6. Estudo de impacte com os alunos
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1 6. Estudo de impacte com os alunos 123
2 6. Estudo de impacte com os alunos 6.1. Questão de investigação Neste trabalho pretende-se dar resposta à seguinte questão: Que impacte tem o uso de estratégias com forte componente laboratorial/multimédia, em relação a outras mais teóricas, no ensino-aprendizagem de temáticas sobre a Diminuição da Espessura da Camada de Ozono? 6.2. Metodologia/Procedimento O estudo do uso de diferentes estratégias de abordagem da problemática da Diminuição na Espessura da Camada de Ozono na Estratosfera decorreu em duas secções na Escola E.B. 2,3 das Dairas Vale Cambra, no ano lectivo 2002/2003, no âmbito da área curricular não disciplinar a Área de Projecto. A primeira sessão serviu para apresentar aos alunos os objectivos do estudo e avaliar a sua disponibilidade. Como todos se voluntariaram a participar, nessa mesma aula, foram submetidos a um questionário (pré-teste) para avaliar os seus conhecimentos sobre a problemática em estudo. No sentido de testar então a eficácia das duas diferentes estratégias de ensinoaprendizagem e compará-las com uma estratégia mais teórica esta amostra foi dividida em três grupos de estudo, designados respectivamente por: Grupo Teórico (T), Grupo Laboratorial (L) e Grupo Multimédia (M). É de referir que para este estudo quase experimental 1, se tentou que os três grupos fossem o mais equivalente possível (cap. 6.4), o que de outra forma não permitiria a comparação dos dados obtidos. Numa secção seguinte, que decorreu numa das tardes livres da turma, cada um destes grupos abordou este problema com o recurso a uma estratégia diferente, como de seguida se refere. Ao grupo designado por Teórico fez-se uma abordagem mais tradicional, com forte componente teórica (sem componente prática, laboratorial ou multimédia), numa das salas de aula da escola. Foi-lhes fornecido um texto informativo, a partir do qual se pretendia que desenvolvessem em grupo a pesquisa, selecção e organização da informação, para que posteriormente realizassem uma exposição oral sobre esta problemática a toda a turma (Fig. 54). O texto fornecido a cada um dos elementos deste grupo é o que se encontra no anexo 4. Esta abordagem decorreu durante cerca de 90 minutos. 1 O estudo é quase experimental porque a nossa amostra e os grupos constituídos não estão perfeitamente aleatorizados. 124
3 Fig. 54- Desenvolvimento da abordagem teórica (No anexo 5 surgem mais fotografias 2 ) Com o grupo Laboratorial desenvolveu-se uma actividade prática no laboratório de Ciências Físico-Químicas da escola (Fig. 55 a 58). Esta abordagem decorreu em simultâneo com a anterior, pois a sala de aula onde se desenvolvia a abordagem de cariz mais teórico e o laboratório Ciências Físico-Químicas eram contíguos havendo assim a possibilidade da professora, neste caso também investigadora, alternar com frequência e rapidez entre ambos os locais. Um dos factores que tivemos, desde logo, em atenção no planeamento desta actividade foi focar problemas com real interesse para os alunos. Como se tratavam de alunos de 7º ano, para os quais era o primeiro contacto directo com o ensino laboratorial com este nível de complexidade/sofisticação, optámos por lhes fornecer protocolos experimentais (anexo 2). Todos os protocolos tinham como objectivo orientar os alunos e não limitar o seu pensamento e espírito criativo ao longo do seu processo de investigação. É também nossa convicção, ao fornecer os protocolos experimentais, que os alunos não adquirirem conceitos novos envolvendo-se apenas nas investigações, isto porque, grande parte da informação recolhida torna-se desnecessária para os objectivos que se pretendem realmente atingir. 2 A todos os elementos envolvidos no estudo foi pedida autorização para que as suas fotografias constassem neste trabalho. 125
