Fraude contra credores (continuação)
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- Milena Igrejas Castel-Branco
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1 Turma e Ano: Turma Regular Master A Matéria / Aula: Direito Civil Aula 13 Professor: Rafael da Mota Mendonça Monitora: Fernanda Manso de Carvalho Silva Fraude contra credores (continuação) OBS1: Fraude decorrente da remissão de dívida A remissão de dívidas que leva o credor dessas dívidas à insolvência configura fraude contra credores (em relação ao seu credor), dando ensejo à ação pauliana para impugnar essa remissão. Art Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos. OBS2: O pagamento de dívidas prescritas (que são obrigações naturais, pois não podem ser exigidas), caso leve o devedor à insolvência pode ser considerado como fraude contra credores, ensejando a ação pauliana para impugnar, a fim de que aquilo retorne ao seu patrimônio. Trata se de uma exceção à irrepetibilidade das obrigações naturais (que, apesar de inexigíveis, são irrepetíveis). OBS 3: Se um devedor possui três credores e decide gravar o seu único bem disponível em favor de apenas um deles, os outros credores podem fazer uso da ação pauliana a fim de impugnar a garantia estabelecida, fazendo com que o gravame seja desconsiderado e o patrimônio fique livre para o cumprimento daquelas obrigações. Atenção! Considerando o exposto acima, conclui se que a fraude contra credores não ocorre apenas quando o devedor transfere patrimônio a título gratuito ou oneroso. Ela fica configurada mediante qualquer ato praticado pelo devedor que dificulte o cumprimento de uma obrigação. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Recomendação Bibliográfica: A prescrição e a decadência no Código Civil de 2002, de Gustavo Klo. Analisaremos a partir de agora as diferenças e principais características dos institutos da prescrição e da decadência. Prazos prescricionais: arts. 205 e 206 do Código Civil. Art A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. Art Prescreve: 1o Em um ano: 1
2 I a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos; II a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo: a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador; b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão; III a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários; IV a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembléia que aprovar o laudo; V a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade. 2o Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem. 3o Em três anos: I a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos; II a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias; III a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela; IV a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa; V a pretensão de reparação civil; VI a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição; VII a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo: a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima; b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembléia geral que dela deva tomar conhecimento; 2
3 c) para os liquidantes, da primeira assembléia semestral posterior à violação; VIII a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial; IX a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório. 4o Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas. 5o Em cinco anos: I a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular; II a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato; III a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo Prazos decadenciais: todos os outros espalhados pelo Código Civil (1) Quanto ao direito envolvido: Prescrição: Direito Subjetivo Decadência: Direito Potestativo Direito subjetivo é o poder que a lei confere ao indivíduo para exigir determinada prestação de outrem. Ex: fazer, não fazer, dar, pagar. Direito potestativo é a possibilidade que a pessoa tem de interferir na esfera jurídica alheia. Ex: divórcio. (2) Quanto à natureza jurídica da sentença pretendida: Prescrição: Sentença Condenatória Decadência: Sentença Constitutiva (3) Quanto ao objeto: Prescrição: A prescrição extingue a pretensão, que é um instituto que fica adormecido no direito subjetivo. Ela só surge quando este é violado. A pretensão é o que dá exigibilidade ao direito subjetivo, permitindo ao seu titular praticar atos coercitivos para garantir o seu direito. A pretensão é o que dá exigibilidade ao direito subjetivo, permitindo ao seu titular praticar atos coercitivos para garantir o seu direito. Art Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e
