SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFESSORES DA REDE PÚBLICA NO MUNICÍPIO DE RIO BRANCO-MT.

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1 SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFESSORES DA REDE PÚBLICA NO MUNICÍPIO DE RIO BRANCO-MT. INTRODUÇÃO FERRARI, Diana Carla- UNEMAT. FERRARI, Rogério. UNEMAT. MAGALHÃES, Josiane- UNEMAT. BECK, Marcelo Luiz Grassi- UNEMAT. No início da carreira profissional, os recém formados como professores dispõem de toda energia e expectativa para atuarem e desenvolverem o conhecimento adquirido na vida acadêmica. Nesta época os jovens ainda buscam descobrir a si mesmos, evidenciando um período de transição e adaptação do fim da fase da vida acadêmica para a responsabilidade de ser docente. O trabalho que constitui um dos aspectos mais importantes na formação da identidade do indivíduo, em que ocorre uma afirmação de si mesmo e o desenvolvimento mais complexo da interação social, pode vir a ser um fator de estresse. Assim, muitos estudos apontam esse estresse entre os profissionais da educação (BARBOZA, BERESIN, 2007). Os baixos salários, associados à precariedade do trabalho docente impelem os profissionais da educação a assumirem empregos em várias escolas, na tentativa de complementar seus rendimentos mensais. Trabalhar nessas condições implica mais horas de deslocamentos, maior esforço de adaptação a diferentes ambientes e preparação de atividades escolares distintas, contribuindo para a sobrecarga física e cognitiva do profissional (LEVY, SOBRINHO, SOUZA, 2009). A primeira reação do estresse ligado ao trabalho é a sensação de exaustão, esgotamento, sobrecarga física e mental, e dificuldades de relacionamento. O ceticismo aparece como tentativa de se proteger da exaustão. As pessoas se tornam mais distantes e frias com relação ao trabalho e aos colegas, uma vez que sentem que é mais seguro ficar indiferente. Como conseqüência desse distanciamento, vem à ineficiência. Quando os profissionais se tornam ineficientes, perdem a confiança na própria capacidade de fazer diferença, e, à medida que perde a autoconfiança, os outros também perdem a confiança neles (LIMA et al, 2007).

2 Frente a essas questões, fica evidente que, tanto na natureza do trabalho do professor como no contexto em que exerce suas funções, existem diversos estressores que, se persistentes, podem levar à síndrome de Burnout (PALAZZO, CARLOTTO, 2006). Considerando isso, despertou-se o interesse de analisar sociodemograficamente e classificar o índice de Síndrome de Burnout em professores da rede pública no município de Rio Branco-MT, além de verificar o conhecimento que esses possuem sobre a doença. Este município esta situado a sudoeste mato-grossense, microrregião do alto pantanal á 342 Km da capital Cuiabá, teve sua origem na Antiga Colonização Alto Guaporé-Jauru. Foi criada em 22 de maio de 1953 e elevou-se à categoria de Município em 13 de dezembro de 1979, desmembrando-se do Município de Cáceres. A denominação do município foi em homenagem ao rio branco, curso d água que banha a cidade (FERREIRA, 2004). Segundo estimativas do senso IBGE em 2009, a população total do Município é de habitantes, sua econômia baseia-se na agricultura, indústria e pecuária, sendo esta a de maior importância municipal. O município é composto por quatro escolas, sendo duas estaduais e duas municipais com aproximadamente 1100 alunos matriculados sendo da zona rural e urbana e aproximadamente 60 professores atuantes entre o ensino pré-escolar, fundamental e médio. No momento atual, a Síndrome de Burnout apresenta-se como um dos grandes problemas psicossociais que estão a afetar profissionais de diversas áreas. Esta realidade tem gerado grande interesse e preocupação não só da comunidade científica, mas também de entidades governamentais, empresariais, educacionais no Brasil, devido à severidade das conseqüências, tanto individuais quanto organizacionais, apresentadas pela Síndrome, especialmente como fator de interferência nas relações interpessoais do professor e no ambiente do trabalho em que esse atua. FREUDENBERGER (1974) criou a expressão STAF F BURNOUT para descrever uma síndrome composta por exaustão, desilusão e isolamento em trabalhadores da saúde mental (TRIGO, TENG, HALLAK, 2007). O termo inglês Burnout significa queimar ou destruir-se pelo fogo. É uma síndrome do meio laboral caracterizada por um processo de resposta de cronificação ao estresse ocupacional, quando os métodos de enfrentamento falham ou são insuficientes, trazendo consigo conseqüências negativas tanto em nível individual, como profissional, familiar e social (BARBOZA, BERESIN, 2007).

