Pós-graduação. MBA em Administração e Qualidade. Ambientes Lean Manufacturing. MFV: Mapa de Fluxo de Valor. Janaína Padilha

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1 Tema 4 MFV: Mapa de Fluxo de Valor Projeto Curso Disciplina Tema Professor Pós-graduação MBA em Administração e Qualidade Ambientes Lean Manufacturing MFV: Mapa de Fluxo de Valor Janaína Padilha Introdução O ponto de partida para o pensamento empresarial é a clara compreensão do que o cliente está disposto a pagar por um bem ou serviço, que é o que denominamos valor. Porém, por diversos motivos, é muito difícil definir o valor com precisão, sendo o Mapa de Fluxo de Valor (MFV) uma ferramenta útil para auxiliar nesse levantamento. Antes de começar seus estudos, acesse o material online e assista ao vídeo de apresentação do tema. Problematização Imagine a seguinte situação: você foi contratado para implementar o MFV em uma empresa de médio porte, com um total de mais de 700 funcionários. Suas características são: planta fabril em uma área com mais de m2, abriga um grupo de engenharia e desenvolvimento de produtos, processos de fundição em ferro, bronze e alumínio, e usinagem em modernos centros computadorizados. A empresa possui processos bem definidos e deseja dar início a um programa de melhoria de processos que suporte o desejo de aumentar a produtividade de sua planta, absorvendo assim uma gama superior de projetos. A empresa pretende, através do MFV, diagnosticar mais apuradamente seus processos, para ter melhor controle dos custos e produtividade. A empresa é eficaz, porém encontra sérios problemas em ser eficiente, daí a necessidade de 1

2 empreender programa de melhoria que leve ao alcance da efetividade (eficácia + eficiência). No âmbito dos produtos fabricados pela empresa, destaca-se o forte know-how na fabricação de redutores de velocidade, que corresponde a cerca de 60% das encomendas. A empresa dispõe de um layout com características do tipo funcional, onde existe mão de obra de nível técnico altamente qualificado, capaz de produzir uma alta variabilidade de produtos com equipamentos de baixo custo. Tal layout possui a marcante característica de necessitar de altos gastos com supervisão de empregados. A empresa é receptiva às idéias de produção enxuta. Após a confecção do mapa atual foi possível levantar os pontos de desperdício, incluindo excesso de mão de obra na cadeia produtiva. Os envolvidos no mapeamento ficaram preocupados com a situação dos funcionários que poderiam ser desligados, assim como a de um dos fornecedores cuja empresa era responsável por 60% do seu faturamento. Qual a orientação para minimizar esses impactos? Não responda agora, vamos estudar o material e voltaremos a falar sobre isso no final. Mapeamento do Fluxo de Valor (Value Stream Mapping) Para iniciar seus estudos sobre este tema, não deixe de conferir o vídeo da professora Janaína, disponível no seu material online. O Mapeamento do Fluxo de Valor é uma técnica de modelagem proposta por Rother e Schook, cujos princípios baseiam-se na identificação e eliminação de desperdícios encontrados ao longo do processo produtivo, como por exemplo, estoques e tempos de espera elevados (NAZARENO 2003). Segundo Rother e Shook (1999), o MFV enfoca o fluxo de materiais, o fluxo de informação e todo o fluxo de produção de um produto ou família de produtos, visando a implantação da manufatura enxuta. 2

