CERTIFICAÇÃO BRASILEIRA DE MELHORIA DE PROCESSO DE SOFTWARE: O MPS.BR

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1 CERTIFICAÇÃO BRASILEIRA DE MELHORIA DE PROCESSO DE SOFTWARE: O MPS.BR Leonardo Galvão Daun Universidade Estadual de Maringá leonardo.daun@gmail.com Profª Drª Sandra Ferrari Universidade Estadual de Maringá Departamento de Informática sferrari@din.uem.br RESUMO A partir do ano 2000, estudos mostraram que era necessário um esforço significativo para aumentar a maturidade do processo de software nas empresas brasileiras. Assim, a Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro, a SOFTEX, iniciou um programa que mudaria o cenário das empresas desenvolvedoras de software no Brasil, o MPS.BR. Este programa, Melhoria de Processo de Software Brasileiro, engloba universidades, centros de pesquisas, organizações comprometidas com seus processos de software, Instituições Avaliadoras (IA), Instituições Implementadoras (II) e Instituições Organizadoras de Grupos de Empresas (IOGE). Este artigo descreve as principais características do Programa MPS.BR, do modelo MPS, o método de Avaliação (MA-MPS) e os modelos de Negócio (MN-MPS) e Referência (MR-MPS). PALAVARAS CHAVE. Melhoria de Processos de Software, MPS.BR, Qualidade de Software. ABSTRACT Since 2000, studies showed that a significant effort was needed to increase to a higher level the maturity of the software engineering process in brazilians companies. Thus, the Association for Promotion of Brazilian Software Excellence, SOFTEX, began a program that will change the scenario of software companies developers, the MPS.BR. This nationwide program, Melhoria do Processo de Software Brasileiro, involves Universities, research centres, organizations committed to their software improvement, Process Implementation service organizations; Process Assessment service organizations and Group of Enterprises Management service organizations ( IOGE Instituições Organizadoras de Grupos de Empresas ). This article describes the main features of MPS.BR Program, the MPS model, the Assessment (MA-MPS) model and Business (NM-MPS) and Reference (MR-MPS) models. KEYWORDS. Software Process Improvement, Software Quality. Process Reference Model, Process Assessment Model. 1

2 Introdução Por meio de pesquisas periódicas sobre qualidade de software, foi constatada a necessidade de um esforço concentrado na melhoria do processo de software nas empresas brasileiras. Desde 1993, com a criação do PBQP (Subicomitê de Software do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade), é visível o investimento na melhoria da qualidade do software desenvolvido nas empresas brasileiras. Entretando, segundo Weber (2005), um estudo do MIT (Massachussets Institute of Technology) mostrou que essas empresas favoreciam a ISO 9000 em detrimento de outros modelos e padrões especificamente voltados para software. Segundo dados do MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia), em 2003, o número de empresas certificadas com a ISO 9000 era de 214, enquanto o número de empresas com certificação CMM era 30, sendo apenas 1 no nível 4, 5 no nível 3 e 24 no nível 2. O Programa MPS.BR visa a melhoria de processo do software brasileiro, em todas as regiões do país, e, segundo Ribeiro e Duarte (2006), em no minímo 2 países da América Latina nos próximos anos. Porém, Weber (2005), para atingir o padrão de qualidade e incentivar uma maior participação de empresas no programa, foi necessário estabelecer algumas metas iniciais: meta 1 - técnica, compreendendo quatro macroatividades: Criação e aprimoramento do modelo de Melhoria de Processo de Software (MPS); Capacitação de pessoas por meio de programas anuais de treinamento compostos de Cursos, Provas e Workshops MPS.BR, a um custo viável; Credenciamento de Instituições Implementadoras (II); Credenciamento de Instituições Avaliadoras (IA); meta 2 - de disseminação do Modelo MPS no mercado brasileiro, compreendendo três macroatividades: Criação e aprimoramento de um Modelo de Negócio para Melhoria de Processo de Software (MN-MPS); Implementação do Modelo MPS em empresas ou grupos de pequenas e médias empresas (PME), a um custo viável; Avaliação do Modelo MPS em empresas, a um custo viável. Além do apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), em abril de 2005, o programa MPS.BR passou a ser apoiado também pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), por intermédio do Fundo Multilateral de Investimento (FUMIN). De acordo com um representante do BID, se tivermos dois outros países acompanhando o Brasil nesta experiência, cria-se o cenário para promoção de parcerias e também um espaço comum entre empresas nos países envolvidos. A SOFTEX A Sociedade SOFTEX promove ações de empreendedorismo, capacitação, apoio à capitalização e ao financiamento, e apoio a geração de negócios no Brasil e no exterior, visando aumentar a competitividade da indústria brasileira de software. Sua missão é transformar o Brasil em um centro de excelência mundial na produção e exportação de software. No do final de 2004 mudou a razão social para Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro - SOFTEX, é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público criada em 03/12/1996, com sede em Campinas, ( A SOFTEX coordena as ações de 31 agentes SOFTEX, localizados em 23 cidades de 13 unidades da federação, com mais de 300 empresas associadas. 2

