ÁLGEBRA LINEAR. NOTAS DE AULAS (ICMC-USP SÃO CARLOS) 2 o semestre de 2015

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "ÁLGEBRA LINEAR. NOTAS DE AULAS (ICMC-USP SÃO CARLOS) 2 o semestre de 2015"

Transcrição

1 ÁLGEBRA LINEAR. NOTAS DE AULAS (ICMC-USP SÃO CARLOS) 2 o semestre de Notação de aplicações e conjuntos Sejam A e B dois conjuntos de natureza qualquer. Uma aplicação f : A B de A para B é uma lei pela qual a cada elemento a A está associado um único elemento b B, denotado por b = f(a) e chamado a imagem de a. Escreve-se também A f B. Dizemos que A é o domínio e B é o contra-domínio de f. Note que, por definição, consideramos duas aplicações f : A B e g : A C como diferentes se os contra-domínios são diferentes, isto é, B C, mesmo se a lei parece a mesma. Por exemplo, denotando 1 R := {r r é um número real} e R + := {r R r 0}, temos duas aplicações f : R R, f : r r 2, e g : R R +, g : r r 2, que são diferentes embora dadas através da mesma lei r r 2. (Escrevendo f : a b enfatizamos como f age sobre elementos; isto é equivalente a escrever f(a) = b.) Utilizamos a seguinte notação de conjuntos. O símbolo denota o conjunto vazio, isto é, sem elementos. (É razoável imaginar um conjunto como um saco de coisas. Neste caso, o vazio é um saco vazio.) Quando A está contido em B, ou seja, quando B contém A, escrevemos A B ou B A. Para verificar que A B, precisa-se provar a implicação a A = a B. Dois conjuntos A e B são considerados como iguais se eles têm os mesmos elementos. Em outras palavras, A = B é equivalente a A B e A B. Por exemplo, p {p} para qualquer conjunto p. Em particular, o conjunto { } não é vazio. Sejam A e B conjuntos. Denotamos por A B a interseção de A e B, isto é, A B := {x x A, x B}. Denotamos por A B := {x x A ou x B} a união de A e B. Denotamos por A B := { (a, b) a A, b B } o produto cartesiano de A e B. Este produto é formado por todos os pares ordenados (a, b), onde a A e b B. Não precisa saber o que é um par ordenado. É suficiente saber apenas a propriedade que caracteriza este conceito: (a, b) = (a, b ) a = a e b = b. De modo análogo, podemos definir o produto cartesiano A 1 A 2 A n de conjuntos A 1, A 2,..., A n. Seja A um conjunto e sejam S, S A subconjuntos. Denotamos por S \ S := {s S s / S } o complemento de S em S. Seja f : A B uma aplicação e sejam A A e B B. Então f(a ) := { f(a) a A } é a imagem de A por f e f 1 (B ) := { a A f(a) B } é a imagem inversa de B por f. Definimos a restrição f A : A B de f para A pela regra óbvia f A : a f(a ). A aplicação de inclusão i : A A é dada pela regra i : a a para todo a A. f g Sejam A B C duas aplicações dos formatos indicados. Definimos a aplicação composta ou a composição g f : A C pela regra (g f)(a) := g ( f(a) ) para todo a A. Essa operação é associativa: é fácil verificar que (h g) f = h (g f) para aplicações A f B g C h D. Podemos observar também que a restrição f A da aplicação f : A B para A A é a composição f i, isto é, f A = f i, onde i : A A é a aplicação de inclusão. Para qualquer conjunto A, temos a aplicação 1 Este é nosso jeito de definir um conjunto. Seja dado um conjunto A e seja P (x) uma propriedade de elementos. Então o conjunto C = { a A P (a) } é formado por todos os elementos a A que satisfazem a propriedade P (a).

2 2 2 o SEMESTRE DE 2015 idêntica 1 A : A A dada pela regra 1 A : a a. Essa aplicação satisfaz as identidades f 1 A = f e 1 A g = g para quaisquer aplicações f : A B e g : C A. Uma aplicação f : A B é dita injetora ou uma injeção se f(a 1 ) = f(a 2 ) = a 1 = a 2 para todos a 1, a 2 A. A aplicação de inclusão considerada acima é um exemplo de uma aplicação injetora. Uma aplicação f : A B é dita sobrejetora ou uma sobrejeção se todo elemento de B é a imagem por f de um elemento de A, isto é, se, para todo b B, existe um a A tal que f(a) = b. Uma aplicação f : A B simultâneamente injetora e sobrejetora é dita bijetora ou uma bijeção. Um jeito equivalente de definir bijeção: uma aplicação f : A B se chama bijeção se ela possui uma inversa de dois lados relativamente à composição; isto significa que existe uma aplicação (inversa) g : B A tal que f g = 1 B e g f = 1 A. 2. Escalares Necessitamos fixar um conjunto K de escalares. Normalmente, este será R ou C := {c c é um número complexo}. Mas quase tudo funcionará 2 tomando-se K = Q, onde Q := {q q é um número racional}. As propriedades que um conjunto numérico K deve ter para servir como conjunto de escalares são as seguintes: E1. 1 K. E2. k 1, k 2 K = k 1, k 1 + k 2, k 1 k 2 K. E3. 0 k K = 1 k K. Em palavras: temos escalar 1 e podemos efetuar adição, subtração, multiplicação e divisão. 3 Em particular, 0 K pois 0 = Espaço vetorial Seja V um conjunto munido de duas operações: K V V denotada (k, v) k v e chamada multiplicação por escalar, e V V + V denotada (v 1, v 2 ) v 1 + v 2 e chamada adição. Dizemos que V é um K-espaço vetorial se V1. v 1 + v 2 = v 2 + v 1 para todos v 1, v 2 V (comutatividade da adição). V2. (v 1 + v 2 ) + v 3 = v 1 + (v 2 + v 3 ) para todos v 1, v 2, v 3 V (associatividade da adição). V3. Existe um n V tal que n + v = v para todo v V (existência do elemento neutro para a adição). Tal n é único: para elementos neutros n e n temos n = n + n = n + n = n. No que se segue, denotaremos este elemento por 0. V4. Para todo v V, existe um v V tal que v + v = 0. Para um dado v V, este v é único: se v + v = 0, temos v = 0 + v = (v + v ) + v = (v + v) + v = v + (v + v ) = v + 0 = 0 + v = v. Em seguida, chamaremos v oposto a v e o denotaremos por ( v). V5. k (v 1 + v 2 ) = (k v 1 ) + (k v 2 ) para todos v 1, v 2 V e k K (distributividade da multiplicação por escalar relativamente à adição em V ). V6. (k 1 + k 2 ) v = (k 1 v) + (k 2 v) para todos k 1, k 2 K e v V (distributividade da multiplicação por escalar relativamente às adições). V7. (k 1 k 2 ) v = k 1 (k 2 v) para todos k 1, k 2 K e v V (associatividade da multiplicação por escalar). V8. 1 v = v para todo v V. Daí segue 0 v = 0. Realmente, v = 1 v = (1 + 0) v = 1 v + 0 v = v + 0 v. Agora 0 = ( v) + v = ( v) + (v + 0 v) = ( ( v) + v ) + 0 v = v = 0 v. Também temos ( 1) v = v. Com efeito, 2 Na computação usa-se uma escolha mais exótica de escalares, a de 16 elementos. 3 A última operação exige que o escalar pelo qual dividimos não seja nulo.

3 ÁLGEBRA LINEAR. NOTAS DE AULAS (ICMC-USP SÃO CARLOS) 3 v + ( 1) v = 1 v + ( 1) v = ( 1 + ( 1) ) v = 0 v = 0. Em seguida, vamos às vezes omitir e utilizar a notação de subtração v 1 v 2 := v 1 + ( v 2 ). 3. Exemplos. 1. R-espaço vetorial de vetores no plano R-espaço vetorial de vetores no espaço Seja C um conjunto. Denotamos por Func(C, K) := {f : C K} o conjunto de todas as funções (= aplicações) de C para K. Definimos operações. Para f, f 1, f 2 Func(C, K) e k K, façamos (f 1 + f 2 )(c) := f 1 (c) + f 2 (c) e (k f)(c) := kf(c) para qualquer c C. É fácil verificar que obtemos um K-espaço vetorial. Realmente, para provar que f 1 + f 2 = f 2 + f 1, precisamos apenas verificar que (f 1 +f 2 )(c) = (f 2 +f 1 )(c) para todo c C : pela definição, (f 1 +f 2 )(c) = f 1 (c)+f 2 (c) = f 2 (c)+f 1 (c) = (f 2 + f 1 )(c). O elemento neutro para a adição é a função identicamente nula, dada por 0(c) := 0 para todo c C. A função oposta a f é dada por ( f)(c) := f(c) para todo c C. Os outros axiomas se verificam de modo análogo Os próprios escalares K munidos das óbvias operações constituem um K-espaço vetorial Sejam V 1, V 2 K-espaços vetoriais. Em V 1 V 2, definimos operações (v 1, v 2 ) + (v 1, v 2) := (v 1 + v 1, v 2 + v 2) e k (v 1, v 2 ) := (k v 1, k v 2 ) para todos v 1, v 1 V 1, v 2, v 2 V 2 e k K. É fácil verificar que obtemos um K-espaço vetorial chamado soma direta de V 1 e V 2 e denotado por V 1 V 2. Por exemplo, o elemento neutro para a adição é (0, 0) e o oposto a (v 1, v 2 ) é ( v 1, v 2 ). De maneira semelhante, podemos definir a soma direta V 1 V 2 V n de n K-espaços vetoriais V 1, V 2,..., V n. Denotamos K n := K K K. }{{} n vezes 3.6. C é um R-espaço vetorial. R e C são Q-espaços vetoriais O conjunto K[x] := {k n x n + k n 1 x n k 1 x + k 0 k 0, k 1,..., k n 1, k n K, n 0} de todos os polinômios em uma variável x com coeficientes em K munido das óbvias operações (aqu, é melhor interpretar um polinômio como uma expressão formal, não como uma função) é um K-espaço vetorial. Fazendo K[x] <n := { f(x) K[x] grau de f(x) < n } obtemos um K-espaço vetorial que é de fato K n Seja C um conjunto e seja C 0 C. O conjunto { f Func(C, K) f C0 0 } munido das mesmas operações como no Exemplo 3.3 é um K-espaço vetorial, onde f C0 0 significa que a função f é identicamente nula sobre C Subespaços. Dependência linear. Base e dimensão Seja V um K-espaço vetorial e seja W V. Dizemos que W é um subespaço de V se S0. 0 W. S1. k K, w W = k w W. S2. w 1, w 2 W = w 1 + w 2 W. Em palavras: W é um subconjunto em V fechado relativamente às operações de tomar-se o 0, adição e multiplicação por escalar. É fácil ver que W munido das operações induzidas é um K-espaço vetorial. Denotamos W V Exemplos. 1. Seja V um K-espaço vetorial e sejam W 1, W 2 V. Então W 1 W 2 V e W 1 + W 2 := {w 1 + w 2 w 1 W 1, w 2 W 2 } V. Realmente, de 0 W 1 e 0 W 2 segue que 0 W 1 W 2. Se w W 1 W 2 e k K, então w W i para i = 1, 2. Sendo W i um subespaço, k w W i para i = 1, 2. Em outras palavras, k w W 1 W 2. Se w, w W 1 W 2, então w, w W i e w + w W i para i = 1, 2, pois W i é um subespaço. Logo, w + w W 1 W 2. Assim provamos que W 1 W 2 V. Obviamente, W 1 W 2 é o maior (no sentido de inclusão de conjuntos) subespaço contido em ambos W 1 e W 2. Vamos verificar que W 1 + W 2 V. Sendo 0 W 1 e 0 W 2, temos 0 = W 1 + W 2. Sejam w W 1 + W 2 e k K. Então w = w 1 + w 2 para alguns w 1 W 1 e w 2 W 2. Logo, k w = k w 1 + k w 2 W 1 + W 2, pois k w 1 W 1 e k w 2 W 2. Finalmente, sejam w, w W 1 + W 2. Então, w = w 1 + w 2 e w = w 1 + w 2 para w 1, w 1 W 1 e w 2, w 2 W 2 apropriados.