3 No contexto da psicologia, a definição mais utilizada tem sido a de MASLACH & JACKSON (1986) apud PEREIRA, 2002 em que o Burnout é referido como uma síndrome multidimensional constituída por exaustão emocional, desumanização e reduzida realização pessoal no trabalho. De forma geral, toda e qualquer atividade pode vir a desencadear um processo de Burnout, no entanto, algumas profissões têm sido apontadas como mais predisponentes por características peculiares das mesmas. As ocupações cujas atividades estão dirigidas a pessoas e que envolvam contato muito próximo, preferentemente de cunho emocional, são tidas de maior risco ao Burnout. Assim sendo, têm-se encontrado um número considerável em pessoas que se dedicam à docência (PEREIRA, 2002) Professores tem sido alvo de diversas investigações, pois no exercício profissional da atividade docente encontram-se presentes diversos estressores psicossociais, alguns relacionados à natureza de suas funções, outros relacionados ao contexto institucional e social onde estas são exercidas. Estes estressores, se persistentes, podem levar à Síndrome de Burnout, considerada por Harrison (1999) como um tipo de estresse de caráter persistente vinculado a situações de trabalho, resultante da constante e repetitiva pressão emocional associada com intenso envolvimento com pessoas por longos períodos de tempo (GUGLIELMI & TATROW, 1998 apud CARLOTTO, 2002). Burnout em professores afeta o ambiente educacional e interfere na obtenção dos objetivos pedagógicos, levando estes profissionais a um processo de alienação, desumanização e apatia e ocasionando problemas de saúde e absenteísmo e intenção de abandonar a profissão (GUGLIELMI & TATROW, 1998 apud CARLOTTO, 2002). Assim sendo, cabe a todos os profissionais comprometidos com a saúde do trabalhador, difundir e alertar os colegas sobre as causas e sintomas presentes nesta síndrome, a fim de prevenir essas complicações, permitindo o resgate dos direitos do trabalhador, bem como de sua dignidade. Dessa forma, torna-se importante identificar o nível de acometimento em relação à síndrome de Burnout entre os profissionais docentes, visto que é a melhor maneira para tentar equilibrar as atividades e diminuir os índices de acometimento, prevenindo uma complicação maior, propiciando uma melhor qualidade de vida a esses docentes e a reabilitação profissional.

4 DESENVOLVIMENTO Realizamos primeiramente uma revisão bibliográfica com importantes fontes de dados como: Medline, Scielo, Lilacs, entre outros. A busca foi feita para o período compreendido entre 2000 e 2010, cruzando-se o unitermo Burnout com docentes, selecionando-se artigos publicados na língua portuguesa. Após a seleção dos artigos, iniciou-se a coleta de dados. O presente estudo caracteriza-se por ser de abordagem descritiva quantitativa. Sendo realizado junto aos professores da rede pública municipal e estadual no município de Rio Branco-MT. Foi realizado um estudo de Julho a Agosto de 2010 com uma amostra de 46 professores atuando na rede municipal e estadual, sendo aplicado o Inventário Síndrome de Burnout de Maslach (MBI) e um questionário elaborado pelo núcleo de ciências humanas da Universidade do Estado de Mato Grosso. Os critérios de inclusão na pesquisa foram estarem atuando como professor na rede pública, podendo ser municipal ou estadual e consentirem em participar da pesquisa. Como instrumento de avaliação do presente estudo foi utilizado o Inventário Burnout Maslach (MBI), elaborado por Cristina Maslach. O MBI é um questionário para ser respondido por meio de uma escala de freqüência de cinco pontos que vai de um (nunca) até cinco (sempre). Este apresenta três subescalas: exaustão emocional (EE), despersonalização (DP) e envolvimento pessoal no trabalho (EPT). Exaustão emocional consiste em nove itens e refere-se ao esgotamento tanto físico como mental, ao sentimento de haver chegado ao limite das possibilidades, enquanto Despersonalização a cinco itens e consiste em alterações das atitudes do indivíduo ao entrar em contato com os usuários de seus serviços, passando a demonstrar um contato frio e impessoal ao sofrimento. Por fim, envolvimento pessoal no trabalho corresponde a oito, mensurando a percepção da influência dos outros, o bem-estar com o trabalho, bem como a relação dos professores com seus problemas, evidenciando o sentimento de insatisfação. Totaliza, portanto, 22 itens que indicam a freqüência das respostas, numa escala de pontuação. Neste estudo, adotamos o sistema de pontuação de 1 a 5, sendo 1 para nunca, 2 para algumas vezes ao ano, 3 para algumas vezes ao mês, 4 para indicar algumas vezes na semana e 5 para diariamente. A variável Burnout é estimada

