PRODUÇÃO DE CONTEÚDO NO YOUTUBE: UM PANORAMA DO SITE NO BRASIL 1. Rafaela Bernardazzi 2
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- Maria Fernanda Câmara
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1 PRODUÇÃO DE CONTEÚDO NO YOUTUBE: UM PANORAMA DO SITE NO BRASIL 1 Rafaela Bernardazzi 2 A pesquisa busca traçar um histórico do site YouTube no Brasil. A plataforma, desde sua criação, busca atrair e se adaptar às necessidades e demandas tanto do mercado audiovisual online construído com o crescimento do site quanto da audiência formada nesse ambiente. Entre os pontos observados estão as mudanças, tanto de usabilidade quanto da relação dos usuários com o conteúdo e os produtores de conteúdo. Observamos então as alterações de usabilidade do site para melhor adequação as necessidades que surgem, até as atualizações para maneiras de compartilhar o conteúdo nos sites e aplicativos de redes sociais, uma vez que o espalhamento dos vídeos é uma das maneiras de fazer com que o site e os produtores de conteúdo tenham mais acesso. O histórico almeja, também, observar como a mídia tradicional registrou esse trajeto do YouTube no Brasil, desde sua criação e como abordam os produtores de conteúdo no site. Lançado por ex-funcionários do Paypal, em 2005, o YouTube se popularizou a partir de sua venda, por 1,65 bilhão de dólares, para a Google, em Tendo sido elencado como um dos sites mais acessados do mundo, com aproximadamente 85 milhões de vídeos publicados (BURGESS; GREEN, 2009, p ). A partir de 2015, os produtores de conteúdo passam a receber visibilidade na televisão, jornais e revistas. Os chamados influenciadores, ou criadores, são produtores de conteúdo em sites ou aplicativos de redes sociais que se destacam em número de inscritos ou seguidores em suas redes e pelo potencial de engajamento da audiência digital. Ainda nesse ano, o YouTube registrou mais de um bilhão de usuários e um crescimento de 60% do tempo de exibição dos vídeos (YOUTUBE, online). A empresa se posiciona como espaço que oferece um fórum 1. Artigo apresentado ao Eixo Temático 17 Arte / Entretenimento / Práticas de produção e consumo online do IX Simpósio Nacional da ABCiber. 2. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Estudos da Mídia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Bolsista CAPES. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Linguagens da cena: imagem, cultura e representação (UFRN). rafaelaleite@gmail.com
2 para as pessoas se conectarem, se informarem e inspirarem umas às outras por todo o mundo, bem como atua como plataforma de distribuição para criadores de conteúdo original e anunciantes grandes e pequenos (YOUTUBE, online). A presente pesquisa tem como base teórica os conceitos de cultura participativa (JENKINS, 2009; JENKINS, FORD E GREEN, 2014), cibercultura (LEMOS, 2013) e a relação da sociedade com as tecnologias (KERCKHOVE, 1997; RECUERO, 2012). Entre os pontos, buscamos explorar, a partir de textos acadêmicos, matérias jornalísticas, postagens em sites e redes socais e vídeos publicados pelos usuários no YouTube, de que forma esse fenômeno está sendo observado por outros meios. O objetivo é compreender como ocorreu o espalhamento do site em meio aos usuários brasileiros. Consideramos o histórico desde a sua criação, nos Estados Unidos, (14 de fevereiro de 2005), até sua efetiva implementação física no Brasil, com o YouTube Space. A instituição no Brasil ratifica a relevância de consumo e produção dos vídeos no país, uma vez que ela funciona como um canal de comunicação entre a empresa e os criadores de conteúdo. Em um momento no qual a cibercultura se desenvolve com uma proximidade das mídias sociais, vemos o YouTube como um dos alicerces que fomenta a discussão da mudança de paradigma e de consumo dos usuários. O debate de Jenkins, Ford e Green (2014), alimenta a discussão sobre o comportamento da audiência gerada com o consumo de conteúdo originado pelos próprios usuários. O conceito de cultura participativa incitado auxilia na construção de conceitos da participação do produtor/consumidor de conteúdo. Ao mesmo tempo em que temos produtores de conteúdo, temos também os usuários, que interagem e compartilham conteúdo gerado por outros produtores e que podem também interagir e compartilhar conteúdos gerados por consumidores. Dessa maneira, os instrumentos da cultura participativa emergem para demonstrar a constante atualização que ocorre na própria comunidade virtual, motivada, muitas vezes, por ela mesma. A instantaneidade, função da globalização, impõe uma aceleração em todas as sociedades humanas (KERCKHOVE, 1997, p. 202), aceleração essa que é observada também nas interações entre indivíduos, favorecidas pelo tempo de resposta que as mídias sociais disponibilizam atualmente. A conexão com a Internet e as possibilidades de consumo de audiovisual distribuídos por diversos sites altera a maneira do espectador consumir o conteúdo, colocando-o no momento em que a produção, a distribuição e o consumo apresentam novos modos de se relacionar. Partimos de uma realidade em que velocidade de interação atingiu a imediaticidade (KERCKHOVE, 1997, p. 64) e com isso precisamos repensar a relação da sociedade com a informação e com as mídias.