4 4 2 o SEMESTRE DE 2015 Daí, w + w = w 1 + w 1 + w 2 + w 2 com w 1 + w 1 W 1 e w 2 + w 2 W 2. Assim, W 1 + W 2 V. Note que W 1 + W 2 contém ambos W 1 e W 2. Realmente, todo w 1 W 1 pode ser escrito como w 1 = w com 0 W 2. Logo, W 1 W 1 + W 2. De modo semelhante, obtemos W 2 W 1 + W 2. Ainda mais, o subespaço W 1 + W 2 é o menor (no sentido de inclusão de conjuntos) subespaço que contém ambos W 1 e W 2. Com efeito, seja W V um subespaço tal que W 1, W 2 W. Então, para quaisquer w 1 W 1 e w 2 W 2, temos w 1, w 2 W. Daí, w 1 + w 2 W. Assim vemos que qualquer elemento de W 1 + W 2 pertence a W, ou seja, W 1 + W 2 W. Da mesma maneira podemos definir o subespaço W 1 + W W n := {w 1 + w w n w 1 W 1, w 2 W 2,..., w n W n } para subespaços W 1, W 2,..., W n V. Este subespaço é o menor que contém todos os W 1, W 2,..., W n. Como a adição é associativa, não colocamos os parênteses em W 1 + W W n Seja V um K-espaço vetorial e seja v V. Então é fácil ver que Kv := {k v k K} V. Obviamente, Kv é o menor subespaço que contém v. Caso v 0, todo w Kv admite a única forma w = k v com k K Seja V um K-espaço vetorial e sejam v 1,..., v n V. Denotamos [v 1,..., v n ] := Kv 1 + +Kv n. Pelos Exemplos e 4.1.2, [v 1,..., v n ] é o menor subespaço que contém todos os v 1,..., v n. Dizemos que [v 1,..., v n ] é o subespaço gerado por v 1,..., v n e chamamos os elementos v 1,..., v n geradores deste subespaço. É imediato que todo v [v 1,..., v n ] tem uma forma v = k 1 v k n v n, onde k 1,..., k n K. A expressão k 1 v k n v n se chama combinação linear de v 1,..., v n com coeficientes k 1,..., k n K. Nestes termos, um subconjunto W V não-vazio é um subespaço se, e só se, é fechado relativamente às combinações lineares de seus elementos com coeficientes arbitrários Temos subespaços K[x] <n K[x] <m K[x] para n m Temos R C para o R-espaço vetorial C e Q R C para o Q-espaço vetorial C O conjunto W := { f Func(C, K) f C0 0 } no Exemplo 3.8 é um subespaço do K-espaço vetorial Func(C, K), W Func(C, K) Soluções de um sistema homogêneo de equações lineares em n variáveis formam um subespaço do K-espaço vetorial K n Seja V um K-espaço vetorial. Então V V e 0 V, onde 0 denota o subconjunto formado apenas pelo elemento 0. Estes dois subespaços são o maior e o menor possíveis, respectivamente. Podemos escrever 0 = [ ], ou seja, o subespaço 0 é gerado por nada. Note também que todo subespaço de um subespaço é um subespaço: V W 1 e W 1 W 2 = V W Definição. Sejam v 1, v 2,..., v n V elementos de um K-espaço vetorial V. Dizemos que v 1, v 2,..., v n são linearmente independentes (abreviando, LI) se, para quaisquer k 1, k 2,..., k n K, k i v i = 0 = k i = 0 para todo i = 1, 2,..., n. Em palavras: se a combinação linear de v 1, v 2,..., v n é nula, então ela é trivial, isto é, todos os seus coeficientes são nulos. Se v 1, v 2,..., v n não são LI, dizemos que eles são linearmente dependentes (abreviando, LD). Os elementos v 1, v 2,..., v n V são LD se uma combinação não-trivial de tais elementos é nula, isto é, se existem k 1, k 2,..., k n K, nem todos nulos, tais que k i v i = 0. Note que, quando v 1, v 2,..., v n são LD, o elemento 0 admite a forma de duas diferentes combinações lineares de v 1, v 2,..., v n. Realmente, 0 = k i v i = 0 v i. O conceito de dependência linear é essencial quando procuramos uma coleção mínima de geradores de um subespaço: 4.3. Lema. Sejam v 1, v 2,..., v n V elementos de um K-espaço vetorial e seja k i v i = 0 uma

5 ÁLGEBRA LINEAR. NOTAS DE AULAS (ICMC-USP SÃO CARLOS) 5 dependência linear não-trivial, onde k 1, k 2,..., k n K. Assim, k j 0 para algum j. Então podemos excluir o gerador v j da coleção de geradores v 1, v 2,..., v n não alterando o subespaço [v 1, v 2,..., v n ], isto é, [v 1, v 2,..., v n ] = [v 1, v 2,..., v j 1, v j+1,..., v n ]. Demonstração. Multiplicando a dependência por k 1 j e isolando v j, obtemos v j = ( k 1 j k i ) v i. i j Logo, v j [v 1, v 2,..., v j 1, v j+1,..., v n ]. É claro que [v 1, v 2,..., v j 1, v j+1,..., v n ] [v 1, v 2,..., v n ]. Lembrando que [v 1, v 2,..., v n ] é o mínimo subespaço que contém todos os v 1, v 2,..., v n e observando que v l [v 1, v 2,..., v j 1, v j+1,..., v n ] para todo l, concluímos que [v 1, v 2,..., v j 1, v j+1,..., v n ] [v 1, v 2,..., v n ] 4.4. Observação. Sejam v 1, v 2,..., v n V elementos LI de um K-espaço vetorial. Então todo v [v 1, v 2,..., v n ] admite uma única forma de combinação linear de v 1, v 2,..., v n. Demonstração. O fato que todo v [v 1, v 2,..., v n ] admite a forma de uma combinação linear de v 1, v 2,..., v n foi observado no Exemplo Para a unicidade, suponhamos que k i v i = k i v i, onde k 1, k 2,..., k n, k 1, k 2,..., k n K. Então (k i k i) v i = 0. Sendo v 1, v 2,..., v n LI, concluímos que k i k i = 0 para todo i = 1, 2,..., n, ou seja, k i = k i 4.5. Observação. Qualquer parte de uma coleção LI em um espaço vetorial é LI 4.6. Lema. Sejam v 1, v 2,..., v n V elementos LI de um K-espaço vetorial. Então, para qualquer k K e quaisquer 1 i, j n tais que i j, os elementos v 1, v 2,..., v i 1, v i +k v j, v i+1,..., v n são LI. Demonstração. Seja k i (v i + k v j ) + k l v l = 0 uma dependência linear de elementos l i v 1, v 2,..., v i 1, v i + k v j, v i+1,..., v n. Então k i (v i + k v j ) + k j v j + k l v l = 0, ou seja, k i v i + (k j + k i k) v j + k l v l = 0. Sendo v 1, v 2,..., v n LI, obtemos k l = 0 para todo l i, j, k i = 0 l i,j e k j + k i k = 0. Daí, k j = 0. Em outras palavras, todos os coeficientes da dependência linear acima são nulos 4.7. Corolário. Sejam v 1, v 2,..., v n V elementos LI de um K-espaço vetorial. Fixemos um índice 1 j n e tomemos quaisquer k l K para l j. Então os elementos são LI. v 1 + k 1 v j, v 2 + k 2 v j,..., v j 1 + k j 1 v j, v j, v j+1 + k j+1 v j,..., v n + k n v j Demonstração. Aplicando o Lema 4.6 com i = 1 e k = k 1, obtemos uma nova coleção LI v 1 + k 1 v j, v 2,..., v j,..., v n. Aplicando o Lema 4.6 à nova coleção com i = 2 e k = k 2, obtemos a coleção LI Assim, chegamos à coleção LI v 1 + k 1 v j, v 2 + k 2 v j, v 3,..., v j,..., v n. l i,j v 1 + k 1 v j, v 2 + k 2 v j,..., v j 1 + k j 1 v j, v j, v j+1,..., v n. Aplicando o Lema 4.6 a essa última coleção com i = j + 1 e k = k j+1, obtemos a coleção LI v 1 + k 1 v j, v 2 + k 2 v j,..., v j 1 + k j 1 v j, v j, v j+1 + k j+1 v j, v j+2,..., v n. Continuando a agir deste modo, chegamos ao resultado desejado

6 6 2 o SEMESTRE DE Teorema. Sejam v 1, v 2,..., v n V LI e seja V = [g 1, g 2,..., g m ]. Então m n. Demonstração. Utilizamos a indução sobre m. Para m = 0, o fato é óbvio. Suponhamos que m > 0. Façamos W := [g 1, g 2,..., g m 1 ]. Se v i W para todo i, pela hipótese de indução, obtemos m 1 n e, portanto, m n. Podemos supor que um dos v i s não pertence a W. Sem perda de generalidade, este é v n, v n / W. Vamos provar que Kv n + W = V. Para alguns k 1, k 2,..., k m K, temos v n = k j g j com k m 0 pois, caso contrário, v n [g 1, g 2,..., g m 1 ] = W. Isolando g m, obtemos g m = k 1 m v n m 1 (k 1 m k j ) g j. Em outras palavras, g m Kv n + W. Assim, g j Kv n + W para todo j. Agora, V = [g 1, g 2,..., g m ] implica Kv n + W = V. Portanto, para todo 1 i < n, existem k i K e w i W tais que v i = k i v n + w i. Isto pode ser reescrito como w i = v i + ( k i ) v n para todo i = 1, 2,..., n 1. Pelo Corolário 4.7 aplicado aos v i s, ao j = n e aos ( k l ) s, l n, e pela Observação 4.5, concluímos que w 1, w 2,..., w n 1 são LI. Aplicando a hipótese de indução para w 1, w 2,..., w n 1 W = [g 1, g 2,..., g m 1 ], obtemos m 1 n 1. Portanto, m n 4.9. Definição. Uma coleção LI de geradores b 1, b 2,..., b n V se chama base linear do K-espaço vetorial V. Enfatizamos que a base é uma coleção ordenada. Do Lema 4.3 segue o Corolário. De qualquer coleção finita de geradores de um espaço vetorial, é possível escolher uma base linear Corolário. Seja V um K-espaço vetorial finitamente gerado. Então toda coleção finita LI de elementos de V pode ser completada a uma base linear de V. Demonstração. Seja V = [g 1, g 2,..., g m ] e seja v 1, v 2,..., v n V uma coleção LI. Pelo Teorema 4.8, n m. Portanto, aumentando a coleção v 1, v 2,..., v n se necessário, podemos supor que ela é uma coleção máxima (no sentido de inclusão de conjuntos) LI. Vamos mostrar que ela é uma base linear. Basta provar que V = [v 1, v 2,..., v n ]. Se V [v 1, v 2,..., v n ], tomamos qualquer v n+1 V \ [v 1, v 2,..., v n ] e demonstramos que v 1, v 2,..., v n, v n+1 são LI, assim chegando a uma contradição com a maximalidade n+1 de v 1, v 2,..., v n. Realmente, suponhamos que k i v i = 0. Se k n+1 = 0, obtemos uma dependência linear dos v 1, v 2,..., v n, donde concluímos que todos os k i s são nulos. Se k n+1 0, podemos expressar v n+1 na forma de combinação linear dos v 1, v 2,..., v n : v n+1 = ( kn+1 1 k i) v i. Isto contradiz v n+1 / [v 1, v 2,..., v n ] Do Teorema 4.8 segue imediatamente o Corolário. Duas bases lineares de um espaço vetorial têm a mesma cardinalidade Definição. A cardinalidade 4 de uma base linear de um K-espaço vetorial V se chama dimensão de V sobre K e se denota por dim K V. Dos Lema 4.3 e Corolário 4.12 segue que a dimensão pode ser caracterizada como a cardinalidade de qualquer coleção mínima (no sentido de inclusão de conjuntos) de geradores. Pela demonstração do Corolário 4.11, a dimensão também pode ser caracterizada como a cardinalidade de qualquer coleção máxima LI. Note que do Teorema 4.8 segue que qualquer subespaço de um espaço vetorial de dimensão finita tem dimensão finita. 4 Consideramos aqui somente os espaços vetoriais finitamente gerados, mas não é difícil generalizar as considerações para os espaços vetoriais de dimensão infinita.

7 ÁLGEBRA LINEAR. NOTAS DE AULAS (ICMC-USP SÃO CARLOS) Corolário. Seja W V um subespaço de um K-espaço vetorial V finitamente gerado. Então existe um subespaço W V tal que W W = 0 e W + W = V. Demonstração. Tomamos uma base linear b 1, b 2,..., b n W de W e completâmo-la a uma base linear b 1, b 2,..., b n, b n+1,..., b m V de V, m n. Façamos W := [b n+1,..., b m ]. Claramente, W +W = V. Seja w W W. Então w = k i b i = k j b j para k 1, k 2,..., k n, k n+1,..., k m K apropriados. Daí obtemos uma dependência linear os k i s são nulos. Logo, w = 0 j=n+1 k i b i + j=n+1 ( k j ) b j = 0, implicando que todos Corolário. Sejam W 1, W 2 V subespaços de um K-espaço vetorial V finitamente gerado. Então dim K W 1 + dim K W 2 = dim K (W 1 W 2 ) + dim K (W 1 + W 2 ). Demonstração. Escolhemos uma base linear b 1, b 2,..., b n W 1 W 2 de W 1 W 2. Pelo Corolário 4.11, podemos completá-la a uma base linear b 1, b 2,..., b n, a 1, a 2,..., a m W 1 de W 1. Também completâmo-la a uma base linear b 1, b 2,..., b n, c 1, c 2,..., c l W 2 de W 2. Basta mostrar que b 1, b 2,..., b n, a 1, a 2,..., a m, c 1, c 2,..., c l W 1 + W 2 é uma base linear de W 1 + W 2, pois, neste caso, dim K (W 1 W 2 ) = n, dim K W 1 = n + m, dim K W 2 = n + l e dim K (W 1 + W 2 ) = n + m + l, implicando a fórmula desejada. De W 1 = [b 1, b 2,..., b n, a 1, a 2,..., a m ] e W 2 = [b 1, b 2,..., b n, c 1, c 2,..., c l ] segue que W 1 + W 2 = [b 1, b 2,..., b n, a 1, a 2,..., a m, c 1, c 2,..., c l ] (lembre-se que W 1 + W 2 é o menor subespaço que contém ambos W 1 e W 2 ). Seja k i b i + k j a j +..., a m, c 1, c 2,..., c l. Então l s=1 l s=1 k s c s = 0 uma dependência linear entre os b 1, b 2,..., b n, a 1, a 2, k s c s = k i b i + k j a j W 1 W 2, pois a parte direita da igualdade pertence a W 1 e a parte esquerda da igualdade pertence a W 2. Por outro lado, em termos da l base b 1, b 2,..., b n, c 1, c 2,..., c l de W 2, o elemento k s c s, sendo pertencente a W 1 W 2, tem que ter coeficientes não-nulos somente na frente dos b i s. Em outras palavras, todos os k s s são nulos. Agora temos k i b i + k j a j = 0. Lembrando que os b 1, b 2,..., b n, a 1, a 2,..., a m são LI, vemos que todos os k i s e k j s são nulos s= Dicionário. Seja β : b 1, b 2,..., b n uma base linear de um K-espaço vetorial V. Podemos associar a todo elemento v V uma coluna de escalares [v] β := é univocamente determinada pela igualdade v = escalares k 1 k 2. k n k i b i. k 1 k 2. k n n define um elemento v V dado pela mesma fórmula v := que, pela Observação 4.4, Reciprocamente, qualquer coluna de n k i b i. Assim, quando uma base linear em V é fixa, temos um dicionário perfeito que interpreta os elementos de V como as

