CURSO ESCOLA DE DEFENSORIA PÚBLICA Nº 62
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- Giulia Cruz Ribas
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1 CURSO ESCOLA DE DEFENSORIA PÚBLICA Nº 62 DATA 30/10/15 DISCIPLINA DIREITO CIVIL OBRIGAÇÕES (NOITE) PROFESSORA BÁRBARA BRASIL MONITORA JAMILA SALOMÃO AULA 03/04 Ementa: Na aula de hoje serão abordados os seguintes pontos: * Obrigações solidárias * Obrigações indivisíveis * Transmissão das obrigações * Extinção das dívidas Obrigações 5) Obrigação solidária: art. 264, CC. Art Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda. Regras específicas da solidariedade passiva. A partir do art. 275, CC. a) Pagamento parcial:
2 É admitido o pagamento parcial, mas não gera a extinção da dívida ou da solidariedade em relação ao remanescente. Art. 275, CC Art O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto. Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores. b) Renúncia da solidariedade (art. 282, CC) Remissão da dívida (art. 277, CC): Renúncia da solidariedade é ato de natureza unilateral. Quando o indivíduo unilateralmente abre mão do que lhe favorece. O credor pode renunciar a solidariedade em face de qualquer um dos devedores solidários. O devedor solidário beneficiado com a renúncia só pode ser demandado por sua quota-parte e os demais ficam responsáveis pelo remanescente em regime de solidariedade. Art. 282, CC Art O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais. Remissão, nos termos do art. 385, CC é uma forma de extinção da obrigação. É um ato de natureza bilateral. O credor continua como credor apenas do que remanesceu, em regime de solidariedade. O beneficiado pela remissão sai da relação jurídica. Art O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada. Art A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro. Obs.: Art. 284, CC Rateio da quota parte do devedor insolvente. A quota parte do devedor solidário insolvente será rateada entre todos os devedores solidários. O devedor solidário beneficiado com a renúncia à solidariedade participa do rateio da quota parte do devedor insolvente. A renúncia à solidariedade não gera a extinção da obrigação. O beneficiado com a remissão da dívida não participa do rateio da quota parte do insolvente. Art No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente. c) Art. 279, CC x Art. 280, CC Art. 279, CC Se houver a perda do objeto por culpa de um dos devedores solidários, pelo valor do objeto que se perdeu o credor poderá cobrar de qualquer devedor solidário. Mas pelas perdas e danos o credor só poderá culpar do devedor culpado.
3 Art Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado. Art. 280, CC Pelos juros de mora o credor poderá cobrar de qualquer devedor solidário, mas internamente somente se responsabilizará pelos juros de mora o devedor solidário culpado. Art Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida. 6) Obrigações indivisíveis: A partir do art. 258, CC. O objeto da relação jurídica obrigacional não se fraciona. O objeto pode ser indivisível por: Por natureza: seu fracionamento gera perda das qualidades essenciais. Por determinação legal: porque a lei assim determinou. Ex.: lei 6766/79, lei de uso e ocupação do solo. Por ato de manifestação de vontade das partes: quando tem um bem em condomínio ou em copropriedade. Ex.: art. 1320, CC. Por razões de natureza econômica: se vier a fracionar perderá seu valor econômico. Bem indivisível quando tem mais de um credor ou mais de um devedor aplicam-se as regras do art. 258, CC e seguintes. E não significa que sejam solidários, o que deve vir que forma expressa. 6.1) Pluralidade de credores: O objeto poderá ser cobrado por qualquer um dos credores. O devedor deve entregar o objeto (efetuar o pagamento) a todos os credores conjuntamente. Existe mais de um credor, mas eles não são solidários. Para o código civil o devedor poderá pagar a apenas um dos credores, desde que esse credor conceda a caução de ratificação. Caução de ratificação é a garantia dada pelo credor que recebe o pagamento de que todos os demais credores estão ratificando o pagamento e dando a respectiva quitação. Art. 261, CC. Art Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total. 6.2) Pluralidade de devedores: O credor poderá demandar qualquer um dos devedores. De modo que qualquer um dos devedores ficará obrigado a entregar ao credor o objeto na sua integralidade.
