Seguindo essas diretrizes, o doutrinador José Eduardo Sabo Paes conclui que o Terceiro Setor representa o
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- Nathalia Osório Leal
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1 O Terceiro Setor Terceiro setor é a tradução de Third Sector, um vocábulo muito utilizado nos Estados Unidos da América para definir as diversas organizações sem vínculos diretos com o Primeiro Setor (Público, o Estado) e o Segundo setor (Privado, o Mercado). Trata-se, assim, de uma terminologia sociológica que dá significado às iniciativas privadas de utilidade pública com origem na sociedade civil. Apesar das diversas definições encontradas sobre o Terceiro Setor, existe uma definição que é amplamente utilizada como referência, inclusive por organizações multilaterais e governos. Proposta em 1992, por Salamon & Anheir, é a definição estrutural/operacional, composta por cinco atributos estruturais ou operacionais que distinguem as organizações do Terceiro Setor de outras espécies de organizações sociais. São eles: a) formalmente constituídas: institucionalizada, legalmente ou não, com nível de formalização, de regras e procedimentos visando assegurar sua permanência por um período mínimo de tempo; b) estrutura básica não-governamental: são privadas, ou seja, não estão ligadas institucionalmente a governos; c) gestão própria: não está sujeita ao controle externo realizando sua própria gestão; d) sem fins lucrativos: a geração de lucros ou excedentes financeiros deve ser reinvestida integralmente na organização, dessa forma é proibida a distribuição de dividendos de lucros aos seus dirigentes; e) trabalho voluntário e remunerado: possui algum grau de mão-de-obra voluntária e também remunerada, observando a legislação celetista.
2 Seguindo essas diretrizes, o doutrinador José Eduardo Sabo Paes conclui que o Terceiro Setor representa o conjunto de organismos, organizações ou instituições sem fins lucrativos dotados de autonomia e administração própria que apresentam como função e objetivo principal atuar voluntariamente junto à sociedade civil, visando ao seu aperfeiçoamento (Fundações, Associações e Entidades de Interesse Social, 6ª ed., Brasília Jurídica). O Terceiro Setor representa o conjunto de agentes privados com fins públicos, não sendo público nem privado, mas sim a junção desses setores para uma finalidade maior, suprir as falhas do Estado e do mercado no atendimento às necessidades da população. A sua composição é lastreada por organizações sem fins lucrativos, criadas e mantidas pela participação voluntária, de natureza privada, não submetida ao controle direto do Estado, dando continuidade às práticas tradicionais da caridade, filantropia, trabalhando para realizar objetivos sociais e públicos, proporcionando à sociedade a melhoria na qualidade de vida, prevenção às drogas e às doenças, eventos culturais, campanhas educacionais entre outras tantas atividades. Com a consolidação democrática, através das pluralidades partidárias, formação de sindicatos e fortalecimentos de movimentos sociais urbanos e rurais, abre-se espaço para uma atuação mais efetiva das organizações sociais. Em virtude da atuação ineficiente do Estado, em especial na área social, o Terceiro Setor vem crescendo e se expandindo em várias áreas, objetivando atender a demanda por serviços sociais, requisitados por uma quantidade expressiva da população menos favorecida, em vários sentidos, de que o Estado e os agentes econômicos não têm interesses ou não são capazes de provê-la. Seu crescimento vem em virtude, também, de práticas cada vez mais efetivas de políticas neoliberal do capitalismo global, produzindo instabilidade econômica, política e social, principalmente nos países do terceiro mundo.