8 8 2 o SEMESTRE DE 2015 colunas de escalares. Note que b i corresponde à coluna cujo único coeficiente não-nulo é igual a 1 e está no i-ésimo lugar. Mais ainda, este dicionário preserva a adição e a multiplicação por escalar. Com efeito, se [v] β = k 1 k 2.. k n e [v ] β = [v + v ] β = k v = k 1 k 2.. k n k 1 + k 1 k 2 + k 2. k n + k n, então v = n k i b i e v = k i b i. Portanto, v + v = (k i + k i) b i, ou seja,. Em outras palavras, [v + v ] β = [v] β + [v ] β. Para qualquer k K, temos kk 1 kk (kk i ) b i. Isto significa que [k v] β = 2. kk n. Logo, [k v] β = k[v] β. 5. Aplicações (transformações) lineares. Matrizes Uma aplicação A : U V entre K-espaços vetoriais é dita linear ou transformação linear se A1. A(u 1 + u 2 ) = Au 1 + Au 2 para todos u 1, u 2 U. A2. A(ku) = k(au) para todos u U e k K. Em palavras: A preserva a adição e a multiplicação por escalar Observação. Seja A : U V uma aplicação linear entre K-espaços vetoriais, sejam u 1, u 2, ( n )..., u n U e sejam k 1, k 2,..., k n K. Então A k i u i = k i Au i. Em outras palavras, toda aplicação linear preserva combinações lineares 5.2. Exemplos 1. Seja U V um subespaço de um K-espaço vetorial V. Então a aplicação de inclusão i : U V é linear. Se uma aplicação linear é injetiva, ela se chama monomorfismo. Assim, i : U V é um exemplo de monomorfismo Seja U um K-espaço vetorial e seja k K. Então a multiplicação por k, dada pela regra m k : u ku, é uma aplicação linear m k : U U. Se uma aplicação linear é bijetora, ela se chama isomorfismo. Quando dois espaços vetoriais são isomorfos, eles desfrutam as mesmas propriedades algébricas. 5 É possível ver que a aplicação inversa a um isomorfismo também é linear. Caso k 0, a aplicação m k : U U é um exemplo de isomorfismo Seja V um K-espaço vetorial e seja β uma base linear em V. Então o Dicionário 4.16 estabelece uma aplicação linear dada pela regra v [v] β. Essa aplicação é um isomorfismo entre V e K n, onde n := dim K V Sejam U A B V W aplicações lineares entre K-espaços vetoriais. Então a composta B A é uma aplicação linear. Realmente, para todos u 1, u 2 U, temos, pela definição da composta, (B A)(u 1 + u 2 ) = B ( A(u 1 + u 2 ) ) = B(Au 1 + Au 2 ) = B(Au 1 ) + B(Au 2 ) = (B A)u 1 + (B A)u 2, pois A e B são lineares. Para quaisquer k K e u U, temos (B A)(ku) = B ( A(ku) ) = B(kAu) = kb(au) = k(b A)u pelos mesmos motivos. 5 Portanto, podemos considerá-los como os mesmos. A única diferença entre tais espaços vetoriais é que os correspondentes conjuntos são diferentes, ou seja, as naturezas de elementos são diferentes. Mas, para os fins de nossos estudos, isto não importa. Qualquer que seja a madeira da qual é feito um espaço vetorial, o funcionamento do espaço não depende dessa particularidade.

9 ÁLGEBRA LINEAR. NOTAS DE AULAS (ICMC-USP SÃO CARLOS) Sejam U e V K-espaços vetoriais. No conjunto Lin K (U, V ) := {A : U V A é linear} de todas as aplicações lineares de U para V, definimos uma estrutura de K-espaço vetorial. Para A, A 1, A 2 Lin K (U, V ) e k K, façamos (A 1 + A 2 )u := A 1 u + A 2 u e (ka)u := kau para todo u U. A aplicação 0 dada pela regra 0 : u 0 é obviamente linear e faz papel de um elemento neutro, pois (A + 0)u = Au + 0u = Au + 0 = Au para todo u U. Seja A Lin K (U, V ). Definimos ( A)u := Au para todo u U. A aplicação ( A) assim definida é linear, pois ( A)(u 1 + u 2 ) = A(u 1 + u 2 ) = (Au 1 + Au 2 ) = ( Au 1 ) + ( Au 2 ) = ( A)u 1 + ( A)u 2 e ( A)(ku) = A(ku) = kau = k( A)u para todos u, u 1, u 2 U e k K (nestes cálculos, utilizamos que A é linear). Agora ( A + ( A) ) u = Au + ( A)u = Au Au = 0 = 0u, ou seja, A + ( A) = 0. Os outros axiomas se verificam de modo análogo ou ainda mais fácil Sejam U, V e W K-espaços vetoriais. Qualquer aplicação linear A : U V define uma aplicação linear A : Lin K (V, W ) Lin K (U, W ) dada pela regra A : B B A (pelo Exemplo 5.4.2, B A Lin K (U, W )). Realmente, sejam B, B 1, B 2 Lin K (V, W ) e seja k K. Precisamos verificar que ((B 1 + B 2 ) A = B 1 A + B 2 A e que (kb) A = k(b A). As igualdades para verificar significam que (B1 + B 2 ) A ) u = ( B 1 A + B 2 A ) u e ( (kb) A ) u = ( k(b A) ) u para todo u U. Essas verificações constituem um cálculo automático: ( (B1 + B 2 ) A ) u = (B 1 + B 2 )(Au) = B 1 (Au) + B 2 (Au) = (B 1 A)u + (B 2 A)u = ( B 1 A + B 2 A ) ( ) ( ) ( ) u, (kb) A u = (kb)(au) = kb(au) = k (B A)u = k(b A) u. Em palavras: a composição com A (à direita) é uma aplicação linear. De modo análogo, qualquer aplicação linear B : V W define uma aplicação linear B : Lin K (U, V ) Lin K (U, W ) dada pela regra B : A B A. Podemos resumir ambas propriedades afirmando que a composição é bilinear. Isto significa nada mais do que a linearidade da composição em cada um de seus argumentos quando o outro está fixo Lema. Sejam U e V K-espaços vetoriais, seja b 1, b 2,..., b n U uma base linear em U e sejam v 1, v 2,..., v n V. Então existe uma única aplicação linear A : U V tal que Ab j = v j para todo j = 1, 2,..., n. Demonstração. Todo u U admite uma única forma de combinação linear de elementos da base: u = k j b j para únicos k 1, k 2,..., k n K. Temos que definir a aplicação A pela regra Au := k j v j, ( n ) pois Ab j = v j e A k j b j = k j Ab j pela Observação 5.1. Assim, já temos a unicidade. Se u = k jb j com k 1, k 2,..., k n K, então Au = k j v j, Au = k jv j, ( n ) A(u + u ) = A (k j + k j)b j = pela regra acima. Concluímos que A(u + u ) = Au + Au. Para qualquer k K, temos ( n ) A(ku) = A (kk j )b j = kk j v j = k k j v j = kau (k j + k j)v j 5.4. Corolário. Duas aplicações lineares que coincidem em uma base linear são iguais 5.5. Exercício. Seja A : U V uma aplicação linear entre K-espaços vetoriais. Prove que A0 = 0 e A( u) = Au para todo u U. Seja A : U V uma aplicação linear entre K-espaços vetoriais. Chamamos A 1 0 = {u U Au = 0} núcleo de A.

10 10 2 o SEMESTRE DE Lema. Seja A : U V uma aplicação linear entre K-espaços vetoriais e sejam U U e V V subespaços. Então a imagem AU e a imagem inversa A 1 V são subespaços, AU V e A 1 V U. Em particular, o núcleo de A é um subespaço de U. Demonstração. Todo elemento de AU tem a forma Au para algum u U. Sejam Au, Au 1, Au 2 AU quaisquer elementos de AU, onde u, u 1, u 2 U, e seja k K. Então Au 1 + Au 2 = A(u 1 + u 2) AU e kau = A(ku ) AU pois u 1 + u 2 U e ku U. Pelo Exercício 5.5, A0 = 0 AU. Sejam u, u 1, u 2 A 1 V e seja k K. Então Au, Au 1, Au 2 V. Agora A(u 1 +u 2 ) = Au 1 +Au 2 V e A(ku) = kau V. Em outras palavras, u 1 + u 2 A 1 V e ku A 1 V. Pelo Exercício 5.5, A0 = 0. Isto implica que 0 A 1 V O núcleo de uma aplicação linear é uma medida de até qual ponto a aplicação não é um monomorfismo: 5.7. Lema. Seja A : U V uma aplicação linear entre K-espaços vetoriais. Então A é um monomorfismo se, e só se, o núcleo de A é nulo. Demonstração. Obviamente o núcleo de A é nulo se A é um monomorfismo. Suponhamos que A 1 0 = 0. Se Au 1 = Au 2, então 0 = Au 1 + ( Au 2 ) = Au 1 + A( u 2 ) = A(u 1 u 2 ) pelo Exercício 5.5. Sendo o núcleo nulo, u 1 u 2 = 0, ou seja, u 1 = u Definição. Seja W V um subespaço de um K-espaço vetorial V finitamente gerado. Pelo Corolário 4.14, existe um subespaço W V chamado complementar a W tal que W W = 0 e W + W = V. Neste caso, escrevemos W W = V. De fato, obtemos a soma direta de espaços vetoriais definida de uma outra forma, a interna. Vamos ver o porquê. Todo elemento v V admite uma única decomposição v = w + w com w W e w W. Realmente, para w 1, w 2 W e w 1, w 2 W, a igualdade w 1 + w 1 = w 2 + w 2 implica w 1 w 2 = w 2 w 1 W W. De W W = 0 segue w 1 = w 2 e w 1 = w 2. Agora, para quaisquer v, v 1, v 2 V e k K, temos as decomposições v = w + w, v 1 = w 1 + w 1 e v 2 = w 2 + w 2 para únicos w, w 1, w 2 W e w, w 1, w 2 W. Portanto, kv = kw + kw é a decomposição de kv e v 1 + v 2 = (w 1 + w 2 ) + (w 1 + w 2) é a decomposição de v 1 + v 2. Em outras palavras, a adição e a multiplicação por escalar fazem-se pelas componentes na decomposição, isto é, do mesmo jeito como na soma direta definida no Exemplo 3.5. Vemos também que as aplicações π : V W e π : V W dadas pelas regras π : v w e π : v w, onde v = w + w é a decomposição de v com w W e w W, chamadas projeções (relacionadas à soma direta), são lineares. Juntando bases lineares de W e de W, é fácil ver que dim K W + dim K W = dim K V Lema. Seja A : U V uma aplicação linear entre K-espaços vetoriais com U finitamente gerado e seja W um subespaço complementar ao núcleo N := A 1 0 de A, isto é, U = N W. Então A W : W AU é um isomorfismo. Demonstração. De AN = 0 segue que AU = A(N + W ) = AW. Portanto, a aplicação A W : W AU é um epimorfismo (uma aplicação linear se chama epimorfismo se é sobrejetora). Se w W está no núcleo de A W : W AU, então Aw = 0. Logo, w N. Assim obtemos w N W = 0, ou seja, w = 0. Pelo Lema 5.7, A W : W AU é um monomorfismo Corolário. Seja A : U V uma aplicação linear entre K-espaços vetoriais com U finitamente gerado. Então dim K A dim K AU = dim K U A dimensão da imagem de uma aplicação linear A : U V é dita posto de A, que se denota por rk A, rk A := dim K AU Dicionário. Sejam U e V K-espaços vetoriais, seja β : b 1, b 2,..., b n uma base linear de U e seja γ : c 1, c 2,..., c m uma base linear de V. Tomemos uma aplicação linear qualquer A : U V. Então,

