Teoria Geral do Negócio Jurídico
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- Cláudio Pais Gil
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1 Teoria Geral do Negócio Jurídico Continuação do defeito ou vício do negócio Jurídico FRAUDE CONTRA CREDORES, art (vício social): é uma prática maliciosa para tornar o devedor insolvente (artigo 955 e 391, CC) 1. Ordem de preferência na insolvência: 1º: crédito real: garantido por penhor, hipoteca ou anticrese; 2º: crédito pessoal; são 2: Privilegiado: especial (exemplo: art. 964) 2 e o geral (exemplo: art. 965) 3 ; Simples (quirografário). O crédito pessoal pode ser privilegiado ou simples. O crédito pessoal privilegiado tem preferência sobre o crédito pessoal simples (que é crédito quirografário). Os créditos privilegiados se dividem em especial e geral. O crédito privilegiado especial (art. 964 do CC) tem preferência sobre o crédito privilegiado geral (art. 965 do CC). ELEMENTOS DA FRAUDE CONTRA CREDORES: Consilium Fraudis: é elemento subjetivo, caracterizado pelo propósito de fraudar. Incide em negócio gratuito. Observação: Concilium Fraudis (grafia com C) é o conluio, não sendo exigido para a configuração da fraude contra credores. 1 Art Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor. Art Procede-se à declaração de insolvência toda vez que as dívidas excedam à importância dos bens do devedor. 2 Art Têm privilégio especial: I - sobre a coisa arrecadada e liquidada, o credor de custas e despesas judiciais feitas com a arrecadação e liquidação; II - sobre a coisa salvada, o credor por despesas de salvamento; III - sobre a coisa beneficiada, o credor por benfeitorias necessárias ou úteis; IV - sobre os prédios rústicos ou urbanos, fábricas, oficinas, ou quaisquer outras construções, o credor de materiais, dinheiro, ou serviços para a sua edificação, reconstrução, ou melhoramento; V - sobre os frutos agrícolas, o credor por sementes, instrumentos e serviços à cultura, ou à colheita; VI - sobre as alfaias e utensílios de uso doméstico, nos prédios rústicos ou urbanos, o credor de aluguéis, quanto às prestações do ano corrente e do anterior; VII - sobre os exemplares da obra existente na massa do editor, o autor dela, ou seus legítimos representantes, pelo crédito fundado contra aquele no contrato da edição; VIII - sobre o produto da colheita, para a qual houver concorrido com o seu trabalho, e precipuamente a quaisquer outros créditos, ainda que reais, o trabalhador agrícola, quanto à dívida dos seus salários. 3 Art Goza de privilégio geral, na ordem seguinte, sobre os bens do devedor: I - o crédito por despesa de seu funeral, feito segundo a condição do morto e o costume do lugar; II - o crédito por custas judiciais, ou por despesas com a arrecadação e liquidação da massa; III - o crédito por despesas com o luto do cônjuge sobrevivo e dos filhos do devedor falecido, se foram moderadas; IV - o crédito por despesas com a doença de que faleceu o devedor, no semestre anterior à sua morte; V - o crédito pelos gastos necessários à mantença do devedor falecido e sua família, no trimestre anterior ao falecimento; VI - o crédito pelos impostos devidos à Fazenda Pública, no ano corrente e no anterior; VII - o crédito pelos salários dos empregados do serviço doméstico do devedor, nos seus derradeiros seis meses de vida; VIII - os demais créditos de privilégio geral.
