Vejamos agora os artigos e 1.394, ambos do CC.
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- Amália Back Guterres
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1 Turma e Ano: Turma Regular Master A Matéria / Aula: Direito Civil Aula 24 Professor: Rafael da Mota Mendonça Monitora: Fernanda Manso de Carvalho Silva DIREITO DAS COISAS (continuação) (IV) Direitos Reais em coisa alheia Direito Real em coisa alheia de FRUIÇÃO (cont.): Usufruto (cont.) OBS1: Diferença entre usufruto e fideicomisso: O fideicomisso é um instituto do direito sucessório (art a 1960 do CC). Só existe quando há um testamento. Aqui, há propriedades sucessivas. O testador (fiduciante) transfere propriedade resolúvel para o chamado fiduciário. A propriedade se resolve pelo implemento de um termo ou condição qualquer ou mesmo pela morte do fiduciário. Ocorrendo o termo, a condição ou a morte do fiduciário, resolve-se a propriedade resolúvel e esta, ao invés de ingressar na sucessão hereditária do fiduciário, irá para um terceiro, chamado fideicomissário. Na morte do fideicomissário, a propriedade se transfere normalmente para os seus herdeiros. No caso do usufruto, há a figura do nu-proprietário e do usufrutuário (a pessoa em favor de quem é instituído o direito real). Não são propriedades sucessivas; tem-se divisão dominial. Com a morte do usufrutuário, o usufruto é extinto e o nu-proprietário passa a ter a propriedade plena. Se o nu-proprietário morrer, a sua propriedade vai para os herdeiros. Enquanto o usufruto é um direito real, o fideicomisso não tem natureza real. OBS2: Direitos e deveres do usufrutuário: Arts ao do CC. Vejamos agora os artigos e 1.394, ambos do CC. Art Não se pode transferir o usufruto por alienação; mas o seu exercício pode ceder-se por título gratuito ou oneroso. Art O usufrutuário tem direito à posse, uso, administração e percepção dos frutos. O usufrutuário tem direito à posse e aos frutos da coisa. Ele não pode transferir o usufruto, mas pode transferir o seu exercício (a título gratuito ou oneroso) através de um direito real ou pessoal. Ex: arrendamento rural, comodato, direito de uso, direito de habitação etc. Vejamos o art do CC. Art O usufrutuário pode usufruir em pessoa, ou mediante arrendamento, o prédio, mas não mudar-lhe a destinação econômica, sem expressa autorização do proprietário. 1
2 OBS3: Forma de extinção do usufruto: Arts do CC. Art O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro de Imóveis: I - pela renúncia ou morte do usufrutuário; II - pelo termo de sua duração; III - pela extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi constituído, ou, se ela perdurar, pelo decurso de trinta anos da data em que se começou a exercer; IV - pela cessação do motivo de que se origina; V - pela destruição da coisa, guardadas as disposições dos arts , 1.408, 2ª parte, e 1.409; VI - pela consolidação; VII - por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora, ou deixa arruinar os bens, não lhes acudindo com os reparos de conservação, ou quando, no usufruto de títulos de crédito, não dá às importâncias recebidas a aplicação prevista no parágrafo único do art ; VIII - Pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto recai (arts e 1.399). As formas de extinção do usufruto também podem ser aplicadas no direito real de habitação e no direito real de uso. Esse rol do art do CC é exemplificativo. Poderá haver outras formas de extinção. Ex: usufruto feito com condição resolutiva ou mesmo a resolução da propriedade (quando o usufruto é feito em propriedade resolúvel). Cuidado com o inciso VIII. O dispositivo estabelece que uma das formas de extinção do usufruto é o não uso. Trata-se de exceção a uma das características dos direitos reais: a perpetuidade. O inciso não estabelece prazo. Trata-se de clausula geral. O Poder Judiciário deve analisar o caso concreto. Servidão Conceito: A servidão é um direito real constituído entre dois prédios em que um deles (prédio dominante) grava o outro (prédio serviente), limitando os seus poderes dominiais (de usar, fruir ou gozar) e obtendo vantagens. Pode ser constituída de forma gratuita ou onerosa. A servidão mais comum é a servidão de passagem, que não se confunde com a passagem forçada. A servidão de passagem é um direito real e as formas de constituição estão no art do CC (por negócio jurídico ou por testamento) e art do CC (pela usucapião). Art A servidão proporciona utilidade para o prédio dominante, e grava o prédio serviente, que pertence a diverso dono, e constitui-se mediante 2
