Açúcar: novas pedras no caminho 22 de fevereiro de 2017
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- Manuel Alvarenga Pacheco
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1 Açúcar: novas pedras no caminho 22 de fevereiro de 2017 Estamos novamente na iminência da safra no C-S do Brasil, sendo até algumas usinas já começaram a rodar suas unidades indústrias. Dessa forma já temos conhecimento do desenrolar do clima em boa parte do pré-colheita, o que aconteceu nas indústrias e quais foram os riscos mitigados sobre questões importantes sobre o desenvolvimento dos canaviais. Alguns dos principais riscos acabaram não se concretizando, em especial, a ocorrência do La Niña. Esse efeito meteorológico, que foi bastante alardeado nos últimos meses, é associado com estiagens no Centro-Sul do Brasil, isso poderia prejudicar a produtividade agrícola de maneira generalizada. No entanto, o La Niña não chegou a ser sentido e as chuvas foram muito próximas da média histórica para o período, como pode ser observado no gráfico abaixo. Outra variável importante é a renovação dos canaviais, essa é uma variável bem conhecida. O mercado já esperava um valor reduzido de plantio e realmente foi assim até o final, na verdade até menor que nos esperávamos há poucos meses atrás. As usinas ainda se esforçaram e aumentaram a renovação da cana de ano, porém não foi suficiente para reverter o quadro de baixa renovação. Dessa forma, a idade média dos canaviais acabou se elevando consideravelmente, o que já era esperado pelo mercado. Segundo nossos cálculos, a idade média do canavial passará de 3,4 na safra 16/17 para 3,6 na 17/18. Idade média do canavial e Chuva média no C-S do Brasil Idade média docanavial no C-S do Brasil (anos) Chuvas nas regiões produtoras no C-S Brasil (mm/mês) 350 '16/ Média ' / / / / / / /18 0 MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV Fonte: ÚNICA; Bloomberg; elaboração: PINE Macro & Commodities Research Em especial por causa do regime de chuvas observado até janeiro, alguns participantes do mercado concluíram que parte do risco associado com a próxima safra se dissipou e algumas projeções foram revisadas com otimismo. Porém, os meses os quais as chuvas são mais importantes para o desenvolvimento dos canaviais, em geral, são os três primeiros meses do ano. Como pode ser observado acima janeiro as chuvas vieram dentro da média, porém fevereiro está apresentando um desempenho pior que a média histórica. Até agora, foram 120 mm de chuvas contra a média mensal de 230, porém nos 7 dias da 2q/fev foram apenas 13 mm em média e a previsão segue sem chuvas. Agora o mês de março será preciso de chuvas adicionais para garantir a produtividade. Além das chuvas, temos outros pontos que nos faz não concordamos com esse otimismo, sendo que os principais são:
2 Primavera gelada Um dos fatos mais marcantes do final do ano passado foram as relativamente baixas temperaturas que afetaram os estados do Paraná, e partes do Mato Grosso do Sul e algumas regiões de São Paulo. Até praticamente dezembro as temperaturas ficaram abaixo de 20ºC em média em uma importante área produtora de cana-de-açúcar da região C-S do Brasil. Como é apontado pelo estudo da Embrapa, no brotamente e no crescimento vegetativo as temperaturas médias deveriam ficar entre 32º a 38ºC e 22º a 30ºC, respectivamente. Sendo que temperaturas médias abaixo dos 20ºC já chegam a prejudicar e retardar o desenvolvimento. Ou seja, temos motivas para acreditar que o desenvolvimento dos canaviais foi retardado nessas regiões e que será necessário um período maior até a maturação da planta. Esse problema já foi observado na cultura da soja nessas mesmas regiões. Pois, o frio alongou o ciclo das plantas no sul de SP e no PR, sendo que em alguns casos ele foi de 120 para 140 dias do plantio até a colheita. As plantas simplesmente demoraram mais dias para atingir a maturidade necessária do que era esperado para o material genético escolhido para o plantio. Essa área (PR, MS e sudoeste do SP) representa aproximadamente 23% do canavial do C-S do Brasil, uma área expressiva do total. Apesar de estarmos comparando plantas com ciclos muito diferentes, é de se esperar que ocorra algum efeito sobre o desenvolvimento dos canaviais. Ademais, o efeito da colheita da cana-de-açúcar prematura foi observado na safra passada, quando a moagem de cana com menos de 12 meses resultou em diminuição da produtividade agrícola e industrial (menores índices de ton/ha e kg atr/ton). Mapa de temperatura média no C-S do Brasil (ºC media mensal) Fonte: USDA; elaboração: PINE Macro & Commodities Research El Niño volta à cena No terreno do clima global, as previsões das agências climáticas indicam que o efeito meteorológico El Niño retorne no segundo semestre desse ano. Esse é um fator novo e importante para a tomada de decisão das usinas, pois ainda está viva na memória do setor a extremamente chuvosa safra 09/10. Apesar de que no último episódio de El Nino, as chuvas ficaram muito próximas da média histórica. Dessa forma, essa é uma informação que pode influenciar as usinas a adiantarem seus trabalhos nessa safra. No entanto, iniciar a safra de forma precoce está fora de cogitação, pois não há tempo hábil para isso, no máximo ocorrerá um esforço adicional para a moagem atingir seu ápice algumas quinzenas mais cedo que estava planejado. De qualquer forma, o efeito de um inverno chuvoso (como o ocorrido em 2009/10) acaba diminuindo os dias operacionais de moagem (resultando em um excedente de cana que acaba
