A PUBLICAÇÃO DE LIVROS FRENTE ÀS NOVAS POSSIBILIDADES DE INTERAÇÃO: O CASO DO GRUPO VANGUARDAS
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- Alana Caldeira Oliveira
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1 A PUBLICAÇÃO DE LIVROS FRENTE ÀS NOVAS POSSIBILIDADES DE INTERAÇÃO: O CASO DO GRUPO VANGUARDAS Aluno: Roberta Calixto Orientador: Luiz Antônio Coelho Introdução Após longas pesquisas a respeito do tema vanguardas artísticas e literatura infantil, realizada durante o último período do PIBIC em conjunto com o Grupo Vanguarda, composto pelo Professor Luiz Antônio Coelho juntamente com seus orientandos de mestrado e doutorado, decidiu se que todas as pesquisas gerariam textos e seriam publicadas em uma obra hipertextual, como forma de apresentar os resultados das pesquisas à comunidade científica. Um dos aspectos verificados a partir da pesquisa anterior foi a importância da tecnologia como divisora de águas para o mercado editorial em diversos aspectos, tanto para a acessibilidade do leitor aos livros infantis, como para a mudança estabelecida na própria forma do livro, o que representa facilidade de acesso à obra e barateamento das produções literárias. O fato fez crescer exponencialmente o número de títulos infantis lançados. Assim sendo, aderindo aos novos paradigmas e às novas tecnologias apresentadas pelo mercado atual de publicações, este trabalho se propõe a entender essas novas possibilidades de interação oferecidas pelo mercado tecnológico, bem como buscar soluções que comportem e apresentem de forma mais didática e completa os resultados alcançados pelo Grupo Vanguarda ao longo de suas pesquisas. Objetivo Analisar as possibilidades de interação das antigas e novas mídias destinadas a publicação de conteúdos e compará las, extraindo vantagens e desvantagens de cada uma delas, a fim de definir qual o melhor suporte para reunir os estudos realizados pelo Grupo Vanguarda. Como objetivo específico temos a produção de um sistema hipertextual que trata da produção gerada pelos
2 membros do grupo de pesquisa citado. Metodologia A primeira fase da metodologia constituiu se do levantamento de dados sobre as mídias tradicionais de informação e as novas pesquisas e lançamentos de tecnologias a respeito de interação humano computador relacionadas ao tema editorial. Após isto foi feito uma comparação entre uma versão impressa e outra online de uma mesma publicação. Por fim compilamos essas informações a fim de entender qual suporte se encaixaria melhor na proposta do grupo. Livro impresso x Livro digital Quando esta pesquisa foi iniciada, essa foi uma das primeiras dúvidas que surgiram: notadamente o mundo contemporâneo vem abrindo espaço dentro do mercado editorial tradicional para as novas formas de divulgação de conteúdo adaptadas para as mídias mais atuais. A cada dia, mais e mais livros, revistas e jornais passam a ter conteúdo publicado online, bem como versões adaptadas para Kindle ou tablets, e estas versões inegavelmente possuem uma série de novas possibilidades frente às mídias tradicionais. Entretanto, contrariando o paradigma da revolução digital, no qual uma tecnologia se sobrepõe a outra, com seu discurso reproduzido na época do lançamento dessas mídias a respeito de um possível fim do papel, notou se, por exemplo, no Brasil um crescimento pequeno, porém continuado no mercado de venda de livros impressos desde o ano de 2009 até 2011 (dados mostrados pela última pesquisa realizada a respeito do setor e divulgada pelo jornal Estadão). Deste modo, podemos dizer que as novas mídias trazem novidade ao setor e ganham força e adeptos a cada ano, sem, porém, anular os meios mais tradicionais. Ao longo da história da humanidade podemos perceber uma série de novos meios, que assim como no caso do livro digital, prometiam anular as mídias lançadas anteriormente por serem melhoradas ou por serem mais tecnológicos. Foi assim com o lançamento do rádio em detrimento do jornal, da TV em detrimento do rádio, da internet em relação a TV, etc. Mas, observando esses exemplos podemos perceber claramente que cada um desses meios existe ainda nos tempos atuais em sua forma original, mas também criam versões que se adaptam aos novos formatos midiáticos, como é o caso dos Jornais online ou da Web Rádio. Essa coexistência dos meios é possível porque cada uma das interfaces lançadas, novas ou antigas,
3 apresenta uma maneira diferente de experiência do usuário com o meio, e cada uma delas apresenta um diferencial em relação às demais. No caso dos livros por exemplo, é inegável que os livros digitais oferecem certas vantagens como o uso mínimo do espaço, possibilidades de interações e informações extratextuais dentro de um mesmo suporte, mas também há que se considerar que nem mesmo a mais avançada tecnologia lançada consegue substituir a sensação do manuseio das páginas, a tatilidade proporcionada pelo livro, bem como a liberdade e facilidade de fazer anotações rápidas e visíveis bem ali, no próprio livro. Aceitando este fato, o mercado editorial vem em número cada vez maior fazendo o lançamento simultâneo de tempo livros impressos e suas versões digitais. O que se observa no entanto, é que pouco se faz no sentido de explorar as potencialidades de cada uma dessas interfaces e uni las, a fim de criar um conteúdo mais dinâmico e complementar. Análise e comparação de conteúdo Uma parte dessa pesquisa foi dedicada a entender como vem funcionando nos dias atuais a transposição do conteúdo das tradicionais mídias impressas para as novas interfaces e como são explorados os recursos tecnológicos oferecidos por eles. Para isto, utilizando a revista Superinteressante da editora Abril, uma revista reconhecida e bastante premiada por seus projetos gráficos elaborados, principalmente na área de infografia analisamos como ela se comporta em sua versão adaptada para tablet, lançada inicialmente em uma versão gratuita no mês de abril/2011. Fig. 1 Infográfico da Revista Superinteressante (versão impressa) abril/2011 Nesta figura podemos observar como se deu a apresentação do infográfico filosofighters na versão impressa. Todas as informações relativas a matérias foram dispostas em uma página dupla, limitadas pelas definições do suporte tais como formato, bem pelos custos decorrentes de uma matéria com um tamanho maior e que ocupariam mais páginas. Talvez por isso, as informações pareçam estar mais apertadas para caberem no espaço que lhes é pré destinado, sem prejudicar a publicação.