4 Em todo o percurso, o protocolo experimental além de ser usado como orientação à investigação, foi também usado para recolha e interpretação de dados. Esta abordagem, devido essencialmente ao tempo de exposição das soluções à radiação ultravioleta, decorreu durante mais tempo, cerca de 240 minutos. Fig. 55, 56, 57 e 58- Desenvolvimento da abordagem laboratorial (No anexo 5 surgem mais fotografias) Ao grupo Multimédia deu-se a possibilidade de explorar um protótipo multimédia (Fig. 59 e 60), numa das salas de aula com computadores da escola. O recurso ao computador, com este protótipo deu a possibilidade a este grupo de abordar o problema de uma forma lúdica, na medida em que estes foram adquirindo os conhecimentos com um software educativo com componente multimédia significativa (que se encontra em e em CD no anexo 11), ou seja, os alunos aprenderam divertindo-se! Apesar de todas as abordagens seguirem o mesmo fio condutor, a informação surge para estes elementos de maneira diferente, pois surge-lhes por: texto, imagem e som. Estamos conscientes que neste grupo os elementos intervenientes aprenderam de forma muito mais autónoma. A nosso ver aprenderam mesmo a aprender, ao dirigirem eles 126
5 próprios o seu percurso de aprendizagem, pois o programa utilizado promoveu a deslocação para os alunos do centro do processo de ensino-aprendizagem. Para que isto fosse possível na execução deste programa tivemos em especial atenção a sua organização, pois só assim foi possível evitar situações menos agradáveis na exploração, quer para os alunos, quer para a professora envolvida no estudo, neste caso também investigadora. Como já admitimos, no momento da aplicação deste protótipo multimédia (cerca de 6 semanas após a implementação das abordagens de cariz mais teórico e laboratorial) este ainda não estava completo. Encontrava-se numa versão provisória, já motivante e eficaz mas aquém dos nossos objectivos iniciais. Para a exploração, propriamente dita, que decorreu durante cerca de 90 minutos, sempre na presença da professora, o grupo foi dividido em grupos mais pequenos promovendo-se assim uma discussão produtiva entre eles. Além do objectivo essencial deste programa (que era alertar para o perigo da diminuição da espessura da camada de ozono), também conseguimos para alguns dos elementos envolvidos neste estudo promover o primeiro contacto directo com o computador, um instrumento de trabalho que todos nós reconhecemos como indispensável e quase omnipresente. Fig. 59 e 60- Desenvolvimento da abordagem multimédia (No anexo 5 surgem mais fotografias) Imediatamente no final de cada uma das sessões os alunos foram sujeitos ao mesmo questionário (pós-teste) para que se avaliasse o acréscimo ou não dos conhecimentos sobre este assunto. Como já admitimos estas três abordagens, por razões que não pudemos controlar, não foram realizadas em simultâneo. A abordagem multimédia foi realizada cerca de 6 semanas após as abordagens teórica e laboratorial, essas sim realizadas na mesma tarde. No entanto, há 127
6 que salientar que foi pedido aos alunos destas duas abordagens para não comentarem nada com os colegas, o que acreditamos ter sido verdadeiramente cumprido. 1994): 6.3. Plano de estudo adoptado De modo sucinto o plano de estudo adoptado foi o seguinte (COHEN e MANION, O 1 1 semana X T O 2 O 1 1 semana X L O 3 O 1 7 semanas X M O 4 Em que: O 1 observação do grupo antes da implementação de qualquer uma das metodologias (pré-teste) O 2 observação do grupo T após abordagem com forte componente teórica (sem componente prática, laboratorial ou multimédia) (pós-teste T) O 3 observação do grupo L após abordagem com forte componente laboratorial (pósteste L) O 4 observação do grupo M após abordagem com forte componente multimédia (pósteste M) X T exposição do grupo a uma abordagem com forte componente teórica X L exposição do grupo a uma abordagem com forte componente laboratorial X M exposição do grupo a uma abordagem com forte componente multimédia Há que salientar que este estudo pretende ser apenas um estudo piloto. Os grupos são extremamente pequenos, o que implica que todas as conclusões não devem ser generalizadas com confiança para o universo (alunos portugueses do 7º ano de escolaridade), pois a amostra poderá não ser representativa. Consideramos por isso, que fará todo o sentido em futuras oportunidades repetir este estudo expandindo o tamanho da amostra e a sua representatividade. Todavia, consideramos que esta investigação é válida, como estudo piloto que pretende ser, podendo mesmo fornecer alguma informação da realidade do universo. É de notar ainda que do questionário consta alguma informação qualitativa (ver secção 7.3) que confere ao presente estudo um carácter que não é estritamente quantitativo. 128