4 Aquele devedor que entregar se sub-roga na posição de credor de modo que poderá exigir dos demais a quota parte deles com o bem convertido em dinheiro. 3) Transmissão das obrigações: A partir do art. 286, CC. Cessão de crédito. A partir do art. 286, CC. Assunção de dívida. A partir do art. 299, CC. As obrigações podem nascer fruto da lei, da manifestação de vontade das partes ou da prática de ato ilícito. O sujeito passivo será aquele que assume o dever jurídico, ao passo que o sujeito ativo será aquele titular do direito subjetivo. A relação jurídica obrigacional (fruto de manifestação de vontade) já nasce com credores e devedores definidos, ou seja, com as posições de sujeito ativo e sujeito passivo definidas. Contudo, nada impede que no curso da relação jurídica obrigacional essas posições se alterem por intermédio de formas de transmissão das obrigações. De modo que alterasse o sujeito ativo através da cessão de crédito e alterasse o sujeito passivo através da assunção de dívida, sem que isso gere a extinção da obrigação. 3.1) Cessão de crédito: Cessão de crédito é o negócio jurídico bilateral por meio do qual o credor, sujeito ativo, transfere para um terceiro sua posição na relação jurídica obrigacional sem que haja a extinção da obrigação. O credor originário sai da relação jurídica obrigacional e entra um novo credor. Cedente: aquele que transfere o direito de crédito a terceiro. Cessionário: aquele que recebe o direito de crédito do credor originário. Cedido: o devedor da relação jurídica. Regras: a) Como regra vige o Princípio da Livre Cedibilidade dos Créditos: Art. 286, CC
5 Art O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação. Como regra, todos os créditos são passíveis de cessão. Mas a lei pode determinar, as partes podem convencionar ou a natureza da obrigação pode determinar que o crédito seja incessível. b) A cessão de crédito é um negócio jurídico: Enquanto requisito de validade a cessão de crédito não obedece a uma forma especial. Para que produza seus efeitos para terceiros a cessão de crédito tem que ser formalizada / instrumentalizada por meio de instrumento público ou instrumento particular que obedeça aos requisitos do art. 654, 1º, CC. Art o O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi passado, a qualificação do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designação e a extensão dos poderes conferidos Esses terceiros podem ser eventualmente outros credores que o credor originário tenha. c) Consentimento do devedor: A cessão de crédito, para ser válida, não necessita do consentimento do devedor, ou seja, o devedor não participa do negócio jurídico cessão de crédito, que é bilateral, formado entre cedente e cessionário. Mas o devedor precisa ser notificado. Precisa saber a quem pagar. Uma vez notificado se o devedor pagar para o credor originário pode ser compelido a pagar duas vezes. Se não foi notificado e pagou para o credor originário pagou bem. O cessionário é que deve se voltar contra o cedente. Essa notificação está prevista no art. 290, CC, e pode ser feita pelo cedente, cessionário ou ambos. Art A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita. Obs.: O devedor poderá opor ao cessionário todas as exceções que tinha para com o cedente. Exceções seriam as matérias de defesa. Art. 294, CC. Art O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente. d) Responsabilidade do cedente:
6 Como regra a responsabilidade do cedente é pro soluto. O cedente não se responsabiliza pela solvência do devedor cedido. A solvência do devedor cedido ao tempo do pagamento / do adimplemento é sempre do cessionário. Essa regra não tem exceção. O cedente se responsabiliza pela existência da dívida ao tempo da cessão. Excepcionalmente a cessão pode ser pro solvendo. O cedente se responsabiliza pela solvência do devedor cedido. O cedente pode vir eventualmente a se responsabilidade pela insolvência do devedor ao tempo da cessão. CC. A cessão poderá ser pro solvendo desde que as partes tenham convencionado. Art. 295 e 296, Art Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé. Art Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor. Em o cedente sendo responsabilizado pela solvência do devedor essa responsabilidade incidirá sobre o valor pago pelo crédito e não sobre o valor do crédito transferido, mais juros, as despesas decorrentes da cessão e as despesas que o cessionário teve com a cobrança. Art. 297, CC. Art O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança. 3.2) Assunção de dívida: A partir do art. 299, CC. Assunção de dívida é o negócio jurídico trilateral por meio do qual o devedor primitivo transfere para um terceiro, denominado de assuntor, sua posição na relação jurídica obrigacional sem gerar a extinção da obrigação. Regras: a) Consentimento: Como a relação jurídica é trilateral a assunção de dívida para ser válida tem que ter o consentimento do credor. O consentimento do credor tem que ser expresso. Art. 299, CC. O silêncio caracteriza recusa. Art É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.
7 Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa. Excepcionalmente o silêncio do credor gerará aceitação/anuência, art. 303, CC. Incide toda vez que transfere um crédito garantido pelo direito real de hipoteca. Art O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do crédito garantido; se o credor, notificado, não impugnar em trinta dias a transferência do débito, entender-se-á dado o assentimento. b) Liberatória: A partir do momento que o credor consente com a assunção da dívida haverá uma liberação/exoneração do devedor primitivo, que sai da relação jurídica obrigacional e entra o novo devedor e assume o novo pagamento. Essa liberação depende do consentimento do credor. Havendo a invalidação da assunção de dívida o devedor primitivo retorna para a relação jurídica obrigacional. Invalidação produz efeitos ex tunc. Art. 301, CC. Art Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com todas as suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o vício que inquinava a obrigação. 4) Extinção das obrigações 4.1) Pagamento: A partir do art. 304, CC ) Sujeitos do pagamento: a partir do art. 304, CC ) Tempo do pagamento: a partir do art. 331, CC ) Lugar do pagamento: a partir do art. 327, CC.
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