Neste número do Correio, publicamos a transcrição de duas exposições

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "Neste número do Correio, publicamos a transcrição de duas exposições"

Transcrição

1 EDITORIAL Neste número do Correio, publicamos a transcrição de duas exposições sobre o Seminário de Lacan A angústia, apresentadas em reuniões de estudo e discussão. Estas falas são representativas do eixo temático que envolveu toda a APPOA durante o último ano. Ao longo dos meses, através do trabalho em cartel, foram feitas releituras e comentários de cada aula do Seminário de Jacques Lacan, bem como a preparação das Jornadas Clínicas. Para dar andamento ao debate sobre este tema e seus efeitos, que seguem sendo nosso eixo de trabalho em 2008, foi que editamos estes dois textos. A primeira dessas exposições refere-se a uma das lições iniciais do Seminário, em que Lacan retoma questões de Seminários anteriores e procura avançar sobre a estrutura da angústia. Nesse contexto, propõe que a angústia surge quando o objeto se faz presente sob uma forma positiva, no lugar da falta, espaço vazio designado por ϕ. Além dessa condição inicial para a produção da angústia, assinala uma segunda: a inversão que transforma a demanda do sujeito em demanda do Outro. A outra lição do Seminário aborda o tema do desejo o desejo do homem, da mulher e o desejo que concerne ao analista. O debate sobre esta aula traz, ainda, um interessante percurso pelo contexto político, conceitual e clínico no qual este Seminário de Lacan foi proferido. Desde o ponto de vista político, trata-se de um período crucial para o futuro do movimento psicanalítico francês e internacional. Em relação ao aspecto conceitual, temos o diálogo com a produção da época (décadas de 50 e 60) sobre a contratransferência e sua relação com a angústia. Lacan retira o tema da transferência do modelo dual, especular, e propõe uma estrutura baseada na referência a um terceiro, no qual a linguagem é fundamental. Com este esvaziamento da contratransferência, a direção da cura passa a estar fundada no desejo do analista, na mudança de posição deste de sujeito a objeto e na noção de corte, que possibilita a produção de um novo efeito de sentido. Neste ano de trabalho que inicia, as reuniões sistemáticas e abertas do cartel continuam dando seqüência ao estudo do Seminário sobre A angústia. Os eventos da Associação, desde a Jornada de Abertura até o Con- C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar

2 EDITORIAL NOTÍCIAS gresso no mês de Novembro, terão como pauta esta temática, seus desdobramentos atuais e sua articulação com outros campos de prática e saber. Nesta edição, encontramos também notícias sobre o início dos trabalhos de 2008 e o quadro de ensino da APPOA. QUADRO DE ENSINO 2008 EIXO DE TRABALHO DO ANO ENCONTROS DE ESTUDO DO SEMINÁRIO A ANGÚSTIA DE JACQUES LACAN Reuniões sistemáticas de trabalho, que acontecerão ao longo do ano, para estudo do Seminário A Angústia. Esse estudo envolverá toda a instituição, inspirando também seus eventos. Coordenação: Carmen Backes, Ligia Víctora e Robson de Freitas Pereira. Quintas-feiras, 21h, reuniões quinzenais, gratuitas e abertas aos interessados. *As atividades que seguem (seminários, grupos de estudos, núcleos e oficinas) têm início previsto para o mês de março com exceção daquelas nas quais consta outra data de início. SEMINÁRIOS CLÍNICA PSICANALÍTICA NA CONTEMPORANEIDADE Coordenação: Rosane Ramalho Segunda-feira, 20h45min, mensal. LÓGICA PARA COLORIR E TOPOLOGIA PARA COLORIR Coordenação: Ligia Víctora Sexta-feira, 07, 14 e 28 de março (Topologia); 15, 22 e 29 de agosto (Lógica),18h15min. O DIVÃ E A TELA Coordenação: Enéas de Souza e Robson de Freitas Pereira Quarta-feira, 19h30min, mensal. 2 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar

3 NOTÍCIAS NOTÍCIAS O OLHAR NA ARTE E NA PSICANÁLISE A PULSÃO ESCÓPICA E SEUS DESTI- NOS CONTEMPORÂNEOS Coordenação: Jaime Betts Segunda-feira, 19h30min, mensal. RELENDO LACAN 27 ANOS DEPOIS Coordenação: Alfredo Jerusalinsky Quarta-feira, 21h, quinzenal. SEMINÁRIOS RSI E SINTHOMA: CONSTITUIÇÃO E CORTE DO NÓ Coordenação: Adão Luiz Lopes da Costa Segunda-feira, 10h, semanal. TOPOLOGIA E TEMPO LACANIANOS Coordenação: Ligia Víctora Sexta-feira, 18h15min, quinzenal (início em abril). A PSICOSSOMÁTICA NA INTERDISCIPLINA E TRANSDISCIPLINA Coordenação: Jaime Betts Sábado, 10h, mensal, em Novo Hamburgo. PROBLEMAS DA CLÍNICA PSICANALÍTICA COM CRIANÇAS Coordenação: Alfredo Jerusalinsky Bimensal, em Buenos Aires. TEXTOS FUNDAMENTAIS DA PSICANÁLISE, DE FREUD A LACAN Coordenação: Alfredo Jerusalinsky Bimensal, em Belém do Pará. A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO Coordenação: Carmen Backes Sexta-feira,10h30min, quinzenal. GRUPOS TEMÁTICOS AS FORMAÇÕES DO INCONSCIENTE Coordenação: Gerson Smiech Pinho Sexta-feira, 16h15min, quinzenal. CLÍNICA PSICANALÍTICA: ALGUNS CONCEITOS FUNDAMENTAIS Coordenação: Carmen Backes Sexta-feira, 14h30min, quinzenal. CLÍNICA PSICANALÍTICA HOJE: INCIDÊNCIAS DO SUPEREU Coordenação: Lucy Linhares da Fontoura Quarta-feira, 17h, mensal. FREUD E LACAN: A CLÍNICA PSICANALÍTICA E O SUJEITO CONTEMPORÂNEO Coordenação: Maria Ângela Brasil e Eduardo Mendes Ribeiro Sexta-feira, 10h30min, quinzenal. FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE FREUDIANA Coordenação: Otávio Augusto Winck Nunes Sexta-feira, 11h30min, quinzenal. HISTÓRIAS DA PSICANÁLISE Coordenação: Ana Maria Gageiro e Maria Lúcia Muller Stein Segunda-feira, 18h, quinzenal. PSICANÁLISE DE CRIANÇAS FUNDAMENTOS PSICANALÍTICOS Coordenação: Marta Pedó Segunda-feira, 10h30min, quinzenal. A ANGÚSTIA E A CLÍNICA PSICANALÍTICA Coordenação: Rosane Ramalho Terça-feira, 15h30min, quinzenal, no Rio de Janeiro. A CRIANÇA E A CLÍNICA PSICANALÍTICA Coordenação: Izabel Joana Dal Pont e Margareth Kuhn Martta Segunda e quarta sextas-feiras do mês, 10h30min, quinzenal, em Caxias do Sul. 4 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar

4 NOTÍCIAS NOTÍCIAS ADOLESCÊNCIA: ENTRE A CLÍNICA, AS INSTITUIÇÕES E OS SINTOMAS SOCIAIS Coordenação: Ângela Lângaro Becker e Ieda Prates da Silva Sábado, 10h, mensal, em Novo Hamburgo (início em abril). A PSICANÁLISE, A INFÂNCIA E AS INSTITUIÇÕES: INTERROGAÇÕES ATUAIS À CLÍNICA DE CRIANÇAS Coordenação: Ieda Prates da Silva e Larissa Costa B. Scherer Terça-feira, 20h, quinzenal, em Novo Hamburgo. COMO NASCE UM SUJEITO? A INFÂNCIA NOS SEUS PRIMÓRDIOS Coordenação: Simone Mädke Brenner Quinta-feira, 19h30min, quinzenal, em Novo Hamburgo. PROBLEMAS DE CLÍNICA PSICANALÍTICA Coordenação: Alfredo Jerusalinsky Segundo sábado de cada mês, 17h30min, mensal, em São Paulo. PSICANÁLISE DE CRIANÇAS: TEORIA E CLÍNICA Coordenação: Ana Sílvia Espig Lang Quinta-feira, 18h, quinzenal, em Maceió. PSICANÁLISE E PSICOPATOLOGIA Coordenação: Charles Lang Sexta-feira, 19h, semanal, em Maceió. UMA INTRODUÇÃO À LEITURA DE LACAN Coordenação: Luciane Loss Jardim Quinzenal, em Campinas (início em fevereiro). GRUPOS TEXTUAIS A IMAGEM INCONSCIENTE DO CORPO, DE FRANÇOISE DOLTO Coordenação: Simone Mädke Brenner Quinta-feira, 18h30min, quinzenal. MOMENTO DE LER: Textos variados conforme o interesse do grupo Coordenação: Maria Auxiliadora Sudbrack Sexta-feira, 16h, semanal. SEMINÁRIO I DE LACAN OS ESCRITOS TÉCNICOS DE FREUD Coordenação: Norton Cezar da Rosa Jr Sexta-feira, 10h, semanal. SEMINÁRIO XXIV DE LACAN O NÃO SABIDO QUE SABE DE UMA EQUIVOCAÇÃO OU O INSUCESSO DO INCONSCIENTE É O AMOR Coordenação: Maria Auxiliadora Sudbrack Quinta-feira, 14h, quinzenal. INTRODUÇÃO À PSICANÁLISE CONCEITOS: O INCONSCIENTE E A CASTRAÇÃO Coordenação: Walter Cruz Quarta-feira, quinzenal, em Parnaíba (Piauí). SEMINÁRIO XVII, DE LACAN O AVESSO DA PSICANÁLISE Coordenação: Charles Lang Terça-feira, 17h30min, semanal, em Maceió. Sábado, 10h30min, semanal, em Maceió. NÚCLEOS DE ESTUDO NÚCLEO PASSAGENS SUJEITO E CULTURA Responsáveis: Ana Costa, Edson Sousa e Lucia Pereira Seminários Leituras: Machado de Assis e Jorge L. Borges Coordenação: Luis Augusto Fischer Terceira quinta-feira de cada mês, 19h30min, na APPOA (seis encontros de abril a outubro, exceto julho). NÚCLEO DAS PSICOSES Responsáveis: Ester Trevisan, Maria Ângela Bulhões, Mário Corso, Nilson Sibemberg e Rosane Ramalho. 6 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar

5 NOTÍCIAS NOTÍCIAS Apresentação de pacientes (com Alfredo Jerusalinsky) Atividade a ser desenvolvida em conjunto com o Cais Mental Centro. Segunda-feira, 20h30min, reuniões mensais. NÚCLEO DE PSICANÁLISE DE CRIANÇAS Responsáveis: Alfredo Jerusalinsky, Eda Tavares, Ieda Prates da Silva, Gerson Pinho, Marta Pedó e Simone Moschen Rickes. Sábado, 10h, reuniões mensais OFICINAS Atividades a serem desenvolvidas aos sábados, em horários e datas a serem previstas. OFICINA DE TOPOLOGIA Coordenação: Ligia Víctora Sábado, 10h, semestral. EXERCÍCIOS CLÍNICOS Atividade marcada em função da proposição de algum membro da Instituição, e que ocorre sempre aos sábados pela manhã. Datas: março, maio e outubro. PERCURSO DE ESCOLA TURMA: VIII Quinto semestre: Transferência Sexto semestre: Temas cruciais da psicanálise; história e formação. TURMA: IX Terceiro semestre: Narcisismo e Identificação Quarto semestre: O sintoma. PERCURSO EM PSICANÁLISE DE CRIANÇAS Seminário compartilhado com o Núcleo de Estudos Sigmund Freud. TURMA: II Terceiro e Quarto semestres: Direção da cura na psicanálise de crianças; História da psicanálise de crianças; Intersecções; Infância, adolescência e modernidade. ATIVIDADES EM CONJUNTO COM O INSTITUTO APPOA CLÍNICA, INTERVENÇÃO E PESQUISA EM PSICANÁLISE CLINICANDO Coordenação: Ana Costa Terceiro sábado do mês, 10h, mensal. SEMINÁRIOS ESCRITAS DA EXPERIÊNCIA Coordenação: Maria Cristina Poli e Simone Moschen Rickes Quinzenal (início em maio). PSICANÁLISE E SAÚDE MENTAL Coordenação: Analice Palombini, Ester Trevisan, Maria Cristina Carvalho da Silva e Nilson Sibemberg. Segunda terça-feira do mês, 20h, mensal. GRUPOS TEMÁTICOS A PSICANÁLISE NA ASSISTÊNCIA SOCIAL Coordenação: Jaime Betts Segunda-feira, 19h, quinzenal. GRUPO DE ESTUDO SOBRE GRUPOS Coordenação: Jorge Broide Segunda-feira, 18h, mensal. 8 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar

6 NOTÍCIAS NOTÍCIAS MÃE ADOLESCENTE EM CONDIÇÕES DE VULNERABILIDADE SOCIAL E AS POSSIBILIDADES DO ENLACE MÃE-BEBÊ Coordenação: Inajara Erthal do Amaral e Maria Mônica Candal Poli Segunda-feira, 9h30min, quinzenal. OS TEXTOS SOCIAIS DE FREUD Coordenação: Jorge Broide Mensal. LINHA DE TRABALHO PSICANÁLISE E SAÚDE COLETIVA Coordenação: Eduardo Mendes Ribeiro Segunda-feira, 20h30min, mensal. PRINCIPAIS EVENTOS DO ANO 2008 JORNADA DE ABERTURA À SOMBRA DA ANGÚSTIA Data: 05 de abril Local: AMRIGS POA RS. RELENDO FREUD E CONVERSANDO SOBRE A APPOA: O FETICHISMO (1927) Data: 06, 07 e 08 de junho Local: Hotel Laje de Pedra Canela RS. ENCONTRO BRASILEIRO DA CONVERGÊNCIA LACANIANA Data: 01, 02 e 03 de agosto Local: Hotel Plaza São Rafael POA RS. CONGRESSO DA APPOA Data: 14, 15 e 16 de novembro Local: Hotel Plaza São Rafael POA RS. OBSERVAÇÕES: 1. Maiores informações (datas, programas, bibliografias) sobre as atividades: na secretaria da APPOA. As informações que não forem esclarecidas pela secretaria, poderão ser obtidas diretamente com os coordenadores das atividades ou discutidas com os membros da Comissão de Acolhimento da APPOA. JORNADA DE ABERTURA DA APPOA 2008 À SOMBRA DA ANGÚSTIA Data: 05 de abril de 2008 Local: Sede da AMRIGS (Associação Médica do Rio Grande do Sul) Endereço: Avenida Ipiranga, 5311 Porto Alegre/RS Um afeto que não engana, assim é a angústia definida por Jaques Lacan. As manifestações da angústia, com as múltiplas faces com que ela se mostra, apresentam-se para aquele que vive a experiência angustiante em sua inexorável certeza. A sociedade contemporânea, pródiga em produzir desassossego, busca, ao mesmo tempo, curar a angústia através da eliminação de todo mal-estar, fazendo calar o sujeito que sofre. O uso da medicação, por vezes necessário em algumas situações, pode fazer a economia do conflito e produzir um sujeito empobrecido, desértico em sua dimensão desejante, o que traz o risco de relançá-lo na angústia. Como nós analistas podemos hoje trabalhar com a angústia, quando tantas promessas de cura fácil se apresentam, dispensando o sujeito da responsabilidade para com seu próprio desejo? O aparecimento da angústia é provocado pela ausência da função do significante e sinaliza o horror da proximidade d A coisa, a presença do objeto último, causa do desejo. Tratar da angústia, portanto, requer estar às voltas com o significante e o objeto de desejo; é só a partir destes que o sujeito pode se reposicionar. 10 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar

7 NOTÍCIAS NOTÍCIAS Na angústia temos, então, o risco da falta de uma função simbólica. Há excesso e totalidade. Mas o que permite ao analista não submergir nesse excesso que a angústia produz? O desejo do analista é o que pode preservá-lo, defendê-lo do convite enfático que a angústia do analisante faz. Um desejo que só pode originar-se da posição ética que a travessia de uma análise produz: suportar a verdade da castração. Frente ao sofrimento psíquico de um sujeito exilado do mundo da linguagem, oferecemos escuta e palavras para que ele possa emergir do desmoronamento do simbólico que a angústia sinaliza e que os sintomas corporais tão bem denunciam. Continuar interrogando nossa práxis é uma das formas de seguir o viés do desejo do analista. Nesse diálogo, estamos constantemente confrontados com um saber que não se sabe. Interrogar o que temos a dizer sobre a angústia é um desafio. Por isso, convidamos a todos a participar desta Jornada e compartilhar os questionamentos dessa experiência tão singular que é a da psicanálise. PROGRAMA 9h30min. Abertura Lucia Serrano Pereira Presidente da APPOA A Angústia no princípio da Clínica Psicanalítica Lucy Linhares da Fontoura Debate A Imagem Perfeita Edson Luiz André de Sousa Debate Intervalo 14h30min. Limites do analisável Ester Trevisan Debate Os bebês de Rosemary Diana Lichtenstein Corso Debate Intervalo Clínica do desassossego: a angústia necessária Alfredo Jerusalinsky Debate Encerramento Ligia Gomes Víctora Robson de Freitas Pereira (Coordenação do eixo de trabalho do ano) INSCRIÇÕES: Antecipadas, até 31/03 Após ou no local Associados R$60,00 R$70,00 Estudantes/Graduação R$65,00 R$75,00 Profissionais R$80,00 R$90,00 INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES: Sede da APPOA Horário de funcionamento da Secretaria da APPOA: De segunda a quintafeira, das 13h30min. às 21h30min., e as sextas-feiras, das 13h30min às 20h. Inscrições mediante depósito bancário, para Banco Itaú, agência 0604, conta-corrente: ou Banco Banrisul, agência 0032, conta-corrente Neste caso, enviar, por fax, o comprovante de pagamento devidamente preenchido, para a inscrição ser efetivada. Estudantes de Graduação deverão apresentar comprovante de matrícula em curso superior. Inscrições pelo site: após efetuar a inscrição pelo site, enviar por fax ou por o comprovante de pagamento devidamente preenchido. As vagas são limitadas. 12 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar

8 NOTÍCIAS NOTÍCIAS O SERVIÇO DE ATENDIMENTO CLÍNICO DA APPOA CONVIDA PARA EXERCÍCIOS CLÍNICOS: SENTIDOS DA FUNÇÃO PATERNA: UMA QUESTÃO PARA A PSICANÁLISE Apresentadora: Roséli Maria Olabarriaga Cabistani Debatedores: Eduardo Mendes Ribeiro e Maria Cristina Poli Data: 29 de março de 2008 sábado Horário: 10h Local: Sede da APPOA Os Exercícios Clínicos, promovidos pelo Serviço de Atendimento Clínico da APPOA, são uma modalidade de trabalho institucional que acolhe as questões que a prática clínica nos coloca. Sabemos que aquilo que resta da escuta da clínica e nos põe a falar encontra na análise pessoal e na supervisão o seu endereço certo. Apesar disso, sempre fica um resto. Uma das possibilidades de falar deste resto, institucionalmente, são os debates dos Exercícios Clínicos. Proponho compartilhar uma discussão, tomando um recorte de minha tese de doutorado, intitulada Sentidos da função paterna na educação. A expressão utilizada por Lacan em seu artigo sobre a família, declínio social da imago paterna, fez carreira na psicanálise e hoje fundamenta discursos sobre o enfraquecimento do pai, sua carência e a própria idéia de mudanças nas formas de organizações familiares como nefastas à estruturação subjetiva. Tais leituras, às vezes apressadas, podem levar a um apelo ao pai, onde um dos efeitos poderia ser o de reforçar o caminho que leva aos fundamentalismos, isto é, em nome do pai, poderíamos estar produzindo exacerbação da autoridade. Nada mais distante da ética psicanalítica. Como a clinica nos indaga a esse respeito? Que respostas poderíamos então formular? Inscrições antecipadas na Secretaria da APPOA Vagas limitadas CARTEL PREPARATÓRIO PARA O RELENDO FREUD FETICHISMO Data: 04/03, terça-feira Horário: 20h Local: Sede da APPOA SEMINÁRIOS DE TOPOLOGIA EM MARÇO TOPOLOGIA PARA COLORIR Visando a desmitificar a dificuldade das matemáticas apresentadas por Lacan, reapresentaremos, em março de 2008, três seminários sobre a topologia fundamental de Jacques Lacan, para principiantes: Por que Lacan se interessou pela topologia? Breve história da Topologia. A topologia das Identificações. O toro. A topologia do Sujeito e do objeto a. A banda de Mœbius e o cross-cap. Material: papéis, retalhos de tecidos, tesoura, cola e canetas coloridas. Datas: 7, 14 e 28 de março/2008 (sextas-feiras) Horário: das 18h15min às 20h15min. No último encontro do cartel preparatório para o Relendo Freud, circulamos entre o texto condutor da discussão Fetichismo, tomando como texto complementar A organização genital infantil. Foi um encontro inspirador que nos levou a pontos relevantes dos textos. Tivemos pequenos relatos clínicos que nos fizeram pensar a atualidade do texto freudiano, abrindo a discussão para temas como a sexualidade masculina, as estruturas clínicas, etc. Se a origem do termo fetiche está associada a feitiço, ao fictício 14 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar

9 NOTÍCIAS NOTÍCIAS e, ainda, à ficção... como pensar o estatuto do objeto fetiche, já que ele, na organização psíquica, implica em um certo apagamento de sua dimensão de véu? Convidamos a todos os interessados a dar continuidade a essa discussão no dia 04/03/08 às 20h. Tomaremos, dessa vez, como leitura complementar, um fragmento do texto Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905), chamado Substituição imprópria do objeto sexual. Fetichismo. Fernanda Breda e Maria Ângela Bulhões Coordenação AOS FAMILIARES DE PAULO MEDEIROS E COLEGAS DO TRAÇO FREUDIANO VEREDAS LACANIANAS ESCOLA DE PSICANÁLISE Foi com grande tristeza que recebemos a notícia do falecimento de Paulo Medeiros. Psicanalista que marcou profundamente a história da psicanálise no Brasil pela competência, sensibilidade e seriedade com que sempre se envolveu com a transmissão da psicanálise, seja em seu trabalho clínico, em sua produção textual e nos seminários que conduziu. Muitos de nossos colegas aqui da APPOA tiveram a chance de um convívio mais próximo com Paulo e sabemos do seu trânsito entusiasmado pela obra de Lacan e Freud, abrindo diálogos ricos da psicanálise com a literatura, a arte, a filosofia, a religião, a matemática, etc. Recebeu alguns de nossos colegas em Recife com carinho e a hospitalidade que lhe era tão característica. Compartilhamos este momento de dor e ficamos com algumas preciosidades dele, que deixou escritas. Em um dos seus textos, Um e Outro (Revista Vereda de dezembro 2006) escreveu: Desde os primórdios de minhas leituras de Lacan consigo ainda preservar na memória sua orientação para a leitura de Freud como um retorno à letra freudiana situada em meio às contingências do humano: a morte, a mu- lher, o pai. São os elementos com os quais nossa frágil condição, a humana, inconsistente no desfalasser de falas tão somente ser, se relaciona. Assim, como psicanalistas, aprendemos a lidar com esta contingência do humano construindo o que temos de mais precioso, ou seja, a linguagem. Recebam, portanto, nossas palavras de solidariedade neste momento difícil. Edson Sousa p/ APPOA DESPEDIDA A EMILIO RODRIGUÉ Com a certeza de dever cumprido, Rodrigué nos observa enquanto velamos seu corpo no Jardim das Saudades. Olha-nos da sua morada perpétua na Ondina, em Salvador à sombra da barraca de praia, copo longo, gelo, Tanqueray, laptop, bermudas, havaianas, wireless internet, ao som de Pink Floyd. Emílio partiu e ficou para sempre, em 21 de fevereiro de 2008, poucos dias após completar 85 anos. Homem notável, Rodrigué, sempre a frente de seu tempo, surpreendia por seu espírito antecipado do futuro e por sua liberdade de pensamento. O psicanalista que escolhera Salvador era um homem do mundo. Morreu em pé, trabalhando: psicanalista em plena atividade, supervisor sempre atualizado, o homem das horas em 1977 já se multiplicara exponencialmente em horas infinitas, incansável, compreensivo, dedicado ao longo destes 30 anos. Escritor inveterado legou à comunidade psicanalítica, entre outras obras, uma super-hiper informada e criativa biografia de Freud, para a qual mandava vir, nos primórdios da Amazon da qual falava com naturalidade, mas que só ele sabia o que era livros de todos os cantos. Inquestionavelmente, seu principal legado para nós, aqui na Bahia, foi o tratamento psicanalítico de gerações de psicanalistas a partir de um primeiro grupo que demandou e desejou que ele assim o fizesse. Deste 16 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar

10 NOTÍCIAS NOTÍCIAS momento em diante, um movimento consistente de formação se propagou, aglutinando um movimento cada vez maior e mais complexo, é claro em torno do estudo e prática da psicanálise. E, no início dos anos oitenta, quando os psicanalistas lacanianos franceses começaram a vir ao Brasil dar seus seminários, tivemos o privilégio de ver Emílio, ex-presidente da Associação Psicanalítica da Argentina, sentado conosco um grupo variado de psicanalistas, candidatos a analistas, e estudantes de psicologia com seu caderno na mão, tomando notas, primeiro exemplo da verdadeira posição do analista diante do campo da psicanálise. Discreto, quietinho, Emilio prestava atenção, questionava, fazia perguntas, e nós nos admirávamos de sua postura: aprendíamos com isso. Os efeitos da sua permanência na Bahia, ao acionar um dispositivo que desencadeou um grande movimento, não cessaram com o tempo, pois este era o seu espírito libertário. Ele não se cansou de analisar, e o fez até a véspera de sua internação com pneumonia, quando uma parada cardíaca o levou. E até o fim, Emilio nunca deixou de ter planos sempre relacionados com a psicanálise, com a escrita, com a publicação. Homem polêmico, dispensava convenções na sua vida pessoal, e mesmo no mobiliário de seu consultório: durante muitos anos seu divã foi um colchonete do tamanho de uma cama de casal, almofadões na parede, abrigando o par analítico. Motivo de escândalo nos primeiros momentos, logo deixou de ser assunto quando se viu que Rodrigué, apesar de ter optado por conservar esta marca do tempo dos laboratórios, não transgredia, como nunca transgrediu, na sua posição de analista. Neste momento em que ele nos observa na sua despedida, a ele a nossa gratidão pelo trabalho de fundação e propagação da psicanálise em Salvador e por ter escolhido aqui ficar. Stop. Elaine Starosta Foguel MUDANÇA DE ENDEREÇO E TELEFONE Marieta Rodrigues informa seu novo telefone celular: (51) Gerson S. Pinho informa seu novo gersonsmiech@gmail.com Gláucia Escalier Braga comunica o novo endereço e telefone profissional: Rua Felipe Neri, 320 salas 203 e 204, Porto Alegre/RS Fone: (51) C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar

11 RAMOS, L. N. Seminário A angústia... SEMINÁRIO DA ANGÚSTIA AULA DE 12 DE DEZEMBRO DE O QUE ENGANA Liz Nunes Ramos Essa lição é supercondensada. Então, vamos tentar pinçar as passagens que, de alguma forma, nos interessam mais daquilo que ele está pretendendo, já que essa lição está incluída entre os capítulos iniciais, relativos à estrutura da angústia. Todas essas primeiras lições remontam e fazem lembrar muito os outros seminários, então temos que trabalhar um pouco o que ele está querendo introduzir de novo aqui, mantendo, ao mesmo tempo, um certo pé, um certo suporte em seminários anteriores. Não foram poucos, há nove seminários antes, mas tentaremos cercar o que ele lança como novo. Então, talvez se tenha que mencionar principalmente o seminário anterior, A identificação, porque eles trabalham, jogam muito juntos esses dois seminários, e por coincidência ou não, uma coincidência daquelas que a gente conhece bem. Eu estou trabalhando mais ou menos juntos esses dois seminários. Então, vamos ver o que a gente faz com a angústia. Esta é uma lição muito bonita, apesar de condensada. Lacan faz uma introdução bastante ampla, tentando entrar pelo que já foi revisado em relação à angústia até ali do ponto de vista da psicologia experimental, se a gente pode chamar assim, que é o nome mais presente para nós na nossa cultura. Acho que ele vai introduzir uma série de questões, mas principalmente uma primeira questão que eu acho importante, quando diz que não teria porque a gente fazer um questionamento epistemológico muito extenso se a 1 Transcrição da apresentação feita, em 18 de junho de 2007, no cartel da APPOA que, ao longo de 2007, discutiu as aulas do seminário A angústia. própria experiência analítica não justificasse isso neste momento. Se o lugar do desejo, a maneira como ele se escava, não nos fosse presentificado a todo o momento, em nossa posição terapêutica, por um problema, que é o mais concreto, que é o de não nos deixarmos enveredar por um caminho falso (pág. 66). Isso é um primeiro recorte que a gente tem que tomar tenência, como se diz, porque em todo esse capítulo Lacan vai trabalhar em torno do caminho falso, em torno de um engano: o que vai fazer a posição do analista tropeçar. Então, ele levanta isso, dizendo que esse problema aparece justamente na experiência analítica, vindo se fixar na experiência, no que acontece no concreto, a experiência própria de não se deixar tomar por esse caminho falso. No terceiro parágrafo da página 67, ele diz assim: é preciso que conservemos a possibilidade de um certo fio que nos garanta, pelo menos, que não trapaceemos com o que é o nosso próprio instrumento, isto é, o plano da verdade. Aqui, ele está pretendendo salientar para que não se perca o pé com a questão da angústia e que se preserve o lugar da função do analista na apresentação da verdade do desejo. Um pouquinho mais acima, ele se questiona quanto ao conceito de cura dizendo que nada é tão incerto quanto este conceito. É certo que nossa justificação, assim como nosso dever, é melhorar a situação do sujeito. Mas afirmo que nada é mais instável, no campo em que estamos, do que o conceito de cura. (pág. 67) Então, o poder de cura não é relativo à melhora dos sintomas. Não é daquilo que poderia ser uma escolha religiosa. O que é a cura? Aqui eu acho que ele começa a lançar isto. Que a cura tem algo a ver com esta busca da verdade e com poder se ater à posição do desejo, de qual é o lugar desde onde o sujeito deseja. Então, aqui, ele começa a preservar, para poder tomar a questão da angústia sem perder o que seria o fio. No ano passado, estudando o Seminário 11, podemos lembrar o que Lacan diz: que o desejo é o nosso negócio. É mantendo a nossa visão sobre o desejo que podemos manter a técnica analítica na sua função primeira, como surge primeiramente na história, pela primeira vez no pensamento filosófico. Uma função relativa à verdade. Estamos escravizados, como ho- 20 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar

12 RAMOS, L. N. Seminário A angústia... ma em angústia é quando essa demanda que é endereçada ao Outro se torna a demanda do Outro. Quando retorna sobre o sujeito. Mas o que nos interessa agora nesse momento inicial, essa primeira representação, é que nesse circuito da demanda não há objeto, o sujeito busca um objeto perdido. E a cada vez que ele busca e não encontra, aquele objeto que é buscado se representa na cadeia significante como objeto a, negativizado. Ele é o objeto ausente, ele se inscreve na cadeia significante como ausente. É isso que ele nomeia como menos phi. É isso que se inscreve nesse circuito. Ele vai falar da inscrição do traço: essa topologia só terá valor se vocês puderem constatar que os indícios que elas lhe fornecem são confirmados por seja qual for a abordagem dada ao fenômeno da angústia por qualquer estudo sério, sejam quais forem seus pressupostos. Mesmo que eles nos pareçam estreitos demais e que pareçam ter que ser re-situados no interior da experiência radical que nos é própria, persiste o fato de que algo foi efetivamente apreendido num certo nível (pág. 67). Essas experiências de laboratório que ele referia até então. Temos de tirar proveito de qualquer nível em que se tenha formulado até hoje a interrogação sobre o tema da angústia (pág. 67). O propósito de hoje é indicar isso. Na impossibilidade de se fazer a soma de tudo o que já foi elaborado, ele quer resgatar dessas experiências alguma coisa... o que interessa para ele, nesse momento, é o que me parece ser a função do Outro nessas experiências. Toda a primeira sessão ele vai falar da função do Outro. Eu acho que é por isso que ele fez referência à topologia. Ele disse que: há um certo tipo de interrogação que, com ou sem razão, é chamado de abordagem objetiva ou experimental do problema da angústia (pág. 68). Essas pesquisas todas da psicologia experimental feitas até então. Ele diz que a gente só poderia se perder nelas, se não tivéssemos um ponto de mira que ele já apontou e que é relativo à dimensão do Outro. Ele apontou no final da lição anterior. As formas de postura que nós não sabemos abandonar. Três pontos de referência em que é dominante a dimensão do Outro. Ao longo de todo esse capítulo, a gente vai ver que ele situa a angúsmens, como desejantes, quer saibamos ou não, quer acreditemos ou não, quer queiramos ou não, a essa função da verdade. (Seminário 9) Anos depois ele ainda vai continuar tentando dizer porque fio podemos nos manter ligados a isso. E, aí adiante, ele vai se perguntar o que deve ser funcional para os analistas. A propósito de um tema como a angústia, não é fácil reunir, num discurso, como o meu, o que deve ser funcional para os analistas. O que não convém esquecer, em momento algum, é que o lugar que designamos neste esqueminha como sendo o da angústia e que atualmente é ocupado pelo menos-phi, constitui um certo vazio. Tudo o que pode manifestar-se neste lugar nos desorienta, se assim posso dizer, quanto à função estruturante desse vazio (pág. 67). E é isso que ele vai desdobrar ao longo de todo esse capítulo. Ele vai tomar tópicos para esclarecer isso. O que ele está retomando é este esqueminha aqui, da página 54, e que aparece também na 49. Aqui, ele diz que é o lugar da angústia. É aqui que ele diz que é o lugar onde, se o objeto se presentifica, se alguma coisa aparece e não se mantém como falta, surge a angústia. O que ele vai trabalhar ao longo deste capítulo é o desdobramento dessa afirmação inicial. Esse lugar ocupado pelo menosphi, constitui um certo vazio. Tudo o que pode se manifestar nesse lugar, nos desorienta, tudo o que se presentifica como objeto. O que eu destacaria, além disso, é que ele diz que essa função é estruturante. Que a manutenção desse lugar vazio estrutura. E a gente fica se perguntando, estrutura o quê? Aqui e em outros seminários, ele vai dizer que o lugar do vazio estrutura a cadeia significante. Por isso eu destaquei, porque me pareceu o mais essencial do que ele diz: que o lugar da ausência estrutura a continuidade significante. Eu vou tomar a representação topológica da demanda que ele faz no seminário anterior, a representação mais simples do circuito da demanda, para a gente poder ver onde ele representa o lugar do vazio, onde se constitui o lugar do objeto. A demanda do sujeito à Mãe, como ele diz. Estou insistindo um pouquinho nisso porque, diz ele, o momento em que a demanda se transfor- 22 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar

13 RAMOS, L. N. Seminário A angústia... tia em relação ao gozo do Outro e à demanda do Outro. As especificações que ele vai fazer em relação ao que ficou pendente na lição passada são relativas; que a angústia está relacionada ao gozo do Outro e à demanda do Outro. Ele faz, então, um pequeno recuo a essas experiências anteriores dizendo o seguinte: são eles a demanda do Outro; o gozo do Outro, de uma forma modalizada, aliás mantida a título de ponto de interrogação, o desejo do Outro, na medida em que esse é o desejo correspondente ao analista como aquele que intervém como termo na experiência (pág. 68). Eu acho que a questão do desejo do analista e da dimensão do Outro e de como surge a angústia na relação à demanda ou a demanda em relação ao desejo e ao gozo do Outro vai perpassar toda a lição. No final da lição, ele vai se reencontrar com esta história do lugar do desejo do analista e da função do analista e de qual pode ser a posição do analista em relação ao horror que o vazio produz. Ele vai passar toda a lição trabalhando em torno da questão do vazio, da função do vazio, de quanto é ela que dá lugar ao desejo, esse vazio. O quanto a angústia está ligada com a positivação do objeto e como isso acontece. Mas me parece que tem esse ponto que subjaz toda a lição, que eu gostaria de discutir com vocês, que é relativo a isso: que resgatando a questão do Outro, resgata também a posição do analista. Qual pode ser o desejo que sustenta o analista perante o vazio, que ele diz que é o produtor da angústia. Vamos ver se a gente consegue chegar nesse final, porque eu acho que é um ponto subjacente, não é o objetivo dele, mas ao mesmo tempo, ele vai levando essa discussão sobre o que pode fazer o analista se sustentar no fio da verdade, no fio do desejo, sem perder o pé, quando se coloca a questão da demanda, da angústia em jogo. Não faremos o que nós criticamos em todos os outros, isto é, elidir o analista do texto da experiência que interrogamos..., isso é, ele vai incluindo, A angústia da qual temos que fornecer uma formulação aqui é uma angústia que responde a nós, uma angústia que provocamos, uma angústia com a qual, de vez em quando, temos uma relação determinante (pág. 68). Isso eu achei um ponto interessante, porque a gente fica se perguntando como a gente determina a angústia no analisante quando ele fala, quando alguém nos dirige a palavra. Mas é isso. É que o discurso por si só coloca em questão a ausência do objeto, a transferência por si só coloca em questão a demanda para a qual não tem resposta. Isso tudo vai colocando o sujeito confrontado ao vazio, à falta de objeto. Então, não é uma angústia da qual o analista esteja ausente, me parece. À medida em que ele se situa na posição de não resposta a essa demanda, de não corresponder ao amor na transferência, não presentificar o objeto da demanda, ele está também produzindo essa angústia. Justamente na medida em que ele trabalha com a via significante. Essa dimensão do Outro, nela encontramos o nosso lugar, o nosso lugar eficaz, na medida em que saibamos não reduzi-la (pág. 68). Eu achei uma referência importante como norte do que possa ser a posição do analista, porque, justamente, se ao longo da lição ele coloca a presentificação, o retorno do objeto como positivado, de alguma forma ele está jogando com essas duas posições possíveis: ou o analista se identifica nessa posição, do objeto como positivo ou se identifica com a posição do Outro, do grande A, não do pequeno a. Então, eu acho que ele joga ao longo dessa lição, com isso que o desejo do analista tem que produzir de alguma forma. Poder fazer o desdobramento dessa demanda, de uma forma que o sujeito reconheça ao que ele é alienado, sem presentificar o objeto. Eu acho importante, nesta situação, é que ele inclui o analista na questão da angústia, não como alguém que maneja desde fora, do ponto de vista do experimento, mas inclui o analista na experiência. Ele joga com esses dois significantes: experimentação, do lado da técnica, do experimento científico e com a experiência analítica da qual o analista está incluído e faz parte desde um lugar em que ele tem uma função e que para ser eficaz tem que se situar desde o lugar do Outro, para poder identificar a que Outro o analisante se dirige, em que lugar ele está sendo tomado na transferência. Ele faz só uma pequena entrada no que nos mostram essas neuroses experimentais de laboratório, para se perguntar no que isso seria comum ao sujeito falante, à neurose do sujeito falante, com quem nós estamos lidando na experiência analítica. 24 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar

14 RAMOS, L. N. Seminário A angústia... O que nos mostram essas neuroses, enfatizadas por Pavlov e seus seguidores conforme a ocasião? Elas nos dizem como se condiciona um determinado reflexo do animal. Associa-se a uma reação dita natural um estímulo, uma excitação, que faz parte de um registro presumido como completamente diferente do que está em causa na reação (pág. 69). E ele introduz isso para ressalvar ou ressaltar a questão da fala sobre a demanda, porque ele começa a se indagar sobre o que funciona do ponto de vista do organismo, do ponto de vista da necessidade nessas experiências. Ele começa a fazer a diferença entre aquilo que supostamente funcionaria enquanto organismo, nos experimentos, e o que seria comparável quando não se trata de organismo, quando se trata de um sujeito. Quando não se trata mais do instinto, mas da pulsão; quando não se trata mais da necessidade, mas da demanda. Parece que é toda a diferença que ele vai desdobrando, é tudo nesse sentido, nessa comparação, para destacar a especificidade da linguagem, do sujeito, do inconsciente, enfim, do desejo. Ele fala disso que se produz no organismo a partir de uma série de estímulos, uma espécie de perplexidade orgânica, uma impossibilidade de resposta. No excesso, na continuação da demanda o organismo se esgota, não produz mais uma possibilidade de resposta, se constitui uma desordem fundamental. Algo que nas nossas outras áreas culturais se chama de estresse. Chega-se a um ponto em que a demanda feita à função desemboca num déficit que ultrapassa a própria função (pág. 69) ponto de perplexidade e que tem algo que, ele observa então, para além da resposta orgânica tem alguma coisa que acontece. O ponto de comparação sobre o qual ele vai se situar, é esse ponto para além da resposta orgânica; é o que nos interessa. Nesse leque da interrogação experimental, sem dúvida seria importante apontar onde se manifesta algo que lembre a chamada forma angustiada que podemos encontrar nas reações neuróticas (pág. 69). O que seria semelhante? Mas ele destaca, faz essas comparações. Há uma coisa que parece ser sempre elidida nessa maneira de formular o problema na experiência. Decerto é impossível censurá-la no relator dessas experiências, já que essa elisão é constitutiva da experiência em si, mas quem quiser aproximar essa experiência da que nos é própria, e que se passa com o sujeito falante, não poderá deixar de registrá-la.trata-se do seguinte: por mais primitivo que seja, em relação ao do sujeito falante o organismo animal interrogado e esse organismo está muito longe de ser primitivo nas experiências pavlovianas, visto que elas dizem respeito a cães, a dimensão do Outro está presente na experiência (pág. 69). Então, eu acho que aqui ele demarca qual é a diferença quando se trata de um organismo num nível da necessidade, do instinto, enfim, e quando é o sujeito falante ao Outro, à dimensão do grande outro que interroga. Então, um organismo que é interrogado e de alguma forma institui um outro tipo de envolvimento que não é esse movimento de resposta à demanda. O fato é isso: que nunca é suposto que haja um Outro manipulador da experiência, então na aproximação com o sujeito falante, neurótico, enfim na nossa experiência isso se evidencia. Quando sabemos como se comporta um cão diante daquilo que é ou não é chamado de seu dono, sabemos, em todo o caso, que a dimensão do Outro é importante para o cão. Mas mesmo que não se tratasse de um cachorro, que fosse um gafanhoto ou uma sanguessuga, pelo fato de haver uma montagem de aparelhos, a dimensão do Outro estaria presente. Vocês me dirão que um gafanhoto ou uma sanguessuga, organismos pacientes na experiência, não sabem nada desta dimensão do Outro. Estou inteiramente de acordo. É justamente por isso que todo o meu esforço, durante algum tempo, foi lhes mostrar a amplitude de um nível comparável em nós, o sujeito. No sujeito que somos, tal como aprendemos a manejá-lo e determinálo, há também todo um campo em que nada sabemos do que nos constitui (pág. 70). Aqui ele faz uma comparação, então, uma aproximação. Em outras palavras, nos chama de sanguessugas, mas sanguessugas do Outro. Em um outro seminário mais adiante, em uma passagem do L étourdit, ele diz que o sujeito suga, capta do Outro um signo suficiente, um ponto suficiente de amparo e de relação para dali sacar um traço. Então, como sanguessugas somos comparáveis. Mas o que nos interessa recortar é isso que ele diz, que da dimensão do Outro nada sabemos. 26 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar

