podemos representar o argumento: Premissa 1: De todos os livros que estou vendo aqui, os que são escritos em língua estrangeira ficam na estante de madeira. Premissa 02: Esses dois livros são escritos em língua estrangeira. Conclusão: Logo, eles devem ficar na estante de madeira. Validade de um Argumento Um argumento será válido, legítimo ou bem construído quando a conclusão é uma consequência obrigatória do seu conjunto de premissas. Sendo as premissas de um argumento verdadeiras, isso implica necessariamente uma conclusão verdadeira. A validade de um argumento depende tão somente da relação existente entre as premissas e a conclusão. p 1 (V)^ p 2 (V) ^ p 3 (V) ^ p 4 (V) ^ p 5 (V)... p n (V) C(V) Na questão temos que as verdades das premissas não garantem a verdade da conclusão, uma vez que sendo verdade as premissas 1 e 2, isto não é suficiente para garantir que aqueles livros encontrados no chão devem ficar na estante de madeira. A banca exigiu também um entendimento do que vem a ser uma dedução, ou seja, raciocínio que parte de premissas com sentido geral para uma conclusão com sentido particular. Temos no item que a conclusão do argumento vai além daquilo que as premissas fornecem. Resposta: Errado. 03. (CESPE/ FUNPRESP-JUD/2016). Julgue o item a seguir, a respeito das maneiras de pensar com argumentos racionais. Situação hipotética: Uma indústria farmacêutica produziu um novo medicamento para tratamento de enxaqueca. Como o princípio ativo desse medicamento é uma nova substância Z, foram feitos três testes,
4 Lógica de Argumentação 13 cada um envolvendo pessoas diferentes, a fim de determinar se a substância Z causa efeitos colaterais significativos. Os resultados dos testes são apresentados na tabela a seguir. Percentual de indivíduos testados que Teste relataram efeitos colaterais 1 3% 2 2% 3 0,3% Com base nos resultados dos testes, a empresa concluiu que a substância Z não causa efeitos colaterais significativos. Assertiva: Nessa situação, a conclusão da empresa se baseou em um raciocínio por indução. Um argumento é dito indutivo quando sua conclusão traz mais informações que as premissas fornecem. É um argumento de conclusão ampliativa. É o mais usado pelas ciências. Por meio dos argumentos indutivos é que as ciências descobrem as leis gerais da natureza. O argumento indutivo geralmente parte de dados da experiência e desses dados chega a enunciados universais. Além disso, todas as conjecturas que a ciência faz têm por base a indução. Com base em dados particulares do presente as ciências fazem as conjecturas do futuro. Na questão a indução é realizada, pois partindo de 3 testes (particular) infere-se o geral (são 3000 pessoas). Resposta: Correto. 04. (CESPE/ FUNPRESP-JUD/2016) Considere o seguinte silogismo: Em cada mão, os seres humanos têm quatro dedos. Em cada pé, os seres humanos têm três dedos. Logo, os seres humanos têm mais dedos nas mãos que nos pés. No silogismo apresentado, a conclusão é uma consequência das premissas. Um silogismo é uma forma particular de argumento dedutivo que tem duas premissas e uma conclusão, sendo categóricas as frases que consti-
5 14 Josimar Padilha tuem as premissas e a conclusão. Para mais, no conjunto das premissas e conclusão não existem mais de três termos, o termo que ocorre duas vezes nas premissas não ocorre na conclusão. Como todos os argumentos dedutivos, os silogismos podem ser válidos ou inválidos. Enciclopédia termos lógico-filosóficos-edição de João Branquinho/Desiderio Murcho e Nelson Gonçalves. Premissa 01: Em cada mão, os seres humanos têm quatro dedos. Premissa 02: Em cada pé, os seres humanos têm três dedos. Conclusão: Logo, os seres humanos têm mais dedos nas mãos que nos pés. Desta forma podemos afirmar que no argumento apresentado a conclusão é uma consequência das premissas. Resposta: correto. 05. (CESPE/ FUNPRESP-JUD/2016) Considere o seguinte silogismo: Considerando as características do raciocínio analítico e a estrutura da argumentação, julgue o item que se segue. Situação hipotética: Em um processo de seleção para uma vaga de emprego em determinada empresa, um membro da comissão de seleção, em referência a certo candidato, afirmou: É um forte candidato à vaga, mas não tem um bom currículo. Assertiva: Nessa situação hipotética, a afirmação do membro da comissão apresenta maior peso argumentativo no trecho, mas não tem um bom currículo. Podemos observar que a frase expressa pela comissão possui um caráter negativo, deixando em evidencia que o candidato não possui um bom currículo. No raciocínio analítico temos situações que devemos interpretar o conteúdo da informação, isso transcende alguns princípios da lógica formal. Resposta: correto. 06. (CESPE/ FUNPRESP-JUD/2016) Considerando as características do raciocínio analítico e a estrutura da argumentação, julgue o item que se segue. A assertiva Sempre que venho aqui, chove. Logo, minha vinda é positiva, pois traz chuva para cá apresenta um raciocínio falacioso, mediante o qual se define erroneamente um evento como a causa de outro.
