REJEITADA A PRELIMINAR. APELAÇÃO IMPROVIDA. Nº COMARCA DE PORTO ALEGRE ALCENIR VALTER DA SILVA ACÓRDÃO

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1 APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO MONITÓRIA. CHEQUE. 1. NULIDADE DA SENTENÇA. CERCEAMENTO DE DEFESA. PRODUÇÃO DE PROVAS. NÃO-OCORRÊNCIA. Inocorre cerceamento de defesa quando a parte, intimada para se manifestar sobre as provas a serem produzidas, mantém-se silente. Precedentes jurisprudenciais. 2. CHEQUE. CIRCULAÇÃO. ENDOSSO. INOPONIBILIDADE DAS EXCEÇÕES PESSOAIS. APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA ABSTRAÇÃO E AUTONOMIA. É consabido que o cheque, dotado dos atributos conferidos aos títulos de crédito, v.g. a autonomia e abstração, é passível, a teor do art. 17 da Lei nº 7.357/85, de circulação mediante endosso, sendo defeso, salvo comprovada má-fé do portador, opor exceções pessoais, consoante preceitua o art. 25 do mesmo diploma legal. Ao concreto, conquanto inexista transação direta entre as partes, os títulos foram endossados à autora, através de operação de factoring entre o autor e a cedente, figurando a embargada como terceiro de boa-fé e legítima portadora. Precedentes jurisprudenciais. Ausência de comprovação de ilegalidade da dívida. Inteligência do art. 333, II do CPC. Improcedência dos embargos mantida. REJEITADA A PRELIMINAR. APELAÇÃO IMPROVIDA. APELAÇÃO CÍVEL DÉCIMA CÂMARA CÍVEL COMARCA DE PORTO ALEGRE ALCENIR VALTER DA SILVA BRAZIL CREDITT MERCANTIL E NEGOCIOS LTDA APELANTE APELADO ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos. Acordam os Magistrados integrantes da Décima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em, REJEITADA A PRELIMINAR, NEGAR PROVIMENTO À APELAÇÃO. Custas na forma da lei. 1

2 Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes Senhores DES. PAULO ANTÔNIO KRETZMANN (PRESIDENTE) E DRA. ANA LÚCIA CARVALHO PINTO VIEIRA. Porto Alegre, 17 de novembro de DES. PAULO ROBERTO LESSA FRANZ, Relator. RELATÓRIO DES. PAULO ROBERTO LESSA FRANZ (RELATOR) Adoto o relatório das fls. 63/64, aditando-o como segue: Sobreveio sentença, julgando improcedente os embargos, bem como procedente a ação monitória, convertendo o mandado inicial em mandado executivo. Condenou, ainda, a embargante ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor da causa. Os embargos de declaração opostos (fls. 67/68) restaram acolhidos (fl. 69), apenas para o efeito de corrigir erro material da sentença. Irresignado, o embargante apelou (fls. 72/73). Sustenta, preliminarmente, cerceamento de defesa, vez que não foi acolhido pelo juízo de 1º Grau o pleito de produção de provas, principalmente a testemunhal. No mérito, em concisas razões, afirma que não houve qualquer transação ou negócio entre as partes, faltando justa causa para justificar a existência dos títulos executivos. decisum. Contra-razões às fls. 80/83, pugnando pela manutenção do Subiram os autos a esta Corte. É o relatório. 2

3 VOTOS DES. PAULO ROBERTO LESSA FRANZ (RELATOR) Eminentes colegas. recursais. Inicialmente, cumpre rechaçar a prefacial argüida em razões O apelante/embargante alega cerceamento de defesa, em razão de não ter sido acolhido o pleito de produção de provas, especialmente a testemunhal, declinado em sede de embargos. Improspera aludida preliminar. Com efeito, a magistrada a quo determinou a intimação das partes para que se manifestassem sobre as provas a serem produzidas, conforme se infere da fl. 59 dos autos, restando o recorrente silente. defesa. Câmara: Diante disso, não há como sustentar qualquer cerceamento de Neste sentido, trago a lume a seguinte jurisprudência desta AÇÃO REVISIONAL. 1. PROVA. Autora-apelante que, instada a especificar as provas que pretendia produzir, silenciou. Descabimento de, no apelo, reclamar contra a não-realização de perícia. 2. DÍVIDA NOVADA. Descabimento de discutir dívida novada. Precedentes. Confirmação da improcedência da ação. Apelo improvido. (Ap. nº , Rel. Des. Luiz Lúcio Merg, j. em 1º.11.01). Superada a prefacial, no mérito, tenho que não encontra trânsito a pretensão vertida na exordial dos embargos opostos em relação à demanda monitória. É consabido que o cheque, dotado dos atributos conferidos aos títulos de crédito, v.g. a autonomia e abstração, é passível, a teor do art. 17 da Lei nº 7.357/85, de circulação mediante endosso, sendo defeso, salvo 3