11 ÁLGEBRA LINEAR. NOTAS DE AULAS (ICMC-USP SÃO CARLOS) 11 para todo j = 1, 2,..., n, temos Ab j = a ij c i para únicos a ij K (note o uso atípico de índices). Associamos à aplicação linear A a (m n)-matriz [A] β γ := [a ij ] com coeficientes em K. Reciprocamente, seja [a ij ] uma (m n)-matriz arbitrária com coeficientes em K. Pelo Lema 5.3, existe uma única aplicação linear A : U V tal que Ab j = a ij c i para todo j = 1, 2,..., n. Assim, quando bases lineares em U e V são fixas, temos um dicionário perfeito que interpreta as aplicações lineares de Lin K (U, V ) como as (m n)-matrizes de escalares. Mais ainda, este dicionário estabelece um isomorfismo entre os K-espaços vetoriais Lin K (U, V ) e Matr m n K, onde Matr m n K é formado por todas as (m n)-matrizes sobre K. Realmente, sejam A, A Lin K (U, V ) e seja k K. Para todo j = 1, 2,..., n, temos Ab j = a ij c i e A b j = a ijc i, onde a ij, a ij K. Então (A + A )b j = Ab j + A b j = (a ij + a ij)c i e (ka)b j = kab j = (ka ij )c i para todo j = 1, 2,..., n. Traduzindo, obtemos [A] β γ = [a ij ], [A ] β γ = [a ij ], [A + A ] β γ = [a ij + a ij ] e [ka] β γ = [ka ij ]. Em outras palavras, [A + A ] β γ = [A] β γ + [A ] β γ e [ka] β γ = k[a] β γ. Este dicionário é compatível com o Dicionário 4.16, isto é, [Au] γ = [A] β γ[u] β para todos u U e A Lin K (U, V ). Com efeito, os fatos que [u] β = u = k 1 k 2. k n e [A]β γ = [a ij ] se expressam pelas igualdades k j b j e Ab j = a ij c i para todo j = 1, 2,..., n. Então, pela Observação 5.1, Resta observar que Au = k j Ab j = ( m ) ( n k j a ij c i = a ij k j )c i. a ij k j é o i-ésimo coeficiente da coluna [a ij ] Dicionário. Sejam U, V e W K-espaços vetoriais, seja β : b 1, b 2,..., b n uma base linear de U, seja γ : c 1, c 2,..., c m uma base linear de V e seja δ : d 1, d 2,..., d l uma base linear de W. Então [B A] β δ = [B]γ δ [A]β γ para todos A Lin K (U, V ) e B Lin K (V, W ). Realmente, as matrizes [A] β γ = [a ij ] l e [B] γ δ = [b si] são dadas pelas igualdades Ab j = a ij c i para todo j = 1, 2,..., n e Bc i = b si d s para todo i = 1, 2,..., m. Então ( m ) ( (B A)b j = B(Ab j ) = B a ij c i = a ij Bc i = a ij k 1 k 2. k n. l ) b si d s = s=1 s=1 l ( m b si a ij )d s. m Assim, o sj-ésimo coeficiente da matriz [B A] β δ é igual a b si a ij, ou seja, [B A] β δ = [B]γ δ [A]β γ. Deste modo, o Dicionário 5.11 traduz a composta de aplicações lineares para o produto de matrizes Definição. Seja V um K-espaço vetorial e sejam β e γ duas bases lineares de V. A matriz s=1

12 12 2 o SEMESTRE DE 2015 M β γ := [1 V ] β γ se chama matriz de mudança de base β para γ Lema. Sejam U e V K-espaços vetoriais, sejam β, β bases lineares de U e sejam γ, γ bases lineares de V. Então, para qualquer aplicação linear A : U V, temos [A] β γ = M γ γ [A]β γ M β β. Além disso, M β β = (M β β ) 1. Demonstração. Pelos Definição 5.13 e Dicionário 5.12, M γ γ [A]β γ M β β = [1 V ] γ γ [A]β γ [1 U ] β β = [1 V A 1 U ] β γ = [A]β γ. É fácil ver que [1 U ] β β = 1, onde 1 denota a matriz identidade. Portanto, ou seja, M β β = (M β β ) 1 M β β M β β = [1 U ] β β [1 U] β β = [1 U 1 U ] β β = [1 U] β β = 1, M β β M β β = [1 U] β β [1 U ] β β = [1 U 1 U ] β β = [1 U ] β β = 1, Corolário. Seja V um K-espaço vetorial, sejam β e γ duas bases lineares de V, seja M a matriz de mudança de base β para γ e seja A : V V uma aplicação linear. Então [A] γ γ = M [A] β β M 1 6. Espaço dual. Naturalidade Seja V um K-espaço vetorial. Uma aplicação linear do formato f : V K se chama funcional linear (lembre-se que, pelo Exemplo 3.4, K é um K-espaço vetorial). O espaço dual V é formado por todos os funcionais lineares, V := Lin K (V, K). Seja A : U V uma aplicação linear entre K-espaços vetoriais. Definimos a aplicação dual A : V U pela regra A : f f A para todo funcional linear f : V K, ou seja, A f := f A. Então A : V U é uma aplicação linear. Realmente, para todos f, f 1, f 2 V e k K, temos A (f 1 + f 2 ) = (f 1 + f 2 ) A = f 1 A + f 2 A = A f 1 + A f 2, A (kf) = (kf) A = k(f A) = ka f pelo Exemplo (bilinearidade de ). Para aplicações lineares U A,A V B W entre K-espaços vetoriais e k K, temos (A + A ) = A + A (ka) = ka (B A) = A B. Com efeito, para todo f V, temos (A + A ) f = f (A + A ) = f A + f A = A f + A f = (A + A )f, (ka) f = f (ka) = k(f A) = ka f pelo Exemplo (bilinearidade de ). Para todo g W, temos (B A) g = g (B A) = (g B) A = (B g) A = A (B g) = (A B )g. Em palavras: passar à aplicação dual é uma aplicação linear. Temos uma aplicação linear natural I V : V V definida pela regra I V : v (f fv) para todos v V e f V, ou seja, (I V v)f := fv K. Em outras palavras, interpretamos qualquer v V como um funcional linear sobre V que manda f V para fv K. Precisamos fazer algumas verificações. O fato que I V v definido acima é linear segue de (I V v)(f 1 + f 2 ) = (f 1 + f 2 )v = f 1 v + f 2 v = (I V v)f 1 + (I V v)f 2, (I V v)(kf) = (kf)v = k(fv) = k ( (I V v)f ), onde f, f 1 f 2 V e k K. O fato que a aplicação I V definida acima é linear reside no cálculo ( IV (v 1 + v 2 ) ) f = f(v 1 + v 2 ) = fv 1 + fv 2 = (I V v 1 )f + (I V v 2 )f = ( (I V v 1 ) + (I V v 2 ) ) ( f, IV (kv) ) f = f(kv) = k(fv) = k ( (I V v)f ) = ( k(i V v) ) f, onde v, v 1, v 2 V, f V e k K.

13 A U V I U U A I V V ÁLGEBRA LINEAR. NOTAS DE AULAS (ICMC-USP SÃO CARLOS) 13 A naturalidade de I V em V significa o seguinte. Seja A : U V uma aplicação linear. Então temos o diagrama de aplicações lineares à esquerda. A naturalidade diz que este diagrama é comutativo, isto é, A I U = I V A. Verifiquemos este fato. Para todos u U e f V, temos ( (I V A)u ) f = ( I V (Au) ) f = f(au) = (f A)u = (A f)u e ( (A I U )u ) f = ( (A ) (I U u) ) f = ( (I U u) A ) f = (I U u)(a f) = (A f)u. Isto implica que (I V A)u = (A I U )u para todo u U, ou seja, que I V A = A I U. Intuitivamente, essa naturalidade expressa que, deformando ou movendo o espaço vetorial U através de A, temos uma correspondente deformação (natural) do espaço vetorial U tal que I U naturalmente acompanha este processo. Um outro jeito de expressar a naturalidade de I V é dizer que a definição de I V não envolve nenhuma escolha arbitrária (tal como, por exemplo, uma escolha de base linear) Proposição. Sejam U, V, W K-espaços vetoriais e sejam V 1, V 2 V subespaços tais que V = V 1 V 2. Então temos os isomorfismos naturais i : Lin K (U, V ) Lin K (U, V 1 ) Lin K (U, V 2 ), j : Lin K (V, W ) Lin K (V 1, W ) Lin K (V 2, W ) dados pelas regras i : A (π 1 A, π 2 A) e j : B (B j 1, B j 2 ), onde π l : V V l é a projeção e j l : V l V é a aplicação de inclusão, l = 1, 2. Demonstração. A linearidade de i e j segue da bilinearidade de (vide o Exemplo 5.2.6). Se ia = 0, então π 1 A = 0 e π 2 A = 0 implicando π 1 (Au) = 0 e π 2 (Au) = 0 para todo u U. Daí, Au = 0 para todo u U. Logo, A = 0. Pelo Lema 5.7, i é um monomorfismo. Se jb = 0, temos B j 1 = 0 e B j 2 = 0 implicando BV 1 = 0 e BV 2 = 0. Daí, BV = B(V 1 + V 2 ) = 0 e B = 0. Pelo Lema 5.7, j é um monomorfismo. Sejam A 1 : U V 1 e A 2 : U V 2 aplicações lineares. Definimos A : U V pela fórmula A = j 1 A 1 + j 2 A 2. Então π l A = A l para l = 1, 2, pois (6.2) π 1 j 1 = 1 V1, π 1 j 2 = 0, π 2 j 1 = 0, π 2 j 2 = 1 V2. Logo, ia = (A 1, A 2 ). Em outras palavras, i é um epimorfismo. Concluímos que i é um isomorfismo. Sejam B 1 : V 1 W e B 2 : V 2 W aplicações lineares. Definimos B : V W pela regra B : v 1 + v 2 B 1 v 1 + B 2 v 2, ou seja, B(v 1 + v 2 ) := B 1 v 1 + B 2 v 2 para todos v 1 V 1 e v 2 V 2. Uma verificação imediata mostra que B é linear. É fácil ver que jb = (B 1, B 2 ). Em outras palavras, j é um epimorfismo. Concluímos que j é um isomorfismo A Proposição 6.1 afirma que aplicações lineares para ou de uma soma direta são de fato pares de aplicações. Além das relações (6.2) utilizadas na demonstração da Proposição 6.1, é fácil verificar a relação (6.3) j 1 π 1 + j 2 π 2 = 1 V. Na verdade, I V : V V é um monomorfismo. Verificamos este fato apenas para V finitamente gerado. Realmente, se I V v = 0 para algum v V, então fv = 0 para todo f V. Pelo Corolário 4.14, podemos achar um subespaco W V complementar a Kv, V = Kv W. Suponhamos que v 0. Então v é uma base linear de Kv e, pelo Lema 5.3, podemos encontrar um funcional linear g : Kv K tal que gv = 1. Pela Proposição 6.1, existe um funcional linear f : V K tal que jf = (g, 0). Obviamente, fv = gv = 1 0. Uma contradição. Logo, v = 0 e, pelo Lema 5.7, I V é um monomorfismo. Seja β : b 1, b 2,..., b n uma base linear de V. Para todo j = 1, 2,..., n, pelo Lema 5.3, existe um único funcional linear b j : V K tal que b j b j = 1 e b j b i = 0 para i j. Então β : b 1, b 2,..., b n ( n ) é uma base linear de V chamada dual a β. Realmente, se k j b j = 0, então 0 = k j b j b i =

14 14 2 o SEMESTRE DE 2015 k j b j b i = k i para todo i. Em outras palavras, os b 1, b 2,..., b n são LI. Seja f V. Demonstramos que f = imediato: ( n ) (fb j )b j. Pelo Corolário 5.4, basta verificar que fb i = (fb j )b j b i para todo i. Isto é ( n ) (fb j )b j b i = (fb j )(b j b i ) = fb i. Em particular, dim K V = dim K V = dim K V se V é finitamente gerado. Daí concluímos que I V : V V é um isomorfismo natural para V finitamente gerado. Este isomorfismo pode ser visto como uma identificação. Isto significa que podemos pensar que V = V. Deste modo, a expressão fv para v V e f V pode ser lida de duas maneiras: 1. O escalar fv é o valor de f em v. Neste caso, interpretamos f como um funcional linear sobre V. 2. O escalar fv é o valor de v em f. Neste caso, interpretamos v como um funcional linear sobre V. Seja A : U V uma aplicação linear entre K-espaços vetoriais finitamente gerados. Então, considerando I U e I V como aplicações idênticas, temos A = A pela naturalidade de I V Proposição. Seja A : U V uma aplicação linear entre K-espaços vetoriais finitamente gerados. Então rk A = rk A. Demonstração. Denotamos por N := A 1 0 o núcleo de A e por W := AU a imagem de A. Seja W U um subespaço complementar a N e seja N V um subespaço complementar a W, isto é, U = N W e V = N W. Denotamos também as correspondentes injeções e projeções: N W j2 W, N j 1 N W j 2 W, N π 1 N W π 2 W. Note que a igualdade π 1 A = 0 e a relação análoga à (6.3) implicam A = 1 V A = (j 1 π 1 +j 2 π 2) A = j 2 π 2 A. Pelo Lema 5.9, rk A = dim K W. Pela observação acima, dim K W = dim K W. Basta mostrar que a aplicação φ : A V W dada pela regra φ : g g j 2 para g A V U é um isomorfismo. O fato que φ é linear segue da bilinearidade de (Exemplo 5.2.6). Suponhamos que φg = 0 para g A V. Então g = A f para algum f V. Um elemento arbitrário u U tem a forma u = n + w com n N e w W. Claramente, An = 0 e j 2 w = w. Logo, (A f)u = (f A)(n + w) = f ( A(n + w) ) = f(an + Aw) = f(aw) = = f ( A(j 2 w) ) = (f A j 2 )w = ( (A f) j 2 ) w = (φg)w = 0. Concluímos que g = A f = 0. Assim, φ é um monomorfismo. Para todo u U, temos Au W. Portanto, (π 2 A)u = π 2(Au) = Au W para todo u U. Pelo Lema 5.9, I := π 2 A j 2 : W W é um isomorfismo (lembre-se que A W = A j 2 ). Denotamos por I : W W o isomorfismo inverso a I. Seja h W um funcional linear. Então h I Lin K (W, K). Pela Proposição 6.1, existe um funcional linear f Lin K (V, K) tal que jf = (0, h I ). Isto implica (vide a definição de j na Proposição 6.1) que f j 2 = h I. De I I = 1 W segue f j 2 I = h, ou seja, h = f j 2 π 2 A j 2 = f A j 2 = φ(a f) pela relação j 2 π 2 A = A demonstrada acima. Concluímos que φ é um epimorfismo 6.5. Dicionário. Sejam U e V K-espaços vetoriais, seja β : b 1, b 2,..., b n uma base linear de U e seja γ : c 1, c 2,..., c m uma base linear de V. Então, para qualquer aplicação linear A : U V, temos [A ] γ β = ( t, [A] γ) β onde M t denota a matriz M transposta. Realmente, [A] β γ = [a ij ] com os coeficientes a ij K determinados pelas igualdades Ab j = a ij c i, j = 1, 2,..., n. Para desenvolver o elemento

