A PRESENÇA DAS EMPRESAS MULTINACIONAIS NO INTERIOR PARANAENSE: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
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1 A PRESENÇA DAS EMPRESAS MULTINACIONAIS NO INTERIOR PARANAENSE: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Jaqueline Pereira de Souza Larissa Aparecida Gonsalves Carlos Horen Graduandos em Geografia junto a Universidade Estadual do Centro-Oeste UNICENTRO Guarapuava-PR Membros do Grupo de Pesquisa sobre Dinâmicas Econômicas - GEDE jaqueline-pereira2011@hotmail.com Sandra Lúcia Videira Professora Doutora em Geografia junto a Universidade Estadual do Centro-Oeste UNICENTRO Guarapuava-PR Líder do Grupo de Pesquisa sobre Dinâmicas Econômicas - GEDE slvideira@uol.com.br INTRODUÇÃO: O processo de internacionalização não é recente, sendo dominado mais pelo investimento internacional do que pelo comércio exterior e, portanto, molda as estruturas que predominam na produção e no intercâmbio de bens e serviços (BRUM, 2002). O mundo está globalizado em quase todas as suas instâncias, isso acontece graças ao avanço tecnológico que o homem colocou em ação no final do século XX. Hoje podemos considerar que vivemos no tempo virtual. Corroborando, Chesnais (1996 p.25) afirma que a globalização é quase invariavelmente vista como um processo benéfico e necessário, em que o ser humano deve se adaptar as mudanças. Um dos segmentos mais atingido nesse processo é o econômico, por ser um dos mais importantes no caminhar da humanidade. O episódio da globalização é característico do aprofundamento da internacionalização, segundo Brum (2002, p.14) As diferenças entre a mundialização e a internacionalização estão na financeirização das riquezas e na globalização do processo produtivo. Segundo Chesnais (1996, p. 34):
2 A mundialização é o resultado de dois movimentos conjuntos estreitamente interligados, mas distintos. O primeiro pode ser caracterizado como a mais longa fase de acumulação ininterrupta docapital que o capitalismo conheceu desde O segundo diz respeito às politicas de liberalização, de privatização, de desregulamentação e de desmantelamento de conquistas sociais e democráticas. A disseminação de capitais pelo mundo, notadamente a partir da década de 1990, como trata Chesnais (1996), é reflexo de uma acumulação intensa nos países hegemônicos e que buscando novas formas de acumulação, migraram principalmente para os países emergentes como os da América Latina, com destaque para o Brasil. A abertura da economia nacional intensificada principalmente durante o governo FHC ( ) contribuiu para que houvesse uma grande entrada de capital estrangeiro no país fruto, de uma série de mudanças que vieram ocorrendo dentro do cenário econômico brasileiro a partir da década de Desde que as empresas estrangeiras passaram a atuar com mais intensidade dentro de nossa economia o IED 1 (Investimento externo direto) tem aumentado cada vez mais. Essas grandes empresas foram se expandindo ao longo de todo o território nacional. Segundo Sarti&Laplane (2002, p.7) muitas das aquisições ocorreram a partir do processo da privatização de empresas públicas (industriais e de serviços públicos como energia elétrica e telecomunicações), no entanto, torna-se muito importante apresentar os efeitos negativos desses processos: enxugamento do número de funcionários, fechamento de filiais, entre outros, como aponta Videira (1999 e 2009) ao analisar o ocorrido no sistema financeiro ante estes processos. Sposito& Bruno apud Krugman, Helpman (2011, p.89) trazem um modelo de internacionalização com base nos níveis produtivos, afirmando que as firmas menos produtivas exportam e as firmas mais produtivas buscam por investimentos diretos estrangeiros (IED). As empresas buscam por atrativos fiscais para a instalação de novas unidades de suas empresas em novos lugares, isto pode ser observado no Paraná a partir 1 Designa um investimento que visa adquirirum interesse duradouro em uma empresa cuja exploração se dá em outro país que não o do investidor, sendo o objetivo deste último influir efetivamente na gestão da empresa em questão (CHESNAIS, 1996, p.55)
3 de uma análise do seu investimento direto estrangeiro, onde também é possível identificar os atores hegemônicos que participam e comandam o uso do território no Estado, e nesse sentido o aumento do IED no Paraná nas duas últimas décadas é significativo. Quando focamos essa discussão para o interior paranaense, observamos que tais processos estão relacionados com a abertura da economia na década de 1990, como aponta Gonçalves (1999). Esse aumento expressivo acompanha uma tendência brasileira de maciça entrada de capital estrangeiro a partir da mesma década, fruto da abertura da economia brasileira atrelada à adoção de uma política neoliberal carregada de processos de desnacionalização da economia brasileira. A história econômica paranaense teve três momentos principais, o primeiro aconteceu na década de 1960 quando houve à construção das rodovias, ferrovias, porto marítimo, rede de telecomunicações, energia elétrica e armazenagem pública. O segundo aconteceu por meados de 1970 com a modernização agrícola e agroindustrial além da implantação de um polo cimenteiro na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). O terceiro aconteceu no segundo quinquênio dos anos 70, com a implantação da Cidade Industrial de Curitiba (CIC) e da Refinaria de Petróleo de Araucária. O estado do Paraná tem também uma localização geográfica privilegiada em relação aos principais mercados do país e do cone sul (FIRKOWSKI, 2009, p.61). Ao longo dos anos, o arranjo espacial e a diversidade funcional reforçaram a importância regional de algumas cidades localizadas ao longo das principais rodovias. Como Firkowski (2009, p.133) apresenta, o Paraná tem três polos de grande dinamismo explícitos nos três sistemas identificados: O primeiro pólo compreende a cidade de Curitiba, somando à potencialidade do Centro Industrial da Transformação de Ponta Grossa. O segundo pólo é formado pelas cidades de Maringá e Londrina, as quais dariam atendimento a todo o Norte do Estado. O terceiro pólo fica no eixo das cidades de Cascavel e Guaíra provocando a concentração daquelas atividades necessárias a suportar e impulsionar o dinamismo do Sudoeste e do Oeste paranaense.
