Geadas: risco disseminado 09 de junho de 2016

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1 Geadas: risco disseminado 09 de junho de 2016 As previsões de geadas no Brasil estão cada vez mais presentes nos noticiários, pois elas estão cada vez mais fortes e com uma área em risco maior. No começo da semana, as previsões eram de geadas em parte do Paraná. Hoje as previsões já afetam a parte sul de Minas e a totalidade de São Paulo e Paraná. Além de já terem ocorrido relatos de geadas no oeste do Paraná nessa madrugada. Apesar do risco de geada não ser certeza, e mesmo quando essa ocorre à força pode ser pequena, os danos que ela pode ocasionar é grande. Dessa forma, a incerteza aumentou muito e isso deve se traduzir em preços maiores. Ocorrências de geadas no dia 09/junho: já afetando além das serras Fonte:INMET; elaboração: PINE Macro & Commodities Research Previsões: final de semana de risco As previsões do risco de geada nos próximos dias estão bem mais fortes do que eram até ontem. Além de que estão mais disseminados por grandes áreas de São Paulo e Minas Gerais. dentro dessa área, o risco para a produção se estende para as culturas do milho safrinha, cana-de-açúcar, café, suco de laranja, além de legumes e verduras. Contudo devemos levar em conta duas coisas: 1) os cuidados normais que devemos ter com projeções meteorológicas; 2) vale a pena ressaltar que algumas vezes as áreas afetadas por geada são apenas áreas de baixada e próximo aos rios (áreas marginais) e assim não afetam a produção. Assim, elas são impactantes quando são mais intensas e afetando grandes áreas.

2 Previsões dos próximos quatro dias (no dia 09/jun): forte risco Fonte:CPTEC; elaboração: PINE Macro & Commodities Research Milho: a maior ameaça As áreas de milho de inverno (safrinha) no Paraná, além de áreas menores no Mato Grosso do Sul e São Paulo, podem ser afetadas pela geada. Segundo o DERAL, no dia 06/jun, a área que não tinha atingido a fase de maturação é de 55% do total e é essa área que pode sofrer grandes perdas de produtividade. Essa área está maior que o normal, pois o plantio desse ano foi mais demorado que o normal. Pois ocorreram dois fatores que postergaram o plantio: as chuvas que atrasaram a colheita da soja e o próprio fato do aumento da área de milho de inverno. Esse aumento veio de áreas menos propicias ou anteriormente destinadas ao trigo (essa cultura em nada sofrerá com essa intempérie), no oeste e sudoeste do estado e podem ser as mais afetadas pela geada. Resumidamente, 800 mil hectares estão sobre risco de geada no PR e mais umas 400 mil em SP e MS (porém em menor risco). Sendo que o potencial de perda depende da intensidade, porém se essa área perder 20% de produtividade agrícola, a perda seria de aproximadamente 1,5 mln ton de milho. Contudo, reforçamos que caso não ocorra uma forte geada essa perda não ocorrerá.

3 Esse ano que plantio do milho safrinha foi atrasado frente as indicações no Brasil (com plantio até março), ele está sofrendo com os dois riscos tradicionais: no MT do período seco chegar antes; e, no PR de ocorrer geadas durante o desenvolvimento das plantas. Açúcar e etanol: riscos comedidos Nos canaviais a geada não é um problema necessariamente, pois se a planta está no peso correto, a geada funciona com um maturador e ainda aumenta a quantidade de ATR/ton cana. Porém não é essa a realidade da maior parte dos canaviais da área em risco. Boa parte foi colhida tarde na safra passada e ainda precisa se desenvolver. Além disso, caso uma grande quantidade de cana for atingida no mesmo dia, a usina poderá perder material pois a cana não seria colhida no tempo correto, um problema logístico com perdas na qualidade da matéria-prima. Pela dificuldade dos dados tão detalhados, fizemos um exercício teórico para mensurar a área sobre risco. A área que pode ocorrer a geada até o dia 13/jun representa menos de 60% do total da área de cana do CS do Brasil. Sendo que 29% da cana tem menos de 8 meses de idade (sendo colhida depois da 2q/out), ou seja, 17% da cana está em risco de alguma forma. Vale salientar que não consideramos a cana colhida, pois a colheita deve começar pela cana mais velha e assim fora do risco. Ou seja, 17% da área de cana do CS do Brasil pode perder alguma produtividade, caso a geada seja forte o suficiente para matar a planta. Além do problema logístico para a colheita e perdas de ATR decorrente. Assim, no cenário pior cenário a geada poderia levar a perdas de 15 a 20 mln ton de cana-de-açúcar. Café arábica: risco histórico O efeito da geada no café é bem conhecido e traz péssimas recordações da "geada negra" de 75. Porém isso é passado e dificilmente voltaria a acontecer, não por causa do aquecimento global, mas porque a produção de café migrou do Paraná para Minas Gerais e Espírito Santo. A produção do Paraná é muito pequena atualmente, apenas 2,6% do Brasil. Já São Paulo produz aproximadamente 11,3%, mas a área em risco é menor. A região realmente importante é o Sul de Minas que tem sozinho 27,2% dos pés de café arábica do Brasil. Lembrando que o Sul de Minas tem chance apenas no dia 13/jun de receber geadas, mas se isso acontecer seria terrivel para a produção nacional. Pois além de prejudicar essa safra, dependendo da intensidade a geada pode matar o pé e uma planta nova só irá produzir comercialmente no quarto ano após o seu plantio. Dessa forma, não temos como mensurar essa a quebra no caso da geada atingir essa região, mas fica a ressalva que esse evento pode mudar o mercado de café nos próximos anos. Inflação: efeito sobre legumes e verduras Como o a geada pode cobrir as áreas metropolitanas de Porto Alegre, Curitiba e São Paulo, além de seus respectivos cinturões verdes, existe um forte potencial inflacionário de curto prazo. Os legumes e verduras são fortemente afetados pela geada, que pode desde prejudicar as suas folhas até matar as plantas. Como elas tem ciclos curtos, não tem resistência às intempéries climáticas e nem se recuperam como as plantas de ciclo perene (ou mesmo que temporário mais longo). Isso faz com que as plantas feias ou "queimadas" não sejam comercializadas, e obviamente as plantas perdidas não serão ofertadas no mercado. As características dessas culturas e do mercado fazem com que as variações de preços sejam muito fortes, porém de curto prazo. Research: Commodities - PINE Lucas Brunetti

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