15 ÁLGEBRA LINEAR. NOTAS DE AULAS (ICMC-USP SÃO CARLOS) 15 n A c s na forma de uma combinação linear dos b j s, utilizamos a fórmula g = acima para qualquer g U. Assim, temos ( A c s = (A c ) s)b j b j = = Isto significa que [A ] γ β = [a sj ] t. ( ) (c s A)b j b j = ( ( m ) ) c s a ij c i b j = (gb j )b j demonstrada ( c s (Ab j ) ) b j = ( m a ij c sc i )b j = a sj b j Notação. Seja M Matr m n K uma matriz. Denotamos por M 1, M 2,..., M m todas as m sucessivas linhas de M e por M 1, M 2,..., M n todas as n sucessivas colunas de M. Os fatos que a matriz M está composta das suas próprias linhas e das suas próprias colunas podem ser agora escritos como M 1 M M = [M 1 M 2... M n ], M = 2.. M m No mesmo estilo, para as matrizes A Matr m n K e B Matr m l K, denotamos por [A B] a matriz [A 1 A 2... A n B 1 B 2... B l ] Matr m (n+l) K. Seja M Matr m n K uma matriz. Consideramos o K-espaço vetorial K m como formado por colunas. A dimensão do subespaço de K m gerado por todas as colunas de M se chama posto de M e é denotada por rk M Dicionário. Seja A : U V uma aplicação linear entre K-espaços vetoriais, seja β : b 1, b 2,..., b n uma base linear de U e seja γ : c 1, c 2,..., c m uma base linear de V. Denotamos M := [A] β γ. Como foi observado no Dicionário 4.16, o j-ésimo elemento b j da base linear β corresponde à coluna cujo único coeficiente não-nulo é igual a 1 e está no j-ésimo lugar. Daí, pela fórmula [A] β γ[v] β = [Av] γ, obtemos M j = M[b j ] β = [Ab j ] γ. Em palavras: a j-ésima coluna da matriz [A] β γ corresponde a Ab j. Agora, pelo Dicionário 4.16, concluímos que a imagem AU corresponde ao subespaço de K m gerado pelas colunas de [A] β γ. Em particular, rk[a] β γ = rk A. É fácil ver que o núcleo de A corresponde ao subespaço de K n formado por todas as soluções do sistema homogêneo MX = 0 (vide o Exemplo 4.1.7) Corolário. Seja M uma matriz. Então rk M = rk M t. Em palavras: o posto de uma matriz definido através de colunas e o definido através de linhas coincidem 6 Fazer algo natural normalmente é contrário a um ato da escolha violenta, tal como a de base linear ou de coordenadas. 7 Há pessoas, (a maioria dos autores de livros de álgebra linear) que consideram o espaço K n como o principal objeto de estudo na álgebra linear. Essa visão parece a tentativa de arrumar uma cama de Procrusto 8 retangular de matrizes para as aplicações lineares, obscurecendo assim a verdadeira natureza de tais aplicações. As matrizes naturalmente aparecem no estudo de aplicações lineares pois têm origem de somas diretas; mas mesmo a decomposição do espaço na soma direta dos unidimensionais é um ato de violência pois não é natural nem única. Quando precisamos efetuar cálculos explícitos para obter um resultado numérico que é necessário numa aplicação prática, as matrizes podem ser realmente bem-vindas. Neste caso, sim, fazemos uma 6 Vide também a Observação Hermann Weyl ( ): The introduction of numbers as coordinates... is an act of violence... 8 Um bandido grego, dos antigos, famoso pela sua cama de ferro... vide

16 16 2 o SEMESTRE DE 2015 violência, mas essa pode ser comparada com a de um cirurgião e não tem nada a ver com a de um bandido. O dicionário serve para usar a língua mais adequada à situação. Não fale Alemão com Deus! 9 7. Sistemas de equações lineares. Matrizes elementares Um sistema de equações lineares tem a forma a 11 x 1 + a 12 x a 1n x n = b 1 a 21 x 1 + a 22 x a 2n x n = b 2... a m1 x 1 + a m2 x a mn x n = b m e pode ser escrito na forma matricial AX = B, onde A := [a ij ] Matr m n K se chama matriz do x 1 b 1 b 2.. sistema, X := x 2.. x n é a coluna de variáveis e B := b m. A matriz [A B] se chama matriz aumentada do sistema. O sistema AX = 0 se chama sistema homogêneo associado ao sistema AX = B. Sabemos (vide Exemplo 4.1.7) que todas as soluções do sistema homogêneo formam um subespaço em K n Observação. Seja S 0 uma solução particular do sistema AX = B. Então todas as soluções do sistema AX = B constituem o conjunto {S 0 + S AS = 0} 7.2. Lema. O sistema AX = B admite uma solução se, e só se, rk A = rk[a B]. Demonstração. O sistema pode ser escrito na forma x 1 A 1 + x 2 A x n A n = B. Portanto, rk A = rk[a B] se existe uma solução. Suponhamos que rk A = rk[a B]. Então o subespaço gerado por A 1, A 2,..., A n contém B. Logo, x 1 A 1 + x 2 A x n A n = B para alguns x 1, x 2,..., x n K Recordemos o método de Gauss-Jordan de solução de um sistema de equações lineares. Fazendo as seguintes operações elementares com a matriz aumentada do sistema Trocar a posição de duas linhas da matriz. Multiplicar uma linha da matriz por um escalar diferente de zero. Somar a uma linha da matriz um múltiplo escalar de outra linha. podemos conseguir a matriz escalonada reduzida que se caracteriza pelas propriedades Todas as linhas nulas ocorrem abaixo das não-nulas. O primeiro coeficiente não-nulo de cada linha não-nula, chamado pivô, é igual a 1. O pivô da (i + 1)-ésima linha não-nula está à direita do da i-ésima. Na coluna de um pivô, todos os outros coeficientes são nulos. (Omitindo a segunda exigência, caracterizamos uma matriz escalonada semi-reduzida. Para conseguir a escalonada semi-reduzida, as operações elementares do segundo tipo são desnecessárias.) Se o pivô de uma linha está na última coluna, o sistema não admite soluções. Caso contrário, chamamos livres as variáveis que não correspondem às colunas com pivôs. Essas servem como parâmetros da solução geral do sistema. Ainda mais, a solução geral obtida deste modo já providencia uma solução particular S 0 e uma base linear de soluções do sistema homogêneo associado. Um exemplo numérico: Seja a matriz aumentada do sistema. Ela já está escalonada reduzida. As variáveis Imperador Carlos V ( ) : Eu falo Espanhol com Deus, Italiano com as mulheres, Francês com os homens e Alemão com meu cavalo.

17 ÁLGEBRA LINEAR. NOTAS DE AULAS (ICMC-USP SÃO CARLOS) 17 x 1 + 3x 3 = 2 livres são x 3 e x 5. O sistema correspondente tem a forma x 2 + 2x 3 = 3. Considerando as variáveis x 4 + 4x 5 = 1 livres como parâmetros, x 3 := p 1 e x 5 := p 2, obtemos a solução geral do sistema x x x 3 = 0 + p p 2 x x := S 0 + p 1 S 1 + p 2 S 2 p 1, p 2 K. Aqui S 0 é uma solução particular do sistema e S 1, S 2 formam uma base linear de soluções do sistema homogêneo associado Observação. Seja A Matr m n K e seja B Matr m l K. Se a matriz [A B] é escalonada reduzida, então A é escalonada reduzida 7.4. Observação. Seja A Matr m m K uma matriz quadrada escalonada reduzida. Então, ou A = 1 m m, ou a última linha de A é nula, A m = 0. Demonstração. Suponhamos que A m 0. Então A não possui linhas nulas. Se o pivô da i- ésima linha fica na posição ii-ésima para todo i, temos A = 1 m m. Caso contrário, um dos pivôs fica estritamente à direita da diagonal principal. Isto, lembrando-se que a matriz A é quadrada, não deixa nenhum espaço para o pivô da m-ésima linha Podemos descrever o processo de escalonamento e pivotização utilizando matrizes elementares. Fixamos m. Denotamos por e ij a (m m)-matriz cujo único coeficiente não-nulo está na ij-ésima posição e é igual a 1. Sejam 1 i, j m, i j, dois índices distintos. Denotamos por E ij a (m m)-matriz que difere da matriz identidade 1 m m somente nas posições ii, ij, ji e jj. Os correspondentes coeficientes de E ij são 0, 1, 1 e 0. Podemos também definir E ij := 1 m m e ii + e ij + e ji e jj. O leitor pode facilmente verificar que, para qualquer (m n)-matriz A, a matriz E ij A é a matriz A com as linhas A i e A j trocadas. Em outras palavras, a primeira operação elementar se realiza através da multiplicação à esquerda por uma matriz do tipo E ij. Seja 1 i m e seja 0 k K. Denotamos por E i (k) a (m m)-matriz que difere da matriz identidade 1 m m somente na posição ii e tal que o ii-ésimo coeficiente de E i (k) é igual a k. Podemos também definir E i (k) := 1 m m + (k 1)e ii. É fácil ver que a multiplicação à esquerda por uma matriz do tipo E i (k) realiza a segunda operação elementar. Sejam 1 i, j m, i j, dois índices distintos e seja k K. Denotamos E ij (k) := 1 m m + ke ij. Para qualquer (m n)-matriz A, a matriz e ij A é a (m n)-matriz que possui uma única linha não-nula, a i-ésima, igual a A j. Portanto, E ij (k)a é a matriz A com uma única mudança: sua i-ésima linha é igual a A i + ka j. Em outras palavras, a terceira operação elementar realiza-se através da multiplicação à esquerda por uma matriz do tipo E ij (k). As matrizes dos três tipos descritos acima chamam-se elementares. Assim, para fazer uma matriz A Matr m n K escalonada reduzida, multiplicâmo-la à esquerda (sucessivamente) por algumas matrizes elementares E 1, E 2,..., E l Matr m m K de modo que a matriz E l... E 2 E 1 A fique escalonada reduzida. Para conseguir uma matriz escalonada semi-reduzida precisamos apenas das matrizes elementares do primeiro e do terceiro tipos. 10 O fato que S 1, S 2 são LI segue de uma óbvia observação, válida em geral: Seja x i uma variável livre. Então os i-ésimos coeficientes das colunas-soluções do sistema homogêneo são todos nulos, exceto aquele correspondendo à própria variável x i, que é igual a 1.

Álgebra Linear AL. Luiza Amalia Pinto Cantão. Depto. de Engenharia Ambiental Universidade Estadual Paulista UNESP

Álgebra Linear AL. Luiza Amalia Pinto Cantão. Depto. de Engenharia Ambiental Universidade Estadual Paulista UNESP Álgebra Linear AL Luiza Amalia Pinto Cantão Depto de Engenharia Ambiental Universidade Estadual Paulista UNESP luiza@sorocabaunespbr Espaços Vetoriais 1 Definição; 2 Subespaços; 3 Combinação Linear, dependência

Leia mais

1 Subespaços Associados a uma Matriz

1 Subespaços Associados a uma Matriz 1 Subespaços Associados a uma Matriz Seja V = R n e para quaisquer u, v, e w em V e quaisquer escalares r,s em R 1, 1. u + v é um elemento de V sempre que u e v são elementos de V a adição é fechada, 2.

