1.4. A Política Económica na era da globalização:os grandes desafios e restrições
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- Maria Eduarda Aveiro de Sá
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1 POLÍTICA ECONÓMICA E ACTIVIDADE EMPRESARIAL Licenciaturas em Economia e em Gestão 1. O contexto histórico e teórico da Moderna Política Económica 1. O contexto histórico e teórico da Moderna Política Económica A globalização dos mercados e da produção 1.4. A Política Económica na era da globalização:os grandes desafios e restrições Desafios da globalização para as políticas públicas Os desequilíbrios nos pagamentos internacionais A mobilidade internacional do capital O papel das instituições internacionais A necessidade de coordenação internacional (em termos informais e formais) Multilateralismo e regionalização Ano lectivo O contexto histórico e teórico da Moderna Política Económica Bibliografia Acocella, Nicola (2005). Economic Policy in the Age of Globalisation,. pp (Caps 19 e 20) Mateus, Augusto. Competitividade e coesão, conceitos e metodologias de análise, pp 9-10 European Comission (2001), Responses to the Challenges of Globalisation, pp e Formas de globalização Globalização: expansão à escala global das interrelações entre os sistemas económicos e sociais através de instituições económicas privadas. Integração superficial Aumento dos movimentos internacionais de Bens e serviços Factor trabalho Capital financeiro (acções e obrigações) Integração profunda Aumento da produção internacional através da actividade das empresas multinacionais 3 4
2 Novas características da globalização O padrão de desenvolvimento económico mostra que os serviços crescem mais que os bens o rácio mundiais devida à crescente divisão do trabalho Razões para a multinacionalização das empresas: 1. Penetrar em mercados em expansão 2. Adaptar os produtos à procura local 3. Baixar custos de transporte e evitar barreiras aduaneiras 4. Baixar custos de produção 5. Aumentar exportações 6. Aceder a novas tecnologias A composiçãodo comércio internacional alterou-se de inter para intra-indústria. Fim do sistema de trocas colonial (relações bilateraismultilaterais). O peso relativo dos movimentos internacionais de capitais aumentou enormemente. Estratégias de multinacionalização das empresas: 1. Multidoméstica : bens finais adaptados ao mercado local e reduzir custos de transporte e aduaneiros 2. Integração vertical simples deslocação de fases da fileira ou de componentes: redução de custos laborais ou aproximação a fontes de inovação 3. Integração vertical complexa componentes: especialização em funções específicas para mercado global -> economias de escala e factores produtivos em condições especiais 5 PEAE / Causas da globalização Progresso técnico nos meios de transporte e comunicação redução de custos de transporte e alargamento das possibilidades de comunicação à distância possibilidades de especialização e as opções de localização e de estratégia organizativa das empresas elasticidade preço da procura e da oferta Política económica: eliminação de obstáculos ao comércio e à circulação de factores produtivos (... e tarifas, convertibilidade das moedas) alargamento do capitalismo a novas grandes áreas geográficas Economia Mundial Evolução da produção e do comércio (em termos reais) Anos: Evolução da Produção Mundial (PIB, 1950 = 100) Evolução do Comércio Internacional (Exportações mundiais, X, 1950 = 100) Períodos: Crescimento da Produção (PIB, tmca) 5,9% 1,1% 2,4% Crescimento das Exportações (X, tmca) 8,1% 2,2% 5,5% Dinâmica relativa do crescimento das exportações e da produção (tmca X / tmca PIB) (*) 1,4 vezes 2 vezes 2,3vezes (*) As taxas médias de crescimento anual (tmca) são calculadas com base na evolução em volume. Fonte : Banco Mundial e Organização Mundial do Comércio. PEAE / PEAE /2008 8
3 Taxas de variação média anual do comércio e da produção mundiais Evolução dos custos relativos dos transportes e das comunicações Anos (1) Comércio mundial (2) Produção mundial (3) Elasticidade (4)=(2)/(3) ,5 6,0 1, ,0 4,0 1, ,4 2,6 1, ,4 2,5 2, ,3 2,5 1,72 Fonte: GATT/WTO e UNCTAD 9 10 Composição dos fluxos de capitais privados ( , ) Transacções internacionais em obrigações e acções em percentagem do PIB Países Estados Unidos Japão Alemanha França Itália Canadá PEAE / Fonte: BIS in Acocella, p