3 Personalidades da Internet passam a ser importantes figuras de referência para os jovens que consomem conteúdo online e guiam seu cotidiano pelas informações que circulam nas redes 3. Acompanhar esse momento é buscar compreender esse fenômeno de surgimento de celebridades que nasceram no ambiente virtual, que recebem ainda pouca atenção da mídia tradicional e que não tem seu crescimento de audiência vinculado a sua aparição nos meios de massa. Temos no Brasil usuários ativos e participantes nas mídias sociais e segundo Lemos (2010) os usuários brasileiros são aqueles que ficam mais tempo on-line por mês e usam muito ferramentas da computação social (LEMOS, 2010, p. 23). Seguindo essa perspectiva, compreendemos que o YouTube abrange tanto profissionais do mercado de trabalho audiovisual, que perceberam no site uma possibilidade de divulgação, quanto para usuários que tem conhecimentos básicos de produção audiovisual. O YouTube abre espaço para qualquer usuário com uma conta cadastrada na Google possa compartilhar conteúdo em vídeo. A efervescência da criação de ambientes, sejam aplicativos, sites, mídias sociais que facilitam e ampliam a possibilidade de comunicação entre os usuários transforma o modo de comunicar desses usuários. Os costumes de consumo do conhecimento presente na Internet se alteram, assim como alteram também as suas fontes. As mídias interativas, as comunidades virtuais e a explosão da liberdade de expressão trazidas pela Internet abrem um novo espaço da comunicação, inclusivo, transparente e universal, que é levado a renovar profundamente as condições da vida pública no sentido de uma maior liberdade e responsabilidade dos cidadãos (LEMOS, 2010, p. 33). Uma forma de fazer com quem os próprios produtores e consumidores do conteúdo possam intervir na convivência desse microuniverso, ou seja, o próprio usuário participa da manutenção do seu ambiente de convivência comum, seja em forma de produtor ou consumidor do conteúdo. Como empresa de mídia, o YouTube é uma plataforma e um agregador de conteúdo, embora não seja uma produtora do conteúdo em si (BURGESS; GREEN, 2009, p. 21). A plataforma possibilita explorar diversas temáticas, gêneros e formatos, nos quais o produtor de conteúdo é o responsável pelas decisões do conteúdo, tempo de duração, formas de divulgação nas mídias sociais, colaboradores do canal, maneira de interagir com outros usuários. Por meio de levantamento bibliográfico, levantamento de textos e vídeos de jornais, revistas e televisão, busca-se um aprofundamento no processo de consolidação do YouTube e de seus produtores de conteúdo. 3 Fonte: RIBEIRO, Igor. Os mais influentes entre jovens do Brasil. Meio e Mensagem. Disponível em: < Brasil.html>. Acessado em: 10 fev
4 Ocorre notada mudança nos modos de produção e distribuição do conteúdo audiovisual, cada vez mais voltado para o usuário que se torna tanto produtor quanto consumidor ao longo do processo. O modelo participativo que ocorre nas mídias sociais faz com que as barreiras geográficas sejam revistas e o comportamento dos indivíduos remodelado constantemente. A própria relação entre produção, distribuição e consumo reajustam as motivações dos usuários na rede. Formam-se, com isso, novos modelos a partir das inter-relações entre usuários híbridos, que para o estudo atual vamos conceituar de produtores/consumidores. Os produtores/consumidores são, para esse fim, usuários das mídias sociais que consomem o conteúdo que transita pelas redes, mas que está apto a se tornar produtor de conteúdo a qualquer momento. Podendo ser também o produtor de conteúdo que interage com outros produtores e nesse momento está como consumidor. Essas nuances realçam a pluralidade das vertentes da produção de sentido nos dias atuais. A reconfiguração das conversações, do consumo, da produção e as formas múltiplas de propagação da informação convergem para o indivíduo. O produtor de conteúdo audiovisual reúne diversas dessas características da cibercultura refletindo tanto as mudanças do mercado de trabalho quanto das formas de consumo e distribuição do conteúdo. Palavras-chave: YouTube; cibercultura; produtor de conteúdo; panorama histórico; audiovisual. Referências bibliográficas ANDERSON, Chris. A cauda longa: do mercado de massa para o mercado de nicho. Rio de Janeiro: Elsevier, BURGESS, Jean; GREEN, Joshua. YouTube e a revolução digital: como o maior fenômeno da cultura participativa transformou a mídia e a sociedade. São Paulo: Aleph, JENKINS, Henry. Cultura da convergência: onde a velha e a nova mídia colidem. Cultura da convergência. 2ed. São Paulo: Aleph, JENKINS, Henry; GREEN, Joshua; FORD, Sam. Cultura da conexão: criando valor e significado por meio da mídia propagável. São Paulo: Aleph, KERCKHOVE, Derrick de. A pele da cultura. Lisboa: Relógio D'Água Editores, LEMOS, André. Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura contemporânea. Porto Alegre: Sulina, LEMOS, André. Nova esfera comunicacional. In: DIMAS A.; KÜNSCH, D.A, da; SILVEIRA, S.A., et al. Esfera pública, redes e jornalismo. Rio de Janeiro: Ed. E-Papers, 2009.
5 LEMOS, André. O futuro da internet: em direção a uma ciberdemocracia. São Paulo: Paulus, RECUERO, Raquel. A conversação em rede: comunicação mediada pelo computador e redes sociais na Internet. Porto Alegre: Sulina, RIBEIRO, Igor. Os mais influentes entre jovens do Brasil. Meio e Mensagem. Disponível em: < Acessado em: 10 fev YOUTUBE. Sala de imprensa. Disponível: < Acessado em: 1 fev
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