7 Instrumento de recolha de dados Como método de observação, como já foi referido, foram colocadas um série de questões na forma de questionário escrito (anexo 6) aos elementos de todos os grupos antes (pré-teste) e após (pós-teste) a implementação das referidas metodologias de ensino. Refira-se que ambos os questionários foram respondidos na presença da professora, neste caso também investigadora. O método de recolha de dados, o questionário, é um instrumento rigoroso padronizado, tanto no texto das questões como na sua ordem. Para garantir a comparabilidade das respostas de todos os indivíduos, foi absolutamente indispensável que cada questão fosse colocada da mesma forma a cada aluno, sem adaptações nem explicações suplementares resultantes da iniciativa de quem administra o questionário. Para que tal fosse possível foi nossa intenção que cada questão fosse perfeitamente clara, sem qualquer ambiguidade e que os alunos soubessem exactamente o que se espera dela (GHIGLIONE e MATALON, 1993). Neste questionário, optámos por 34 perguntas fechadas e 1 pergunta aberta. Na tabela seguinte citam-se algumas das vantagens e desvantagens associadas a cada um destes dois tipos de perguntas (HILL e HILL, 2000): 129
8 Tabela 25- Vantagens e desvantagens das perguntas abertas e das perguntas fechadas Tipo de pergunta Vantagens Desvantagens - Podem dar mais informação; - Muitas vezes as respostas têm que ser - Muitas vezes dão informação mais interpretadas ; rica e detalhada; - Por vezes dão informação inesperada. - É preciso muito tempo para codificar as respostas; - Normalmente é preciso utilizar pelo Perguntas menos dois avaliadores na abertas interpretação e codificação das respostas; - As respostas são mais difíceis de analisar numa maneira estatisticamente sofisticada e a análise requer muito tempo. - É fácil aplicar análises estatísticas - Por vezes a informação das respostas Perguntas para analisar as respostas; é pouco rica ; fechadas - Muitas vezes é possível analisar os - Por vezes as respostas conduzem a dados de maneira sofisticada. conclusões simples demais. Há que referir também que estamos conscientes que a metodologia adoptada pode tornar-se opaca para o diagnóstico pretendido. Assim sendo, pensamos que para que a extrapolação das conclusões para o universo apresente uma razoável confiança, além de ser pertinente alargar as dimensões da amostra, também terá todo o interesse em futuras investigações neste âmbito utilizar como método de observação complementar a entrevista Caracterização da amostra A amostra é constituída por alunos voluntários de uma turma de 7º ano, no âmbito da área curricular não disciplinar Área de Projecto, subordinada ao tema O ambiente. Esta turma é constituída por 21 alunos, 14 do sexo feminino e 7 do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 11 e 14 anos. A nível de aproveitamento é uma turma bastante razoável, não apresentando no primeiro e segundo períodos nenhuma disciplina com média inferior a três. 130
9 Com o intuito de seleccionar grupos o mais equivalentes possível, foram tidos em conta dados de natureza quantitativa e qualitativa, nomeadamente o sexo, a idade, o número de repetências, os resultados dos testes de avaliação e nível sócio cultural. Os dados relativos ao nível sócio cultural dos alunos foram fornecidos pelo director de turma, no início do ano lectivo, aquando da Caracterização global da turma, a partir da recolha de informação das fichas biográficas. Sintetizando os grupos escolhidos apresentam as seguintes características (Tabela 26): Tabela 26- Características dos três grupos Grupo Nº M Sexo F Idade Retenções média 0 1 testes T , ,11 L , ,00 M , ,07 É de referir que todos os participantes são alunos da autora desta dissertação na disciplina de Ciências Físico-Químicas, o que de certa forma ajudou a criar grupos o mais equivalentes possível. Esta equivalência, como já foi referido, é imprescindível para que se possa fazer a comparação dos resultados após o ensino diferenciado da problemática da camada de ozono. Um dos elementos de natureza quantitativa que poderá demonstrar a equivalência dos grupos são as notas dos testes de avaliação à disciplina de Ciências Físico-Químicas (anexo 7) durante o primeiro e segundo períodos. Para verificar se havia ou não diferenças estatísticas significativas entre as médias dos testes por grupo (Tabela 27 e Gráfico 1) e a média dos testes por alunos (Tabela 28 e Gráfico 2) recorreu-se à análise de variância 3. Esta técnica foi também usada para verificar se havia ou não diferenças estatísticas significativas entre as três metodologias de abordagem usadas, como tal em 7.2 descrevemos as fases do processamento deste teste de hipóteses, de forma a facilitar a sua compreensão. 