Leia mais

Álgebra Linear Semana 05

Álgebra Linear Semana 05 Álgebra Linear Semana 5 Diego Marcon 4 de Abril de 7 Conteúdo Interpretações de sistemas lineares e de matrizes invertíveis Caracterizações de matrizes invertíveis 4 Espaços vetoriais 5 Subespaços vetoriais

Leia mais

Notas para o Curso de Algebra Linear Il Dayse Haime Pastore 20 de fevereiro de 2009

Notas para o Curso de Algebra Linear Il Dayse Haime Pastore 20 de fevereiro de 2009 Notas para o Curso de Álgebra Linear Il Dayse Haime Pastore 20 de fevereiro de 2009 2 Sumário 1 Matrizes e Sistemas Lineares 5 11 Matrizes 6 12 Sistemas Lineares 11 121 Eliminação Gaussiana 12 122 Resolução

Leia mais

Álgebra Linear e Geometria Anaĺıtica. Espaços Vetoriais Reais

Álgebra Linear e Geometria Anaĺıtica. Espaços Vetoriais Reais universidade de aveiro departamento de matemática Álgebra Linear e Geometria Anaĺıtica Agrupamento IV (ECT, EET, EI) Capítulo 4 Espaços Vetoriais Reais Definição de espaço vetorial real [4 01] O conjunto

Leia mais

Espaços Euclidianos. Espaços R n. O conjunto R n é definido como o conjunto de todas as n-uplas ordenadas de números reais:

Espaços Euclidianos. Espaços R n. O conjunto R n é definido como o conjunto de todas as n-uplas ordenadas de números reais: Espaços Euclidianos Espaços R n O conjunto R n é definido como o conjunto de todas as n-uplas ordenadas de números reais: R n = {(x 1,..., x n ) : x 1,..., x n R}. R 1 é simplesmente o conjunto R dos números

Leia mais

ESPAÇO VETORIAL REAL. b) Em relação à multiplicação: (ab) v = a(bv) (a + b) v = av + bv a (u + v ) = au + av 1u = u, para u, v V e a, b R

ESPAÇO VETORIAL REAL. b) Em relação à multiplicação: (ab) v = a(bv) (a + b) v = av + bv a (u + v ) = au + av 1u = u, para u, v V e a, b R ESPAÇO VETORIAL REAL Seja um conjunto V, não vazio, sobre o qual estão definidas as operações de adição e multiplicação por escalar, isto é: u, v V, u + v V a R, u V, au V O conjunto V com estas duas operações

Leia mais

ÁLGEBRA LINEAR. Base e Dimensão de um Espaço Vetorial. Prof. Susie C. Keller

ÁLGEBRA LINEAR. Base e Dimensão de um Espaço Vetorial. Prof. Susie C. Keller ÁLGEBRA LINEAR Base e Dimensão de um Espaço Vetorial Prof. Susie C. Keller Base de um Espaço Vetorial Um conjunto B = {v 1,..., v n } V é uma base do espaço vetorial V se: I) B é LI II) B gera V Base de

Leia mais

Parte 2 - Espaços Vetoriais

Parte 2 - Espaços Vetoriais Espaço Vetorial: Parte 2 - Espaços Vetoriais Seja V um conjunto não vazio de objetos com duas operações definidas: 1. Uma adição que associa a cada par de objetos u, v em V um único objeto u + v, denominado

Leia mais

Notas de Aulas de Matrizes, Determinantes e Sistemas Lineares

Notas de Aulas de Matrizes, Determinantes e Sistemas Lineares FATEC Notas de Aulas de Matrizes, Determinantes e Sistemas Lineares Prof Dr Ânderson Da Silva Vieira 2017 Sumário Introdução 2 1 Matrizes 3 11 Introdução 3 12 Tipos especiais de Matrizes 3 13 Operações

Leia mais

Introduzir os conceitos de base e dimensão de um espaço vetorial. distinguir entre espaços vetoriais de dimensão fnita e infinita;

Introduzir os conceitos de base e dimensão de um espaço vetorial. distinguir entre espaços vetoriais de dimensão fnita e infinita; META Introduzir os conceitos de base e dimensão de um espaço vetorial. OBJETIVOS Ao fim da aula os alunos deverão ser capazes de: distinguir entre espaços vetoriais de dimensão fnita e infinita; determinar

Leia mais

Legenda. Questões. 2ª Lista de Exercícios (ALI0001) Prof. Helder G. G. de Lima 1. Cálculos Conceitos Teoria

Legenda. Questões. 2ª Lista de Exercícios (ALI0001) Prof. Helder G. G. de Lima 1. Cálculos Conceitos Teoria 2ª Lista de Exercícios (ALI0001) Prof. Helder G. G. de Lima 1 Legenda Cálculos Conceitos Teoria Questões 1. Revise todos os axiomas da definição de espaço vetorial V sobre o corpo de escalares R, verificando

Leia mais

1. Não temos um espaço vetorial, pois a seguinte propriedade (a + b) v = a v + b v não vale. De fato:

1. Não temos um espaço vetorial, pois a seguinte propriedade (a + b) v = a v + b v não vale. De fato: Sumário No que se segue, C, R, Q, Z, N denotam respectivamente, o conjunto dos números complexos, reais, racionais, inteiros e naturais. Denotaremos por I (ou id) End(V ) a função identidade do espaço

Leia mais

Método prático para extrair uma base de um conjunto de geradores de um subespaço de R n

Método prático para extrair uma base de um conjunto de geradores de um subespaço de R n Método prático para extrair uma base de um conjunto de geradores de um subespaço de R n 1. Descrição do método e alguns exemplos Colocamos o seguinte problema: dado um conjunto finito: A = {a 1, a 2,...,

Leia mais

(x 1 + iy 1 ) + (x 2 + iy 2 ) = x 1 + x 2 + i(y 1 + y 2 ) a(x + iy) = ax + i(ay)

(x 1 + iy 1 ) + (x 2 + iy 2 ) = x 1 + x 2 + i(y 1 + y 2 ) a(x + iy) = ax + i(ay) Espaços Vetoriais Definição. Um espaço vetorial sobre R é um conjunto V no qual se tem definida uma adição e uma multiplicação de seus elementos por escalares (isto é, por números reais), ou seja, dados

Leia mais

Aula 25 - Espaços Vetoriais

Aula 25 - Espaços Vetoriais Espaço Vetorial: Aula 25 - Espaços Vetoriais Seja V um conjunto não vazio de objetos com duas operações definidas: 1. Uma adição que associa a cada par de objetos u, v em V um único objeto u + v, denominado

Leia mais

1 NOTAS DE AULA FFCLRP-USP - VETORES E GEOMETRIA ANALÍTICA. Professor Doutor: Jair Silvério dos Santos

1 NOTAS DE AULA FFCLRP-USP - VETORES E GEOMETRIA ANALÍTICA. Professor Doutor: Jair Silvério dos Santos FFCLRP-USP - VETORES E GEOMETRIA ANALÍTICA 1 NOTAS DE AULA Professor Doutor: Jair Silvério dos Santos (i) Matrizes Reais Uma matriz real é o seguinte arranjo de números reais : a 11 a 12 a 13 a 1m a 21

Leia mais

A forma canônica de Jordan

A forma canônica de Jordan A forma canônica de Jordan 1 Matrizes e espaços vetoriais Definição: Sejam A e B matrizes quadradas de orden n sobre um corpo arbitrário X. Dizemos que A é semelhante a B em X (A B) se existe uma matriz

Leia mais

Definimos a soma de seqüências fazendo as operações coordenada-a-coordenada:

Definimos a soma de seqüências fazendo as operações coordenada-a-coordenada: Aula 8 polinômios (Anterior: chinês. ) 8.1 séries formais Fixemos um anel A. Denotaremos por A N o conjunto de todas as funções de N = {, 1, 2,... } a valores em A. Em termos mais concretos, cada elemento

Leia mais

1 Noções preliminares

1 Noções preliminares Álgebras, subálgebras e endomorfirsmos Ana Cristina - MAT/UFMG Durante este texto, vamos considerar F um corpo de característica zero. Iniciaremos com algumas definições da teoria de anéis que serão importantes

Leia mais

Produtos de potências racionais. números primos.

Produtos de potências racionais. números primos. MATEMÁTICA UNIVERSITÁRIA n o 4 Dezembro/2006 pp. 23 3 Produtos de potências racionais de números primos Mário B. Matos e Mário C. Matos INTRODUÇÃO Um dos conceitos mais simples é o de número natural e

Leia mais

Notas de Aula Álgebra Linear II IFA Prof. Paulo Goldfeld Versão

Notas de Aula Álgebra Linear II IFA Prof. Paulo Goldfeld Versão Notas de Aula Álgebra Linear II IFA 2007.1 Prof. Paulo Goldfeld Versão 2007.03.29 1 2 Contents 2 Espaços Vetoriais 5 2.1 Espaços e Subespaços....................... 5 2.2 Independência Linear.......................

Leia mais

Álgebra Linear Exercícios Resolvidos

Álgebra Linear Exercícios Resolvidos Álgebra Linear Exercícios Resolvidos Agosto de 001 Sumário 1 Exercícios Resolvidos Uma Revisão 5 Mais Exercícios Resolvidos Sobre Transformações Lineares 13 3 4 SUMA RIO Capítulo 1 Exercícios Resolvidos

Leia mais

Q1. Seja V um espaço vetorial e considere as seguintes afirmações: um conjunto de geradores de um subespaço S 2 de V, então A 1 A 2

Q1. Seja V um espaço vetorial e considere as seguintes afirmações: um conjunto de geradores de um subespaço S 2 de V, então A 1 A 2 Q1. Seja V um espaço vetorial e considere as seguintes afirmações: (I) se A 1 é um conjunto de geradores de um subespaço S 1 de V e A 2 é um conjunto de geradores de um subespaço S 2 de V, então A 1 A

Leia mais

Álgebra Linear. Professor: página da disciplina na web: http: //professor.ufabc.edu.br/~jair.donadelli/algelin.

Álgebra Linear. Professor: página da disciplina na web: http: //professor.ufabc.edu.br/~jair.donadelli/algelin. página da disciplina na web: http: //professor.ufabc.edu.br/~jair.donadelli/algelin.html Sumário I 1 Motivação Google Navegação Sistemas Lineares 2 O que eu não vou explicar Operações com matrizes Matrizes

Leia mais

3 Sistema de Steiner e Código de Golay

3 Sistema de Steiner e Código de Golay 3 Sistema de Steiner e Código de Golay Considere o sistema de Steiner S(5, 8, 24, chamaremos os seus blocos de octads. Assim, as octads são subconjuntos de 8 elementos de um conjunto Ω com 24 elementos

Leia mais

Unidade 5 - Subespaços vetoriais. A. Hefez e C. S. Fernandez Resumo elaborado por Paulo Sousa. 10 de agosto de 2013

Unidade 5 - Subespaços vetoriais. A. Hefez e C. S. Fernandez Resumo elaborado por Paulo Sousa. 10 de agosto de 2013 MA33 - Introdução à Álgebra Linear Unidade 5 - Subespaços vetoriais A. Hefez e C. S. Fernandez Resumo elaborado por Paulo Sousa PROFMAT - SBM 10 de agosto de 2013 Às vezes, é necessário detectar, dentro

Leia mais

Soluções dos trabalhos de 1 a 7

Soluções dos trabalhos de 1 a 7 Universidade Federal Rural do Semiárido-UFERSA Departamento de Ciências Exatas e Naturais Curso: Bacharelado em Ciência e Tecnologia e Computação Disciplina: Álgebra Linear Aluno(a): Soluções dos trabalhos

Leia mais

Álgebra Linear e Geometria Anaĺıtica. Matrizes e Sistemas de Equações Lineares

Álgebra Linear e Geometria Anaĺıtica. Matrizes e Sistemas de Equações Lineares universidade de aveiro departamento de matemática Álgebra Linear e Geometria Anaĺıtica Agrupamento IV (ECT, EET, EI) Capítulo 1 Matrizes e Sistemas de Equações Lineares Geometria anaĺıtica em R 3 [1 01]

Leia mais

6. Verifique detalhadamente que os seguintes conjuntos são espaços vetoriais(com a soma e produto por escalar usuais):

6. Verifique detalhadamente que os seguintes conjuntos são espaços vetoriais(com a soma e produto por escalar usuais): a Lista. Sejam u = ( 4 ) v = ( 5) e w = (a b). Encontre a e b tais que (a)w = u + v (b)w = 5v (c)u + w = u v. Represente os vetores acima no plano cartesiano.. Sejam u = (4 ) v = ( 4) e w = (a b c). Encontre

Leia mais

Capítulo 1. Os Números. 1.1 Notação. 1.2 Números naturais não nulos (inteiros positivos) Última atualização em setembro de 2017 por Sadao Massago

Capítulo 1. Os Números. 1.1 Notação. 1.2 Números naturais não nulos (inteiros positivos) Última atualização em setembro de 2017 por Sadao Massago Capítulo 1 Os Números Última atualização em setembro de 2017 por Sadao Massago 1.1 Notação Números naturais: Neste texto, N = {0, 1, 2, 3,...} e N + = {1, 2, 3, }. Mas existem vários autores considerando

Leia mais

Generalizações do Teorema de Wedderburn-Malcev e PI-álgebras. Silvia Gonçalves Santos

Generalizações do Teorema de Wedderburn-Malcev e PI-álgebras. Silvia Gonçalves Santos Generalizações do Teorema de Wedderburn-Malcev e PI-álgebras Silvia Gonçalves Santos Definição 1 Seja R um anel com unidade. O radical de Jacobson de R, denotado por J(R), é o ideal (à esquerda) dado pela

Leia mais

Vetores e Geometria Analítica

Vetores e Geometria Analítica Vetores e Geometria Analítica ECT2102 Prof. Ronaldo Carlotto Batista 23 de fevereiro de 2016 AVISO O propósito fundamental destes slides é servir como um guia para as aulas. Portanto eles não devem ser

Leia mais

MAT Resumo Teórico e Lista de

MAT Resumo Teórico e Lista de MAT 0132 - Resumo Teórico e Lista de Exercícios April 10, 2005 1 Vetores Geométricos Livres 1.1 Construção dos Vetores 1.2 Adição de Vetores 1.3 Multiplicação de um Vetor por um Número Real 2 Espaços Vetoriais

Leia mais

Álgebra Linear Contra-Ataca

Álgebra Linear Contra-Ataca Contra-Ataca Prof Afonso Paiva Departamento de Matemática Aplicada e Estatística Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação USP São Carlos Cálculo Numérico SME0104 Operações elementares Operações

