ANTEPROJECTO DE UM PROGRAMA DO TIPO MENTORADO NA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA (Programa de Adaptação à Faculdade - PAF 1 )
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- Luiz Eduardo da Rocha
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1 GAPsi ANTEPROJECTO DE UM PROGRAMA DO TIPO MENTORADO NA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA (Programa de Adaptação à Faculdade - PAF 1 ) O ingresso no ensino superior está associado a uma fase de transição na vida de um estudante e a uma série de adaptações que são esperadas da sua parte: desde um nível mais específico referente às diferenças entre o ensino secundário e o ensino universitário e às características próprias da FCUL, até um nível mais global respeitante à passagem da adolescência para o início da vida adulta e a uma maior autonomia. A proposta do presente programa vai no sentido de facilitar este processo de forma a que ele constitua sobretudo uma possibilidade de crescimento: permitindo ao aluno rentabilizar os seus recursos pessoais em conjugação com os da própria faculdade e minimizando simultaneamente os riscos de bloqueios inerentes a qualquer fase de transição. O PAF está pensado à partida como um programa de tipo mentorado, em que alunos mais experientes assumem o papel central no acolhimento e acompanhamento dos caloiros. A utilização de outros alunos como mentores tem a vantagem de facilitar o processo de socialização com o novo meio e de estes mais facilmente serem assumidos como modelos. Adicionalmente, o programa poder ter efeitos positivos não só sobre os caloiros mas também sobre os próprios mentores e, em última análise, no ambiente global das licenciaturas. A elaboração concreta do programa passará por uma primeira fase de levantamento de necessidades, riscos e problemas sentidos por parte dos caloiros, de forma a ir ao encontro da especificidade da FCUL. Podemos, no entanto, adiantar já algumas pistas sobre objectivos e áreas de intervenção que pensamos poderem vir a ser importantes (ressalvando contudo a eventualidade de serem alterados ou ajustados ao longo desta primeira fase de estudo e elaboração do projecto): 1 Ver anexo no final deste documento.
2 OBJECTIVOS: P A F Desenvolvimento Pessoal Desenvolvimento Interpessoal CALOIR P A F Integração no novo meio P A F 1. Objectivos relacionados com o desenvolvimento pessoal do caloiro: Ajudar o caloiro a reconhecer e fomentar os seus recursos pessoais que podem contribuir para melhor lidar com a transição para o ensino superior e para a FCUL. Desenvolver a autonomia e promover o desempenho de um papel activo por parte dos caloiros no seio da FCUL e ao longo do seu curso. Desenvolver um autoconceito mais positivo, melhorando a sua auto-estima. Um dos factores que condicionam a forma como um indivíduo se adapta a uma transição é o seu próprio sentido de competência: ajudar o caloiro a identificar e desenvolver os seus recursos pessoais para lidar com tal situação poderá promover esse sentido de competência. Num estudo realizado em Portugal sobre a transição entre o ensino secundário e o ensino superior os caloiros identificaram o seu auto-conhecimento e a sua autonomia como áreas problemáticas em que poderiam beneficiar de apoio 2. 2 Santo, G. (1996). Transição entre o ensino secundário e o ensino superior. Actas da Conferência Internacional - A Informação e a Orientação Escolar e Profissional no Ensino Superior: Um Desafio da Europa (Coimbra),
3 Possíveis formas de intervenção do PAF nesta área: Antecipação das dificuldades e melhor forma de as ultrapassar, através da partilha de experiências entre mentores e caloiros. Formação dos mentores sobre estratégias de resolução de problemas; Por vezes os caloiros criam uma visão distorcida do novo meio: sobrestimando as dificuldades ou aquilo que é exigido deles, subestimando as suas capacidades para lidar com elas por comparação com os alunos mais avançados (fazendo comparações irrealistas em que sobreavaliam as capacidades dos outros), etc. Os mentores podem ajudar os caloiros a fazer um teste da realidade e a reconhecer as suas capacidades para lidar com as situações mais difíceis. 2. Objectivos referentes ao desenvolvimento de competências de relacionamento interpessoal do caloiro: Promover a constituição de redes de inter-ajuda entre os alunos da FCUL. Promover as capacidades necessárias a actividades de grupo exigidas durante o curso. Um dos riscos mais prováveis de eventuais dificuldades de adaptação à faculdade é o isolamento social (ver estudo realizado em 1993 junto de uma amostra de alunos caloiros de cursos de licenciatura da Universidade de Évora 3 ), o qual pode implicar uma série de consequências negativas num ciclo vicioso. Aliás, uma das áreas problemáticas identificadas no outro estudo também já citado anteriormente é a do relacionamento interpessoal. Possíveis formas de intervenção do PAF nesta área: Planeamento de actividades que promovam a aproximação entre os caloiros. Formação dos mentores sobre relacionamento interpessoal. 3 Nico, J.B., Contributo para o estudo da relação pedagógica no ensino superior: ser-se caloiro. Actas do VI Seminário Ser Aluno (Universidade de Évora),
4 Formação dos mentores sobre treino assertivo. Formação dos mentores sobre técnicas de comunicação. Partilha de experiências entre mentores e caloiros sobre riscos, dificuldades e formas de trabalho em grupo. 3. Objectivos relacionados com o conhecimento de um novo meio: Ajudar a conhecer e utilizar eficazmente os recursos da FCUL e da UL. Ajudar a conhecer os diversos regulamentos e procedimentos administrativos. Ajudar a conhecer e a integrar-se na cidade de Lisboa (em particular no caso de alunos deslocados). Ajudar a conhecer as características típicas do ensino universitário (por comparação com o ensino secundário). Ajudar a conhecer determinados aspectos não explícitos da licenciatura, mas que podem ser importantes para um melhor desempenho académico (aulas importantes a que não deve faltar, as características de diferentes professores, a melhor forma de planear uma época de exames, bibliografia relevante e onde encontrar, etc.) Transmissão de valores positivos associados à FCUL: A integração dos caloiros na nova faculdade poderá também ser beneficiada por um realce dos seus factores positivos que levem a uma maior identificação com a instituição e, consequentemente, a uma maior motivação e envolvimento na vida académica. Possíveis formas de intervenção do PAF nesta área: Transmissão directa de informação por parte dos mentores. Visitas guiadas pela FCUL, UL e cidade de Lisboa. Formação dos mentores sobre diferenças entre ensino universitário e secundário. Formação dos mentores sobre métodos de estudo, planeamento de exames, etc.