3 Basicamente, as entidades que compõem esse setor estão formalmente instituídas como pessoas jurídicas sob as formas de associações e fundações privadas, as quais podem ser qualificadas como OSCIP Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, ou OS Organizações Sociais, tanto pela União, como pelos Estados. As associações (CF, art.5º, XVII a XXI e CC, art.53 a 61) são pessoas jurídicas formadas pela união de pessoas com objetivo comum sem finalidades lucrativas, normalmente de caráter cultural ou assistência. O estatuto da associação deverá, necessariamente, definir a composição e o funcionamento dos órgãos deliberativos e administrativos. O órgão de deliberação máximo é a Assembléia Geral. Esta possui as seguintes competências privativas: a) eleger os administradores; b) destituir os administradores; c) aprovar as contas; d) aprovar e alterar o estatuto. Os Administradores compõem o órgão executivo da associação, que podem receber diversas denominações, tais como: Diretoria Executiva, Direção Geral, Diretoria Administrativa, Secretaria Executiva, etc. Cabendo a este órgão executar as diretrizes aprovadas nas assembléias gerais, de acordo com as atribuições definidas no estatuto. Isso inclui gerir os recursos da entidade e a prestação de contas dos recursos e atividades. As associações também são formadas por agrupamento de pessoas, porém, estão unidas por um fim, não lucrativo, As fundações (CF, art.37 6º; CC, art. 62 a 69; CPC, art.1200 a 1203) são entes que tem por características o patrimônio. Ganha personalidade jurídica e deverá ser administrada de modo a atingir o cumprimento das finalidades estipuladas pelo seu instituidor. A partir da vigência do Código Civil de 2002, as fundações somente podem ser constituídas para fins religiosos, morais, culturais ou assistenciais. Uma Fundação é, em síntese, um patrimônio destinado a um fim de interesse público ou social que adquire personalidade jurídica, na forma da lei civil. É, segundo o Código Civil, uma pessoa jurídica,
4 assim como as sociedades civis e associações. Todavia, do ponto de vista estrutural as Fundações apresentam características bem distintas destas outras entidades. Regidas por um estatuto, as entidades fundacionais não se formam pela associação de pessoas físicas, elas nascem em virtude da dotação de um patrimônio inicial, o qual servirá para prestar serviços de interesse coletivo ou social. Por outro lado, a instituição de uma fundação depende da autorização do Ministério Público ao qual cabe aprovar a minuta do estatuto e avaliar se o patrimônio destinado para uma fundação é suficiente para aqueles fins. As fundações estão sujeitas a um regulamento especial desde o seu nascimento até sua extinção, previsto pelo Código Civil (arts.24 a30), pelo Código de Processo Civil (arts.1199 a 1204), e pela Lei de Registros Públicos (arts.114/120). As fundações não poderão ter fins lucrativos. Os seus dirigentes não podem exercer atividade remunerada. Quaisquer formas de distribuição de lucros ou dividendos a quem a institui ou venha a administrá-la, são vedadas por lei. Podem, entretanto, exercer atividade econômica para a obtenção de recursos desde que estes sejam reinvestidos integralmente em suas finalidades estatutárias. Com objetivo de proteger e garantir que o patrimônio deixado seja utilizado conforme a vontade do seu instituidor, tem se instituído, em qualquer parte do mundo, o velamento da fundação, desde o seu nascedouro até sua extinção, por um órgão ou entidade pública. Cabe ao Ministério Público o velamento das fundações privadas. De acordo com o art. 66 do Código Civil, velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas. Quando as atividades da Fundação se estenderem por mais de uma Unidade da Federação, cabe ao respectivo Ministério Público estadual, ou do Distrito Federal, o encargo de velamento das atividades desenvolvidas dentro de sua jurisdição.
5 Entre as atividades relacionadas ao velamento pelo MP está o acompanhamento do processo de criação e constituição da fundação, quanto ao cumprimento de todos os requisitos legais necessários, bem como aqueles não-expressos em lei, ou seja, o velamento iniciar-se-á antes mesmo da existência propriamente dita da entidade. A ação contínua e constante do Ministério Público envolve o acompanhamento das alterações estatutárias, o comparecimento às reuniões deliberativas, o exame de prestações de contas anuais e o acompanhamento das atividades em geral, quanto ao cumprimento das finalidades estatutárias e das disposições gerais. O Ministério Público, finalmente, acompanhará todo o processo de extinção da fundação, cabendo-lhe propor a ação civil de extinção nas hipóteses prevista no CC, Art.69.
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