3 Reconhecemos uma certa desproporção entre a dimensão da nossa amostra e a sofisticação estatística para a divisão dos grupos atendendo aos testes de avaliação à disciplina de Ciências Físico-Químicas. Todavia achamos razoável fazer esta abordagem numérica que prepara um tratamento eventual futuro, com uma amostra maior e mais aleatorizada. 131
10 Tabela 27- Parâmetros estatísticos relativos aos testes à disciplina de Ciências Físico-Químicas dos diferentes grupos antes do ensino diferencial Teste Parâmetro estatístico Grupo Teórico Laboratorial Multimédia Todos 66,11 67,00 72,86 (1º ao 4º) F amostral 0,01 1º 2º 3º 4º 71,86 70,00 72,86 1 F amostral 0,05 61,43 63,71 68,86 2 F amostral 0,28 61,71 64,71 61,00 3 F amostral 0,09 69,43 69,57 65,57 4 F amostral 0,14 Média/% 80,00 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 0, Teste Grupo teórico Grupo Laboratorial Grupo Multimédia Gráfico 1 Comparação da média dos testes à disciplina de Ciências Físico-Químicas dos diferentes grupos antes do ensino diferencial Para um nível de significância de 5% não há razão para rejeitarmos as hipóteses: - a média dos quatro testes entre os três grupos são iguais (H 0 : T = L = M ) - a média de cada um dos testes entre os três grupos são iguais 132
11 (H 0 : i T = i L = i M em que i representa o número do teste), pois apenas as rejeitávamos caso F amostral fosse maior do que F crítico, neste caso 3,55 (anexo 8). Assim sendo, desta análise conclui-se que para os quatro testes não há diferenças significativas entre os três grupos. Do mesmo modo, pode obter-se, para cada aluno (referenciados de A a G), a média dos quatro testes e verificar ou não a sua equivalência. Tabela 28- Parâmetros estatísticos relativos aos diferentes alunos (desde o aluno A ao aluno G) antes do ensino diferencial A B C D E F G Grupo T 48,75 56,00 56,50 66,50 69,75 81,75 83,50 Grupo L 48,50 52,00 62,00 65,50 76,50 79,75 84,75 Grupo M 31,75 57,75 60,00 66,50 80,75 81,25 91,50 F amostral 3,58 0,71 0,19 0,03 2,06 0,08 2,28 100,00 80,00 Média/% 60,00 40,00 20,00 0,00 A B C D E F G Aluno Abordagem teórica Abordagem laboratorial Abordagem multimédia Gráfico 2- Comparação da média dos quatro testes dos diferentes alunos antes do ensino diferencial Para um nível de significância de 5% não há razão para rejeitarmos a hipótese de que: - a média dos quatro testes dos alunos de A a G, que compõem cada um dos grupos, são iguais (H 0 : jt = j L = j M, em que j representa o aluno), 133
12 pois apenas a rejeitávamos caso F amostral fosse maior do que F crítico, neste caso 4,26 (anexo 8). Assim sendo, desta análise novamente se conclui não haver diferenças significativas entre os diferentes alunos dos três grupos Procedimento de análise dos dados quantitativos Os resultados obtidos nos questionários administrados foram tratados estatisticamente de acordo com as sugestões de Glass e Hopkins (1984). De acordo com este, a aprendizagem não pode ser medida apenas atendendo à diferença entre os valores do pré-teste e do pós-teste, pelo facto dos valores obtidos pelos alunos no pós-teste estarem correlacionados negativamente com os valores obtidos no pré-teste. De acordo com este autor, para quantificar a aprendizagem, é necessário utilizar a regra de regressão dos resultados do pós-teste em função dos resultados do pré-teste. Desta forma os ganhos, segundo ele designados por Ganhos Residuais (GR), são calculados através da diferença entre os valores previstos para o pós-teste a partir dos valores obtidos pelos alunos no pré-teste e o próprio valor do pós-teste. Esta forma de calcular o ganho da aprendizagem tem a vantagem de eliminar uma das ameaças à validade interna do estudo designada por regressão para a média ou regressão estatística. Este fenómeno é caracterizado pela tendência de alunos com notas baixas no préteste subirem no pós-teste e de alunos com notas altas no pré-teste baixarem no pós-teste. As etapas seguidas para o tratamento dos dados foram: 1º Avaliação e quantificação das respostas dadas pelos alunos nos questionários (préteste e pós-teste). (anexo 9) 2º Representação gráfica dos valores obtidos no pós-teste (y) em função dos valores obtidos no pré-teste (x). 