Debate Sobre a Desoneração da Folha de Pagamento
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- Victor Vilarinho Lagos
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1 Debate Sobre a Desoneração da Folha de Pagamento Julho de
2 Debate sobre desoneração da folha de pagamento deve ser feito com cautela e tendo como ponto de partida a compensação vinculada (principal fonte de financiamento do RGPS); Debate deve ser visto como mudança da base tributária ou de financiamento alterar base da folha de pagamento para outra (faturamento ou outra); Segurança e garantia de que as receitas totais e o financiamento do Regime Geral de Previdência Social serão preservados gradualismo; A discussão da alteração de base de financiamento deve levar em consideração impactos sobre equidade, eficiência, competitividade e o emprego; Avaliar outras alternativas em relação à competitividade? O expressivo incremento do emprego nos anos 2000, ocorreu sem alteração da carga tributária, apenas com a melhora do crescimento econômico sustentado. 2
3 Breve Histórico 3
4 Fórum Nacional de Previdência Social Nos últimos anos, a discussão em torno da desoneração da contribuição patronal tem se intensificado e foi discutida no âmbito do Fórum Nacional da Previdência Social (FNPS); O Fórum Nacional de Previdência Social composto por representantes dos trabalhadores, dos empregadores e do governo, concluído em outubro de 2007, teve como um dos seus consensos a busca pela desoneração da folha de salários sem aumento da carga tributária, (...) mantendo se o equilíbrio financeiro do Regime Geral de Previdência Social (RGPS): deve ser buscada a desoneração da folha de salários sem aumento da carga tributária e conjugada com ações voltadas para a ampliação da formalização e da base de contribuintes, mantendo se o equilíbrio financeiro. 4
5 Importância da Arrecadação sobre Folha no financiamento do RGPS e a maior estabilidade da folha em relação a outras bases (faturamento) 5
6 Ano Arrecadação Contribuição Empregadores Arrecadação Total Participação no Total em % , , , , ,4 Fonte: SPS/MPS Obs. R$ correntes Tabela 1 Arrecadação Total e Contribuições de Empregadores para o RGPS 2006/2010 Inclui também Contribuição em regime de parcelamento, Reclamatória trabalhista, Contribuição Previdenciária na forma de Depósitos Judiciais e Recolhimento de Custas e Programas de recuperação fiscal. Não inclui a retenção sobre nota fiscal. 6
7 Desoneração de 1% implica perda de arrecadação estimada de R$ 26,5 bilhões no período de 2011 a Impacto na Arrecadação do Regime Geral da desoneração de 1% em R$ milhões TOTAL Série Fonte: DRGPS/SPPS/MPS 7
8 Evolução Contribuição Patronal da Previdência e COFINS 2004= ,0 200,0 180,0 160,0 140,0 120,0 100, Empregadores COFINS Fonte: DRGPS/SPPS/MPS 8
9 Variação anual da Contribuição Patronal Previdenciaria e da COFINS em % 25,00% 20,00% 15,00% 10,00% 5,00% 0,00% 5,00% Empregadores COFINS Fonte: DRGPS/SPPS/MPS 9
10 A arrecadação sobre folha para Previdência cresceu 96% nos anos de 2005 a 2010 (11,9%a.a.), mais que a COFINS (76% ou 9,9%a.a.); A folha de salários é uma base mais estável que o faturamento, como ficou claro em 2009 houve queda na arrecadação real da ordem de 3% e crescimento real da arrecadação previdenciária da ordem de 6%. 10
11 O debate do ponto de vista do mercado de trabalho e da geração de empregos formais 11
12 Em comum, os três argumentos pró desoneração da folha salarial sustentavam o diagnóstico de que vivíamos uma crise do mercado de trabalho formal. Esse diagnóstico se apoiava na PME/IBGE, pesquisa realizada mensalmente nas 6 principais regiões metropolitanas do País. 60% Participação na ocupação, segundo posição ( ) 50% 40% 30% 20% 10% 0% Fonte: PME/IBGE. CC CP EM SC Inf 12