2 Scientia Fraudis (ciência da fraude): é outro elemento subjetivo, aplicando-se somente em negócio oneroso, pois nos gratuitos é presumida. Assim, para o adquirente para fazer prova de que não tinha ciência da fraude deve juntar aos autos as certidões negativas referentes ao determinado negócio. Eventus Damni: é o elemento objetivo, caracterizado pelo prejuízo causado aos credores, em razão da alienação de um determinado bem. Incide em negócio jurídico gratuito. Artigo 160, único 4 : Constata-se o Princípio da Conservação do Negócio Jurídico: Regresso do dinheiro para conservar o negócio jurídico, evitando a anulação do mesmo. Muito embora essa ação tenha cunho anulatório, com prazo de 4 anos, contados a partir da celebração do negócio jurídico, chama-se de AÇÃO PAULIANA (Ação Revocatória o mesmo nome para a ação em sede do processo de falência). A legitimidade ativa da ação Pauliana é do credor quirografário, por que se for credor com garantia real, este deve executar o título e não ajuizar a ação Pauliana. Exceção: quando o valor da garantia for menor que a obrigação, pode ajuizar a ação Pauliana da diferença de valores. Artigo 158, 2º 5 : o autor da ação Pauliana deve ser credor antes do ato fraudulento. Artigo 158, 1º: dispensa a renúncia da garantia real para a propositura da ação pauliana. Dessa forma, mesmo o credor tendo garantia real, pode ajuizar ação pauliana, sem precisar renunciar a mencionada garantia. Em razão disso, foi aprovado o Enunciado n. 151 do CJF 6. Como se estabelece o status de credor do referido artigo? No momento em que o credor tenha um título exigível. Vide o Enunciado n. 292 do CJF (passível de cancelamento) 7. Considera-se injusto, tendo em vista que determina o surgimento do credor apenas com a causa que lhe dá origem, que normalmente ocorre antes mesmo da propositura da ação, prejudicando o terceiro de boa-fé, que adquiriu os bens do futuro devedor, mediante as certidões negativas apresentadas por este, restando o negócio jurídico regular, não se podendo falar em fraude contra credores. 4 Art Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em juízo, com a citação de todos os interessados.parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o preço que lhes corresponda ao valor real. 5 Art Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos. 1 o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente. 2 o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles Art. 158: O ajuizamento da ação pauliana pelo credor com garantia real (art. 158, 1º) prescinde de prévio reconhecimento judicial da insuficiência da garantia Art Para os efeitos do art. 158, 2º, a anterioridade do crédito é determinada pela causa que lhe dá origem, independentemente de seu reconhecimento por decisão judicial.
3 Em relação à legitimidade passiva, esta é do devedor insolvente, do adquirente do bem (ocorrerá a perda da coisa pela evicção) e de terceiros que agiram de má-fé, ou seja, acorrerá um litisconsórcio passivo necessário (art. 161 do CC). Consoante o art. 163 do CC prevê presunção de fraude, pois o devedor insolvente não pode utilizar seus bens como garantia para outro credor, sendo considerado um ato fraudulento, no sentido de que estará privilegiando um credor em detrimento de outro. Já o art. 164 do CC trata da presunção de boa-fé, em relação aos negócios quem mantém a subsistência da própria pessoa e de seus familiares. SIMULAÇÃO: é uma causa invalidante do negócio jurídico. Ocorre uma declaração enganosa da vontade, que visa produzir efeito diverso do indicado. Há duas espécies: Absoluta: há uma declaração de vontade ou confissão de dívida, sem o desejo de produzir o efeito jurídico. Relativa: quando se pratica um negócio jurídico para esconder outro, havendo o conluio. Aqui ocorrem dois negócios: O negócio simulado: é aquele que aparece para o mundo. Exemplo 1: compra e venda para a amante pode! Exemplo 2: compra e venda de um imóvel pelo valor venal do bem. O negócio dissimulado: é aquele pretendido pelas partes. Exemplo 1: doação para a amante, que não pode (artigo 550 do CC/2002) 8. Exemplo 2: compra e venda de um imóvel pelo valor real do bem. No primeiro exemplo, aparece para o mundo a compra e venda para o amante, a qual está escondendo a doação para o amante, tendo em vista que este não paga nenhum valor, assim como no segundo exemplo, o qual aparece para o mundo a compra e venda de um imóvel por um montante menor, com o intuito de diminuir o valor do imposto a ser calculado, em razão do negócio jurídico efetuado. O negócio jurídico simulado é SEMPRE nulo. Enquanto que o negócio jurídico dissimulado, se o ordenamento jurídico o aceitar, este será válido, ocorrendo o fenômeno da EXTRAVERSÃO (entrada do negócio jurídico dissimulado no ordenamento jurídico), caso contrário, este será NULO. Vide art. 167 do CC 9. 8 Art A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal. 9 Art É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. 1 o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. 2 o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado.