6 Lógica de Argumentação 15 Falácia é um defeito de raciocínio. Em geral, esse defeito passa despercebido, criando, assim, a ilusão de se estar na presença de um raciocínio correto. Essa ilusão pode ser partilhada, ou não, por quem propõe o raciocínio e por aqueles a quem ele se destina. As falácias podem afetar quer os raciocínios deduti vos, quer os indutivos. O Que é uma Falácia? A noção de falácia é híbrida: tem aspectos lógicos e aspectos psicológicos (eventualmente, até, sociológi cos). As noções híbridas desse tipo estão longe de ser pérolas conceptuais, mas revelam-se, por vezes, úteis para fins pedagógicos e práticos. É, talvez, esse o caso da noção de falácia. Não existe uma teoria geral das falácias, nem uma classificação das falácias que seja consensualmente aceite. No entanto, há bons indicado res do que não é uma falácia. Uma falácia não pode ser identificada simplesmente com um raciocínio a partir de premissas falsas, visto que raciocínios desse tipo podem ser, se dedutivos, válidos ou, se indutivos, fortes; e, em qualquer dos casos, não serão falaciosos. Uma falácia também não pode ser identificada com um raciocínio a partir de premissas inconsistentes; se fosse esse o caso, todas as demonstrações por reductio ad absurdum seriam falaciosas, e não é assim. Por fim, uma falácia não pode ser identificada simplesmente com um raciocínio inválido, se dedutivo, ou com um raciocí nio fraco, se indutivo; se fosse esse o caso, a noção de falácia seria coo extensiva da reunião das outras duas e nada mais haveria a dizer sobre ela que não tivesse já sido dito sobre as outras duas, e também não é assim. Uma falácia pode iludir, ou enganar, umas vezes obscurecendo a forma do argumento e criando a ilusão de validade; outras vezes, construindo o raciocínio de um modo tal que se torne (virtualmente) imperceptí vel a falta de uma premissa que, se descoberta, seria imediatamente compreendida como falsa; outras vezes, ainda, dando a uma premissa falsa uma formulação que é susceptível dá a fazer passar por verdadeira. A princi pal motivação para o raciocínio falacioso reside, talvez, na vontade de persuadir um auditório sem ter razões (ou provas) suficientes para o convencer. Por vezes a pri meira dessas duas componentes pode ser de tal forma forte que o carácter falacioso do raciocínio pode mesmo iludir o seu promotor. Enciclopédia termos lógico-filosóficos-edição de João Branquinho/Desiderio Murcho e Nelson Gonçalves. Desta forma podemos inferir que o raciocínio apresentado no item corresponde a uma falácia. Resposta: correto.