4 I.D.E. : Motor da mudança na Economia Mundial "O forte aumento da integração económica internacional deve-se, em larga medida, ao crescimento dos fluxos de IDE. Isto é particularmente verdade desde meados dos anos Até então, o comércio internacional foi a via mais dinâmica da integração económica. As exportações cresceram mais rapidamente que o IDE nos anos 1950, 1960 e Na década de 1980, este padrão alterou-se." J. KLEINERT, 2004, p Fluxos de IDE mundiais, Entradas; milhares de milhões de dólares Fonte: UNCTAD IDE no mundo (fluxos de entrada) mil milhões de USD Em 1975 Em Nº de firmas internacionais Meados dos anos 1960: Finais dos anos 1990: ( filiais) multinacionais controlavam filiais no estrangeiro. 75% dos stocks de investimentos directos estrangeiros (IDE) estavam localizados nos países desenvolvidos. Os EUA detinham 45% do total multinacionais controlavam filiais. 80% dos investimentos directos no estrangeiro estavam concentrados Japão e União Europeia. Os EUA não atraíam mais do que um quarto do total mundial,... o Japão e o Reino Unido (via City) dominavam cada um 14% do total. Fonte: UNCTAD 15 16
5 World Investment Report 2005: Consequências da globalização para a política económica O stock mundial de IDE em 2004 está estimado em biliões de US dólares. Está na posse de cerca de empresas multinacionais e das suas subsidiárias no estrangeiro. A crescente abertura internacional faz aumentar a exposição das economias nacionais a choques externos (designadamente às políticas domésticas de outros países).... E reduz a independência dos decisores políticos quando uma economia diverge muito de outras. O total do volume de negócios das filiais estrangeiras eleva-se a perto de biliões de US dólares. Questões: 1) o papel do capital financeiro na transmissão dos choques 2) permissividade/restrições na política económica; Consequências da globalização para a política económica (2) Os desequilíbrios nos pagamentos internacionais desde os anos 70 (Fim do sistema de Bretton Woods no início desta década) O desequilíbrio generalizado dos anos 1970 Maior interdependência entre economias => maior transmissão internacional de choques e conjunturas económicas assimétricas (sensibilidade dos mercados financeiros), e de efeitos das políticas domésticas (externalidades / bens públicos globais) maior número de restrições às políticas nacionais (ex.: saída de empresas, necessidade de cordenação internacional de políticas) 19 cano em 1982 e a crise do endividamento dos PED na primeira metade dos anos 1980 A grande crise asiática de A implosão da Argentina em 2001 Problemas de reciclagem, contágio, comportamento de manada, ausência de regulação e outros 20
6 DAVID RICARDO: Postulado da imobilidade internacional do capital O papel da mobilidade do capital e a importância da estabilidade financeira internacional "Sabemos por experiência que o que dificulta a emigração do capital é a sua insegurança imaginária ou real, quando não está sob o controlo imediato do seu possuidor, a par da natural relutância que os indivíduos têm em deixar o seu país natal e as suas relações e em irem confiar-se, já com os seus hábitos arreigados, a um governo estrangeiro e a novas leis. Estes sentimentos, que eu não gostaria de ver enfraquecidos, fazem com que a maior parte dos capitalistas se contentem com taxas de lucro pouco elevadas no seu próprio país, em vez de irem procurar uma aplicação mais rentável no estrangeiro." Princípios de Economia Política e Tributação, 1817, pp (ed. portuguesa) Bens públicos globais Bem que estando disponível para uma nação está igualmente disponível para qualquer outra que se encontre em circunstâncias semelhantes, sem custos extra. Exemplos Paz e estabilidade internacional Um sistema comercial aberto Preservação do meio ambiente Ajuda económica e financeira (e.g., Plano Marshall e outros semelhantes) Disciplina monetária internacional A estabilidade dos mercados financeiros e monetários é um bem público global Bens públicos globais Geram externalidades extensíveis à escala global independentemente dos Bens públicos o mercado não gera uma afectação óptima de recursos... globais a s/ provisão exige cooperação e coordenação internacional definem os bens públicos permitem 23 A ausência de coordenação internacional gera comportamentos de passageiro clandestino (free-rider) PEAE /
7 Passageiro clandestino (Free rider) Externalidades Situações em que as decisões de consumo ou de produção de um agente (agentes) afectam directa ou indirectamente a utilidade ou o lucro (positiva ou negativamente) de um outro agente (outros agentes), sem que o mercado disponha, por si, de meios para valorizar esses feitos através do sistema de preços. Sinónimos: economias (ou deseconomias) externas e spillovers. A ocorrência de externalidades implica um certo grau de interdependência entre as funções de produção e de utilidade dos agentes envolvidos, sem que se verifique a sua passagem pelo mercado (externalidade é uma que não é mediada pelo mercado). 