Leia mais

1 Números Complexos. Seja R o conjunto dos Reais. Consideremos o produto cartesiano R R = R 2 tal que:

1 Números Complexos. Seja R o conjunto dos Reais. Consideremos o produto cartesiano R R = R 2 tal que: Números Complexos e Polinômios Prof. Gustavo Sarturi [!] Esse documento está sob constantes atualizações, qualquer erro de ortografia, cálculo, favor comunicar. Última atualização: 01/11/2018. 1 Números

Leia mais

Álgebra Linear I. Notas de Aula 1. Alex Farah Pereira de Junho de 2017

Álgebra Linear I. Notas de Aula 1. Alex Farah Pereira de Junho de 2017 Álgebra Linear I Notas de Aula 1 Alex Farah Pereira 2 3 11 de Junho de 2017 1 Turma de Matemática. 2 Departamento de Análise-IME-UFF 3 http://alexfarah.weebly.com ii Conteúdo 1 Espaços Vetoriais 1 1.1

Leia mais

Notas de Aula. Gustavo Henrique Silva Sarturi. i Z (1 i m) a j1 a j2

Notas de Aula. Gustavo Henrique Silva Sarturi. i Z (1 i m) a j1 a j2 Notas de Aula Gustavo Henrique Silva Sarturi Matemática B - Em Ação gustavo.sarturi@ufpr.br 1 Matrizes Definição 1.1. Uma matriz A m n é um arranjo retangular de m n números reais (ou complexos) organizados

Leia mais

Notações e revisão de álgebra linear

Notações e revisão de álgebra linear Notações e revisão de álgebra linear Marina Andretta ICMC-USP 17 de agosto de 2016 Baseado no livro Introduction to Linear Optimization, de D. Bertsimas e J. N. Tsitsiklis. Marina Andretta (ICMC-USP) sme0211

Leia mais

Um Curso de Nivelamento. Instituto de Matemática UFF

Um Curso de Nivelamento. Instituto de Matemática UFF Introdução à Álgebra Linear Um Curso de Nivelamento Jorge Delgado Depto. de Matemática Aplicada Katia Frensel Depto. de Geometria Instituto de Matemática UFF Março de 2005 J. Delgado - K. Frensel ii Instituto

Leia mais

MAT 1202 ÁLGEBRA LINEAR II SUBESPACCOS FUNDAMENTAIS E TRANSF. LINEARES 23/08/12 Profs. Christine e Pedro

MAT 1202 ÁLGEBRA LINEAR II SUBESPACCOS FUNDAMENTAIS E TRANSF. LINEARES 23/08/12 Profs. Christine e Pedro MAT 1202 ÁLGEBRA LINEAR II 2012.2 SUBESPACCOS FUNDAMENTAIS E TRANSF. LINEARES 23/08/12 Profs. Christine e Pedro 1. Subespaços Fundamentais de uma Matriz (1.1) Definição. Seja A uma matriz retangular m

Leia mais

Álgebra Linear Semana 04

Álgebra Linear Semana 04 Álgebra Linear Semana 04 Diego Marcon 17 de Abril de 2017 Conteúdo 1 Produto de matrizes 1 11 Exemplos 2 12 Uma interpretação para resolução de sistemas lineares 3 2 Matriz transposta 4 3 Matriz inversa

Leia mais

Parte 1 - Matrizes e Sistemas Lineares

Parte 1 - Matrizes e Sistemas Lineares Parte 1 - Matrizes e Sistemas Lineares Matrizes: Uma matriz de tipo m n é uma tabela com mn elementos, denominados entradas, e formada por m linhas e n colunas. A matriz identidade de ordem 2, por exemplo,

Leia mais

Álgebra Linear. André Arbex Hallack

Álgebra Linear. André Arbex Hallack Álgebra Linear André Arbex Hallack 2017 Índice 1 Sistemas Lineares 1 1.1 Corpos............................................. 1 1.2 Sistemas de Equações Lineares............................... 3 1.3 Sistemas

Leia mais

Cálculo Diferencial e Integral Química Notas de Aula

Cálculo Diferencial e Integral Química Notas de Aula Cálculo Diferencial e Integral Química Notas de Aula João Roberto Gerônimo 1 1 Professor Associado do Departamento de Matemática da UEM. E-mail: jrgeronimo@uem.br. ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO Esta notas de aula

Leia mais

Material Teórico - Módulo Matrizes e Sistemas Lineares. Sistemas Lineares - Parte 2. Terceiro Ano do Ensino Médio

Material Teórico - Módulo Matrizes e Sistemas Lineares. Sistemas Lineares - Parte 2. Terceiro Ano do Ensino Médio Material Teórico - Módulo Matrizes e Sistemas Lineares Sistemas Lineares - Parte 2 Terceiro Ano do Ensino Médio Autor: Prof Fabrício Siqueira Benevides Revisor: Prof Antonio Caminha M Neto 1 A representação

Leia mais

Álgebra Linear - 2 a lista de exercícios Prof. - Juliana Coelho

Álgebra Linear - 2 a lista de exercícios Prof. - Juliana Coelho Álgebra Linear - 2 a lista de exercícios Prof. - Juliana Coelho 1 - Verifique que os conjuntos V abaixo com as operações dadas não são espaços vetoriais explicitando a falha em alguma das propriedades.

Leia mais

ÁLGEBRA LINEAR SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES

ÁLGEBRA LINEAR SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES ÁLGEBRA LINEAR SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES Luís Felipe Kiesow de Macedo Universidade Federal de Pelotas - UFPel 1 / 14 Sistemas de Equações Lineares 1 Sistemas e Matrizes 2 Operações Elementares 3 Forma

Leia mais

Álgebra Linear. Professor Alessandro Monteiro. 1º Sábado - Matrizes - 11/03/2017

Álgebra Linear. Professor Alessandro Monteiro. 1º Sábado - Matrizes - 11/03/2017 º Sábado - Matrizes - //7. Plano e Programa de Ensino. Definição de Matrizes. Exemplos. Definição de Ordem de Uma Matriz. Exemplos. Representação Matriz Genérica m x n 8. Matriz Linha 9. Exemplos. Matriz

Leia mais

MCTB Álgebra Linear Avançada I Claudia Correa Exercícios sobre transformações lineares. Os Exercícios 3 e 4 são os exercícios bônus dessa lista.

MCTB Álgebra Linear Avançada I Claudia Correa Exercícios sobre transformações lineares. Os Exercícios 3 e 4 são os exercícios bônus dessa lista. MCTB002-13 Álgebra Linear Avançada I Claudia Correa Exercícios sobre transformações lineares Os Exercícios 3 e 4 são os exercícios bônus dessa lista. Definição 1. Dados conjuntos X e Y, uma função ϕ :

Leia mais

Álgebra Linear. Professor Alessandro Monteiro. 1º Sábado - Matrizes - 11/03/2017

Álgebra Linear. Professor Alessandro Monteiro. 1º Sábado - Matrizes - 11/03/2017 º Sábado - Matrizes - //7. Plano e Programa de Ensino. Matrizes. Exemplos. Ordem de Uma Matriz. Exemplos. Representação 7. Matriz Genérica m x n 8. Matriz Linha 9. Exemplos. Matriz Coluna. Exemplos. Diagonal

Leia mais

ÁLGEBRA LINEAR AULA 2

ÁLGEBRA LINEAR AULA 2 ÁLGEBRA LINEAR AULA 2 Luís Felipe Kiesow de Macedo Universidade Federal de Pelotas - UFPel 1 / 14 Sistemas de 1 2 3 4 5 6 7 2 / 14 matrizes Muitos problemas em várias áreas da Ciência recaem na solução

Leia mais

ALGEBRA LINEAR 1 RESUMO E EXERCÍCIOS* P1

ALGEBRA LINEAR 1 RESUMO E EXERCÍCIOS* P1 ALGEBRA LINEAR 1 RESUMO E EXERCÍCIOS* P1 *Exercícios de provas anteriores escolhidos para você estar preparado para qualquer questão na prova. Resoluções em VETORES Um vetor é uma lista ordenada de números

Leia mais

Nota: Turma: MA 327 Álgebra Linear. Segunda Prova. Primeiro Semestre de T o t a l

Nota: Turma: MA 327 Álgebra Linear. Segunda Prova. Primeiro Semestre de T o t a l Turma: Nota: MA 327 Álgebra Linear Primeiro Semestre de 2006 Segunda Prova Nome: RA: Questões Pontos Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Questão 5 T o t a l Questão 1. A matriz de mudança da base ordenada

Leia mais

ALGA I. Representação matricial das aplicações lineares

ALGA I. Representação matricial das aplicações lineares Módulo 6 ALGA I Representação matricial das aplicações lineares Contents 61 Matriz de uma aplicação linear 76 62 Cálculo do núcleo e imagem 77 63 Matriz da composta 78 64 GL(n Pontos de vista passivo e

Leia mais

Um Estudo Sobre Espaços Vetoriais Simpléticos

Um Estudo Sobre Espaços Vetoriais Simpléticos Um Estudo Sobre Espaços Vetoriais Simpléticos Fabiano Borges da Silva Lívia T. Minami Borges 28 de novembro de 2015 Resumo O presente artigo estuda de maneira detalhada espaços vetoriais que possuem uma

Leia mais

n. 1 Matrizes Cayley (1858) As matrizes surgiram para Cayley ligadas às transformações lineares do tipo:

n. 1 Matrizes Cayley (1858) As matrizes surgiram para Cayley ligadas às transformações lineares do tipo: n. Matrizes Foi um dos primeiros matemáticos a estudar matrizes, definindo a ideia de operarmos as matrizes como na Álgebra. Historicamente o estudo das Matrizes era apenas uma sombra dos Determinantes.

Leia mais

Álgebra Linear e suas Aplicações Notas de Aula. Petronio Pulino = Q

Álgebra Linear e suas Aplicações Notas de Aula. Petronio Pulino = Q Álgebra Linear e suas Aplicações Notas de Aula Petronio Pulino 1 3 4 3 1 0 4 0 1 = Q 4 1 6 Qt Q t Q = 1 1 1 PULINUS Álgebra Linear e suas Aplicações Notas de Aula Petronio Pulino Departamento de Matemática

Leia mais

= f(0) D2 f 0 (x, x) + o( x 2 )

= f(0) D2 f 0 (x, x) + o( x 2 ) 6 a aula, 26-04-2007 Formas Quadráticas Suponhamos que 0 é um ponto crítico duma função suave f : U R definida sobre um aberto U R n. O desenvolvimento de Taylor de segunda ordem da função f em 0 permite-nos

Leia mais

Renato Martins Assunção

Renato Martins Assunção Análise Numérica Renato Martins Assunção DCC - UFMG 2012 Renato Martins Assunção (DCC - UFMG) Análise Numérica 2012 1 / 84 Equação linear Sistemas de equações lineares A equação 2x + 3y = 6 é chamada linear

Leia mais

(x 1, y 1 ) (x 2, y 2 ) = (x 1 x 2, y 1 y 2 ); e α (x, y) = (x α, y α ), α R.

(x 1, y 1 ) (x 2, y 2 ) = (x 1 x 2, y 1 y 2 ); e α (x, y) = (x α, y α ), α R. INSTITUTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO MAT-2457 Álgebra Linear para Engenharia I Terceira Lista de Exercícios - Professor: Equipe da Disciplina EXERCÍCIOS 1. Considere as retas

Leia mais

Dado um inteiro positivo n, definimos U(n) como sendo o conjunto dos inteiros positivos menores que n e primos com n. Não é difícil ver que a

Dado um inteiro positivo n, definimos U(n) como sendo o conjunto dos inteiros positivos menores que n e primos com n. Não é difícil ver que a Exemplo (U(n)) Dado um inteiro positivo n, definimos U(n) como sendo o conjunto dos inteiros positivos menores que n e primos com n. Não é difícil ver que a multiplicação módulo n é uma operação binária

Leia mais

A DEFINIÇÃO AXIOMÁTICA DO CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS.

A DEFINIÇÃO AXIOMÁTICA DO CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS. A DEFINIÇÃO AXIOMÁTICA DO CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS. SANDRO MARCOS GUZZO RESUMO. A construção dos conjuntos numéricos é um assunto clássico na matemática, bem como o estudo das propriedades das operações

Leia mais

Análise I. Notas de Aula 1. Alex Farah Pereira de Agosto de 2017

Análise I. Notas de Aula 1. Alex Farah Pereira de Agosto de 2017 Análise I Notas de Aula 1 Alex Farah Pereira 2 3 23 de Agosto de 2017 1 Turma de Matemática. 2 Departamento de Análise-IME-UFF 3 http://alexfarah.weebly.com ii Conteúdo 1 Conjuntos 1 1.1 Números Naturais........................