7 16 Josimar Padilha 07. (CESPE/POLÍCIA CIENTÍFICA PE/2016) Considere as seguintes proposições: P1: Se há investigação ou o suspeito é flagrado cometendo delito, então há punição de criminosos. P2: Se há punição de criminosos, os níveis de violência não tendem a aumentar. P3: Se os níveis de violência não tendem a aumentar, a população não faz justiça com as próprias mãos. Pretende-se acrescentar ao conjunto de proposições P1, P2 e P3 uma nova proposição, P0, de modo que o argumento formado pelas premissas P0, P1, P2 e P3, juntamente com a conclusão A população não faz justiça com as próprias mãos constitua um argumento válido. Assinale a opção que apresenta uma proposta correta de proposição P0 a) Há investigação ou o suspeito é flagrado cometendo delito. b) Não há investigação ou o suspeito não é flagrado cometendo delito. c) Não há investigação e o suspeito não é flagrado cometendo delito. d) Se o suspeito é flagrado cometendo delito, então há punição de criminosos. e) Se há investigação, então há punição de criminosos. Vamos representar as proposições: P1: [(há investigação) v (o suspeito é flagrado cometendo delito) ] (há punição de criminosos) P2: (há punição de criminosos) (os níveis de violência não tendem a aumentar) P3: (os níveis de violência não tendem a aumentar) (a população não faz justiça com as próprias mãos) Conclusão: A população não faz justiça com as próprias mãos Um argumento será válido, legítimo ou bem construído quando a conclusão é uma consequência obrigatória do seu conjunto de premissas. Sendo as premissas de um argumento verdadeiras, isso implica necessariamente uma conclusão verdadeira. A validade de um argumento depende tão somente da relação existente entre as premissas e a conclusão.
8 Lógica de Argumentação 17 Representando as premissas e a conclusão, podemos analisar da seguinte forma por exclusão: se a verdade das premissas não garantir a verdade da conclusão, o argumento será inválido. Logo, iremos tentar invalidar o argumento. Caso não consigamos, então o argumento será válido. Vamos tentar então invalidar o argumento: as premissas verdadeiras e a conclusão falsa. P1: [ (há investigação) (F) v (o suspeito é flagrado cometendo delito) (F) ] (há punição de criminosos (F)) = V P2: (há punição de criminosos (F)) (os níveis de violência não tendem a aumentar (F)) = V P3: (os níveis de violência não tendem a aumentar (F)) (a população não faz justiça com as próprias mãos (F)) = V Conclusão: A população não faz justiça com as próprias mãos = F Temos que encontrar uma premissa que seja falsa para que possamos não concluir que a invalidez do argumento. Vamos procurar a opção que seja falsa: a) Há investigação (F) ou o suspeito é flagrado cometendo delito (F) = F b) Não há investigação (V) ou o suspeito não é flagrado cometendo delito (V) = V c) Não há investigação (V) e o suspeito não é flagrado cometendo delito (V) =V d) Se o suspeito é flagrado cometendo delito (F), então há punição de criminosos (F) =V e) Se há investigação (F), então há punição de criminosos (F) Resposta: Letra a. 08. (CESPE/ FUNPRESP-EXE/2016) Acerca dos argumentos racionais, julgue o item a seguir. No diálogo a seguir, a resposta de B é fundamentada em um raciocínio por analogia. A: O que eu faço para ser rico assim como você? B: Como você sabe, eu não nasci rico. Eu alcancei o padrão de vida que tenho hoje trabalhando muito duro. Logo, você também conseguirá ter esse padrão de vida trabalhando muito duro.
9 18 Josimar Padilha Numa argumentação por analogia temos que ressaltamos características em comum entre duas ou mais situações com o intuito de inferir conclusões parecidas. Na questão, B apresenta uma situação que ficou rico trabalhando duro e que de forma similar A poderá ficar rico também trabalhando duro. Porém, seja qual for essa relevância, um argumento por analogia é sempre um argumento indutivo e nunca um argumento dedutivo, isto é, trata-se de um argumento que da verdade das premissas infere a conclusão como provavelmente verdadeira, e não de um argumento no qual a verdade da conclusão se segue necessariamente da verdade das premissas. Resposta: correto. 09. (CESPE/ FUNPRESP-JUD/2016) Considerando as características do raciocínio analítico e a estrutura da argumentação, julgue o item que se segue. No diálogo seguinte, a fala de B mostra uma orientação argumentativa que deixa em evidência a inteligência de C. A: Nossa! Você é tão inteligente quanto C! B: Não. C é que é tão inteligente quanto eu. A fala de B traz para si a referência em inteligência, ou seja, ele quer mostrar que C é tão inteligente quanto ele. Desta forma podemos inferir que a inteligência de B é evidenciada, e não a inteligência de C. Resposta: errado 10. (CESPE/ FUNPRESP-EXE/2016) Considerando as características do raciocínio analítico e a estrutura da argumentação, julgue o item a seguir. A afirmação por ser novo, esse carro não apresenta falhas nem dá problema fundamenta-se em um argumento no qual há uma premissa não declarada. Podemos escrever o argumento da seguinte forma e observar que temos uma premissa implícita.