4 Fig.2 Infográfico da revista Superinteressante (versão tablet) abril/2011. A imagem acima é como se apresenta o infográfico filosofighters em sua versão para tablet. Analisando a em comparação com a versão impressa podemos notar que, a liberdade apresentada pelo fato de que o conteúdo online não gera custos adicionais com o aumento do número de páginas, faz com que o conteúdo se apresente de forma mais clara e separadamente, tornando uma leitura mais agradável. Mas se analisarmos as possibilidades oferecidas pela própria mídia, percebemos que muito pouco foi explorado. Apesar de cada cena de luta entre os flósofos conter pequenas animações, não existem recursos de manipulação de informação, vídeos ou compartilhamento em redes sociais, por exemplo. E nesse sentido, podemos dizer que ela pouco difere de sua versão impressa, não apresentando grandes diferenciais entre suas interfaces, o que faz com que ela perca um pouco seu sentido. Considerando que essa era ainda uma das primeiras edições e a tecnologia é relativamente recente, é notável que os produtores de conteúdo ainda não sabem como explorar estes novos recursos. Observando o vídeo mais recente de divulgação da versão para tablet dessa mesma revista, percebemos que aos poucos novas ideias vão surgindo e criando uma linguagem própria para esta interface, com novos recursos que enfim criam diferenciais reais na utilização do tablet. Neste vídeo já são apresentados como recursos imagens que podem ser manipuladas tridimensionalmente, a troca de orientação do tablet como recurso para alteração do conteúdo apresentado, testes com os leitores que os direcionam para conteúdos específicos, entre outras feraamentas. A sociedade convergente Dentro dessa pesquisa a respeito de múltiplas mídias difusoras de conteúdo adaptadas a suas interfaces encontra se o livro Cultura da convergência, nele Henry Jenkins analisa a conjuntura midiática contemporânea através das transformações tecnológicas e suas influências nos âmbitos
5 mercadológicos, culturais e sociais dos meios de comunicação e propõe um conceito que defina essas transformações. Um dos conceitos tratados por Jenkins e que é primordial ao desenvolvimento dessa pesquisa é o que ele chama de convergência dos meios de comunicação, que pode ser definido como o fluxo de conteúdo através de múltiplas plataformas de mídia, e dentro desse conceito, o autor propõe que diferente do que ocorre no paradigma da revolução digital, ocorra um paradigma da convergência. Segundo o paradigma da convergência, novas e velhas mídias vão interagir de forma cada vez mais complexa. (p.33) Essa convergência altera significativamente toda a relação da sociedade com a forma não só de consumir, como também de produzir o conteúdo: as relações entre os meios precisam se dar de modo que extraiam o que cada interface tem de melhor em relação às demais, as indústrias precisam se adaptar e, muitas vezes criar grandes conglomerados para dar conta de suprir tantas formas de saída de informações. E esse processo de convergência acaba resultando hoje no que o autor denomina cultura participativa, ela o ocorre não só de maneira corporativa, partindo das grandes indústrias em relação ao consumidor (como era vêm sendo feito ao longo de muitos anos), como também há um processo inverso, no qual a percepção e postura do consumidor frente a essa teia de produção altera o conteúdo e a forma de se relacionar com ele. Assim sendo, apesar de a indústria ainda apresentar um poder maior, produtores e consumidores não apresentam mais papéis separados, e sim, um sistema quase colaborativo. E para que esse sistema funcione de forma coesa, Jenkins defende a criação de uma narrativa transmidiática, que seria a resposta estética a essa convergência de mídias. Essa estética exige mais conhecimento dos produtores de conteúdo e também mais esforço por parte dos consumidores, que precisam ter participação ativa nesse processo e em suas relações midiáticas, resultando em grandes universos de informações que se relacionam gerando novos conteúdos e possibilidades. O mercado do entretenimento tem entendido e se utilizado muito bem dessa transmidiação de conteúdo. Jenkins mostra em seu livro, o caso Matrix cujas informações estão distribuídas em filmes, jogos, animes e HQ's, e que acabou resultando na criação (por parte dos consumidores), em uma enciclopédia colaborativa(wiki) a respeito do tema. Muitos outros produtos culturais aproveitam se desse mesmo sistema como podemos exemplificar nas séries Harry Potter, Lost, The Walking Dead e mais recentemente, Game Of Thrones. Apesar disso, é notável que numa esfera mais relacionada ao campo informacional/instrucional, essas possibilidades são ainda pouquíssimo exploradas.
