ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESCOLAS DA ADMINISTRAÇÃO
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- Ana Clara Leveck Fonseca
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1 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESCOLAS DA ADMINISTRAÇÃO Atualizado em 14/10/2015
2 ESCOLAS DA ADMINISTRAÇÃO TIPOS DE DOMINAÇÃO Em todo Estado deve existir alguma relação de dominação na qual os governantes exercem autoridade perante os indivíduos. Assim, a dominação não é simplesmente o exercício do poder, mas também a sua aceitação, que leva à obediência. Portanto, se diz que a dominação é o somatório do poder com a legitimidade. Dominação tradicional Dominação carismática Dominação racionallegal Baseia-se na tradição, nos costumes arraigados, nos relacionamentos construídos por gerações. Baseada no carisma de uma pessoa. Acredita-se que um indivíduo específico possui qualidades e características extraordinárias, fora do comum, que o credenciam a liderar seus seguidores. Baseada na lei. Nesse tipo de dominação, não seguimos um indivíduo, mas devemos obediência a uma série de normas e regulamentos. PATRIMONIALISMO No patrimonialismo, o aparelho do Estado funciona como uma extensão do poder do soberano, e os seus auxiliares, servidores, possuem status de nobreza real. Os cargos são considerados prebendas. A res publica não é diferenciada da res principis. Em consequência, a corrupção e o nepotismo são inerentes à esse tipo de administração. No momento em que o capitalismo e a democracia se tornam dominantes, o mercado e a sociedade civil passam a se distinguir do Estado. Nesse novo momento histórico, a administração patrimonialista torna-se uma excrescência inaceitável. Principais características: A base de sua dominação é a tradição; Esfera pública se mistura com a esfera privada; Falta de profissionalização; Tendência ao nepotismo e à corrupção; Sistema fiscal injusto e irracional; Falta de rede de segurança nacional; Falta de participação social nos assuntos de Estado; Racionalidade subjetiva, como sistema legal instável e dificuldade de planejamento dos cidadãos. BUROCRACIA A administração pública democrática surgiu na segunda metade do século XIX, na época do Estado liberal, como forma de combater a corrupção e o nepotismo patrimonialista.
3 Constituem princípios orientadores do seu desenvolvimento: a profissionalização, a ideia de carreira, a hierarquia funcional, a impessoalidade e o formalismo, em síntese, o poder racional-legal. Os controles administrativos que visam evitar a corrupção e o nepotismo são sempre a priori. Parte-se de uma desconfiança prévia nos administradores públicos e nos cidadãos que a eles dirigem demandas, por isso são sempre necessários controles rígidos dos processos, por exemplo, na admissão de pessoal, nas compras e no atendimento a demandas. Por outro lado, o controle a garantia do poder do Estado transforma-se na própria razão de ser do funcionário. Em consequência, o Estado volta-se para si mesmo, perdendo a noção de sua missão básica, que é servir à sociedade. A qualidade fundamental da administração pública burocrática é a efetividade no controle dos abusos. Seus defeitos são a ineficiência, a autorreferência e a incapacidade de voltarse para o serviço aos cidadãos vistos como clientes. Esses defeitos, entretanto, não se revelaram determinantes na época do surgimento da administração pública burocrática, pois os serviços do Estado eram muito reduzidos. O Estado se limitava a manter a ordem, administrar a justiça e garantir os contratos e a propriedade. Características da burocracia: Caráter legal das normas; Caráter formal das comunicações; Divisão do trabalho; Impessoalidade no relacionamento; Hierarquização da autoridade; Rotinas e procedimentos; Competência técnica e mérito; Especialização da administração; Remuneração em dinheiro; Profissionalização. Disfunções da burocracia: Internalização das normas visão voltada excessivamente para as questões internas (sistema fechado, autorreferente, com a preocupação não nas necessidades dos clientes, mas nas necessidades internas da própria burocracia); Rigidez e apreço extremos às regras o controle é sobre procedimentos e não sobre resultados, levando à falta de criatividade e ineficiências;
4 Perda da visão global da organização a divisão do trabalho pode levar a que os funcionários não tenham mais a compreensão da importância de seu trabalho nem quais são as necessidades dos clientes ou dos outros órgãos da instituição; Lentidão no processo decisório hierarquia, formalidade, centralização e falta de confiança nos funcionários levam a uma demora na tomada de decisões importantes; Excesso de formalismo e papelório em um ambiente de mudanças rápidas, não se consegue padronizar e formalizar todos os procedimentos e tarefas, gerando uma dificuldade da organização de se adaptar a novas demandas. A formalização também dificulta o fluxo de informações dentro da empresa; Resistência às mudanças; Exibição de sinais de autoridade; Dificuldade com clientes. ADMINISTRAÇÃO GERENCIAL O modelo de gestão pública buscado no momento é o gerencial, mas ainda é muito forte a presença do modelo burocrático e, infelizmente, do próprio modelo patrimonialista na administração pública brasileira. Ou seja, nunca aplicamos