10 Lógica de Argumentação 19 Premissa 1: Esse carro é novo Premissa 2: carros novos não apresentam falhas nem dão problemas Conclusão: logo esse carro não apresenta falhas nem dá problemas. Resposta: Correto. 11. (CESPE/FUNPRESP-EXE/2016) Considerando as características do raciocínio analítico e a estrutura da argumentação, julgue o item a seguir. O raciocínio nenhum peixe é ave. Logo, nenhuma ave é peixe é válido. Construindo os diagramas lógicos, teremos: Peixe Ave Podemos Inferir que não há elementos em comum entre os dois conjuntos, porém a banca exigiu também do candidato o conhecimento sobre a comutação dos quantificadores lógicos, ou seja, o quantificador universal negativo: nenhum A é B é equivalente a nenhum B é A. Desta forma o raciocínio é válido. Resposta: correto. 12. (CESPE/ FUNPRESP-EXE/2016) Acerca dos argumentos racionais, julgue o item a seguir. O texto que se segue, produzido por um detetive durante uma investigação criminal, ilustra um raciocínio por indução. Ontem uma senhora rica foi assassinada em sua casa. No momento do crime, havia uma festa na casa da vítima e nela estavam presentes umas cinquenta pessoas. Dessas cinquenta, é sabido que nove tinham algum tipo de problema com a senhora assassinada. Assim, é plausível supor que o assassino esteja entre essas nove pessoas. Um argumento é dito indutivo quando sua conclusão traz mais informações que as premissas fornecem. É um argumento de conclusão ampliativa.
11 20 Josimar Padilha Os argumentos indutivos, ao contrário do que sucede com os dedutivos, levam a conclusões cujo conteúdo excede os das premissas. E esse traço característico da indução que torna os argumentos indispensáveis para a fundamenta ção de uma significativa porção dos nossos conhecimentos. (SALMON, 1969, p. 76) O grande problema da indução é que ela é probabilís tica. Não há a necessidade como na dedução. Como vimos na dedução, a conclusão decorre, necessariamente, das premissas. Já na indução isso é impossível, uma vez que ela enumera casos particulares e por probabilidade ela infere uma verdade universal. A conclusão da indução tem apenas a probabilidade de ser verdadeira. É necessário que tenha um padrão, uma forma que mostre uma relação entre premissas e conclusão, o que não ocorre na situação ilustrada no item. Resposta: errado. 13. (CESPE/ FUNPRESP-EXE/2016) Acerca dos argumentos racionais, julgue o item a seguir. No diálogo seguinte, a resposta de Q é embasada em um raciocínio por abdução. P: Vamos jantar no restaurante X? Q: Melhor não. A comida desse restaurante não é muito boa. Li em um site de reclamações muitas pessoas dizendo que, após comerem nesse restaurante, passaram muito mal e tiveram de ir ao hospital. Além disso, conheço cinco amigos que comeram lá e foram parar no hospital. Abdução significa determinar a premissa. Usa-se a conclusão e a regra para defender que a premissa poderia explicar a conclusão. Exemplo: Quando chove, a grama fica molhada. A grama está molhada, então pode ter chovido. Associa-se este tipo de raciocínio aos diagnosticistas e detetives, etc. Abdução: termo introduzido por Charles Sanders Peirce ( ) para referir uma INFERÊNCIA com o seguinte aspecto: P1: Se A, então B P2: A
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