15 RAMOS, L. N. Seminário A angústia... No sujeito que somos, tal como aprendemos a manejá-lo, há também todo um campo em que nada sabemos do que nos constitui (pág. 70). Em todos os seminários anteriores, ele se refere a esse campo como sendo esse campo anterior, primário à constituição da linguagem, no que o sujeito é marcado por traços que são de alguma forma desconhecidos, perdidos, irrecuperáveis. Eu acho que aqui a coisa começa a se complicar um pouco, porque essa formulação toda da questão da demanda, no Seminário da Identificação é justamente em torno da tentativa de identificar o que é o irrecuperável. São traços, são vivências, são marcas de linguagem, são desejos, são fantasmas parentais, o que é isso que é perdido para o sujeito? São os seus envoltórios, placenta, um pedaço do corpo, é uma parte do corpo materno. Durante todo o Seminário da Identificação ele vai fazendo essas voltas para tentar identificar o que é perdido. De qualquer forma, o que ele demarca aqui é que, fosse lá o que fosse, era alguma coisa que (inaudível) os ciclos positivos, era alguma coisa que esteve, alguma coisa que produziu marca, que produziu traço e que precisa tomar a constituição de ausente, de negativo, de perdido, para se constituir como falo imaginário perdido. Uma das coisas que ele aponta e que então vai ser uma primeira aproximação do que é o nível do engano justamente o título da lição ele fala do estádio do espelho, mas em toda a lição ele joga com alguma coisa que é anterior à constituição do espelho, que é justamente tudo o que o sujeito perde e que não é do registro do imaginário, tudo o que o sujeito perde e que não entra no registro do simbólico e que ele dá esse nome de objeto a. Objeto a porque é resto de uma operação de inscrição de alguma coisa. Em todo o caso, ele está indagando essa questão o que é o nível da certeza, o que é essa ilusão de uma imagem de um objeto, o que coloca em jogo um objeto específico, a ilusão de um objeto re-encontrável, alguma coisa que é buscada sempre no circuito da demanda. Ele introduz a dimensão do sujeito suposto saber. Ele diz: subsistem, que é nesse meio a chamar de sujeito suposto saber, é uma suposição enganosa. É uma das primeiras referências à dimensão do engano. Ele diz assim: A Selbst-bewusstsein, que eu os ensinei a chamar de sujeito suposto saber, é uma suposição enganosa. A Selbst-bewusstsein, considerada constitutiva do sujeito cognoscitivo, é uma ilusão, uma fonte de erro, uma vez que a dimensão de sujeito suposto que transparece em seu próprio ato de conhecimento só começa a partir do momento em que entra em jogo um objeto específico, que é aquele que o estádio do espelho tenta delimitar, ou seja, a imagem do corpo próprio. Essa primeira imagem é o primeiro objeto que pode produzir engano,...na medida em que, diante dela, o sujeito tem o sentimento jubilatório de efetivamente estar diante de um objeto que o torna, a ele, sujeito transparente para si mesmo. Eu acho isso aqui central, A extensão dessa ilusão da consciência, a toda espécie de conhecimento é motivada pelo fato de que o objeto do conhecimento é construído, modelado, à imagem da relação, com a imagem especular. É precisamente por isso que esse objeto do conhecimento é insuficiente (pág. 70). Essa primeira ilusão é fonte de engano. É necessária, mas ela é fonte de ilusão, de engano e a partir daí todas as ilusões relativas a poder saber, a poder saber tudo, a poder apreender o objeto, pode se derivar. É modelada a imagem da relação com a imagem especular. Por isso, é interessante a gente retomar esse modelo da demanda, porque justamente ele diz que a cada círculo da demanda o sujeito goza menos e castra mais. A cada vez que percorre o círculo da demanda é menos objeto positivado, é mais objeto ausente, é mais inscrição de objeto perdido, é mais inscrição desse objeto na cadeia significante, mais intervalo na cadeia significante, que produz o encadeamento de significantes, então, menos gozo, mais castração, menos imagem, mais significante, menos ilusão, mais dever, mais busca, mais ideal de eu, menos imaginário e mais simbólico. É precisamente por isso que esse objeto do conhecimento é insuficiente. Eu acho que essa demarcação de uma insuficiência é justamente o que nos interessa, porque nessa ilusão da imagem alguma coisa disso que 28 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar

16 RAMOS, L. N. Seminário A angústia... era constituição pré-subjetiva do sujeito, o nível pré-verbal que ele trabalha aqui, que ele trabalha no Seminário da Identificação quando fala, por exemplo, que a cadela Justine (a cadela dele) tem a fala, mas não tem a linguagem. A diferença que ele demarca entre Justine e o sujeito falante é que para Justine não há equívoco, ele é ele, ela jamais vai tomá-lo por outro, jamais vai tomá-lo no equívoco, no engano, por um outro, pelo Outro. Ela sabe como ele é representado para ela. Ela identifica claramente como ele é representado para ela, mas ela não sabe como ela se representa para si mesma, não tem uma imagem de si. Essa é a diferença que residiria entre o nível da fala e o da linguagem. Os significantes não operam como significantes, mas como signos. A relação é biunívoca, esta voz é daquele cara, este cheiro é daquele dono. A função não toma caráter pulsional, não entra no circuito da demanda. Lá no Seminário da Identificação, quando ele dá o exemplo das mulheres da vida, ele compara ao mesmo nível, dizendo que a prática da relação sexual nas mulheres da vida não está atrelada ao exercício da linguagem, se trata de uma relação de signos, do corpo tomado como signo e não como significante, porque se fosse como significantes, haveria amor, haveria paixão, enfim...ele tem essa ousadia de dizer que sujeitos humanos podem também não ser portadores da linguagem, embora sejam portadores da fala, sujeitos que falam, não são portadores do desejo, me parece que é a diferença que ele faz. De qualquer forma, algo fica fora dessa imagem, me parece que é isso que ele está colocando, que nem tudo é inscritível na imagem. Mais tarde, tem uma passagem que ele nos permite dizer que nem tudo do desejo parental é conhecido, nem tudo dos significantes que nos determinaram é sabido, não existe garantia última da existência, da consistência de um ser. Ele deixa claro, pelo que já tinha dito antes na lição, que a extensão dessa ilusão não dá conta da posição do sujeito. Dessa ilusão de conhecimento, de saber sobre si, do eu, que a verdade do sujeito não está aí porque ele não se equivoca com essa imagem. Ele é determinado a partir do significante e não da imagem. É o que ele vai insistir ainda nessa lição. Ele diz que: Se não houvesse a psicanálise, saberíamos disso pelo fato de existirem momentos de aparecimento do objeto que nos jogam numa dimensão totalmente diversa, que se dá na experiência e merece ser destacada como primitiva na experiência (pág. 70). Eu acho que é totalmente diversa, porque até aqui ele referia o registro experimental, e aqui ele está se referindo ao registro subjetivo, da experiência, do subjetivo. Até então, ele falava das experiências objetivas, ele diz que nos lança num registro completamente diverso em função de que se trata da experiência subjetiva e não da experiência experimental do objetivo. Ele vinha fazendo a comparação com a neurose e faz uma diferença totalmente diversa. Eu acho que é diversa dessa experiência que ele ia narrando como do experimento pavloviano, de laboratório, no nível objetivo. Eu acho interessante isso aqui, porque não é que o indivíduo fique em dúvida, é o sujeito que vacila, é a condição desejante, é o sujeito do inconsciente, é a eficácia do inconsciente que vacila, é a possibilidade de desejar, o sujeito literalmente vacila. Esse surgimento, no campo do objeto, de um desconhecido experimentado como tal, de uma estruturação irredutível, não levanta questão unicamente para os analistas, pois se dá na experiência. Afinal é preciso procurar explicar porque as crianças têm medo do escuro. Ao mesmo tempo percebe-se que nem sempre elas têm medo do escuro (pág. 71). Então ele interroga o mesmo e começa a entrar nessa dimensão do que surge como objeto a na realidade, irrompendo desde o real na organização do sujeito. Ele diz que esse resíduo não imaginado do corpo, o que fica fora da imaginarização, por um desvio que sabemos designar, vem se manifestar num lugar previsto para a falta. Lá no esquema da página 54, o que vem se manifestar num lugar que estava designado para a falta, e que produz angústia e esse resto que não passou pela simbolização, nem pela imaginarização, que não passou pelo espelho e ficou fora do imaginário. Ele deixa claro aqui que, com efeito, uma das dimensões da angústia é a falta de certos referenciais, porque a questão é que a angústia dá aparecimento a esse objeto que surge como real, não imaginarizado, não simbolizado. De qualquer forma, o que fica claro é que nós ignoramos, que a gente 30 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar

17 RAMOS, L. N. Seminário A angústia... não sabe que objeto é esse que se positiva. O problema da angústia é que não se sabe que objeto é esse, que aparece de uma forma positivada, porque não está nomeado, não está imaginarizado. Como resto, resto da operação da inscrição de um traço. A cada vez que faz essa volta, no círculo, como pleno, a demanda como plena inscreve uma ausência, inscreve um traço, mas, de qualquer forma, ele diz que o mais apagável de um objeto é o traço, um significante, mas ao mesmo tempo é o que o presentifica. O que tem de mais apagado do objeto é o traço, é o significante que o representa, mas ao mesmo tempo em que o apaga, que assassina o objeto, o presentifica na linguagem. Aqui está a alienação. Para que se produza a reação de angústia, são necessárias duas condições. Uma é essa, o surgimento da falta sob uma forma positiva, que constitui a ponte da angústia. Que o objeto surja não negativizado, não representável na linguagem como ausente, mas que surja como objeto presente. E a segunda condição na página 72 ele faz a diferença entre a reação do distúrbio, que é uma reação normal ao desamparo, ao perigo, insuperável, mas que a reação de angústia é outra coisa. O desamparo vai produzir distúrbio, desarranjo. Para que haja angústia é necessário que o objeto se presentifique de uma forma positiva, como fonte de angústia, e segundo, que é sob o efeito de uma demanda que se produz o campo da falta. O que ele formula aqui é isso: que frente ao perdido surge o pedido. E quando surge o pedido não é para recuperar o perdido, é para estruturar a relação de presença-ausência. É pedido para ser negado e inscrever a ausência, ou seja, um intervalo entre uma demanda e outra, entre um significante e outro, para articular alguma coisa. Não se quer o objeto, o que se quer é a transformação do pedido do objeto em demanda de amor e reconhecimento. Toda demanda é demanda de amor e de reconhecimento, não é de objeto (Seminário da Identificação). A demanda surge indevidamente no lugar do que é escamoteado, ela surge no lugar do que é desaparecido, do objeto perdido. Esse esquema da conversão, uma coisa é a demanda partir do sujeito. Aqui o sujeito demanda participando da ausência de um objeto, a demanda tem um objeto ausente, que é buscado, por mais equívoco que seja, é pedido. A inversão, que é produtora de angústia, é quando a demanda do sujeito se transforma em demanda do Outro (página 79). Quando a demanda feita à mãe se inverte na demanda da mãe ao objeto chamado síbalo. Ele vai trabalhar justamente a função do corte a partir daqui. O síbalo excremento duro, numa forma arredondada, esférica aparece como objeto angustiante, que não reconhece nenhum corte, objeto esférico. Entre as funções excretoras, o ânus contribui para cortar o objeto. Se não é cortado se identifica, se não tem função do corte, se identifica à esfera. Ele vai retomar a questão do estranho, falando do pesadelo como experiência mais maciça, mais fechada. A angústia do pesadelo é experimentada como a do gozo do Outro, sem que o sujeito seja considerado como sujeito. Esse Outro, além de questionador, interpela o sujeito. É uma referência ao mito do Édipo, que comparece muito antes de todo o desenvolvimento da tragédia. Esse Outro, perguntando algo muito enigmático, interpelando o sujeito de algo desconhecido de sua origem. Há algo do primário que está na constituição subjetiva, até o que seria esse traço identificatório ao pai da horda primitiva o que ele retoma de Totem e Tabu identificação relativa a uma demanda. O Outro que demanda, que questiona o sujeito, e que não detém o que está recalcado. Toda demanda tem sempre algo de enganoso, ali onde se cai no engano da demanda, o que se perde é a possibilidade do desejo. Ele fala também da questão do apagamento do rastro e de que o significante é um rastro, porém um rastro apagado, e essa diferença ele faz em relação à fenomenologia da histeria e da neurose obsessiva, mencionando o que fazem com o significante para tentar retornar, como é a dimensão da angústia nesses dois quadros. Na histeria, a angústia não aparece, exatamente na medida em que essas faltas são desconhecidas, a questão fica em sustentar o desejo do Outro via corpo, em desfavor do significante surge o corpo, para representar o que o significante poderia dizer. No obsessivo, ele faz esse retorno ao signo, desconecta a inscrição da história. É o significante que pode conter a emergência do objeto, em que este possa se positivar, e é aqui que a condição do sujeito do sujeito desejante, 32 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar

18 PEREIRA, R. DE F. Seminário A angústia... do inconsciente se articula, na medida em que o significante pode simbolizar alguma coisa. A inscrição da presença-ausência nos interessa, pois é a inscrição do intervalo. Na última frase então, ele fala porque Pascal se interessou por essas pesquisas em torno do vácuo. Antes dele, todo pensamento tinha horror de que pudesse existir vácuo em algum lugar, e é a isso que se propõe nossa atenção, restando saber se também nós, de tempos em tempos, não cedemos a esse horror. ESQUEMA REFERIDO AO LONGO DA EXPOSIÇÃO 2 2 A linha circunscreve o círculo das demandas na busca repetida do objeto. A cada volta não o encontra e o objeto se inscreve, no que é pedido numa formulação de linguagem (para os neuróticos ao menos), como ausente (a-) se reafirma e passa a existir no inconsciente como ausente; ao mesmo tempo em que cria esse espaço vazio (interna da lingüiça), que só se organiza porque a linha da demanda o bordeia, lugar onde circula o desejo. Vazio essencial. Essa volta interna (do desejo) que não se equivoca com a demanda, Lacan diz no Seminário da Identificação que é uma volta a mais que o sujeito não conta (porque é Inconsciente); é o lugar do engano das cotas. Ele é sempre surpreendido nesse erro de cálculo. Buscando o objeto só encontra o vazio, o desejo. É outro momento que fala do engano. SEMINÁRIO A ANGÚSTIA, AULA DE 27 DE MAIO DE 1963 COMENTÁRIOS ADVERTÊNCIA OU A MODO DE INTRODUÇÃO E UM POUCO DE HISTÓRIA Robson de Freitas Pereira Otexto a seguir é a transcrição de uma reunião do cartelão da APPOA, que lê e discute as aulas do seminário de Lacan de 1962/63. Apesar de revisado pelo autor, ele permanece como uma palestra, uma fala dirigida aos interlocutores presentes naquela noite (13/12/07). Desta forma, comparecem no escrito, as inflexões características de uma conversa, assim como as repetições, os vícios de linguagem e a ausência de texto onde o gesto, a entonação, a respiração com suas pausas e o olhar fazem o preenchimento. Acrescente-se a isto, o fato de que se tratava de uma reunião de estudo, onde um texto comum aos participantes da reunião permitia este caráter de work in progress que é um dos objetivos do projeto. Quanto à exposição daquela noite, ela tinha dois momentos: no primeiro, buscava situar, contextualizar o seminário da Angústia sobre os aspectos político, conceitual e clínico. Com este procedimento, procurávamos demonstrar que a situação clínico conceitual não está distante das questões políticas do movimento psicanalítico. Além disto, as elaborações que fazemos a respeito da formação dos analistas e da passagem de uma experiência implicam um conhecimento da história e das condições sob as quais a transmissão da psicanálise é feita. O segundo momento trata dos comentários a respeito da aula de 27/03/63, tendo por fio condutor a discussão sobre o desejo do analista como fundamental na direção do tratamento. I Iniciamos retomando um comentário feito na jornada de abertura de 2007, onde fazíamos uma referência ao grafo da subversão do sujeito que 34 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 166, mar

QUADRO DE ENSINO APPOA

QUADRO DE ENSINO APPOA QUADRO DE ENSINO 2008 - APPOA Associação Psicanalítica de Porto Alegre APPOA www.appoa.com.br QUADRO DE ENSINO 2008 EIXO DE TRABALHO DO ANO ENCONTROS DE ESTUDO DO SEMINÁRIO A ANGÚSTIA DE JACQUES LACAN

Leia mais

QUADRO DE ENSINO APPOA

QUADRO DE ENSINO APPOA QUADRO DE ENSINO 2009 - APPOA QUADRO DE ENSINO 2009 EIXO DE TRABALHO DO ANO ENCONTROS DE ESTUDO DO SEMINÁRIO AS PSICOSES DE JACQUES LACAN Reuniões sistemáticas de trabalho, que acontecerão ao longo do

Leia mais

Congresso APPOA angústia

Congresso APPOA angústia Congresso APPOA 2008 - angústia Associação Psicanalítica de Porto Alegre APPOA CONGRESSO angústia Dias: 14, 15 e 16 de novembro de 2008 Local: Centro de Eventos Plaza São Rafael Endereço: Avenida Alberto

Leia mais

FÓRUM DE CONVERGÊNCIA - Laços entre Analistas

FÓRUM DE CONVERGÊNCIA - Laços entre Analistas FÓRUM DE CONVERGÊNCIA - Laços entre Analistas Laços entre Analistas FÓRUM DE CONVERGÊNCIA 03 DE AGOSTO DE 2008 PLAZA SÃO RAFAEL PORTO ALEGRE / BRASIL Convergênci a A Psicanálise continua. Fundada por Freud

Leia mais

DISCUSSÃO AO TRABALHO DA INSTITUIÇÃO CARTÉIS CONSTITUINTES DA ANALISE FREUDIANA: A psicanálise: à prova da passagem do tempo

DISCUSSÃO AO TRABALHO DA INSTITUIÇÃO CARTÉIS CONSTITUINTES DA ANALISE FREUDIANA: A psicanálise: à prova da passagem do tempo DISCUSSÃO AO TRABALHO DA INSTITUIÇÃO CARTÉIS CONSTITUINTES DA ANALISE FREUDIANA: A psicanálise: à prova da passagem do tempo DISCUTIDO PELA ESCOLA FREUDIANA DA ARGENTINA NOEMI SIROTA O trabalho permite

Leia mais

Sofrimento e dor no autismo: quem sente?

Sofrimento e dor no autismo: quem sente? Sofrimento e dor no autismo: quem sente? BORGES, Bianca Stoppa Universidade Veiga de Almeida-RJ biasborges@globo.com Resumo Este trabalho pretende discutir a relação do autista com seu corpo, frente à

Leia mais

PSICANÁLISE COM CRIANÇAS: TRANSFERÊNCIA E ENTRADA EM ANÁLISE. psicanálise com crianças, sustentam um tempo lógico, o tempo do inconsciente de fazer

PSICANÁLISE COM CRIANÇAS: TRANSFERÊNCIA E ENTRADA EM ANÁLISE. psicanálise com crianças, sustentam um tempo lógico, o tempo do inconsciente de fazer PSICANÁLISE COM CRIANÇAS: TRANSFERÊNCIA E ENTRADA EM ANÁLISE Pauleska Asevedo Nobrega Assim como na Psicanálise com adultos, as entrevistas preliminares na psicanálise com crianças, sustentam um tempo

Leia mais

Latusa Digital ano 1 N 8 agosto de 2004

Latusa Digital ano 1 N 8 agosto de 2004 Latusa Digital ano 1 N 8 agosto de 2004 Sobre o incurável do sinthoma Ângela Batista * "O que não entendi até agora, não entenderei mais. Graciela Brodsky Este trabalho reúne algumas questões discutidas

Leia mais

Como a análise pode permitir o encontro com o amor pleno

Como a análise pode permitir o encontro com o amor pleno Centro de Estudos Psicanalíticos - CEP Como a análise pode permitir o encontro com o amor pleno Laura Maria do Val Lanari Ciclo II, terça-feira à noite O presente trabalho tem por objetivo relatar as primeiras