3 Definição Conforme Gonçalves e Miyake (2003), (...) esta ferramenta visa agregar conceitos e técnicas ao invés de se implantarem alguns processos isolados de melhoria, sem qualquer coordenação entre si (...). Sendo assim, o fluxo de informação é outro fator importante a ser considerado no MFV, afinal um processo depende da informação do outro para iniciar. O objetivo do MFV é mapear todo o fluxo de valor, identificando quais atividades agregam valor e criam um fluxo contínuo e, a partir daí, buscar a melhoria contínua em um trabalho que conta com a interação de todos os colaboradores da empresa (SALGADO et al., 2009). Rother & Shook (1999), definem que fluxo de valor é toda ação, que agrega ou não valor, necessária para fazer um produto passar por todos os fluxos essenciais de produção. De acordo com Womack Jones, (...) MFV é um trabalho de observação direta de todo o fluxo produtivo, desde informação a materiais, dispondo-os visualmente e projetando um estado futuro com melhorias. Assim, observa-se que o MFV busca demonstrar de forma clara os processos de manufatura e seus desperdícios. O MFV utiliza-se de um conjunto de símbolos predefinidos para modelar o fluxo de valor, no entanto a equipe criadora tem total liberdade para inserir outros ícones, caso julgue necessário para melhor representar o processo ou altere a descrição dos já existentes, desde que isso fique preestabelecido e claro para todos. 3

4 Segundo Machado (2006), o conhecimento do Just in Time contribui para a análise do mapeamento do fluxo de valor e definição dos processos. Durante o período de observação, deve ser considerado o ponto de vista do cliente quanto às atividade que agregam valor, as que não agregam valor mas são necessárias, e as que são desnecessárias e não agregam valor. Embora o MFV tenha sido aplicado em diversas atividades nos últimos anos, suas origens concentram-se essencialmente na análise e melhoria de ambientes de produção com linhas de fluxo (Rother e Shook, 1999). Entre os benefícios da utilização do MFV, Rother e Shook (1999) citam: Rápido e fácil de realizar. Barato, já que nenhuma ferramenta especial ou programas de computador são necessários. Horas-homem são gastas apenas durante o trabalho inicial. Simples, fácil de aprender e compreender. As ferramentas necessárias são papel e caneta Dá uma boa base para discussões e decisões. 4

5 Aumenta o entendimento sobre o produto, o fluxo de informações e os prejuízos. Pode ser realizado por pessoas diretamente envolvidas no sistema com a ajuda de uma pessoa experiente no MFV. O MFV é utilizado como uma ferramenta de comunicação, planejamento de negócios ou como proposta de mudança, mas para que ele alcance o objetivo proposto, devem ser considerados para sua elaboração os princípios lean (Rother e Shook, 1999): Produzir de acordo com o takt time: o takt time, segundo Rother & Harris (2002), é a velocidade na qual os clientes solicitam os produtos acabados (...). Ele é obtido pela divisão do tempo total disponível de produção por turno (T/D) pela demanda do cliente. É utilizado para sincronizar o ritmo da produção com o das vendas, sem criar um excesso de produção. Desenvolver um fluxo contínuo onde possível: significa produzir uma peça de cada vez, passando cada item de uma etapa do processo para a outra, sem paradas. Utilizar supermercados para controlar a produção onde o fluxo contínuo não se estende aos processos anteriores: onde o fluxo contínuo não for possível, haverá necessidade de fabricação em lote, e para isso, será necessária a instalação de um sistema puxado com base em supermercados: o Kanban. Ou seja, (...) o processo cliente vai ao supermercado e retira somente o que precisa e quando precisa, cabendo ao processo fornecedor produzir apenas para o reabastecimento. Procurar enviar a programação do cliente para somente um processo de produção: esse ponto será chamado de processo puxador, pois ele controla o ritmo de todos os processos anteriores de acordo com a demanda necessária. 5