5 através do cálculo da média das pontuações obtidas em cada dimensão. A exaustão emocional é avaliada por nove itens, a despersonalização por cinco e a realização pessoal por oito. As notas de coorte utilizadas foram às empregadas no estudo de Maslach. Para exaustão emocional, uma pontuação maior ou igual a 27 indica alto nível; de 19 a 26 nível moderado; e menor que 19 nível baixo. Para despersonalização, pontuações iguais ou maiores que 10 indicam alto nível, de seis a nove nível moderado e menores de seis nível baixo. A pontuação relacionada à realização pessoal vai em direção oposta às outras, uma vez que pontuações de zero a 33 indicam alto nível, de 34 a 39 nível moderado e maior ou igual a 40, baixo (TUCUNDUVA, GARCIA, PRUDENTE et al, 2006). O MB possui validez fatorial e consistência interna de suas escalas satisfatórias. A validez convergente e a divergente são igualmente aceitáveis e não apresentam problemas especiais. Assim sendo, quando tivermos altas pontuações em EE e DP associados a baixos valores em EPT, concluímos que o indivíduo apresenta a síndrome de Burnout. Na entrevista utilizou-se também um questionário elaborado pelo núcleo de ciências humanas da universidade do estado do mato grosso, sendo o objetivo conhecer o perfil epidemiológico dessa população. Este instrumento era composto de questões sobre dados demográficos: sexo, idade, estado civil, filhos e profissionais: titulação, nível de ensino, turno de trabalho, tempo de experiência profissional, tempo de experiência na escola, carga horária semanal, número de alunos que atende diariamente e se trabalha exclusivamente na instituição. Na coleta de dados realizamos os seguintes procedimentos: solicitamos autorização para a pesquisa junto à diretora da instituição na qual foi realizada a coleta dos dados, sendo esta instruída a assinar um termo de autorização. Em seguida, foi assinado o Termo de Compromisso do Pesquisador. Após isso, os professores foram instruídos e convidados a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, passando para a próxima etapa que consistiu no preenchimento dos dados sociodemográficos, e por fim ao Maslach Burnout Inventory. Os instrumentos foram aplicados para os professores de todos os turnos de trabalho, sendo preenchidos no local e recolhidos em seguida, garantindo assim maior número e maior confiabilidade.

6 Foram entregues no total 55 questionários aos professores da rede pública municipal e estadual, atuantes no ensino pré-escolar, fundamental e médio do município de Rio Branco-MT, sendo respondidos e devolvidos 46 questionários. No grupo estudado de 46 professores, a população foi, em sua maioria, composta por mulheres (76%), a faixa etária de maior concentração foi compreendida entre 31 e 35 anos de idade (29%), sendo o estado civil predominante o casado com (57%). Em relação a filhos, os professores que referiram ter um foram seis (14%), (dois) vinte (43%), (três) foram quatro (9%), (cinco) dois (4%) e referiram nenhum quatorze (30%). Quanto à religião, mais da metade dos professores, ou seja, 87% referiram ser praticante de uma religião, dos quais 67% eram católicos. Em relação à habitação, 87% dos professores afirmaram residir com a família e possuir casa própria. Os docentes atuam de forma desigual nos dois níveis de ensino: Fundamental (57%) e Médio (7%), sendo que 36% desenvolvem suas atividades em ambos os níveis. A maioria trabalha mais de vinte horas semanal (57%), atua em uma turma (46%) e contata diariamente com aproximadamente 21 a 30 alunos. A quase totalidade dos professores desenvolve atividades docentes em horário extraclasse (92%), a formação acadêmica predominante foi pedagogia (39%), com tempo médio de trabalho na área de 11 a 15 anos (28%). Quanto aos índices de Burnout, verificou-se que a diminuição da realização pessoal no trabalho foi o que apresentou índices mais altos com 78%, seguida pela exaustão emocional 30%, sendo que a de menor índice foi à despersonalização 22%. Pode-se observar que alguns professores apresentaram baixo/moderado nível em duas dimensões do Burnout concomitantemente: desgaste e despersonalização 61%. No entanto, seis professores (13%) apresentaram alto nível nas duas dimensões e 36 professores (78%) apresentaram alto nível na dimensão do envolvimento pessoal no trabalho. Os professores com alto nível em pelo menos uma das dimensões do Burnout totalizaram: exaustão emocional dez (21,74%), diminuição do envolvimento pessoal no trabalho trinta e seis (78,26%) e despersonalização vinte e oito (60,80%) professores. Dos professores do sexo feminino, onze (31%) apresentaram exaustão emocional e sete (20%) despersonalização em alto nível, contra três (27%) do sexo masculino que relataram alto nível de exaustão emocional e despersonalização. Na dimensão diminuição do envolvimento pessoal no trabalho o sexo feminino teve o maior índice com vinte e sete (58,69%) contra nove (19,56%) do sexo masculino. Os docentes que relataram serem casados vinte e seis (57,52%) apresentaram alto nível de exaustão emo-