Leia mais

Notas de Aula Álgebra Linear. Elton José Figueiredo de Carvalho Escola de Ciências e Tecnologia Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Notas de Aula Álgebra Linear. Elton José Figueiredo de Carvalho Escola de Ciências e Tecnologia Universidade Federal do Rio Grande do Norte Notas de Aula Álgebra Linear Elton José Figueiredo de Carvalho Escola de Ciências e Tecnologia Universidade Federal do Rio Grande do Norte Versão 201608221232c de 22 de agosto de 2016 Parte I Espaços vetoriais

Leia mais

Álgebra Linear Semana 03

Álgebra Linear Semana 03 Álgebra Linear Semana 3 Diego Marcon de Abril de 27 Conteúdo Dependência e independência linear 2 Independência linear e sistemas lineares 3 3 Transformações lineares 4 4 Matriz de uma transformação linear

Leia mais

Espaços vectoriais reais

Espaços vectoriais reais ALGA - 00/0 - Espaços Vectoriais 49 Introdução Espaços vectoriais reais O que é que têm em comum o conjunto dos pares ordenados de números reais, o conjunto dos vectores livres no espaço, o conjunto das

Leia mais

Interbits SuperPro Web

Interbits SuperPro Web 1 (Ita 018) Uma progressão aritmética (a 1, a,, a n) satisfaz a propriedade: para cada n, a soma da progressão é igual a n 5n Nessas condições, o determinante da matriz a1 a a a4 a5 a 6 a a a 7 8 9 a)

Leia mais

Categorias, álgebra homológica, categorias derivadas

Categorias, álgebra homológica, categorias derivadas Categorias, álgebra homológica, categorias derivadas slides de aula Sasha Anan in ICMC, USP, São Carlos 6//5 5//5 4. δ-funtores Nesta seção as categorias são abelianas e os funtores são aditivos. 4.. Definição.

Leia mais

Álgebra Linear I - Aula 11. Roteiro. 1 Dependência e independência linear de vetores

Álgebra Linear I - Aula 11. Roteiro. 1 Dependência e independência linear de vetores Álgebra Linear I - Aula 11 1. Dependência e independência linear. 2. Bases. 3. Coordenadas. 4. Bases de R 3 e produto misto. Roteiro 1 Dependência e independência linear de vetores Definição 1 (Dependência

Leia mais

ALGA I. Bases, coordenadas e dimensão

ALGA I. Bases, coordenadas e dimensão Módulo 5 ALGA I. Bases, coordenadas e dimensão Contents 5.1 Bases, coordenadas e dimensão............. 58 5.2 Cálculos com coordenadas. Problemas......... 65 5.3 Mudanças de base e de coordenadas..........

Leia mais

2 Espaços Vetoriais. 2.1 Espaços Vetoriais Euclidianos

2 Espaços Vetoriais. 2.1 Espaços Vetoriais Euclidianos 2 Espaços Vetoriais 2.1 Espaços Vetoriais Euclidianos Definição: Dado n N, considere-se o conjunto de todos os n-uplos ordenados de elementos reais, isto é o conjunto de elementos da forma x = (x 1,, x

Leia mais

Anéis quocientes k[x]/i

Anéis quocientes k[x]/i META: Determinar as possíveis estruturas definidas sobre o conjunto das classes residuais do quociente entre o anel de polinômios e seus ideais. OBJETIVOS: Ao final da aula o aluno deverá ser capaz de:

Leia mais

Universidade Federal de Viçosa Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas Departamento de Matemática

Universidade Federal de Viçosa Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas Departamento de Matemática 1 Universidade Federal de Viçosa Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas Departamento de Matemática 3 a Lista - MAT 137 - Introdução à Álgebra Linear 2017/II 1. Sejam u = ( 4 3) v = (2 5) e w = (a b).

Leia mais

Aulas Teóricas de Álgebra Linear

Aulas Teóricas de Álgebra Linear Aulas Teóricas de Álgebra Linear Instituto Superior Técnico - o Semestre 009/00 MEAmbi - MEBiol Matrizes De nição Uma matriz A, do tipo m n (m por n), é uma tabela de mn números dispostos em m linhas e

Leia mais

Tópicos de Álgebra Linear Verão 2019 Lista 1: Espaços Vetoriais

Tópicos de Álgebra Linear Verão 2019 Lista 1: Espaços Vetoriais Universidade Federal do Paraná Centro Politécnico ET-DMAT Prof. Maria Eugênia Martin Tópicos de Álgebra Linear Verão 2019 Lista 1: Espaços Vetoriais Exercício 1. Determine se os seguintes conjuntos são

Leia mais

OPERAÇÕES - LEIS DE COMPOSIÇÃO INTERNA

OPERAÇÕES - LEIS DE COMPOSIÇÃO INTERNA Professora: Elisandra Figueiredo OPERAÇÕES - LEIS DE COMPOSIÇÃO INTERNA DEFINIÇÃO 1 Sendo E um conjunto não vazio, toda aplicação f : E E E recebe o nome de operação sobre E (ou em E) ou lei de composição

Leia mais

Cálculo Numérico BCC760

Cálculo Numérico BCC760 Cálculo Numérico BCC760 Resolução de Sistemas de Equações Lineares Simultâneas Departamento de Computação Página da disciplina http://www.decom.ufop.br/bcc760/ 1 Introdução! Definição Uma equação é dita

Leia mais

Matrizes Semelhantes e Matrizes Diagonalizáveis

Matrizes Semelhantes e Matrizes Diagonalizáveis Diagonalização Matrizes Semelhantes e Matrizes Diagonalizáveis Nosso objetivo neste capítulo é estudar aquelas transformações lineares de R n para as quais existe pelo menos uma base em que elas são representadas

Leia mais

5. Considere os seguintes subconjuntos do espaço vetorial F(R) das funções de R em R:

5. Considere os seguintes subconjuntos do espaço vetorial F(R) das funções de R em R: MAT3457 ÁLGEBRA LINEAR I 3 a Lista de Exercícios 1 o semestre de 2018 1. Verique se V = {(x, y) : x, y R} é um espaço vetorial sobre R com as operações de adição e de multiplicação por escalar dadas por:

Leia mais

MAT Álgebra Linear para Engenharia II - Poli 2 ō semestre de ā Lista de Exercícios

MAT Álgebra Linear para Engenharia II - Poli 2 ō semestre de ā Lista de Exercícios MAT 2458 - Álgebra Linear para Engenharia II - Poli 2 ō semestre de 2014 1 ā Lista de Exercícios 1. Verifique se V = {(x, y) x, y R} é um espaço vetorial sobre R com as operações de adição e de multiplicação

Leia mais

ÁLGEBRA LINEAR. Subespaços Vetoriais. Prof. Susie C. Keller

ÁLGEBRA LINEAR. Subespaços Vetoriais. Prof. Susie C. Keller ÁLGEBRA LINEAR Subespaços Vetoriais Prof. Susie C. Keller Às vezes, é necessário detectar, dentro de um espaço vetorial V, subconjuntos S que sejam espaços vetoriais menores. Tais conjuntos S são chamados

Leia mais

Axiomas de corpo ordenado

Axiomas de corpo ordenado Axiomas de corpo ordenado 2 a lista de exercícios Análise real A abordagem axiomática dos números reais previne erros que a intuição pode ocasionar e torna mais rigoroso o processo de demonstração matemática,

Leia mais

Apontamentos III. Espaços euclidianos. Álgebra Linear aulas teóricas. Lina Oliveira Departamento de Matemática, Instituto Superior Técnico

Apontamentos III. Espaços euclidianos. Álgebra Linear aulas teóricas. Lina Oliveira Departamento de Matemática, Instituto Superior Técnico Apontamentos III Espaços euclidianos Álgebra Linear aulas teóricas 1 o semestre 2017/18 Lina Oliveira Departamento de Matemática, Instituto Superior Técnico Índice Índice i 1 Espaços euclidianos 1 1.1

Leia mais

Conceitos Básicos sobre Representações e Caracteres de Grupos Finitos. Ana Cristina Vieira. Departamento de Matemática - ICEx - UFMG

Conceitos Básicos sobre Representações e Caracteres de Grupos Finitos. Ana Cristina Vieira. Departamento de Matemática - ICEx - UFMG 1 Conceitos Básicos sobre Representações e Caracteres de Grupos Finitos Ana Cristina Vieira Departamento de Matemática - ICEx - UFMG - 2011 1. Representações de Grupos Finitos 1.1. Fatos iniciais Consideremos

Leia mais

Reticulados e Álgebras de Boole

Reticulados e Álgebras de Boole Capítulo 3 Reticulados e Álgebras de Boole 3.1 Reticulados Recorde-se que uma relação de ordem parcial num conjunto X é uma relação reflexiva, anti-simétrica e transitiva em X. Um conjunto parcialmente

Leia mais

Universidade Federal Fluminense - GAN

Universidade Federal Fluminense - GAN Solimá Gomes Pimentel Universidade Federal Fluminense IM - GAN Solimá Gomes Pimentel, ****- Matemática para Economia III/Solimá Gomes Pimentel 2pt, ; 31cm Inclui Bibliografia. 1. Matemática para Economia

Leia mais

ÁLGEBRA LINEAR. Combinação Linear, Subespaços Gerados, Dependência e Independência Linear. Prof. Susie C. Keller

ÁLGEBRA LINEAR. Combinação Linear, Subespaços Gerados, Dependência e Independência Linear. Prof. Susie C. Keller ÁLGEBRA LINEAR Combinação Linear, Subespaços Gerados, Dependência e Prof. Susie C. Keller Combinação Linear Sejam os vetores v 1, v 2,..., v n do espaço vetorial V e os escalares a 1, a 2,..., a n. Qualquer

Leia mais

1. Operações com vetores no espaço

1. Operações com vetores no espaço Capítulo 10 1. Operações com vetores no espaço Vamos definir agora as operações de adição de vetores no espaço e multiplicação de um vetor espacial por um número real. O processo é análogo ao efetuado

Leia mais

Unidade 2 - Matrizes. A. Hefez e C. S. Fernandez Resumo elaborado por Paulo Sousa. 9 de agosto de 2013

Unidade 2 - Matrizes. A. Hefez e C. S. Fernandez Resumo elaborado por Paulo Sousa. 9 de agosto de 2013 MA33 - Introdução à Álgebra Linear Unidade 2 - Matrizes A. Hefez e C. S. Fernandez Resumo elaborado por Paulo Sousa PROFMAT - SBM 9 de agosto de 2013 O dono de uma pequena frota de quatro táxis, movidos

Leia mais

REVISÃO DE ÁLGEBRA LINEAR

REVISÃO DE ÁLGEBRA LINEAR REVISÃO DE ÁLGEBRA LINEAR I) INTRODUÇÃO D1. Estabilidade para a operação + : x E, y E, x + y E D2. Definição de grupo comutativo (Abeliano): (E,+) é um grupo comutativo se e somente se: 1) Associatividade:

Leia mais

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ÁLGEBRA LINERAR Luiz Francisco da Cruz Departamento de Matemática Unesp/Bauru CAPÍTULO 7 ISOMORFISMO

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ÁLGEBRA LINERAR Luiz Francisco da Cruz Departamento de Matemática Unesp/Bauru CAPÍTULO 7 ISOMORFISMO INRODUÇÃO AO ESUDO DA ÁLGEBRA LINERAR CAPÍULO 7 ISOMORFISMO A pergunta inicial que se faz neste capítulo e que o motiva é: dada uma transformação linear : V W é possível definir uma transformação linear

Leia mais

1 a Lista de Exercícios MAT 3211 Álgebra Linear Prof. Vyacheslav Futorny

1 a Lista de Exercícios MAT 3211 Álgebra Linear Prof. Vyacheslav Futorny 1 a Lista de Exercícios MAT 3211 Álgebra Linear - 213 - Prof. Vyacheslav Futorny 1 a parte: Resolução de sistemas de equações lineares, matrizes inversíveis 1. Para cada um dos seguintes sistemas de equações

Leia mais

Objetivos. Definir os conceitos de transformação matricial e linear; Apresentar vários exemplos de transformações lineares.

Objetivos. Definir os conceitos de transformação matricial e linear; Apresentar vários exemplos de transformações lineares. Transformações lineares MÓDULO 3 - AULA 18 Aula 18 Transformações lineares Objetivos Definir os conceitos de transformação matricial e linear; Apresentar vários exemplos de transformações lineares. Introdução

Leia mais

Aulas práticas de Álgebra Linear

Aulas práticas de Álgebra Linear Ficha 3 Aulas práticas de Álgebra Linear Licenciatura em Engenharia Naval e Oceânica Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica 1 o semestre 2018/19 Jorge Almeida e Lina Oliveira Departamento de Matemática,

Leia mais

1 Conjuntos, Números e Demonstrações

1 Conjuntos, Números e Demonstrações 1 Conjuntos, Números e Demonstrações Definição 1. Um conjunto é qualquer coleção bem especificada de elementos. Para qualquer conjunto A, escrevemos a A para indicar que a é um elemento de A e a / A para

Leia mais

1, , ,

1, , , Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná Câmpus Francisco Beltrão Licenciatura em Informática Fundamentos de Geometria Analítica e Álgebra Linear Profª Sheila R. Oro Este texto

Leia mais

Notas de Aula de Fundamentos de Matemática

Notas de Aula de Fundamentos de Matemática Universidade Estadual de Montes Claros Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas Departamento de Ciências Exatas Notas de Aula de Fundamentos de Matemática Rosivaldo Antonio Gonçalves Notas de aulas que

Leia mais

Unidade 7 - Bases e dimensão. A. Hefez e C. S. Fernandez Resumo elaborado por Paulo Sousa. 10 de agosto de 2013

Unidade 7 - Bases e dimensão. A. Hefez e C. S. Fernandez Resumo elaborado por Paulo Sousa. 10 de agosto de 2013 MA33 - Introdução à Álgebra Linear Unidade 7 - Bases e dimensão A. Hefez e C. S. Fernandez Resumo elaborado por Paulo Sousa PROFMAT - SBM 10 de agosto de 2013 Nesta unidade introduziremos dois conceitos

Leia mais