4 comprovada má-fé do portador, opor exceções pessoais, consoante preceitua o art. 25 do mesmo diploma legal, in verbis: Art. 25 Quem for demandado por obrigação resultante de cheque não pode opor ao portador exceções fundadas em relações pessoais com o emitente, ou com os portadores anteriores, salvo se o portador o adquiriu conscientemente em detrimento do devedor. Tal entendimento vem sufragado pela jurisprudência desta Câmara, conforme se verifica dos seguintes julgados: ANULAÇÃO DE CHEQUE. SUSTAÇÃO PROTESTO. ENDOSSO. ÔNUS DA PROVA. INOPONIBILIDADE DAS EXCEÇÕES. Hipótese em que o emitente do título não pode opor exceções pessoais ao portador do cheque, não integrante do negócio subjacente, sendo considerado terceiro de boa-fé, em razão da autonomia e abstração do título. APELO IMPROVIDO. (Apelação Cível Nº , Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Ary Vessini de Lima, Julgado em 11/12/2003) AÇÃO MONITÓRIA. CHEQUE PRESCRITO. CHEQUE. CERCEAMENTO DE DEFESA. O cheque constitui título cambial autônomo e abstrato. Descabe o acolhimento dos embargos quando incomprovada a alegada quitação do débito relacionado ao título que embasa a ação monitória. Ônus previsto no art. 333, II, do CPC. Incumbe ao devedor elidir a certeza da existência do crédito Inexiste prova tanto de que a cártula foi dada em garantia, como da quitação do débito. Mantida a sentença. Preliminar rejeitada. Apelo improvido. (Apelação Cível Nº , Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Alberto Schreiner Pestana, Julgado em 19/02/2004) Daí que não merece trânsito a insurgência recursal, no que tange a alegação de que não houve transação entre as partes, vez que, conquanto inexista negócio direto entre os litigantes, os cheques (fls ) foram endossados à autora, através de operação de factoring entre o autor e a empresa Silicom Eletônica LTDA. Por outro lado, em relação à tese vertida na resposta, ofertada pelo ora recorrente, sequer reeditada na insurgência recursal, no sentido de a apelante ter acertado a devolução dos cheques com a empresa Silicom, de 4

5 mesma sorte, não merece guarida, pois desprovida de qualquer lastro probatório, ônus do qual não se desincumbiu o embargante, a teor do art. 333, II do CPC. E não se diga que a cópia da notificação judicial acostada à fl. 49/50 se presta para tal fim. Primeiro, porque, se realmente concretizada tal acordo, inexiste comprovação de que os cheques mencionados naquela notificação são os títulos que aparelham a presente ação. Por derradeiro, em razão de ser a notificação datada de , ou seja, após o endosso das cártulas, que ocorreu no ano de 2002, conforme ilustram os documentos acostados às fls Diante desse contexto, a apelante não cumpriu com seu ônus probatório, que seria de alegar e comprovar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da demandante, a teor do art. 333, II, do CPC. A propósito: AÇÃO MONITÓRIA. COBRANÇA DE CHEQUE PRESCRITO. PLAUSIBILIDADE DO DIREITO PRETENDIDO, NÃO RECHAÇADO PELO EMBARGANTE. PRELIMINAR. O julgador de primeiro grau é o real destinatário das provas a serem produzidas pelas partes, cabendo-lhe, portanto, em um primeiro momento, a prerrogativa de deferi-las ou indeferi-las, consoante a relevância que revelarem para a formação de seu livre convencimento. Hipótese na qual o procedimento monitório, com base em cheque prescrito, visa à constituição de título executivo. Ora, se o embargado cobra uma dívida embasada em tal documento e o embargante apenas nega ser devedor, sem apresentar comprovação convincente, conclui-se que o último não cumpriu com seu ônus probatório, que seria de alegar e comprovar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do primeiro (art. 333, II, do CPC), o qual, ao reverso, deve-se dar por provado. APELAÇÃO IMPROVIDA, PRELIMINAR AFASTADA. (Apelação Cível Nº , Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Ary Vessini de Lima, Julgado em 09/12/2004) DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO MONITÓRIA. CHEQUE Cobrando-se cheque por intermédio de ação monitória compete ao embargante o ônus probatório para desconstituir a legalidade da dívida. Apelação desprovida. Sentença mantida. Decisão unânime. (Apelação Cível Nº , Décima 5

6 Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Alberto Schreiner Pestana, Julgado em 04/11/2004) Assim, os títulos, in casu, estão abrigados pelos princípios da autonomia e abstração, figurando a embargada como terceira de boa-fé e legítima portadora, razão pela qual a improcedência da ação era corolário lógico. Por todo exposto, VOTO no sentido de REJEITADA A PRELIMINAR, NEGAR PROVIMENTO À APELAÇÃO, mantendo incólume a sentença hostilizada. DRA. ANA LÚCIA CARVALHO PINTO VIEIRA (REVISORA) - De acordo. DES. PAULO ANTÔNIO KRETZMANN (PRESIDENTE) - De acordo. DES. PAULO ANTÔNIO KRETZMANN - Presidente - Apelação Cível nº , Comarca de Porto Alegre: "REJEITADA A PRELIMINAR E NEGARAM PROVIMENTO À APELAÇÃO. UNÂNIME." Julgador(a) de 1º Grau: DRA ROSAURA MARQUES BORBA 6