Dos defeitos do negócio jurídico. Da coação, da lesão e do estado de perigo
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- Stéphanie Santiago Vasques
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1 Dos defeitos do negócio jurídico Da coação, da lesão e do estado de perigo
2 A coação A coação é toda ameaça ou pressão injusta exercida sobre um indivíduo para forçá-lo, contra a sua vontade, a praticar um ato ou realizar um negócio.
3 Da coação O que caracteriza a coação é o emprego da violência psicológica para viciar a vontade.
4 Da coação Coação relevante: o agente coagido tem fundado temor de dano iminente e considerável à si, à sua família ou aos seus bens. A coação, para viciar o negócio jurídico, precisa ser relevante. Há entendimentos que a coação pode ser reconhecida se houver fundado temor de dano a amigo íntimo ou namorado do paciente (coagido). Vide art. 151 do CC.
5 Coação O magistrado levar em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade da pressão exercida. Art. 152 do CC A análise das circunstâncias que circundam o negócio jurídico é realizada in concreto, principalmente as características gerais da pessoa coagida.
6 Da coação Não é a coação, em si, um vício da vontade, mas, sim, o temor que ela inspira, tornando defeituosa a manifestação de querer do agente. O que a caracteriza a coação é o emprego da violência psicológica para viciar a vontade É o temor que repercute no ânimo da vítima que constitui o vício do consentimento, e não os atos externos utilizados no sentido de desencadear o medo.
7 Espécies de coação Vis absoluta (coação absoluta) Nesta espécie de coação não há qualquer consentimento ou manifestação da vontade por parte do coagido, porque a vantagem pretendida pelo coator é obtida mediante o emprego de força física (o agente não age mediante sua vontade, exatamente, mas através da vontade do outro). Gera a NULIDADE ABSOLUTA do negócio. Vis relativa (coação relativa) A coação que constitui vício da vontade e torna anulável o negócio jurídico (CC, art. 171, II) é a relativa ou moral. Nesta, deixa-se uma opção ou escolha à vítima: praticar o ato exigido pelo coator ou correr o risco de sofrer as consequências da ameaça por ele feita. é uma coação psicológica causa NULIDADE RELATIVA.
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9 Coação exercida por terceiro A coação exercida por terceiro gera a anulabilidade do negócio se o negociante beneficiado dela tiver ou dever ter conhecimento, respondendo tanto o beneficiado quanto o coator solidariamente, perante o coagido, pelas perdas e danos. O negócio jurídico permanecerá válido se o negociante beneficiado pela coação dela não tiver ou não devesse ter conhecimento Vide art. 155 do CC (vide o princípio da conservação dos negócios jurídicos). - Há dever de indenizar do coator que responderá por todas as perdas e danos que tiver causado.
10 Da coação - vide art. 153 CC Não constituem coação: A ameaça relacionada com o exercício regular de um direito reconhecido. (como no caso de informação de prévio protesto de um título em cartório, sendo existente e devida a dívida). O mero temor reverencial ou o receio de desagradar pessoa querida ou a quem se deve obediência. (casar-se com alguém com medo de desapontar seu irmão, grande amigo - o casamento é válido).
11 Do estado de perigo Situação de extrema necessidade que conduz uma pessoa a celebrar negócio jurídico em que assume obrigação desproporcional e excessiva.
12 Estado de perigo O negócio é anulável (nulidade relativa) Alguém que tem pessoa da família sequestrada, tendo sido fixado o valor do resgate em R$ ,00 (dez mil reais). Um terceiro conhecedor do sequestro oferece para a pessoa justamente os dez mil por uma joia, cujo valor gira em torno de cinquenta mil reais. A venda é celebrada, movida pelo desespero da pessoa que quer salvar o filho. O negócio celebrado é, portanto, anulável. (Ex. de Maria Helena Diniz)
13 Estado de perigo A sanção a ser aplicada ao ato eivado de estado de perigo é a sua anulação arts li, e 178, li, do CC prazo de quatro anos a contar da data de celebração do negócio.
14 ESTADO DE PERIGO = situação de perigo concreto + onerosidade excessiva - situação de perigo concreto (elemento subjetivo) - onerosidade excessiva (elemento objetivo)
15 Da lesão Criada para se evitar o negócio da China, o enriquecimento sem causa, fundado em negócio totalmente desproporcional, utilizado para massacrar patrimonialmente uma das partes.
16 Da lesão Para a caracterização da lesão é necessária a presença de um elemento objetivo, formado pela desproporção das prestações, a gerar uma onerosidade excessiva, um prejuízo a uma das partes; bem como um elemento subjetivo: a premente necessidade ou inexperiência. Vide caput do art o exemplo típico de contratos que trazem lesão na realidade brasileira são aqueles que visam a aquisição da casa própria de forma financiada em nosso Pais. (Opinião de Flávio Tartuce).
17 LESÃO = premente necessidade ou inexperiência + onerosidade excessiva - premente necessidade ou inexperiência (elemento subjetivo) - onerosidade excessiva (elemento objetivo)
18 Da lesão A lesão é causa de anulabilidade do negócio jurídico Princípio da conservação dos contratos: verificada a lesão, é possível, a revisão judicial do negócio jurídico e não à sua anulação. Vide as regras do art. 157, 2º CC.
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