4 Classificação Secundária: Simulação Inocente: não há intenção de prejudicar outrem; Simulação Maliciosa: Há intenção de prejudicar outrem. Enunciado n. 294 do CJF: tanto a simulação inocente como a maliciosa gera a nulidade. A justificativa é a violação à ordem publica. ATO NULO FERE PRECEITO DE ORDEM PÚBLICA; DECLARADO DE OFÍCIO; AÇÃO DECLARATÓRIA; PESSOAS INTERESSADAS DEVEM PROVAR E O MP; IMPRESCRITÍVEL; EFEITO EX TUNC; NULIDADE ABSOLUTA NÃO ADMITE CONFIRMAÇÃO (NÃO TEM CONSERTO); Artigo 170 do CC/ : Objeto de conversão, são 2 espécies: SUBSTANCIAL: altera-se a substância. Converte-se o negócio jurídico nulo em outro diferente, porém, próximo. Exemplo: compra e venda de bem imóvel com valor superior a 30 salários mínimos (obrigatoriedade do registro de imóveis), no entanto, não foi procedido o registro, assim, um negócio nulo. Dessa forma, o negócio foi convertido em promessa de compra e venda, o qual não possui a necessidade de registro. FORMAL: preserva-se a substância, alterando-se a forma. Exemplo: testamento público nulo convertido em testamento particular. ATO ANULÁVEL: FERE PRECEITO DE ORDEM PRIVADA; JUIZ NÃO AGE DE OFÍCIO; AÇÃO ANULATÓRIA; LEGITIMADOS APENAS OS INTERESSADOS SUJEITO À PRAZO DECADENCIAL (ART. 178 E 179) EFEITO EX NUNC; NULIDADE RELATIVA (ANULABILIDADE) ADMITE CONFIRMAÇÃO (DÁ PRA CONSERTAR). 10 Art Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.
5 Plano da Eficácia (efeitos): Artigo 2035 do CC/ : deve-se levar em consideração sempre a lei vigente do tempo pra produção dos efeitos do negócio jurídico. Fatores de Eficácia (elementos acidentais do negócio jurídico): a. CONDIÇÃO: é a cláusula que subordina o efeito do negócio jurídico a um evento futuro e incerto. Condição suspensiva: subordina a eficácia do negócio. Exemplo: darei um fogão, quando casares. A doação está condicionada ao evento casamento. Condição resolutiva: subordina a ineficácia do negócio. Exemplo: emprestarei a minha casa em São Paulo a você, até casares. O comodato está condicionado ao evento casamento, o qual tirará o efeito do negócio jurídico. CLASSIFICAÇÃO SECUNDÁRIA DAS CONDIÇÕES Condição lícita: não contraria a lei, a ordem pública e os bons costumes; Condição Ilícita: contraria o ordenamento jurídico, restando o negócio jurídico nulo (art. 123, II, c/c art. 166, VII, ambos do CC/02) 12 ; Condição Perplexa: priva de todo o efeito o negócio jurídico. Exemplo: empresto o livro, se você não o ler (art. 123, III, c/c art. 166, VII, ambos do CC/02); Condição Puramente Potestativa: subordina o efeito ao arbítrio de uma das partes. Exemplo: jogador de futebol com dois contratos (1 regular e o outro não), ficando ao arbítrio do Clube registrar o segundo, caso haja interesse; Condição Simplesmente Potestativa: conjuga a vontade de uma das partes e um fato externo. Essa é aceita pelo ordenamento jurídico. Exemplo: Darei R$ 2000,00 se você, campeão de futebol, jogar o próximo torneio; 11 Art A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada em vigor deste Código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no art , mas os seus efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, salvo se houver sido prevista pelas partes determinada forma de execução. Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos. 12 Art Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados: II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita; Art É nulo o negócio jurídico quando: VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
6 Condição Fisicamente Impossível: se esta condição também for suspensiva, o negócio é nulo. Exemplo: darei uma casa (artigo 123, II, c/c art. 166, VII, CC/02), se você for a Manaus em 1 minuto. Conforme o artigo , se esta condição for também resolutiva, será considerada não escrita, inexistente. Exemplo: empresto a casa até o momento em que você conseguir ir a Manaus em 1 minuto. Comodato sem prazo, somente mediante notificação para solicitar o imóvel ao comodatário. Condição Juridicamente Impossível: segue a mesma regra da condição fisicamente impossível. Condição Casual: depende de um evento natural, alheio à vontade das partes. Exemplo: dou R$ 1.000,00, se chover no campo; Condição Mista: depende da vontade da parte e de um terceiro. Exemplo: dou R$ 1000,00, se você abrir uma empresa com o meu irmão. Condição Promiscua: nasce simplesmente potestativa e perde tal característica por um fato alheio à vontade do agente. 13 Art Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, quando resolutivas, e as de não fazer coisa impossível.
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