3º Cálculo dos valores esperados no pós-teste (y esperado ) a partir da equação da recta obtida, tal que y esperado = mx + b. 4º Cálculo dos valores dos ganhos residuais (GR) para cada aluno como sendo a diferença entre o valor obtido no pós-teste e o valor esperado calculado a partir da recta de regressão (GR = y- y esperado ). 5º Cálculo do ganho residual corrigido (GRC) para cada aluno a partir da expressão: GRC = GR + menor ganho. A necessidade do valor do GRC impõe-se para que não existam valores negativos para a grandeza ganho. 6º Cálculo do ganho residual corrigido médio (GRCM) para cada grupo através da expressão da média. 134
13 ANOVA. Os GRCM foram posteriormente submetidos a um teste de hipóteses conhecido por 6.6. Limitações do estudo Qualquer que seja o tipo de pesquisa e a sua dimensão, as conclusões, bem como as generalizações que dela se podem retirar estão sempre condicionadas em termos de validade interna e externa (COHEN e MANION, 1994). Neste caso, a validade interna está relacionada com a questão de se saber se o tratamento foi ou não responsável pela diferença entre os três grupos. Ou seja, se os resultados obtidos são ou não atribuíveis ao efeito da utilização de diferentes metodologias de abordagem da problemática da camada de ozono. Na validade interna está em causa, então, a legitimidade das conclusões. Poderá considera-se uma limitação ao estudo efectuado a escolha não aleatória dos elementos da amostra, eventualmente a selecção atendendo ao sexo, à idade, ao número de repetências, ao nível sócio cultural e à média dos testes de avaliação até então realizados e não um recrutamento de forma aleatória poderá ter influenciado os resultados. Outra das ameaças à validade interna prende-se com a utilização de um teste como método de observação, pois pelo menos parte dos alunos poderá ter sofrido aquilo a que se chama sensibilização do teste. A validade externa, por seu lado, está relacionada com a questão da generalização dos resultados, ou seja, se os resultados deste estudo poderem ou não ser generalizados a qualquer população. Neste caso, a validade externa está claramente ameaçada pelo número muito pequeno de alunos em cada amostra. Todavia apesar de uma amostra com esta dimensão poder não ser representativa, poderá fornecer bons indícios da realidade do universo, não retirando por isso validade ao estudo, que pretende acima de tudo, como já foi referido, ser um estudo piloto. Outra das ameaças pertinentes à validade externa prende-se com o facto dos elementos da amostras terem sido submetidos a um pré-teste. Este poderá ter sensibilizado alguns alunos relativamente aos objectivos do estudo, levando a que os resultados do pós-teste sejam influenciados pelos do pré-teste e não devidos apenas ao tratamento a que os grupos foram submetidos. Ou seja, os alunos podem ter ganhos por treino no teste e não por efeitos de tratamento. Por outro lado, o efeito novidade quer para o grupo L (como referimos anteriormente, este trabalho laboratorial teve um nível de sofisticação muito superior ao que 135
14 os alunos estavam habituados), quer para o grupo M, também poderá representar uma ameaça à validade externa. Os elementos destes grupos, como é compreensível apresentavam um acréscimo motivacional em comparação com os elementos do grupo T. Daí a generalização dos resultados estar de certa forma limitada. Outra das ameaças está associada ao efeito do experimentador. Sabemos como o empenho e a motivação do elemento envolvido na investigação pode influenciar os resultados do estudo. Este efeito é, contudo, praticamente incontornável. 136
R. Campo Alegre 687, Porto, Portugal, icpaiva(~ifc.up.pt
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