6 Nivelar o mix de produção: distribuir a produção de diferentes produtos uniformemente durante um período de tempo, alternando repetidamente lotes menores de diferentes produtos, ao invés de dividi-los por períodos, isso melhora a resposta quando se trabalhas com mix diferentes e lead time curto. Nessa fase é usado o Heijunka. Nivelar o volume de produção: criar uma puxada inicial com a liberação e retirada de apenas um pequeno e uniforme incremento de trabalho no processo puxador. Mapa do Estado Atual O Mapa do Estado Atual reflete a caracterização do fluxo antes da mudança e nele deve conter somente as informações relevantes, segundo Womack e Jones (1998). Nesse primeiro momento será caracterizado o fluxo de materiais e informações, assim como os recursos disponíveis. Considerando a família de produtos escolhida, deve-se buscar as informações em cada setor. Estas informações se referem a: Necessidades do cliente: peças por mês, turnos de trabalho, frequência de entregas; Tempo de trabalho na empresa: dias por mês, turnos por dia, horas por turno; Estoques em processo: matéria-prima, produtos parados, espaço utilizado para armazenagem; Processo de produção: etapas, tempos, máquinas, insumos e pessoal disponíveis; Programação e Controle da Produção (PCP): previsões, lançamentos, compras, pedidos, ordens de produção para as etapas e para expedição; Fornecedor: lotes mínimos, frequência de entregas, tempo de entrega. 6

7 Para entender melhor como o Mapa do Estado Atual funciona, assista ao vídeo que está disponível no material online. Mapa do Estado Futuro O desenho atual possibilita a construção do estado futuro, que é o resultado da análise do estado atual sob a ótica dos princípios enxutos. Neste momento tomam-se decisões, tais como produzir para expedição ou supermercado. De posse do Mapa do Estado Futuro, é possível criar o Plano de Ação, que deve contemplar um cronograma de organização e acompanhamento das medidas necessárias, onde estão contidas as ações, as equipes, os responsáveis, a sequência das atividades, o tempo de realização de cada uma delas. Tendo esse plano, a empresa pode planejar com precisão a aplicação de recursos humanos e financeiros que irá disponibilizar em cada etapa do projeto e analisar o custo-benefício. Acesse o link a seguir para assistir ao vídeo e aprofundar um pouco mais os conhecimentos sobre como mapear o fluxo de valor da produção. Etapas do MFV O MFV se divide em 3 etapas descritas abaixo: 1. Família de produtos: são grupos de produtos que passam por etapas semelhantes de processamento e utilizam equipamentos comuns nos seus processos anteriores. 2. Desenho dos estados atual e futuro: inicialmente mapeia-se o fluxo como está ocorrendo atualmente, a partir de dados coletados no chão de fábrica. Esses dados são necessários para o desenvolvimento do estado futuro, que será um mapa com melhorias propostas que visam diminuir desperdícios. Nota-se a existência de setas ligando os estados futuro e o atual, mostrando a dependência que há entre eles. Ou seja, durante a confecção do 7

8 estado atual irão aparecer ideias para a criação do estado futuro, e no desenvolver deste, serão identificadas informações sobre o estado atual que antes não foram enxergadas. 3. Plano de implementação: descreve como se planeja chegar ao estado futuro. Após tê-lo colocado em prática, um outro mapa do estado futuro deve ser desenhado, ou seja, deve ocorrer uma melhoria contínua no nível do fluxo de valor. Acesse o site para obter mais informações: Não deixe de acessar o material online e ver a videoaula da professora Janaína. Fluxo Contínuo ou Enxuto O MFV essencialmente busca a criação de um fluxo de valor contínuo/enxuto. Segundo Rother & Harris (2002), (...) fluxo contínuo é um conceito que, em seu estado ideal, significa que os itens são processados e movidos diretamente de um processo para o próximo, uma peça de cada vez. Cada passo do processo opera somente na peça que é necessária ao próximo passo pouco antes que este passo precise dela, e o tamanho do lote de transferência é um. O fluxo contínuo também é chamado fluxo de uma peça, fluxo de uma única peça ou faça uma, mova uma. O fluxo contínuo é a maneira mais eficiente de transformar materiais em produtos. Suas vantagens são: Uso do mínimo de recursos: quantidade de pessoas, máquinas, materiais, prédios, equipamentos de movimentação, entre outros recursos, mantendo um mínimo necessário para a produção, o que implica em alta produtividade e baixo custo; Lead time curto: minimiza o tempo de resposta ao cliente. 8