o modelo puro da burocracia Weberiana. A administração pública gerencial constitui um avanço e, até certo ponto, um rompimento com a administração pública burocrática. Isso não significa, entretanto, negação de todos seus princípios. Pelo contrário, a administração pública gerencial está apoiada na anterior, da qual conserva, embora de forma flexível, alguns dos seus princípios fundamentais, como a admissão segundo rígidos critérios de mérito, a existência de um sistema estruturado e universal de remuneração, as carreiras, a avaliação constante de desempenho e o treinamento sistemático. A diferença fundamental está na forma de controle, que deixa de estar nos processos para concentrar-se nos resultados, e não na rigorosa profissionalização da administração pública, que continua sendo um princípio fundamental. A administração pública gerencial inspira-se na administração de empresas, mas não pode ser confundida com esta última. Enquanto a receita das empresas depende dos pagamentos que os clientes fazem livremente na compra de seus produtos e serviços, a receita do Estado deriva de impostos, ou seja, de contribuições obrigatórias, sem contrapartida direta. Enquanto o mercado controla a administração de empresas, a sociedade por meio de políticos eleitos controla a administração pública. Enquanto a
5 administração de empresas está voltada para o lucro privado e a maximização dos interesses dos acionistas, esperando-se que, por meio do mercado, o interesse coletivo seja atendido, a administração pública gerencial está explícita e diretamente voltada para o interesse público. A administração pública gerencial vê o cidadão como o contribuinte de impostos e como cliente de seus serviços. Os resultados da ação do Estado são considerados bons não porque os processos administrativos estão sob controle e são seguros, como quer a administração pública burocrática, mas porque as necessidades do cidadão-cliente estão sendo atendidas. Características do gerencialismo: Gestores ganham maior autonomia na gestão financeira, de materiais e de pessoas. Cobrança de resultados a posteriori. Definição dos objetivos a serem alcançados contratualização de resultados. Descentralização. Incentivo à inovação. Competição dentro da máquina estatal (quando possível). Estrutura hierárquica mais achatada e flexível. O modelo da Nova Gestão Pública espalhou-se pelo mundo com a promessa de atacar dois males burocráticos: o excesso de procedimentos e a baixa responsabilização dos burocratas frente ao sistema político e à sociedade. A proposta básica foi flexibilizar a administração pública e aumentar a accountability com uma nova forma de provisão dos serviços, baseada na criação de entidades públicas não estatais como as organizações sociais (OS). Três modelos principais foram desenvolvidos: gerencialismo puro, consumerismo e public service oriented. O gerencialismo puro (managerialism) foi instituído no contexto de exaustão das finanças do Estado e da incapacidade do mesmo em atender todas as demandas sociais. Seu objetivo era devolver ao Estado a condição de investir em ações benéficas à sociedade. Essa condição viria a partir da redução de custos e do aumento da eficiência. Para isso, algumas das principais medidas foram a privatização, a desregulamentação, a redução de cargos públicos, a definição clara dos objetivos de cada setor da administração pública e outras medidas para redução de gastos. O gerencialismo público recebeu muitas críticas em virtude do foco excessivo na redução de custos e aumento da eficiência. Dessa forma surgiu o chamado consumerismo.
6 O consumerismo buscava servir como uma correção ou uma evolução do gerencialismo puro, de forma a incorporar novos significados, como a racionalização e, principalmente, satisfação das necessidades dos cidadãos, consumidores de serviços públicos. O chamado PSO, versão atual da Nova Gestão Pública (NGP), leva em consideração conceitos como o de equidade, justiça, transparência, accountability e participação popular. A descentralização no PSO não é vista somente como uma maneira de melhorar os serviços prestados, mas como um meio de possibilitar a participação popular, criando uma maneira de aumentar a participação política dos cidadãos. Portanto, a visão atual é a de que o Estado deve não apenas prestar serviços de qualidade e tratar bem os seus cidadãos, mas que deve, sobretudo, proporcionar meios que possibilitem a cobrança de resultados e a participação destes cidadãos nas políticas públicas, de modo que o cidadão deixe de ser passivo diante do Estado e exerça uma postura ativa e participativa. 1ª fase Gerencialismo Puro Preocupação com a redução de custos. Cidadão é visto como contribuinte e deseja que recursos sejam gastos de maneira eficiente. 2ª fase Consumerismo Foco no cliente. Descentralização e delegação de autoridade. Incentivo à competição dentro do Estado. Foco na qualidade: acima de tudo o Estado deve prestar bons serviços; efetividade. 3ª fase Public Service Orientation (PSO) Foco no cidadão. Isonomia no tratamento com o cidadão. Noção de bem comum. Ao contrário do cliente, o cidadão tem direitos e deveres. Fortalecimento com conceito de accountability. Aos autores não referenciados, todos os direitos reservados.
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