3 declaração expressa dos proprietários, ou por testamento, e subseqüente registro no Cartório de Registro de Imóveis. Art O exercício incontestado e contínuo de uma servidão aparente, por dez anos, nos termos do art , autoriza o interessado a registrá-la em seu nome no Registro de Imóveis, valendo-lhe como título a sentença que julgar consumado a usucapião. Parágrafo único. Se o possuidor não tiver título, o prazo da usucapião será de vinte anos. Esse artigo está de acordo com o CC/16. Hoje se sustenta que esse prazo cai para 15 anos. Servidão aparente é aquela que deixa marcas na posse. Essa usucapião do art não é para adquirir a propriedade, mas para conseguir a servidão. É necessário haver justo título e boa-fé. A servidão de passagem, por ser um direito real, deve ser levada a registro no cartório de imóveis. O STJ e a doutrina entendem que a servidão de passagem pode ser constituída quando não se tem passagem ou se a passagem existente é ruim. A passagem forçada, por sua vez, apesar de estar no livro de Direito das Coisas, é direito pessoal (direito de vizinhança). Trata-se de direito potestativo que um vizinho tem contra o outro; direito de opor a um vizinho a passagem para a via pública. OBS1: Ações que podem ser propostas (servidão): Ação Confessória Ação Negatória A ação confessória serve para cumprir os termos da servidão. A ação negatória visa à extinção da servidão, diante de alguma das causas de extinção. OBS2: Art do CC Art Restringir-se-á o exercício da servidão às necessidades do prédio dominante, evitando-se, quanto possível, agravar o encargo ao prédio serviente. Trata-se do princípio do uso com civilidade, cujo fundamento é o art. 187 do CC (exercício abusivo de um direito). Art Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. OBS3: Formas de extinção da servidão: Arts a do CC 3
4 Art Salvo nas desapropriações, a servidão, uma vez registrada, só se extingue, com respeito a terceiros, quando cancelada. Parágrafo único. Se o prédio dominante estiver hipotecado, e a servidão se mencionar notítulo hipotecário, será também preciso, para a cancelar, o consentimento do credor. Art O dono do prédio serviente tem direito, pelos meios judiciais, ao cancelamento do registro, embora o dono do prédio dominante lho impugne: I - quando o titular houver renunciado a sua servidão; II - quando tiver cessado, para o prédio dominante, a utilidade ou a comodidade, que determinou a constituição da servidão; III - quando o dono do prédio serviente resgatar a servidão. Art Também se extingue a servidão, ficando ao dono do prédio serviente a faculdade de fazê-la cancelar, mediante a prova da extinção: I - pela reunião dos dois prédios no domínio da mesma pessoa; II - pela supressão das respectivas obras por efeito de contrato, ou de outro título expresso; III - pelo não uso, durante dez anos contínuos. O art , III, do CC mais uma vez excepciona a perpetuidade dos direitos reais. Nesse caso, há prazo para que ocorra a extinção: dez anos. Muitos autores defendem que esse prazo de dez anos seja utilizado por analogia ao usufruto. Direito Real em coisa alheia de GARANTIA: Disposições gerais: arts ao do CC Art Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipoteca, o bem dado em garantia fica sujeito, por vínculo real, ao cumprimento da obrigação. O art do CC traz o conceito dos direitos reais em coisa alheia de garantia. Eles têm como razão de ser estabelecer uma preferência creditícia (para o credor). O credor com garantia real prefere aos demais credores. Ele não envolve qualquer tipo de transferência de propriedade; apenas grava o bem estabelecendo essa preferência. Vide art. 958 do CC. Art Os títulos legais de preferência são os privilégios e os direitos reais. O art. 83 da Lei de Falência estabelece a ordem de preferência de credores em uma falência. Os credores com garantia real vêm atrás dos credores que possuem créditos trabalhistas. A regra geral para a constituição de uma garantia real é que qualquer bem que eu posso alienar, eu posso dar em garantia real. Então, só o proprietário pode constituir uma garantia real. Vide art do CC. 4