6 O caso do Grupo Vanguardas Compilando os dados da pesquisa e debatendo os resultados com os participantes do Grupo, decidimos que, assim como Jenkins apresenta em seu livro, o conteúdo do livro publicado por nós deveria passar por um processo de transmidiação, não só por criar um conteúdo maus dinâmico e adequar se ao que acontece na sociedade contemporânea de maneira geral, como também por proporcionar ao usuário diversas possibilidades diferentes de experiência com este conteúdo e induzir ao leitor a tornar se também uma espécie de pesquisador, já que o conteúdo se tornaria mais aberto, facilitando ao consumidor o aprofundamento em um dos conteúdos específicos apresentados pelo livro em outras plataformas. Como proposta final para o formato do livro, optou se pelo formato tradicional do livro impresso, que viria acompanhado de uma versão em DVD, na qual o esse mesmo livro se apresenta de maneira hipertextual. Nessa versão seria possível ao usuário acessar conteúdos complementares às informações já contidas no livro, tais como versões integrais dos livros e filmes originais utilizados pelos pesquisadores em suas teses, acervos completos dos autores citados nos capítulos, manipulação das imagens, seleção dos conteúdos de interesse através de palavras chave, tudo isso com suporte da internet. Desta maneira, acreditamos que se pode criar uma experiência mais completa e aprofundada de leitura e de aprendizagem, que se dá a partir do momento que o leitor se apropria do conteúdo a passa a participar ativamente desse processo, deixando de ser um mero receptor de conteúdo pronto, passando a ser co autor e adaptador da obra, já que ele tem o poder de selecionar o conteúdo de acordo com seus próprios interesses, criando uma relação única entre leitor e obra, que só é possível no encontro do conteúdo com a subjetividade de cada leitor. Os detalhes técnicos do livro e DVD serão apresentados no próximo Seminário PIBIC pela bolsista. Conclusão Assim como no começo das vanguardas, a tecnologia no meio editorial também sofreu preconceitos em relação à já tradicional função do livro impresso. Muitos ainda resistem às novas mídias. Apesar disso, é inegável o fenômeno crescente, que ganha força com o lançamento de novos gadgets e novas possibilidades de interação nos ambientes virtuais. O mercado editorial, longe de ignorar tal fato, tem cada vez mais adentrado nesse universo virtual e aderido a novas proposta de interação,
7 gerando novas alternativas, a fim de atrair mais público e recuperar o imenso número leitores que vinha perdendo quando as novas mídias entraram em cena. Entretanto, longe de acreditar no fim do livro impresso, como se dizia no início do processo de digitalização do meio editorial, decidiu se que a melhor solução para o caso do Grupo Vanguarda seria uma interação entre o ambiente físico e o digital, onde um complementa o outro, oferecendo ao leitor diversas possibilidades de leitura e aprofundamento do conteúdo abordado nos capítulos do livro, dando também a este leitor a oportunidade de pesquisar, de maneira autônoma, os assuntos que mais lhe interessarem, tratados no livro. Através do suporte da internet o leitor tem à disposição a articulação do livro em questão com a grande fonte de informações da sociedade contemporânea. Referências 1. AGNI, EDU. Interfaces conceituais, interações reais. Dísponível em: Acessado em 13 de junho de 2013 às 16:33h. 2. CRUZ, M. S. Livro digital ainda sofre resistência de pais e escolas. Disponível em: inda-sobre-resistencia-de-pais-e-escolas-afirma-especialista/. Acessado em 5 de março de 2013 às 15:15h. 3. DISTEFANO, R. Livro impresso versus livro digital. Disponível em: Acessado em 5 de março de 2013 às 14:22h. 4. JENKINS, H. Cultura da convergência. São Paulo: Aleph, (Trad.: Susana Alexandria). 5. PRIMO, A. Interação Mediada por Computador: comunicação, cibercultura, cognição. São Paulo: Ed. Sulina, 1ª edição, RODRIGUES, M. F. Mercado editorial brasileiro cresce pouco e preço do livro diminui. Disponível em: e-pouco-e-preco-do-livro-diminui,898889,0.htm. Acessado em 28 de abril de 2013 às 13:54h.
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