4 É principalmente a cidade de Ponta Grossa (localizada nos Campos Gerais), Maringá, Londrina (Mesorregião Norte Central), Cascavel, Toledo e Foz do Iguaçu (Mesorregião Oeste) nosso foco de estudo. OBJETIVOS: Os objetivos da presente pesquisa é analisar a internacionalização da economia paranaense a partir da presença de multinacionais nos Distritos Industriais de Ponta Grossa-PR, Região Norte paranaense (Londrina e Maringá) e da região Oeste (Cascavel, Toledo e Foz do Iguaçu), além de resgatar a formação sócio econômico e espacial dessas regiões. METODOLOGIAS: A fim de buscar subsídios para o propósito desta pesquisa, num primeiro momento recorremos às fontes bibliográficas concernentes ao tema que nos permitiam a compreensão de todo o processo a ser investigado e reconhecimento da formação sócio espacial da Região Oeste, Norte e da cidade de Ponta Grossa. Num segundo momento, procurou-se identificar as empresas localizadas nas cidades já elencadas da mesorregião Oeste do Estado, que possuem participação majoritária ou total do capital estrangeiro, destacando também a origem deste capital, a data de instalação na cidade e o ramo da empresa, nesse sentido uma pesquisa junto ao Ipardes, a Secretaria de Estado da Indústria e Comércio e Desenvolvimento Econômico do Paraná e ao Centro Internacional do Paraná - CIN/PR que constitui num dos membros da Rede Brasileira de Centros Internacionais de Negócios por meio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a FIEP e ao Fecomércio PR todas estas instituições foram úteis para auxiliar na identificação de tais empresas. Ainda, como forma de rastrear todas elas, demandou ainda de uma pesquisa junto aos órgãos responsáveis na cidade de Ponta Grossa e nas cidades que compõe a Região
5 Oeste e Norte do Paraná, como as Prefeitura e Associações Comerciais para complementar as informações que se julgaram necessárias. Em posse desses dados e informações, foram organizadastabelas que possibilitaram uma sistematização dos dados para melhor compreensão, facilitando assim a análise das inter-relações dos mesmos e sua visualização sobre o território. RESULTADOS PRELIMINARES: A partir dos dados coletados sobre as indústrias de Ponta Grossa, pode-se observar uma presença significativa de empresas com capital de origem dos Estados Unidos, França e Japão e também que há uma forte concentração de empresas que atuam nos ramos alimentícios, agrícola, bens de consumo e metalúrgico, sendo estes os principais atuantes na economia de Ponta Grossa. Na região Oeste, na cidade de Cascavel, nota-se a presença intensa de empresas dos Estados Unidos, seguido por Canadá e Alemanha, sendo os ramos agrícolas e bens de consumo mais atuantes. Toledo tem a presença exclusiva de empresas dos Estados Unidos, dos ramos agrícolas e bens de consumo e Foz do Iguaçu, possui muitas empresas do Paraguai (pela sua localização próxima e outros atributos) e ainda com algumas empresas alemãs, colombianas e suecas, atuantes nos ramos atacadistas, energia e de combustíveis. E por fim a região Norte, que após a pesquisa sobre as empresas de capital estrangeiro que lá atuam, foi possível identificar que em Londrina e Maringá tem a forte presença de empresas de capital de empresas dos Estados Unidos, Alemanha e Itália, dos ramos de peças, serviços e agrícolas. Considerando que a pesquisa ainda encontra-se em fase de desenvolvimento, não conseguimos sistematizar uma análise desses dados, mas podemos arriscar que as regiões mais dinâmicas do interior do Paraná tem se destacado em relação a presença de empresas com capital estrangeiro atuantes nos mais variados segmentos, empresas que compõem grandes grupos transnacionais e que veem nessas cidades oportunidades de crescimento e acumulação de capital. REFÊRENCIAS:
6 BRUM, Argemiro Luís. A economia internacional na entrada do séc. XXI. Rio Grande do Sul: Editora Unijuí, CHESNAIS, François. A mundialização do capital. São Paulo: Editora Xamã, FIRKOWSKI, Olga Lucia C. de F. Dinâmicas Intrametropolitanas e Produção do Espaço na Região Metropolitana de Curitiba. Curitiba: Editora Letra Capital, SARTI, Fernando, LAPLANE, Mariano F. O Investimento Direto Estrangeiro e a internacionalização da economia brasileira nos anos Economia e Sociedade, Campinas, v. 11, n. 1 (18), p , jan./jun SANTOS, Leandro Bruno, SPOSITO, Eliseu Savério. A internacionalização do capital: Abordagens para a leitura das dinâmicas das grandes empresas internacionais. In: COSTA, Pierre Alves, FAJARDO Sergio, VIDEIRA, Sandra Lucia. Geografia Econômica (re)leituras contemporâneas, Rio de Janeiro, ed. Letra Capital. 2011, p VIDEIRA, Sandra L. Globalização financeira: um olhar geográfico sobre a rede dos bancos estrangeiros no Brasil. 1. ed. Guarapuava: Editora Unicentro, 2009.
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