5 Art Só aquele que pode alienar poderá empenhar, hipotecar ou dar em anticrese; só os bens que se podem alienar poderão ser dados em penhor, anticrese ou hipoteca. 1o A propriedade superveniente torna eficaz, desde o registro, as garantias reais estabelecidas por quem não era dono. 2o A coisa comum a dois ou mais proprietários não pode ser dada em garantia real, na sua totalidade, sem o consentimento de todos; mas cada um pode individualmente dar em garantia real a parte que tiver. OBS: É possível dar em garantia real um bem de família? Sim. Se é possível alienar, é possível dar em garantia. Porém, nesse caso, estar-se-á abrindo mão da sua impenhorabilidade. É possível dar a superfície em garantia real? Sim, pois é possível aliená-la. Vide art do CC (rol de bens que podem ser objeto de hipoteca). Art Podem ser objeto de hipoteca: [...] X - a propriedade superficiária. (Incluído pela Lei nº , de 2007) O locador pode dar o imóvel locado em garantia real? Sim. O nu-proprietário pode dar em garantia real o imóvel objeto de usufruto? Sim. É possível dar em garantia real um imóvel gravado com cláusula de inalienabilidade? Não, pois não pode ser alienado. Atenção: Art , I, do CC (atos que precisam de outorga conjugal) Art Ressalvado o disposto no art , nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; [...] Se for para constituir garantia real em bem móvel, não é necessária a outorga. Atenção: Art do CC Art Não podem os pais alienar, ou gravar de ônus real os imóveis dos filhos, nem contrair, em nome deles, obrigações que ultrapassem os limites da simples administração, salvo por necessidade ou evidente interesse da prole, mediante prévia autorização do juiz. [...] Os pais, que têm o usufruto e a administração dos bens do menor, podem dar em garantia real esses bens, desde que tenham autorização judicial. É usada a mesma lógica para a alienação de bens do menor. 5
6 Vejamos agora os parágrafos do art : Art [...] 1o A propriedade superveniente torna eficaz, desde o registro, as garantias reais estabelecidas por quem não era dono. Garantia real estabelecida por quem não era dono é ineficaz, ou seja, não produz efeitos. Ex: A constituiu uma hipoteca em favor de B, que foi registrada no dia 01/07. O proprietário do bem era o pai de A. Essa hipoteca é ineficaz e não produz efeitos em relação ao credor. O pai de A morre em 20/11. Para efeitos legais, a hipoteca foi constituída na data do registro ou na data do falecimento do pai de A? De acordo com o dispositivo acima, a aquisição posterior da propriedade produz efeitos que retroagem à data do registro. Então, é como se a hipoteca tivesse sido constituída mesmo em 01/07 (data do registro), produzindo efeitos desde então. 2o A coisa comum a dois ou mais proprietários não pode ser dada em garantia real, na sua totalidade, sem o consentimento de todos; mas cada um pode individualmente dar em garantia real a parte que tiver. Art do CC. Art O pagamento de uma ou mais prestações da dívida não importa exoneração correspondente da garantia, ainda que esta compreenda vários bens, salvo disposição expressa no título ou na quitação. O art do CC consagra o princípio da indivisibilidade das garantias reais. A garantia só é levantada quando paga a integralidade da dívida, salvo convenção em contrário. Art do CC. Art O credor hipotecário e o pignoratício têm o direito de excutir a coisa hipotecada ou empenhada, e preferir, no pagamento, a outros credores, observada, quanto à hipoteca, a prioridade no registro. Parágrafo único. Excetuam-se da regra estabelecida neste artigo as dívidas que, em virtude de outras leis, devam ser pagas precipuamente a quaisquer outros créditos. Excutir é alienar em hasta pública. O credor com garantia real pode alienar o bem em hasta pública; com o valor da venda, ele abate da dívida. O que sobrar devolve para o devedor. Credor com garantia real pode ficar com o bem dado em garantia? O nome da cláusula que permite isso é cláusula comissória, estabelecida no momento da constituição da garantia. Ela não é admitida no Direito Brasileiro. Eventual cláusula comissória estabelecida será nula, a fim de se evitar a fraude/simulação de compra e venda (vide art do CC). Não se deve confundir com a dação em pagamento, que é modalidade de pagamento autorizada no parágrafo único do mesmo dispositivo (após o vencimento o credor aceita receber coisa diversa do pactuado. Art É nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no vencimento. 6
7 Parágrafo único. Após o vencimento, poderá o devedor dar a coisa em pagamento da dívida. O art do CC estabelece os requisitos formais para a constituição de uma garantia real. Para tanto, o bem deve ser especificado. É possível que seja todo o patrimônio do devedor, mas todos os bens devem estar especificados. Art Os contratos de penhor, anticrese ou hipoteca declararão, sob pena de não terem eficácia: I - o valor do crédito, sua estimação, ou valor máximo; II - o prazo fixado para pagamento; III - a taxa dos juros, se houver; IV - o bem dado em garantia com as suas especificações. 7
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