13 Entretanto, trabalhos publicados ainda nos primeiros anos da década anterior, tendo como base a PNAD/IBGE, demonstraram que a redução da formalidade era um problema metropolitano, e não de todo o País. Participação dos trabalhadores com carteira e dos trabalhadores contribuintes no total dos ocupados 55% 50% 49,4% 45% 43,6% 40% 35% 30% 29,6% 32,2% 25% 20% Fonte: PNAD/IBGE. CC Contribuintes 13
14 De acordo com dados da RAIS foram gerados cerca de 15,4 milhões de empregos formais no período de 2003 a A GFIP registrou a geração de cerca de 2,7 milhões de vínculos formais em Geração de Empregos Formais RAIS Geração de Empregos Formais RAIS
15 Estimativa da necessidade de aumento do número de contribuintes do RGPS para compensar uma política de redução progressiva da contribuição previdenciária em 1 ponto percentual ao ano entre 2011 e Um dos argumentos utilizados para se efetivar da desoneração da folha de salários é que a redução do custo do fator trabalho para a empresa estimulará a formalização de postos de trabalho hoje informais e também o aumento do emprego. Quanto à formalização cabe observar que o principal efeito da desoneração será sobre as médias e grandes empresas (onde o nível de informalidade é pequeno), uma vez que as micro e pequenas empresas já têm desoneração total da contribuição previdenciária patronal sobre a folha de salários. Da mesma forma, a redução do custo do fator trabalho não implica diretamente em aumento do emprego, uma vez que o nível de produção e, conseqüentemente o nível de emprego, é determinado por um extenso conjunto de variáveis, muitas das quais são tão ou mais importantes do que o custo da mão de obra, que será afetado apenas parcialmente pela redução da contribuição previdenciária. 15
16 Eficiência/Competitividade e Equidade 16
17 Caso a desoneração seja compensada por meio de alíquota específica em uma base tributária que incida sobre toda sociedade: a) a regressividade do sistema tributário brasileiro pode aumentar; b) os mais pobres passam a contribuir para o sistema previdenciário, sem necessariamente ter ganhos do ponto de visto de inclusão previdenciária; e c) o descolamento entre contribuições e benefícios aumente, minando o suporte social e político do sistema previdenciário. Os custos de uma desoneração sem compensação teriam fortes impactos sobre as contas do Regime Geral de Previdência Social (RGPS). 17
18 Se o objetivo da desoneração é aumentar a competitividade, cabe avaliar se não existem outras alternativas melhores; Obviamente, não deve ser papel exclusivo do financiamento da Previdência Social atenuar efeitos da valorização cambial sobre a competitividade; A contribuição patronal previdenciária não é o único encargo sobre a folha de pagamento, mas cabe debater o processo de mudança de base de financiamento em relação a outros encargos, em especial, aqueles que não têm necessidade de vinculação com os salários benefícios previdenciários tradicionalmente são calculados como média dos salários; 18
19 Diversidade da Base de Financiamento 19
20 É importante destacar que a legislação previdenciária já comporta uma série de tratamentos tributários diferenciados para determinadas categorias de atividades econômicas, com desoneração total ou parcial da folha de salários/mudança da base de financiamento para outras bases. Na realidade, a diversidade da base de financiamento é uma característica fundamental da seguridade social no Brasil. 20