25 Ex.: No contexto internacional, um país que tenha boa imagem internacional pode ter mais fácil acesso a fontes de crédito ou atrair em melhores condições capitais externos 26 Mecanismos automáticos ou intervenção pública? A completa liberdade de circulação de capitais é eficiente? [1] Externalidades que o próprio mercado tende a resolver sem intervenção pública. São externalidades monetárias: reflectem-se nos preços de mercado tendencialmente autocorrigem-se; ex. Congestão urbana. Externalidades que passam a ser reguladas pelo Estado através da atribuição de um direito de propriedade criação de um mercado (o caso dos direitos de poluição) Externalidades com efeitos difusos: o caso da instabilidade financeira. Ex.ataque especulativos contra moedas fracas 1. Sob condições de incertezacomportamento de carruagem curto prazo (o que leva os agentes a fazer o mesmo que antes, indiferentes às mudanças). 2. Desproporção entre reservas em divisas das autoridades nacionais (e das agências internacionais) face ao grande volume de movimentos de capitais e à sua velocidade aliada à tendência para seguir os que se julga estarem comportamento de manada risco de expectativas falsas ou autorealizáveis
8 A completa liberdade de circulação de capitais é eficiente? [2] 3. Tendo em conta a assimetria de informação, a liberalização financeira reduz as margens de lucro dos intermediários que, em consequência, entram em áreas que conhecem mais risco moral e + selecção adversa. Críticas ao papel das instituições internacionais (FMI) 4. Aumenta a volatilidade (i.e., variações erráticas nos preços) nos mercados financeiro e cambial refúgio no curto prazo mais volatilidade 5. Os alinhamentos e desalinhamentos constantes nas taxas de câmbio, acabam por ter efeitos na economia real, prejudicando o comércio. 6. Embora os movimentos de capitais tenham um potencial de induzir comportamentos e desempenhos virtuosos, os mercados financeiros tendem a desencadear reacções excessivas muita vezes pioram a situação dos países cujas situações deveriam ajudar a corrigir. A intervenção tipo credor internacional de última instância. Inadequação da assistência financeira. As condições impostas sobre aqueles que solicitam liquidez podem agravar a crise. Liberalização dos movimentos internacionais de capitais. Acocella, pp Risco Moral (Moral Hazard) Em termos gerais, trata-se do problema que resulta da capacidade do contratante de um serviço de seguro deixar ocorrer a situação em relação à qual está segurado. No contexto financeiro internacional, refere-se à possibilidade de um país (ou governo) deixar de implementar as políticas de ajustamento necessárias se tiver a certeza de obter assistência externa incondicional (entenda-se do FMI). Fundamentos da cooperação internacional 1. Produção de bens públicos globais (e.g., protecção ambiental versus produção/consumo alimentar) 2. Coordenação de políticas entre países (e.g., políticas expansionistas versus restritivas, concorrência pela fiscalidade) 3. A implementação de qualquer um destes objectivos é altamente complexa e levanta muitas dificuldades
9 Cooperação Internacional e o Cooperar: pode traduzir-se numa política de expansão, abertura ao mercado exterior, etc.; Não cooperar no seu contrário. Benefícios da cooperação internacional num Opções estratégicas da nação I Cooperar Não cooperar Isoladamente, os países têm incentivos para não cooperar (e.g., através do proteccionismo),... ainda que colectivamente, beneficiem da cooperação (e.g., através do comércio livre). Opções estratégicas da nação II Cooperar Não cooperar 8,8 (A) 11,5 (C) 5,11 (B) 6,6 (D) Exemplos Acocella: perspectiva microeconómica (construção do farol e as opções de duas companhias marítimas), pp. 30-2; perspectiva internacional, pp Notas: Ganhos de I: depois da vírgula Ganhos de II: antes da vírgula Tipos de coordenação internacional Multilateralismo versus regionalismo Puramente discricionária (caso a caso) Coordenação discricionária através de compromissos (cada país tem os seus próprios objectivos) Concertação ad hoc (acordos bilaterais ou multilaterais específicos) Concertação institucionalizada (enquadrada por organizações como a OMC e o FMI) o papel das regras e dos organismos : governo mundial e autoridades públicas regionais (supranacional). Diferenças entre multilateralismo e integração regional. A integração regional: desvios/criação de comércio e o princípio da não discriminação. As iniciativas regionais com vista à agregação e harmonização: uma via para o reforço do multilateralismo? 35 36
10 Multilateralismo versus Regionalismo Alguns especialistas notaram que os agrupamentos regionais podem com sucesso satisfazer a procura de bens públicos globais que emergiu com a globalização (por exemplo, normas comuns, uma moeda única ou acordos visando a estabilidade monetária, medidas conjuntas para manter a actividade económica, protecção ambiental). Consequentemente, o multilateralismo é visto como o limite para o qual se pode progredir através de sucessivos alargamentos das uniões regionais. Por fim, a integração regional é mais profunda, indo para além da mera liberalização comercial e de outras questões puramente Acocella, p
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