4 A prescrição não extingue o direito subjetivo, que fica intacto. Se o devedor quiser pagar voluntariamente após a prescrição, o credor pode receber. Essa dinâmica decorre da Teoria Dualista adotada no Direito Brasileiro, segundo a qual a obrigação é dividida em dois momentos: débito e responsabilidade. Aplicação da teoria dualista: Divide a obrigação em 2 momentos: Débito (Schuld, debitum): é a obrigação propriamente dita, o direito subjetivo; Responsabilidade (Haftung, obligatio): dá exigibilidade a esse direito, é a pretensão. Obrigação que tem débito e responsabilidade é chamada de obrigação civil. Existe obrigação que só tem débito sem responsabilidade; a ela se dá o nome de obrigação natural. Ex: dívida prescrita (arts. 882 e 883 do CC). Ela é irrepetível. Art Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível. Art Não terá direito à repetição aquele que deu alguma coisa para obter fim ilícito, imoral, ou proibido por lei. Parágrafo único. No caso deste artigo, o que se deu reverterá em favor de estabelecimento local de beneficência, a critério do juiz. Enunciado 14 do CJF Art. 189: 1) O início do prazo prescricional ocorre com o surgimento da pretensão, que decorre da exigibilidade do direito subjetivo; 2) o art. 189 diz respeito a casos em que a pretensão nasce imediatamente após a violação do direito absoluto ou da obrigação de não fazer. Decadência: O objeto da decadência é o próprio direito potestativo, que será extinto. A prescrição extingue a pretensão, que é um instituto que fica adormecido no direito subjetivo. Ela só surge quando este é violado. A pretensão é o que dá exigibilidade ao direito subjetivo, permitindo ao seu titular praticar atos coercitivos para garantir o seu direito. (4) Quanto aos prazos: Prescrição: Os prazos prescricionais só podem estar na lei (art. 192 do CC), não podendo haver convenção entre as partes (eventual cláusula será nula art. 166, VI, do CC). Art Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. Art É nulo o negócio jurídico quando: VI tiver por objetivo fraudar lei imperativa; [...] Os prazos prescricionais estão previstos nos artigos 205 e 206 do Código Civil (vide início desta aula). O art. 205 estabelece o prazo prescricional ordinário de dez anos, que tem aplicação residual, isto é, quando não houver prazo específico previsto para a situação. O art. 206 estabelece prazos extraordinários (específicos). 4
5 Decadência: Os prazos decadenciais podem estar na lei ou podem decorrer do encontro de vontades. Atenção! Prazos prescricionais mais importantes: Art. 206, 1º, II do Código Civil c/c Súmula 101 do STJ: A ação de indenização do segurado em grupo contra a seguradora prescreve em um ano. (Sumula 101 do STJ) O prazo de um ano também cabe para o seguro coletivo, e não apenas para o individual. Prazo de um ano quando ocorre o sinistro e a seguradora na paga a indenização. O prazo prescricional por inadimplemento do contrato, por exemplo, não é de um ano. Uns entendem que é o prazo ordinário de dez anos e outros que é o prazo da responsabilidade civil de três anos. Após o avanço da jurisprudência do STJ, prevalece o prazo de três anos. Art. 206, 3º, I c/c Enunciado 418 do CJF: Enunciado 418 do CJF Art. 206: O prazo prescricional de três anos para a pretensão relativa a aluguéis aplica se aos contratos de locação de imóveis celebrados com a administração pública. Art. 206, 3º, V: Hoje é pacífico no STJ que esta reparação civil diz respeito tanto a responsabilidade contratual quanto à extracontratual. Enunciado 419 do CJF Art. 206, 3º, V: O prazo prescricional de três anos para a pretensão de reparação civil aplica se tanto à responsabilidade contratual quanto à responsabilidade extracontratual. Enunciado 420 do CJF Art. 206, 3º, V: Não se aplica o art. 206, 3º, V, do Código Civil às pretensões indenizatórias decorrentes de acidente de trabalho, após a vigência da Emenda Constitucional n. 45, incidindo a regra do art. 7º, XXIX, da Constituição da República. O termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral (Sumula 278 do STJ) Art No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações: I no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família; II na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando se em conta a duração provável da vida da vítima. Art No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido. Art Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da 5
6 convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez. Esses artigos estão no capítulo de responsabilidade que fala sobre a indenização (requerimento de pensão). No caso de indenização decorrente de incapacidade laboral, o prazo de três anos começa a ser contado a partir da data em que o sujeito toma ciência da incapacidade laboral. A ação de cobrança do seguro obrigatório (DPVAT) prescreve em três anos (Sumula 405 do STJ) Prescreve em cinco anos a ação de perdas e danos pelo uso de marca comercial. (Sumula 143 do STJ) Atenção! O prazo de cinco anos do art. 618 do CC não é prazo prescricional para demandar contra o empreiteiro/construtora. Trata se do prazo máximo para ter ciência de vícios na obra (cinco anos), e então haverá um prazo de 180 dias para o exercício de um direito potestativo (reclamar vícios na obra). O prazo prescricional de vinte anos previsto na súmula é para pedir perdas e danos; mas este era o prazo ordinário do CC/16. O entendimento pacífico no STJ é de que hoje se aplica o prazo ordinário de dez anos com base no art. 205 do CC/02. Art Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o prazo irredutível de cinco anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo. Parágrafo único. Decairá do direito assegurado neste artigo o dono da obra que não propuser a ação contra o empreiteiro, nos cento e oitenta dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito. Prescreve em vinte (hoje 10 dez) anos a ação para obter, do construtor, indenização por defeitos da obra. (Sumula 194 do STJ) 6
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