3 sendo bisada) e na diminuição da concentração de açúcar na cana, pela hídrico necessário. falta do estresse Temperaturaa do Pacifico região NINO34: Efeito El Niño/ La Niña Fonte: ABoM; elaboração: PINE Macro & Commodities Research Melhora do retorno do etanol Nos últimos meses a situação do etanol nas usinas mudou de forma considerável, após passar grande parte da safra passada como o patinho feio nos meses finais de 2016 melhorou a sua atratividade frente ao açúcar. A melhora relativa do etanol veio em função do aumento de preço dele mesmo, mas também da valorização do real. Quando a moeda nacional se valoriza, os produtos destinados para o mercado interno se valorizam frente aos destinados ao mercado externo. A valorização relativa do etanol não é suficiente para reverter a situação que as usinas irão maximizar a produção de açúcar e estrear os investimentos recentes feitos em novas (ou na expansão) fábricas de açúcar. Porém não estamos mais naquele cenário de meados de 2016, no qual as usinas se esforçavam ao máximo para aproveitar cada gota de sacarose para produzir açúcar, chegando a reduzir voluntariamente a própria moagem de cana para dar tempo para entrar mais produtos nas máquinas de cristalização. Além disso, mesmo com a melhora de preços do açúcar e do etanol na última safra muitas usinas ainda tem uma situação de elevado endividamento e falta de caixa. Nesse cenário a produção de etanol é favorável para a geração de caixa da usina (pagamento na entrega do produto), contra o pagamento com prazo (em média de 90 dias de carência) para a entrega do açúcar. Além de que o consenso da queda de juros em 2017 faz com que seja mais atrativo pagar dividas de curto prazo agora e tomar no final do ano (quando o CDI deve passar dos atuais 13% para 9,5%). Contudo, apesar de mostrarmos pontos favoráveis para o aumento da produção de etanol, eles não modificam o jogo e a safra 2017/18 será açucareira. Nossos pontos apenas ilustram que há motivos para o aumento marginal da produção de etanol, ou seja, em alguns momentos da safra a produção de açúcar não será máximizada.
4 Paridade de preços de etanol e açúcar 40% 30% Paridade de preços em relação ao açúcar (%) incentivo ao etanol 20% 10% 0% -10% -20% -30% ESALQ_Hidratado ESALQ_Anidro Equivalência de custos -40% -50% incentivo ao açúcar abr-12 out-12 abr-13 out-13 abr-14 out-14 abr-15 out-15 abr-16 out-16 abr-17 Fonte: ESALQ/USP; elaboração: PINE Macro & Commodities Research Nossas projeções Após levantarmos em conta esses pontos, reduzimos nossa projeção de produtividade agrícola e a industrial. Dessa forma, nossa estimativa de moagem de cana-de-açúcar na safra 2017/18 será de 575 milhões de toneladas, redução de 10 mln ton. Além disso, acreditamos que a redução dos açúcares totais recuperáveis fará com que o mix de açúcar aumente, porém de forma que não irá compensar a queda dos demais fatores. Nossa projeção de produção de açúcar caiu levemente de 35,5 para 35,1 mln ton. Sendo que o produto que mais será prejudicado será o etanol hidratado, que caiu de 13,5 para 11,9 mln m3. Os detalhes das nossas projeções podem ser observados no quadro abaixo: 2016/ / /18 nov-16 fev-17 Cana-de-açúcar (mln ton) Açúcar (mln ton) Etanol anidro (bln l) Etanol hidratado (bln l) Etanol total (bln l) ATR/ton cana Etanol de milho (bln l) Mix (%) Açúcar 45.7% 47.0% 47.7% Etanol 54.3% 53.1% 52.3% * Projeção PINE Macro & Commodities Research Research: Commodities - PINE Lucas Brunetti
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6 contidas nestes comentários e recomendações ou ligada a precificação de quaisquer dos valores mobiliários discutidos nestes comentários e recomendações. 4. O Banco Pine, suas controladas, seus controladores ou sociedades sob controle comum podem possuir participação acionária, direta ou indireta, igual ou superior a 5% (cinco por cento) do capital social das empresas analisadas nestes comentários e recomendações, e podem estar envolvidas na aquisição, alienação ou intermediação de tais valores no mercado. O Banco Pine, suas controladas, seus controladores ou sociedades sob controle comum declaram que recebem, ou pretendem receber,remuneração por serviços prestados para as empresas analisadas nestes comentários e recomendações ou para pessoas a ela ligadas. 5. Os instrumentos financeiros discutidos nestes comentários e recomendações podem não ser adequados para todos os investidores. Estes comentários e recomendações não levam em consideração os objetivos de investimento, situação financeira ou necessidades específicas de qualquer investidor. Os investidores devem obter orientação financeira independente, com base em suas características pessoais, antes de tomar uma decisão de investimento baseada nas informações contidas nestes comentários e recomendações. Caso um instrumento financeiro seja expresso em uma moeda que não a do investidor, uma alteração nas taxas de câmbio pode impactar adversamente o preço, valor ou rentabilidade do instrumento financeiro e o leitor destes comentários e recomendações assume quaisquer riscos de câmbio. A rentabilidade de instrumentos financeiros pode apresentar variações e seu preço ou valor pode, direta ou indiretamente, aumentar ou diminuir. Os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros, e nenhuma declaração ou garantia, de forma expressa ou implícita, é feita nestes comentários e recomendações em relação a desempenhos futuros. O Grupo Pine se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização destes comentários e recomendações ou de seu conteúdo. 6. Estes comentários e recomendações não podem ser reproduzidos ou redistribuídos para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento por escrito do Banco Pine. Informações adicionais sobre os instrumentos financeiros discutidos nestes comentários e recomendações estão disponíveis sob consulta. Certificação de analistas Os analistas responsáveis pela elaboração deste relatório de análise são certificados de acordo com a regulamentação brasileira.
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