9 Leia o artigo a seguir para entender mais sobre como utilizar o MFV na identificação de desperdícios na produção: Revendo a problematização Muito bem! Depois de estudar os conteúdos apresentados, você precisa decidir qual é a melhor solução para o problema apresentado no início desse tema. Escolha uma das alternativas a seguir: a. Realizar um estudo de realocação para esses funcionários; b. Não implementar as melhorias, evitando assim o desligamento dos funcionários; c. Propor as melhorias juntamente com um projeto de aumento de capacidade produtiva visando a absorção dessa mão de obra ociosa. Para consultar o feedback de cada uma das alternativas, acesse o material on-line. Síntese Quando se busca melhorias na cadeia produtiva sem recorrer à novas tecnologias ou altos investimentos, o Mapeamento de Fluxo de Valor é extremamente útil. É possível melhorar o processo quando se consegue enxergar os pontos falhos, alcançando grandes resultados. Para rever os conteúdos estudados nesse tema, basta assistir o vídeo que está disponível no material online. Referências GONÇALVES, M. S.; MIYAKE, D. I. Fatores Críticos para a Aplicação do Mapeamento do Fluxo de Valor em Projetos de Melhorias. São Paulo. EPUSP

10 MACHADO, M. C. Princípios enxutos no processo de desenvolvimento de produtos: proposta de uma metodologia para implementação. São Paulo, 2006.Tese (Doutorado) Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Departamento de Engenharia de Produção, Universidade de São Paulo. NAZARENO, R. R.; RENTES, A. F. e SILVA A. L. Implantado técnicas e conceitos da produção enxuta integradas à dimensão de análise de custos. São Paulo ROTHER, M.; HARRIS, R. Criando o fluxo Contínuo. Um Guia de Ação para Gerentes, Engenheiros e Associados da Produção. São Paulo, SP. Lean Institute Brasil, ROTHER M.e SHOOK J. Learning to see: Value stream mapping to add value and eliminate muda. 2nd Edition, Brookline, MA; The Lean Enterprise Institute Inc, SALGADO, E. G.; MELLO, C. H. P.; SILVA C. E. S.; OLIVEIRA, E.S. e ALMEIDA, D.A. Análise da aplicação do mapeamento do fluxo de valor na identificação de desperdícios do processo de desenvolvimento de produtos Gestão e Produção. São Carlos WOMACK, J. P., JONES, D. T. A Mentalidade Enxuta nas Empresas: Elimine o desperdício e crie riqueza. Rio de Janeiro. Campus, Atividades 1. O MFV é uma ferramenta que visa: a. A identificação e eliminação de desperdícios encontrados ao longo do processo produtivo. b. Redução da mão de obra. c. Garantir que a manutenção preventiva aconteça no prazo. d. Desvincular-se de funcionários e fornecedores que atrasem o processo. 10

11 2. O foco do MFV é: a. Somente a cadeia de abastecimento. b. A gestão de pessoas. c. O fluxo de materiais, o fluxo de informação e todo o fluxo de produção de um produto ou família de produtos. d. A gestão da informação. 3. Referente ao valor, é correto afirmar que: a. É o resultado da subtração entre a minha receita e meus custos. b. É o que o cliente está disposto a pagar pelo produto ou serviço. c. É o quanto a empresa acha que vale o seu produto. d. É a expressão monetária associada a algum bem. 4. Para elaboração do MFV é imprescindível a disponibilidade de informações, que devem ser coletadas: a. Via sistema, através do histórico da produção. b. Diretamente nos setores e na produção no chão de fábrica. c. Através de entrevista com a diretoria. d. Por meio de pesquisas qualitativas. 5. Entre as etapas do MFV podemos citar, EXCETO: a. Família de produtos. b. Desenho do estado atual e futuro. c. 5S. d. Implementação do Plano de Melhoria. Para consultar o gabarito das questões, acesse o material on-line. 11