Walter Benjamin e o papel do cinema na sociedade
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- Oswaldo Sá Borges
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1 Walter Benjamin e o papel do cinema na sociedade
2 Em sua obra A Obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica (1936), Walter Benjamin ( ) analisa as novas técnicas da reprodução da arte abordando como essas transformam a sociedade. A partir da segunda metade do século XIX surgiram novas técnicas de reprodução. O cinema é uma dessas técnicas. O cinema está diretamente relacionado aos gostos de uma sociedade. O filósofo, a partir disso, efetiva uma crítica ao funcionamento da nova reprodução técnica (cinema). O filósofo propõe que voltemos a nos questionar sobre a importância da arte e qual o papel que ela vem a desempenhar na nossa sociedade. A mudança está relacionada nos modos de percepção e recepção da experiência social, ou seja, o que Benjamin está avaliando é a interação que a sociedade tem com o cinema e quais suas repercussões na própria sociedade. Benjamin procura entender o que esta por de trás do cinema, quais suas funções sociais e politicas. Que seria a aura? Dentre as ideias de Benjamin referente a arte, o conceito de aura é dos mais importantes, pois ele é necessário para a compreensão do cinema enquanto uma arte de massa. Aura é um conceito de Benjamin que significa o caráter único de uma coisa, objeto, ser. Essa aura é entendida na arte como o valor propriamente dela, valor conferido apenas por sua existência e não por sua repercussão na sociedade. A aura é aquele caráter transcendente geralmente conferido a arte religiosa, a aura proporciona ao expectador a dimensão do culto a arte. É como se existisse uma interpretação comum de uma obra artística e todos conseguissem atingir essa interpretação. Pois a obra representa uma vontade comum; representa um resultado artístico de uma tradição. Nesse sentido, Benjamin entende que o
3 cinema, devido a reprodutibilidade técnica de nossos tempos, não tem esse caráter aurático das demais artes; o cinema não visa o culto, ele tem um papel mais abrangente dentro de uma sociedade: controlar o modo de viver do expectador. Qual o valor social do cinema? O que o filósofo, a partir dessa definição de aura que anteriormente situamos, nos quer apontar? O que Benjamim está interessado é questionar o caráter cultural da sociedade contemporânea. Não existe mais uma tradição, mas um grande conflito cultural. O cinema é uma nova proposta que resulta entre os choques culturais e, evidentemente, éuma consequência dessas mudanças. É como se inventássemos uma máquina que revertesse água em vinho, mas não conseguíssemos ver qual a função disso dentro da sociedade, e muito menos em perguntar se a sociedade gosta de vinho. É como se não soubéssemos do desempenho dessa invenção em relação ao seu público. Lembremos que toda invenção está diretamente relacionado com a sociedade (na formação cidadã). O problema que resulta desse problema da relação entre reprodução-interação é que a sociedade não aprecia de acordo com a intensidade e rapidez das reproduções técnicas. Existe uma falha entre interação e reprodução. É como se inventássemos uma máquina que revertesse água em vinho, mas não conseguíssemos ver qual a função disso dentro da sociedade, e muito menos em perguntar se a sociedade gosta de vinho. É como se não soubéssemos do desempenho dessa invenção em relação ao seu público. O filósofo evidencia que a tradição tem uma relevância importante na reprodução cultural. Pois, propondo uma interpretação comum a todos com o objeto artístico em questão, o filósofo além de predispor de uma capacidade comum de interação com a obra de arte, também predispõe de uma forma de pensar comum a todos (ideologia). O que dentro de uma tradição cultural torna-se possível. O samba, por exemplo, é uma
4 forma de arte que está relacionado a cultura carioca. A vivência do samba tido pelos cariocas tem um potencial apreciativo comum. O samba é uma coisa comum a sua tradição, e a possibilidade dessa coisa tornar-se unívoca na satisfação da sua sociedade se amplia. O cinema seria então construído com esse sentido de reprodução? Para Benjamim, sim. Porém, não no sentido de aura. Pois o cinema não exerce a mesma função de uma obra plástica, por exemplo. Na visão do filósofo, isso se dá devido ao cinema estar diretamente ligado aos fatores econômicos e políticos; o cinema esta servindo à fatores políticos, ele é uma ferramenta artística capaz de controlar a forma de uma sociedade. O cinema está relacionado a um ideal na sua sociedade. O cinema não propõe uma consciência artística, mas propõe um mascaramento da realidade. Seus objetivos são políticos. Desse modo, o que está por trás das suas críticas é que, na verdade, a reprodução artística cinematográfica não tem relação com o prazer da contemplação de uma obra de arte, mas em promover uma politização da arte. O cinema é mais uma forma de alienação. O cinema apenas materializa ideias ao invés de promover uma inclusão artística. Para Benjamim, a o cinema pode promover uma distração ao invés de interação. Desse modo, não existe uma interpretação do que está sendo visto. Com isso, não existe um caráter crítico do que está acontecendo. É como se estivéssemos vendo uma montanha sob um forte nevoeiro, onde você enxerga a montanha; entende que
5 existe uma montanha, porém, não consegue captar os seus detalhes e nem mesmo consegue saber da sua constituição física (qual é a sua vegetação, por exemplo). Agora ligada diretamente com a política e cada vez mais afastada da tradição que elabora a expressão artística. O cinema é descrito como reprodução artística, porém, a sua arte é utilizada como forma de controle social. O que podemos constatar nos filmes de Hollywood na época atual, onde os filmes exercem uma forte influência cultural de quem elabora os filmes e amplia o horizonte cultural entre as culturas de todo o mundo. Benjamim retrata o cinema como uma nova proposta de interação e comunicação social.
6 REFERÊNCIAS NORTON, Maíra. Diante do aparelho: a experiencia pedagógica do cinema em Walter Benjamin. Disponível em: < VIANA, Nildo. O cinema segundo Walter Benjamin. Disponível em: < TOMAIM, Cássio dos Santos. Cinema e Walter Benjamin: para uma vivencia da descontinuidade. Disponível em: <
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