3 O Projeto MPS.BR Segundo Sodré (2008), não é objetivo do projeto definir algo novo em termos de normas e modelo de maturidade. Para a construção do modelo foi observado a realidade das empresas brasileiras, a norma ISO/IEC 12207, a série de normas ISO/IEC (SPICE) e o modelo CMMI. O modelo MPS.BR é divido em 3 partes: Modelo de Negócio, Modelo de Referência e Modelo de Avaliação; e se relaciona com as normas ISO da seguinte forma: ISO/IEC 12207: Processo de Ciclo de Vida do Software; ISO/IEC (SPICE): Frameworks para avaliação emelhoria de processo de software; CMMI: Modelo para Melhoria de Processo de Software MR-MPS: Modelo de referência para melhoria do processo de software De acordo com Sodré (2008), níveis de maturidade estabelecem uma forma de prever o desempenho futuro de uma organização com relação a uma ou mais disciplinas. Um nível de maturidade é um patamar definido de evolução de processo. Dessa forma, Sodré (2008) afirma que a maturidade do processo está organizada em duas dimensões: Dimensão da capacidade: é um conjunto de atributos de um processo que estabelece o grau de refinamento e institucionalização com que o processo é executado na organização. À medida que evolui nos níveis, um maior ganho de capacidade de desempenhar o processo é atingido pelaorganização. Os níveis estabelecem uma maneira racional para aprimorar a capacidade dos processos definidos no MR mps; Dimensão de processos: baseada na ISO/IEC 12207, estabelece que a organização deveria executar para ter qualidade na produção, fornecimento, aquisição e operação de software. A interseção dessas duas dimensões define a maturidade do processo que no MR mps são sete: A - Em Otimização; B - Gerenciado quantitativamente; C - Definido; D - Largamente Definido; E - Parcialmente Definido; F - Gerenciado; G - Parcialmente Gerenciado; Segundo a SOFTEX, cada nível de maturidade possui suas áreas de processo, onde são analisados os processos fundamentais (aquisição, gerência de requisitos, desenvolvimento de requisitos, solução técnica, integração do produto, instalação do produto, liberação do produto), processos organizacionais (gerência de projeto, adaptação do processo para gerência de projeto, análise de decisão e resolução, gerência de riscos, avaliação e melhoria do processo organizacional, definição do processo organizacional, desempenho do processo 3