5 PORQUÊ NA LICENCIATURA DE FÍSICA? A construção e implementação de um novo programa implica sempre um processo de ensaio, avaliação e reajustamento, pelo que nos parece fazer mais sentido começar por uma única licenciatura, de preferência com um número não muito grande de alunos (que é o caso de Física), e só posteriormente proceder a um eventual alargamento com base nas experiências recolhidas. A licenciatura de Física tem a vantagem de ter tido já uma experiência pioneira com objectivos semelhantes ao do PAF, realizada de forma espontânea por iniciativa dos alunos e com o apoio dos professores, o que revela uma disponibilidade prévia para o desenvolvimento de um trabalho nesta área. Além disso, existe actualmente uma vontade expressa pelo Presidente do Departamento de Física, na pessoa do Prof. Doutor Sousa Lopes, para efectuar algum tipo de apoio complementar que promova uma maior qualidade da vida estudantil. Este programa pode contribuir para a construção de um clima favorável ou complementar a esse processo no que diz respeito aos alunos: implicado-os no processo, mudando atitudes e promovendo o seu empenho pessoal. Por fim, a licenciatura de Física apresenta alguns indicadores de que poderá ser propícia a alguns factores de risco, por exemplo: mais tempo para realizar o curso e um nível preocupante de insucesso académico, uma percentagem significativa de alunos que ingressam no curso sem ser como primeira escolha, juntamente com aqueles que ingressam apenas na 2ª fase (com todos os inconvenientes que isso implica relativamente ao acompanhamento das matérias e à sua integração no novo meio). No próprio GAPsi constatamos que existe um número apreciável de alunos desta licenciatura, sobretudo do 2º e 3º ano, a procurar o nosso apoio com queixas não só de baixo rendimento escolar mas também de relacionamento interpessoal, depressão, ansiedade, adaptação à FCUL, etc. Um programa como o PAF poderá ter um papel preventivo junto dos caloiros relativamente a esses factores de risco.
6 ESTRUTURA PREVISTA PARA O PAF: Equipa técnica: Será assegurada pelos psicólogos do GAPsi. Na concepção do programa teremos a colaboração do Dr. Hans Welling, psicólogo externo com experiência no desenvolvimento deste tipo de programas: na Universidade de Utrecht, Holanda, e no Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa. Equipa de alunos: O PAF irá funcionar com base em equipas de dois mentores a coordenar grupos de oito a dez novos alunos. FASES PREVISTAS PARA O PAF (ver cronograma): 1. Recolha de informação: - Entrevista a alunos que acompanharam a integração de caloiros noutros anos; - Elaboração e aplicação de questionários aos caloiros; 2. Elaboração do PAF: - Análise da informação recolhida e elaboração concreta do projecto; - Construção de materiais escritos necessários à sua implementação (manuais de formação a distribuir aos mentores, etc.). 3. Implementação: - Recrutamento e selecção dos mentores; - Formação dos mentores; - Implementação do programa junto dos caloiros. 4. Avaliação e reajustamento do programa. Cláudio Pina Fernandes Guiomar Gabriel José Simões
7 CRONOGRAMA PREVISTO PARA A CONSTRUÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO PAF RECOLHA DE INFORMAÇÃO ELABORAÇÃO >>> Entrevista a alunos que acompanharam integração de caloiros noutros anos Elaboração de questionário a aplicar aos caloiros Aplicação de questionários aos caloiros Análise da informação recolhida e elaboração do projecto a implementar Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro >>> ELABORAÇÃO IMPLEMENTAÇÃO >>> Construção de materiais escritos (manuais a distribuir aos mentores, etc.) Recrutamento e selecção de mentores Março Abril Maio Junho Julho >>> IMPLEMENTAÇÃO >>> (Férias) Formação de mentores Implementação do projecto junto dos caloiros Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro >>> IMPLEMENTAÇÃO AVALIAÇÃO E REAJUSTAMENTO DO PROJECTO IMPLEMENTAÇÃO Implementação do projecto junto dos caloiros Janeiro Fevereiro Março Abril Maio
Insuficiente (0-9) Suficiente (10-13) Suficiente (10-13) Insuficiente (0-9) Insuficiente (0-9) Suficiente (10-13)
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