Leia mais

Quando dar à castração outra articulação que não a anedótica? 1

Quando dar à castração outra articulação que não a anedótica? 1 Quando dar à castração outra articulação que não a anedótica? 1 Maria Isabel Fernandez Este título extraí do seminário...ou pior, livro 19, de Jacques Lacan, especificamente do capítulo III, intitulado

Leia mais

Psicanálise e Saúde Mental

Psicanálise e Saúde Mental Psicanálise e Saúde Mental Pós-graduação Lato Sensu em Psicanálise e Saúde Mental Coordenação: Drª Aparecida Rosângela Silveira Duração: 15 meses Titulação: Especialista em Psicanálise e Saúde Mental Modalidade:

Leia mais

Um rastro no mundo: as voltas da demanda 1

Um rastro no mundo: as voltas da demanda 1 Um rastro no mundo: as voltas da demanda 1 Maria Lia Avelar da Fonte 2 1 Trabalho apresentado no Simpósio de Intersecção Psicanalítica do Brasil. Brasília, 2006. Trabalho Publicado no livro As identificações

Leia mais

UM RASTRO NO MUNDO: AS VOLTAS DA DEMANDA 1 Maria Lia Avelar da Fonte 2

UM RASTRO NO MUNDO: AS VOLTAS DA DEMANDA 1 Maria Lia Avelar da Fonte 2 UM RASTRO NO MUNDO: AS VOLTAS DA DEMANDA 1 Maria Lia Avelar da Fonte 2 O tema da identificação é vasto, complexo e obscuro. Talvez por isso Lacan a ele se refira como a floresta da identificação. Embora

Leia mais

ISSO NÃO ME FALA MAIS NADA! 1 (Sobre a posição do analista na direção da cura)

ISSO NÃO ME FALA MAIS NADA! 1 (Sobre a posição do analista na direção da cura) ISSO NÃO ME FALA MAIS NADA! 1 (Sobre a posição do analista na direção da cura) Arlete Mourão Essa frase do título corresponde à expressão utilizada por um ex-analisando na época do final de sua análise.

Leia mais

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TEORIA PSICANALÍTICA Deptº de Psicologia / Fafich - UFMG

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TEORIA PSICANALÍTICA Deptº de Psicologia / Fafich - UFMG 1 CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TEORIA PSICANALÍTICA Deptº de Psicologia / Fafich - UFMG Disciplina: Conceitos Fundamentais A 1º sem. 2018 Ementa: O curso tem como principal objetivo o estudo de conceitos

Leia mais

O estudo teórico na formação do psicanalista Uma lógica que não é a da. identificação 1

O estudo teórico na formação do psicanalista Uma lógica que não é a da. identificação 1 O estudo teórico na formação do psicanalista Uma lógica que não é a da Arlete Mourão 2 identificação 1 Na formação do analista, o lugar e a função do estudo da psicanálise são conseqüências lógicas da

Leia mais

Tempos significantes na experiência com a psicanálise 1

Tempos significantes na experiência com a psicanálise 1 Tempos significantes na experiência com a psicanálise 1 Cássia Fontes Bahia O termo significante está sendo considerado aqui em relação ao desdobramento que pode tomar em um plano mais simples e primeiro

Leia mais

VII Encontro da IF-EPFCL O QUE RESPONDE O PSICANALISTA? ÉTICA E CLÍNICA. 6-9 de julho de

VII Encontro da IF-EPFCL O QUE RESPONDE O PSICANALISTA? ÉTICA E CLÍNICA. 6-9 de julho de VII Encontro da IF-EPFCL O QUE RESPONDE O PSICANALISTA? ÉTICA E CLÍNICA. 6-9 de julho de 2012 www.rio2012if-epfcl.org.br rio2012ifepfcl@gmail.com PRELÚDIO 2: SE FAZER NO REAL, CLÍNICA E ÉTICA. Carmen Gallano

Leia mais

A INCOMPREENSÃO DA MATEMÁTICA É UM SINTOMA?

A INCOMPREENSÃO DA MATEMÁTICA É UM SINTOMA? A INCOMPREENSÃO DA MATEMÁTICA É UM SINTOMA? ROSELI MARIA RODELLA DE OLIVEIRA rrodella@gmail.com A proposta deste trabalho é explicar o sintoma de incompreensão da matemática. Ela está inspirada em uma

Leia mais

6 Referências bibliográficas

6 Referências bibliográficas 6 Referências bibliográficas BARROS, R. do R. O Sintoma enquanto contemporâneo. In: Latusa, n. 10. Rio de Janeiro: Escola Brasileira de Psicanálise Seção Rio, 2005, p. 17-28. COTTET, S. Estudos clínicos.

Leia mais

PROJETO EDUCAÇÃO SEM HOMOFOBIA SEXUALIDADE E A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO

PROJETO EDUCAÇÃO SEM HOMOFOBIA SEXUALIDADE E A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO PROJETO EDUCAÇÃO SEM HOMOFOBIA SEXUALIDADE E A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO Débora Maria Gomes Silveira Universidade Federal de Minas Gerais Maio/ 2010 ESTUDO PSICANALÍTICO DA SEXUALIDADE BREVE HISTÓRICO Na

Leia mais

Incurável. Celso Rennó Lima

Incurável. Celso Rennó Lima 1 Incurável Celso Rennó Lima Em seu primeiro encontro com o Outro, consequência da incidência de um significante, o sujeito tem de lidar com um incurável, que não se subjetiva, que não permite que desejo

Leia mais

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SECRETARIA DA SAÚDE HOSPITAL PSIQUIÁTRICO SÃO PEDRO DIREÇÃO DE ENSINO E PESQUISA

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SECRETARIA DA SAÚDE HOSPITAL PSIQUIÁTRICO SÃO PEDRO DIREÇÃO DE ENSINO E PESQUISA ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SECRETARIA DA SAÚDE HOSPITAL PSIQUIÁTRICO SÃO PEDRO DIREÇÃO DE ENSINO E PESQUISA QUADRO DE VAGAS ESTÁGIO CURRICULAR 2018/2 LOCAL VAGAS MODALIDADE DE ESTÁGIO DATA ENTREVISTA

Leia mais

ALIENAÇÃO E SEPARAÇÃO. Mical Marcelino Margarete Pauletto Renata Costa

ALIENAÇÃO E SEPARAÇÃO. Mical Marcelino Margarete Pauletto Renata Costa ALIENAÇÃO E SEPARAÇÃO Mical Marcelino Margarete Pauletto Renata Costa Objetivo Investigar a Alienação e Separação, conceitos fundamentais para entender: CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO SUBJETIVIDADE EIXOS DE ORGANIZAÇÃO

Leia mais

QUADRO DE VAGAS 2018/1 ESTÁGIO CURRICULAR PSICOLOGIA

QUADRO DE VAGAS 2018/1 ESTÁGIO CURRICULAR PSICOLOGIA ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SECRETARIA DA SAÚDE HOSPITAL PSIQUIÁTRICO SÃO PEDRO DIREÇÃO DE ENSINO E PESQUISA QUADRO DE VAGAS ESTÁGIO CURRICULAR 2018/1 QUADRO DE VAGAS 2018/1 ESTÁGIO CURRICULAR PSICOLOGIA

Leia mais

A Prática Da Escola PSICANÁLISE. Escola Ensino Transmissão 2016 CLÍNICA DE PSICANÁLISE IMPRESSO

A Prática Da Escola PSICANÁLISE. Escola Ensino Transmissão 2016 CLÍNICA DE PSICANÁLISE IMPRESSO CLÍNICA DE PSICANÁLISE A clínica está aberta a cada um que tenha demanda de tratar-se psicanaliticamente. Informações entre 13h e 21h - (21) 2704-8448 / 2710-3522 Consultórios em Niterói e no Rio de Janeiro

Leia mais

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA III Simpósio da UEFS sobre Autismo O sujeito para além do transtorno do espectro autista.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA III Simpósio da UEFS sobre Autismo O sujeito para além do transtorno do espectro autista. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA III Simpósio da UEFS sobre Autismo O sujeito para além do transtorno do espectro autista Psicomotricidade Um caminho para intervenção com crianças com traços autistas

Leia mais

FREUD E LACAN NA CLÍNICA DE 2009

FREUD E LACAN NA CLÍNICA DE 2009 FREUD E LACAN NA CLÍNICA DE 2009 APRESENTAÇÃO O Corpo de Formação em Psicanálise do Instituto da Psicanálise Lacaniana- IPLA trabalhará neste ano de 2009 a atualidade clínica dos quatro conceitos fundamentais

Leia mais

DESEJO DE ANALISTA. Ana Lúcia Bastos Falcão 1. O x da questão

DESEJO DE ANALISTA. Ana Lúcia Bastos Falcão 1. O x da questão DESEJO DE ANALISTA Ana Lúcia Bastos Falcão 1 O x da questão O desejo do analista sempre acompanhado de uma questão é o próprio x da questão. Tratando-se de escolha de profissão, carreira... O importante

Leia mais

NOME DO PAI E REAL. Jacques Laberge 1

NOME DO PAI E REAL. Jacques Laberge 1 NOME DO PAI E REAL Jacques Laberge 1 Na época em que estava proferindo seu Seminário As formações do inconsciente, Lacan retomou pontos de seu Seminário III, As psicoses em De uma questão preliminar a

Leia mais

Revista da ATO escola de psicanálise Belo Horizonte Topologia e desejo do analista Ano 3, n.3 p ISSN:

Revista da ATO escola de psicanálise Belo Horizonte Topologia e desejo do analista Ano 3, n.3 p ISSN: Revista da ATO escola de psicanálise Belo Horizonte Topologia e desejo do analista Ano 3, n.3 p. 1-148 2017 ISSN: 23594063 Copyrigtht 2017 by ATO - escola de psicanálise Comissão da Revista Viviane Gambogi

Leia mais

A AGRESSIVIDADE NA INFÂNCIA E AS FUNÇÕES PARENTAIS NA ATUALIDADE: UM RECORTE CLÍNICO DA SAÚDE MENTAL

A AGRESSIVIDADE NA INFÂNCIA E AS FUNÇÕES PARENTAIS NA ATUALIDADE: UM RECORTE CLÍNICO DA SAÚDE MENTAL A AGRESSIVIDADE NA INFÂNCIA E AS FUNÇÕES PARENTAIS NA ATUALIDADE: UM RECORTE CLÍNICO DA SAÚDE MENTAL Ana Helena Dias Avila Porto Alegre, 2017. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE PSICOLOGIA

Leia mais

O gozo, o sentido e o signo de amor

O gozo, o sentido e o signo de amor O gozo, o sentido e o signo de amor Palavras-chave: signo, significante, sentido, gozo Simone Oliveira Souto O blá-blá-blá Na análise, não se faz mais do que falar. O analisante fala e, embora o que ele

Leia mais

Coordenador do Núcleo de Psicanálise e Medicina

Coordenador do Núcleo de Psicanálise e Medicina O corpo e os objetos (a) na clínica dos transtornos alimentares Lázaro Elias Rosa Coordenador do Núcleo de Psicanálise e Medicina Com este título, nomeamos o conjunto de nossos trabalhos, bem como o rumo

Leia mais

AS DEPRESSÕES NA ATUALIDADE: UMA QUESTÃO CLÍNICA? OU DISCURSIVA?