4 organizacional, gerência quantitativa do projeto, análise e resolução de causas, inovação e implantação na organização) e os processos de apoio (garantia de qualidade, gerência de configuração, validação, medição, verificação, treinamento). MA-MPS Método de avaliação para melhoria do processo de software O método de avaliação tem como objetivo orientar a realização de avaliações, em conformidade com a norma ISO/IEC 15504, em empresa e organizações que implementaram o MR-MPS (SOFTEX, 2008). A avaliação das organizações deverá ser realizada considerando-se a aderência às áreas de processo estabelecidas para cada nível de maturidade e a adequação das práticas que implementam as áreas de processo (SONDRÉ, 2008). Segundo Sondré (2008), o nível de implementação das práticas relacionadas a uma área de processo é avaliada a partir de indicadores. Esses indicadores, que devem ser definidos pela empresa para cada prática relacionada a uma área de processo, podem ser de um dos três tipos a seguir: Direto: São produtos intermediários, resultantes de uma atividade. Indicadores Indiretos: São, em geral, documentos que indicam que uma atividade foi realizada. Afirmações: São resultantes de entrevistas com a equipe dos projetos avaliados de acordo com quatro níveis: TI (Totalmente implementada), LI (Largamente Implementada), PI (Parcialmente Implementada), NI (Não Implementada). Para realização de uma avaliação devem ser submetidos todos os projetos concluídos e todos os projetos em andamento a partir da implementação do MR mps na empresa ou na organização que será avaliada. Durante o planejamento da avaliação, a instituição avaliadora deve selecionar um conjunto suficiente de projetos que garanta representatividade da organização a ser avaliada. Este número, entretanto não deve ser inferior a dois projetos concluídos e dois projetos em andamento (SONDRÉ, 2008). A decisão final sobre o grau de implantação de um processo é da equipe de avaliação considerando os resultados da avaliação nos projetos avaliados (SONDRÉ, 2008). MN-MPS Modelo de negócio para melhoria do processo de software Weber (2005) explica que no modelo de negócio específico para uma empresa (MNE), cada empresa interessada negocia e assina um contrato específico com uma das Instituições Credenciadas para Implementação (ICI) do MR.MPS. Para avaliação, ela negocia e assina um outro contrato específico com uma das Instituições Credenciadas para Avaliação (ICA). A entidade coordenadora do Projeto (Sociedade SOFTEX) toma conhecimento, através da ICI ou ICA, do contrato e dos resultados da implementação e/ou avaliação na empresa. 4

5 Ainda Weber (2005), no Modelo de Negócio Cooperado (MNC), o primeiro passo, é a constituiçãoo de um grupo de empresas interessadas na implementação do MR mps (o que pode acontecer, por exemplo, por iniciativa de um Agente SOFTEX). A partir de sua constituição, a coordenaçãoo do grupo de empresas irá negociar e assinar um contrato com uma das Instituições Credenciadas para Implementação (ICI) do MR.MPS. Posteriormente, irá negociar e assinar um outro contrato para avaliação das empresas com uma das Instituições Credenciadas para Avaliação (ICA). Neste caso, a Sociedade SOFTEX toma conhecimento da implementação e/ou avaliação no grupo de empresas, atravès da ICI ou ICA, e assina um convênio com a entidade organizadora do grupo de empresas (por exemplo, um Agente SOFTEX), sempre que pertinente. Assim, a Sociedade SOFTEX e seus Agentes Regionais estarão acelerando a velocidade de implementação da melhoria de processos de software no Brasil, especialmente na micro, pequena e média empresa. Conclusão Projetos como este são importantes, porque criam possibilidades para empresas brasileiras melhorarem seus processos de software. Através de um MPS.BR, nossas empresas, principalemente as pequenas e as médias, podem se tornar mais competitivas e oferecer produtos desenvolvidos com a mesma qualidade de empresas internacionais, haja visto que o modelo MPS.BR é baseado em normas internacionais de melhoria de processo de software. Referência LEITE, Cássia Rodrigues. Visão Geral do Projeto MPS.BR. Belo Horizonte, 2004 SONDRÉ, Elisângela Beatriz. Melhoria de Processo de Software Brasileiro. São Paulo, WEBER, Kival C., Modelo de Referência para Melhoria de Processo de Software: Uma abordagem brasileira. Recife,