21 Já há tratamentos diferenciados: a) associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional, cuja contribuição patronal foi substituída por percentual incidente sobre a receita bruta que especifica espetáculos desportivos de que participem em todo território nacional, em qualquer modalidade desportiva, inclusive jogos internacionais, e de qualquer forma de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e de transmissão de espetáculos desportivos; ( 6º do art. 22, da Lei nº de 1991); b) micro e pequena empresa optante pelo Simples Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, cuja contribuição patronal passou a integrar a alíquota unificada incidente sobre o respectivo faturamento; (Lei Complementar nº 123, de 2006, com as alterações introduzidas pelas Leis Complementares 127, de 2007 e 128, de 2008); c) produtor rural inscrito como pessoa física, cuja contribuição patronal foi substituída por percentual da receita proveniente da comercialização da produção; (art; 25 da Lei nº 8.212, de 1991, na redação dada pela Lei nº 8.398, de 7 de janeiro de 1992); d) produtor rural pessoa jurídica, cuja contribuição patronal também passou a corresponder a parte da receita de comercialização da produção; (art. 25 da Lei 8.870, de ); e) agroindústria, tal como o produtor rural pessoa jurídica; (art. 22 A da Lei 8.212, de 1991, acrescentado pela Lei nº , de ); f) empresa prestadora de serviço de tecnologia da informação TI e/ou de tecnologia da informação e comunicação TIC, que podem ter redução de alíquotas das contribuições previdenciárias. (art. 14 da Lei , de 2008); 21
22 Renúncia Fiscal Os tratamentos tributários diferenciados, a substituição da contribuição previdenciária incidente sobre a folha de salário por contribuição incidente sobre o faturamento (fonte prevista no inciso I, alínea b do art. 195 da CF), visando manter a receita da Previdência Social. O tratamento diferenciado dado a segmentos considerados especiais e com reduzida capacidade contributiva pode gerar perda de receita, tecnicamente denominada por renúncia fiscal. A Lei de Responsabilidade Fiscal LC nº 101, de 2000, determina, no inciso V do 2º do art. 4º e no art. 5º, inciso II, que estimativa desse valor, bem como as respectivas medidas de compensação, deve acompanhar o Projeto de Lei Orçamentária Anual PLOA, de forma a compensar o Fundo do Regime Geral de Previdência Social FRGPS. Acrescente se que o art. 14 da mencionada Lei Complementar estabelece regras para a concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita. 22
23 Quantidade Gestão de Vínculos do Simples Nacional Qtdade Vínculos OPTANTES Qtdade Vínculos NÃO Optantes 23
24 Gestão do Simples Nacional Variação na Quantidade de Vínculos VARIAÇÃO NA QTDADE DE VÍNCULOS 12,00% 11,08% 10,00% 8,85% 8,00% 6,00% 7,24% 7,44% 6,56% Crescimento Qtdade Vínculos OPTANTES Crescimento Qtdade Vínculos NÃO Optantes 4,00% 3,74% 2,00% 0,00%
25 Salário Médio Gestão do Simples Nacional 1.800, , , , , , , ,00 800,00 717,65 784,92 863,07 600,00 400,00 200, Salário Médio OPTANTES Salário Médio NÃO Optantes 25
26 Crescimento da Massa Salarial Gestão do Simples Nacional 25,00% 22,14% 20,00% 19,32% 15,00% 16,24% 17,51% 15,87% 11,30% 10,00% 5,00% 0,00% Crescimento Massa Salarial OPTANTES Crescimento Massa Salarial NÃO Optantes 26
27 Crescimento do Salário Médio Gestão do Simples Nacional 12,00% 10,00% 8,00% 9,62% 8,39% 9,37% 9,96% 8,74% 7,29% 6,00% 4,00% 2,00% 0,00% Crescimento do Salário Médio OPTANTES Crescimento do Salário Médio NÃO Optantes 27
28 Relação Folha e Valor da Produção 28
29 DADOS DAS CONTAS NACIONAIS MATRIZ INSUMO PRODUTO Relação Salários/Valor da Produção em % Indústria Extrativa Mineral Produção e Distribuição de Eletricidade, Gás e Agua Intermediação Financeira Atividade Imobiliária ,0 16,9 23,8 6, ,5 8,7 19,8 2,2 Pessoal Ocupado Variação Pessoal Ocupado 83,4 20,7 81,6 162,3 29
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