AS DEPRESSÕES NA ATUALIDADE: UMA QUESTÃO CLÍNICA? OU DISCURSIVA? Anais do V Seminário dos Alunos dos Programas de Pós-Graduação do Instituto de Letras da UFF AS DEPRESSÕES NA ATUALIDADE: UMA QUESTÃO CLÍNICA? OU DISCURSIVA? Amanda Andrade Lima Mestrado/UFF Orientadora:

Leia mais

DIMENSÕES PSÍQUICAS DO USO DE MEDICAMENTOS 1. Jacson Fantinelli Dos Santos 2, Tânia Maria De Souza 3.

DIMENSÕES PSÍQUICAS DO USO DE MEDICAMENTOS 1. Jacson Fantinelli Dos Santos 2, Tânia Maria De Souza 3. DIMENSÕES PSÍQUICAS DO USO DE MEDICAMENTOS 1 Jacson Fantinelli Dos Santos 2, Tânia Maria De Souza 3. 1 Ensaio teórico embasado numa pesquisa empírica segundo atendimentos realizados na Clínica de Psicologia

Leia mais

Histeria sem ao-menos-um

Histeria sem ao-menos-um Opção Lacaniana online nova série Ano 6 Número 17 julho 2015 ISSN 2177-2673 1 Angelina Harari Abordar o tema da histeria a partir da doutrina do UM tem como antecedente o meu passe, muito embora não se

Leia mais

Anais V CIPSI - Congresso Internacional de Psicologia Psicologia: de onde viemos, para onde vamos? Universidade Estadual de Maringá ISSN X

Anais V CIPSI - Congresso Internacional de Psicologia Psicologia: de onde viemos, para onde vamos? Universidade Estadual de Maringá ISSN X A PSICANÁLISE NO CONTEXTO DA CLÍNICA-ESCOLA Bruna C. de Oliveira Danziger Rafael dos Reis Biazin O que se configura de forma premente no âmbito das práticas clínicas atuantes nas clínicas-escolas é a impossibilidade

Leia mais

Amor e precipitação: um retorno à história de Sidonie C., a paciente homossexual de Freud

Amor e precipitação: um retorno à história de Sidonie C., a paciente homossexual de Freud Amor e precipitação: um retorno à história de Sidonie C., a paciente homossexual de Freud Alexandre Rambo de Moura Nosso trabalho se desdobra das questões que emergem a partir do livro Desejos Secretos,

Leia mais

Entrevista com Taciana Mafra Revista Antígona, Na sua opinião, como se dá a formação de um psicanalista?

Entrevista com Taciana Mafra Revista Antígona, Na sua opinião, como se dá a formação de um psicanalista? Entrevista com Taciana Mafra Taciana de Melo Mafra - Psicanalista, membro fundadora do Toro de Psicanálise em Maceió, editora da Revista Antígona, autora dos livros Um Percurso em Psicanálise com Lacan,

Leia mais

DO MAIS AINDA DA ESCRITA 1

DO MAIS AINDA DA ESCRITA 1 DO MAIS AINDA DA ESCRITA 1 Jacques Laberge 2 Mais ainda (Encore), de 1972-73, deve sua importância à contribuição decisiva de Lacan à sexualidade feminina, tema que ocupa a segunda metade deste Seminário

Leia mais

Referências Bibliográficas

Referências Bibliográficas 98 Referências Bibliográficas ALBERTI, S. Esse Sujeito Adolescente. Rio de Janeiro: Rios Ambiciosos, 1999. APOLINÁRIO, C. Acting out e passagem ao ato: entre o ato e a enunciação. In: Revista Marraio.

Leia mais

SEMINÁRIO AS LÁGRIMAS DE EROS UTOPIA, ARTE E PSICANÁLISE - 12 E 13 DE DEZEMBRO DE

SEMINÁRIO AS LÁGRIMAS DE EROS UTOPIA, ARTE E PSICANÁLISE - 12 E 13 DE DEZEMBRO DE SEMINÁRIO AS LÁGRIMAS DE EROS UTOPIA, ARTE E PSICANÁLISE - 12 E 13 DE DEZEMBRO DE 2014 - INSTITUTO DE PSICOLOGIA Av. Ramiro Barcelos, 2600 - sala 201 APRESENTAÇÃO O ponto de partida deste seminário é a

Leia mais

Revista da ATO escola de psicanálise Belo Horizonte A economia pulsional, o gozo e a sua lógica Ano 4, n.4 p ISSN:

Revista da ATO escola de psicanálise Belo Horizonte A economia pulsional, o gozo e a sua lógica Ano 4, n.4 p ISSN: Revista da ATO escola de psicanálise Belo Horizonte A economia pulsional, o gozo e a sua lógica Ano 4, n.4 p. 1-152 2018 ISSN: 23594063 Copyrigtht 2018 by ATO - escola de psicanálise Comissão da Revista

Leia mais

Sobre a Verleugnung 1

Sobre a Verleugnung 1 Sobre a Verleugnung 1 Antonia Portela Magalhães Levando em conta que o texto que nos orienta nesta jornada é: A Direção do Tratamento e os Princípios de seu Poder, dos Escritos de Jacques Lacan, vou articular

Leia mais

Latusa digital N 10 ano 1 outubro de 2004

Latusa digital N 10 ano 1 outubro de 2004 Latusa digital N 10 ano 1 outubro de 2004 Política do medo versus política lacaniana Mirta Zbrun* Há três sentidos possíveis para entender a política lacaniana 1. Em primeiro lugar, o sentido da política

Leia mais

Toxicomanias: contra-senso ao laço social e ao amor?

Toxicomanias: contra-senso ao laço social e ao amor? Toxicomanias: contra-senso ao laço social e ao amor? Rita de Cássia dos Santos Canabarro 1 Eros e Ananke são, segundo Freud (1930/1987), os pais da civilização. De um lado, o amor foi responsável por reunir

Leia mais

QUADRO DE VAGAS 2017/2 ESTÁGIO CURRICULAR PSICOLOGIA

QUADRO DE VAGAS 2017/2 ESTÁGIO CURRICULAR PSICOLOGIA ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SECRETARIA DA SAÚDE HOSPITAL PSIQUIÁTRICO SÃO PEDRO DIREÇÃO DE ENSINO E PESQUISA QUADRO DE VAGAS 2017/2 ESTÁGIO CURRICULAR PSICOLOGIA LOCAL VAGAS MODALIDADE DE ESTÁGIO Data

Leia mais

Imaginário, Simbólico e Real. Débora Trevizo Dolores Braga Ercilene Vita Janaína Oliveira Sulemi Fabiano

Imaginário, Simbólico e Real. Débora Trevizo Dolores Braga Ercilene Vita Janaína Oliveira Sulemi Fabiano Imaginário, Simbólico e Real Débora Trevizo Dolores Braga Ercilene Vita Janaína Oliveira Sulemi Fabiano Roteiro: 1) Breve relato sobre a primeira concepção de inconsciente em Freud - o corte epistemológico.

Leia mais

Programa da Formação em Psicoterapia

Programa da Formação em Psicoterapia Programa da Formação em Psicoterapia Ano Programa de Formação de Especialidade em Psicoterapia Unidades Seminários Tópicos Programáticos Horas dos Módulos Desenvolvimento Pessoal do Psicoterapeuta > Construção

Leia mais

O estatuto do corpo no transexualismo

O estatuto do corpo no transexualismo O estatuto do corpo no transexualismo Doris Rinaldi 1 Lacan, no Seminário sobre Joyce, assinala a estranheza que marca a relação do homem com o próprio corpo, relação essa que é da ordem do ter e não do

Leia mais

QUE AMOR NA TRANSFERÊNCIA? Ana Paula de Aguiar Barcellos 1

QUE AMOR NA TRANSFERÊNCIA? Ana Paula de Aguiar Barcellos 1 QUE AMOR NA TRANSFERÊNCIA? Ana Paula de Aguiar Barcellos 1 Na descoberta do inconsciente Freud apontou que a transferência é um fenômeno espontâneo que adquire status de conceito na psicanálise. Ela é

Leia mais

A OPERAÇÃO DO DISCURSO ANALÍTICO

A OPERAÇÃO DO DISCURSO ANALÍTICO A OPERAÇÃO DO DISCURSO ANALÍTICO Este trabalho é um recorte do projeto de iniciação científica (PIBIC) Estruturas Clínicas e Discurso: a neurose, no qual trabalhamos o texto do Seminário XVII: O Avesso

Leia mais

produções, 27 de outubro de Psicanalista, membro da Associação Psicanalítica de Porto Alegre (APPOA) e do Espaço

produções, 27 de outubro de Psicanalista, membro da Associação Psicanalítica de Porto Alegre (APPOA) e do Espaço SUPERVISÃO: ALTERIZAÇÃO DA ESCUTA 1 Lucy Linhares da Fontoura 2 Há alguns anos, quando eu fazia parte do corpo docente do Departamento de Filosofia e Psicologia da UNIJUÍ e do grupo de supervisores da

Leia mais

CLÍNICA, TRANSFERÊNCIA E O DESEJO DO ANALISTA 1 CLINIC, TRANSFERENCE AND DESIRE OF THE ANALYST. Fernanda Correa 2

CLÍNICA, TRANSFERÊNCIA E O DESEJO DO ANALISTA 1 CLINIC, TRANSFERENCE AND DESIRE OF THE ANALYST. Fernanda Correa 2 CLÍNICA, TRANSFERÊNCIA E O DESEJO DO ANALISTA 1 CLINIC, TRANSFERENCE AND DESIRE OF THE ANALYST Fernanda Correa 2 1 Monografia de Conclusão do Curso de Graduação em Psicologia 2 Aluna do Curso de Graduação

Leia mais

Do fenômeno ao sintoma: impasses e possibilidades na escuta do sujeito na instituição. Claudia Escórcio Gurgel do Amaral Pitanga Doris Rinaldi

Do fenômeno ao sintoma: impasses e possibilidades na escuta do sujeito na instituição. Claudia Escórcio Gurgel do Amaral Pitanga Doris Rinaldi Do fenômeno ao sintoma: impasses e possibilidades na escuta do sujeito na instituição Claudia Escórcio Gurgel do Amaral Pitanga Doris Rinaldi O presente trabalho tem a intenção de discutir os impasses

Leia mais

HIPERATIVIDADE E DÉFICIT DE ATENