Algodão: temporada de furacões e de volatilidade 06 de setembro de 2017
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- Isabella Garrau Desconhecida
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1 Algodão: temporada de furacões e de volatilidade 06 de setembro de 2017 Depois das graves consequências do Furacão Harvey no Texas/EUA, agora o todo o mercado está com os holofotes voltados para a temporada de furacões. Em termos práticos, os efeitos do furacão Harvey foram relativamente pequenos sobre a cultura do algodão, mas ampliados pela enchente subsequentes. A região costeira e o sul do Texas são de importância menor dentro do estado, que é o maior produtor dos EUA, mas as chuvas foram gerais em todo o Sul dos EUA. Os danos diretos estão sendo levantados, mas os primeiros números indicam que aproximadamente entre 150 a 600 mil fardos foram de danificados (entre qualidade e quantidade), considerando desde o produto ainda a ser colhido até a pluma já em fardos. Uma quantidade relativamente pequena perto da produção americana era projetada (no relatório de Agosto) pelo USDA em mais de 20 milhões de fardos (de 217,7 kg cada). Ademais, se olharmos o histórico das perdas de algodão por causa de efeitos de furacão iremos perceber que os casos são raros (os efeitos sobre o petróleo e o suco e laranja são muito mais corriqueiros). Porém, a memória do mercado é de curto prazo e vale a máxima popular cachorro mordido por cobra tem medo de linguiça. Assim, os preços já reagem ao risco do novo furacão acertar os EUA. O novo perigo é o furacão Irma (que atingiu categoria 5, a máxima) chegue nas áreas produtoras de algodão. Como podemos ver no mapa abaixo, as projeções da trajetória do Irma indicam que ele deve passar pelo Caribe e depois se desloque para o Norte, podendo assumir três caminhos: 1) pelo Atlântico; 2) atingindo a Florida, ou; 3) adentrando o Golfo do México e atingindo a Louisiana. Porém, essa projeção esta sendo recorrentemente alterada, sempre corrigindo a trajetória mais ao oeste. Assim, quanto maior a incerteza, maior é o prêmio de risco que deve ser associado ao evento. Elevando os preços do algodão. Além disso, já existe um furacão (Jose) e uma tempestade tropical (que se atingir a força necessária, será o furacão Katia) que estão nas águas e podem virar um risco na próxima semana. Dessa forma, temos que admitir que essa temporada de furacões está movimentada. Mapa dos furacões e distúrbios climáticos no Atlântico Porque agora é pior? Fonte: NHC/NOAA; elaboração: PINE Macro & Commodities Research Partindo do pressuposto que as projeções meteorológicas sobre a trajetória dos furacões são confiáveis no prazo de apenas 3 dias, os caminhos que o Irma pode seguir são múltiplos, podendo até mesmo atingir o Texas. Dada a sua natureza imprevisível, vamos fazer um
2 exercício para compreender os problemas que ele poderia causar, apesar de não ser o nosso cenário-base (a saber, é ele passar pelo litoral da Florida e não causar danos). Como podemos ver no mapa abaixo a produção de algodão se concentra em três grandes regiões: Texas (38% da produção americana), vale do Mississipi (30%) e Geórgia (12%). Outro fato que nos salta aos olhos é que essas três regiões poderiam ser afetadas pela passagem de um furacão. Apesar das regiões costeiras serem as regiões que tradicionalmente são afetadas por furacões, mas as regiões do algodão podem ser afetas. Mapa das regiões produtoras de algodão nos EUA Fonte: USDA; elaboração: PINE Macro & Commodities Research Mesmo que o furacão não afete diretamente essas áreas, ele pode fazer com que pesadas chuvas atinjam essas regiões. Isso ocorreu com várias áreas do Texas após a passagem do Harvey, encadeando enchentes pelas vastas planícies texanas. Estamos no início do estágio da lavoura do algodão da abertura do capulho (ou fruto), uma fase do desenvolvimento muito importante para a produtividade e ainda mais para a qualidade da matéria-prima. Por consequência, chuvas volumosas podem prejudicar a produção americana de maneira considerável. Mesmo que o algodão seja colhido, ele pode não ter qualidade suficiente para ser aceito pela indústria ou exportado. Atualmente (relatório de 5/set) 21% da área de algodão do Texas já está na fase da abertura do capulho, contra 14% a duas semanas atrás. No vale do Mississipi é ainda maior a diferença, 29% contra 5%. Já na Geórgia, a diferença é de 30% contra 17%. Ou seja, podemos considerar que há mais algodão vulnerável ao excesso de água agora do que no evento do Harvey. Sendo que irá aumentar o risco no caso de furacões formados em períodos posteriores, devendo atingir o ápice no final de setembro, pois depois a colheita entra com força. Assim, voltamos ao ponto anterior, maior o risco sobre para a produção necessita de maiores prêmios (resultando em preços maiores). Além do problema da qualidade que poderia animar o mercado físico (cash market), alterando o prêmio de qualidade e basis do mercado para o ano que vem. Mas isso só será de conhecimento do mercado quando o algodão for colhido. Conclusão Essa safra deveria ser a maior safra dos últimos 11 anos nos EUA, o clima estava propício a lavoura e a produtividade mostrava-se acima da média. Ou seja, o mercado estava baixista para preços e sem muita volatilidade. A atípica temporada de furacões fez esse cenário se
3 alterar violentamente. As últimas duas semanas foram as mais animadas para o algodão no ano todo. No caso mais provável (as projeções meteorológicas) o furacão Irma não irá atingir as regiões produtoras e o prêmio de risco se esvai. Isso é sorte dos demais produtores, que poderão ter uma oportunidade de comercialização com preços mais altos. Research: Commodities - PINE Lucas Brunetti
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