7 cional sete (26,92%), despersonalização quatro (15,38%) e vinte e um (80,76%) apresentou diminuição na dimensão envolvimento pessoal no trabalho. Em contrapartida, dos 14 docentes solteiros, quatro (28,57%) apresentaram alto nível de exaustão emocional, quatro (28,57%) despersonalização e dez (71,42%) diminuição no envolvimento pessoal no trabalho. Dos professores que não possuem filhos, cinco (35,71%) tinham um alto nível de exaustão emocional, quatro (28,57%) em despersonalização e oito (57,14%) em diminuição do envolvimento pessoal no trabalho. Já os que relataram ter dois filhos cinco (25%) possuíam exaustão emocional e despersonalização alta, e 18 (90%) em envolvimento pessoal no trabalho diminuído. Na associação entre o tempo de trabalho na área com as três dimensões de Burnout. Verifica-se que os professores que possuíam tempo de trabalho na área entre 11 a 15 anos e 21 a 25 anos apresentaram maior alteração nas três dimensões de Burnout. Assim, dos 13 professores que tinham de onze a quinze anos de trabalho, quatro apresentaram alto nível de exaustão emocional, um despersonalização e onze diminuição no envolvimento pessoal no trabalho. Dos professores que tinham de 21 a 25 anos de trabalho, quatro apresentaram exaustão emocional, três despersonalização e oito diminuição no envolvimento pessoal no trabalho, sendo que alguns deles apresentaram alteração em mais de uma das dimensões. Analisando a relação da carga horária semanal com as três dimensões de Burnout. Podemos perceber que os professores com maior alteração nas três dimensões de Burnout foram aqueles com carga horária semanal de 21 a 30 horas. Desta forma dos vinte e seis professores que trabalhavam 21 a 30 horas semanais, oito apresentaram alto nível de exaustão emocional, (seis) despersonalização e vinte e dois apresentaram diminuição no envolvimento pessoal no trabalho; quando comparados com aqueles que tinham uma carga horária maior. Aqui, também é possível observar que alguns professores apresentaram alteração em mais de uma dimensão de Burnout. Na correlação entre trabalhar em mais de uma instituição com as três dimensões de Burnout. Observa-se que os docentes com maior alteração nas três dimensões de Burnout foram aqueles que trabalhavam apenas em uma instituição. Desse modo, dos 39 professores que tinham apenas um vínculo de trabalho, 21 eram da rede municipal e 18 da rede estadual. Desses, os que apresentaram maior índice nas três dimensões de Burnout foram os das escolas estaduais, sendo que sete (38,88%) apresentaram alto nível de exaustão emocional, sete (38,88%) despersonalização, dezesseis (88,88%)

8 diminuição no envolvimento pessoal no trabalho. Aqui também é possível observar que alguns dos enfermeiros tiveram alteração em mais de uma das dimensões. Fazendo a associação entre as três dimensões do Burnout e o número de alunos assistidos pelos professores. Percebe-se que aqueles que atendem 21 a 30 alunos por dia apresentavam maior alteração nas três dimensões de Burnout. Assim, dos 21 professores que lecionavam para esse tanto de alunos, seis apresentaram alto nível de desgaste emocional, cinco despersonalização, dezessete diminuição no envolvimento pessoal no trabalho. Apenas um professor atendia mais do que 30 alunos, e este apresentou alto índice de exaustão emocional e diminuição no envolvimento pessoal no trabalho. No grupo estudado de 46 docentes, aproximadamente 96 % referiu não conhecer a doença. Apenas 4% afirmaram que conhecia, no entanto, afirmou apenas que Síndrome de Burnout era uma doença que levava a desistência da profissão. Para determinar as alterações nas dimensões do Burnout foram verificados, a princípio, os dados de cada dimensão. Os professores com alto nível em pelo menos uma das dimensões do Burnout totalizaram: dez (21,74%) com exaustão emocional, trinta e seis (78,26%) apresentando diminuição do envolvimento pessoal no trabalho e vinte e oito (60,80%) dos professores com despersonalização. Analisando os dados, viu-se a necessidade de destacar alguns pontos com relação às características demográficas e ocupacionais da população estudada. Um deles é que a maior parte da população era composta por mulheres, o que é relatado em alguns estudos, como um fator predisponente ao Burnout. Assim, verificou-se que, dos 35 professores do sexo feminino, a maioria apresentou exaustão emocional onze (31%) e sete (20 %) despersonalização em alto nível, contra três (27%) do sexo masculino que relataram alto nível de exaustão emocional e despersonalização. Na dimensão diminuição do envolvimento pessoal no trabalho o sexo feminino teve o maior índice com vinte e sete (58,69%) contra nove (19,56%) do sexo masculino. Os professores do sexo masculino apresentaram desgaste emocional, despersonalização e envolvimento pessoal no trabalho em menor dimensão do que o feminino. Sendo assim pode-se observar que as mulheres estão mais estressadas. Isto pode ser decorrente da dedicação às atividades relacionadas à vida em família e atividades domésticas. No que se refere à idade, a maior parte do grupo analisado possuía entre 31 a 35 anos de idade, ou seja, indivíduos relativamente jovens, o que é relatado em alguns estudos sobre o Burnout como um fator que predispõe à Síndrome, já que pessoas mais jovens teriam alta expectativa frente ao trabalho. Com relação ao estado civil, obteve-se

9 que entre os professores casados, a maioria apresentou altos níveis de Burnout. Esse resultado vai em direção contrária ao que relata alguns estudos de que o estado civil casado serve como um fator protetor contra o Burnout. Dos professores que não possuem filhos, cinco (35,71%) tinham um alto nível de exaustão emocional, quatro (28,57%) em despersonalização e oito (57,14%) em diminuição do envolvimento pessoal no trabalho. Já os que relataram ter dois filhos cinco (25%) possuíam exaustão emocional e despersonalização e 18 (90%) em envolvimento pessoal no trabalho diminuído. Sendo assim pode-se observar que a quantidade de filhos ou a ausência desses não interferiu no desenvolvimento de escores para a Síndrome. Isto se contrapõe aos achados da literatura, que demonstram que sujeitos com filhos apresentam menor índice de exaustão emocional e descrevem que a estabilidade afetiva e o fato de ser pai ou mãe melhoram o equilíbrio do indivíduo para resolver situações conflitantes. Na associação entre o tempo de trabalho na área com as três dimensões de Burnout, verifica-se que os professores que possuíam tempo de trabalho na área entre 11 a 15 anos e 21 a 25 anos apresentaram maior alteração nas três dimensões de Burnout. Assim, dos 13 professores que tinham de onze a quinze anos de trabalho, quatro apresentaram alto nível de exaustão emocional, um despersonalização e onze diminuição no envolvimento pessoal no trabalho. Dos professores que tinham de 21 a 25 anos de trabalho, quatro apresentaram exaustão emocional, três despersonalização e oito diminuição no envolvimento pessoal no trabalho; sendo considerado que alguns deles apresentaram alteração em mais de uma das dimensões. Isto comprova os dados da literatura sobre o Burnout, que evidencia uma relação entre um maior tempo de atuação e o desenvolvimento da síndrome. Alguns autores descreveram que após um tempo maior de atuação na profissão, o profissional pode entrar em um período de sensibilização, tornando-se mais vulnerável. Essa sensibilização deve-se ao fato de que, após esse tempo de exercício profissional, já houve a transição das expectativas idealistas iniciais da profissão para a prática cotidiana, visualizando-se que as recompensas pessoais, profissionais e econômicas não são as mesmas daquelas esperadas. Com relação à carga horária percebe-se que os professores com maior alteração nas três dimensões de Burnout foram aqueles com carga horária semanal de 21 a 30 horas, quando comparados com aqueles que tinham uma carga horária maior. Os achados da literatura indicam que uma dupla jornada de trabalho, que poderia aumentar a carga

10 horária semanal, levaria a uma exaustão emocional maior. Sendo assim esse resultado pode ter ocorrido devido à diferença entre o número de professores com carga horária menor, que são em maior número do que os com carga horária maior, o que torna difícil a comparação. Mesmo sendo a maior parte dos professores atuantes em somente uma instituição, a maioria teve desvios nas dimensões do Burnout. Desses professores, a maioria apresentou algum tipo de desvio nas dimensões, sendo 39 professores com apenas um vínculo de trabalho, 21 eram da rede municipal e 18 da rede estadual. Desses, os que apresentaram maior índice nas três dimensões de Burnout foram os das escolas estaduais, sendo que sete (38,88%) apresentaram alto nível de exaustão emocional, sete (38,88%) despersonalização, dezesseis (88,88%) diminuição no envolvimento pessoal do trabalho. No entanto pode-se observar que o número de instituições em que se trabalha, não influenciou no aparecimento de escores de Burnout, no entanto outras variáveis podem estar atuando. Com relação ao número de alunos, percebeu-se que os professores que assistiam um maior número de alunos por dia apresentaram maior alteração nas três dimensões de Burnout, do que aqueles que trabalhavam com menos alunos. Esses resultados se igualam a muitos estudos realizados, mostrando que o contato com muitos alunos, pode expor o profissional a estresse diário e consequentemente desencadear a síndrome de Burnout. CONCLUSÃO Quanto à identificação de Burnout em professores, concluiu-se que quatorze (30%) apresentou alto nível de exaustão emocional, dez (21,73%) apresentaram alto nível de despersonalização e trinta e seis (78,26%) professores apresentaram alto nível de diminuição do envolvimento pessoal no trabalho. Certamente há necessidade de aprofundamento dos resultados obtidos, sendo investigadas outras variáveis relacionadas à experiência desses profissionais. Porém, os resultados encontrados sinalizam a importância de intervenções sobre os professores atuantes, aqueles que possuem muitos anos de profissão e principalmente os que estão iniciando. Assim, esses resultados deverão juntar-se a outras pesquisas para subsidiar políticas públicas no sentido da instalação de serviços de caráter preventivo na rede municipal e estadual de educação, humanizando o posto de trabalho docente sob os aspectos de saúde, bem estar físico e mental. Possivelmente este seja um caminho mais

11 efetivo em termos de prevenção primária da síndrome no campo dos profissionais, ações neste campo devem contemplar revisão de estratégias de apoio e orientações necessárias, onde a partir destas questões, poderemos avançar na elaboração de ações de atendimento, de forma contextualizada, para prevenir constantes afastamentos do trabalho, altos índices de absenteísmo, abandono da profissão, problemas no convívio interpessoal com colegas e alunos, baixa produtividade em sala de aula e tantas outras variáveis, que podem ser identificadas como incapacidade do professor de lidar com a Síndrome de Burnout. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOZA, J.I.R.A; BERESIN, R. A Síndrome de Burnout em graduandos Enfermagem, Disponível em: einstein portugues pdf. Acessado em 10 de agosto de CARLOTTO, M.S. A Síndrome de Burnout e o trabalho docente. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 7, n. 1, p , jan./jun Disponível em: g=pt. Acessado em 11 de agosto de FERREIRA, J.C.V. Enciclopédia Ilustrada de Mato Grosso. Cuiabá: Buriti, FERREIRA, J.C.V. Anuário Estatístico de Mato Grosso. Associação Mato-Grossense dos Municípios-AMM, LIMA, F.D; BUUNK, A.P; ARAÚJO, M.B.J; CHAVES, J.G.M; MUNIZ, D.L.O; QUEIROZ, L.B. Síndrome de Burnout em residentes da universidade de Uberlândia Rev. Bras. De educação médica, Disponível em: Acessado em 30 de julho de PALAZZO, M.S; CARLOTTO, L.S. Síndrome de Burnout e fatores associados: um estudo epidemiológico com professores. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, Disponível em: Acessado em 10 de agosto de PEREIRA, A.M.T.B. A Sindrome de Burnout, Disponível em: Acessado em 10 de agosto de TRIGO, T.R; TENG, C.T; HALLAK, E.C. Síndrome de Burnout ou estafa profissional e os transtornos psiquiátricos. Rev. Psiq. Clínica 34 (5), Disponivel em: Acessado em 13 de agosto de TUCUNDUVA, L. T. C. M; GARCIA, A. P; PRUDENTE, F. V. B. A síndrome da estafa profissional em médicos cancerologistas brasileiros. Rev. Assoc. Med. Bras,

12 2006. Disponível em: Acessado em 15 de agosto de 2010.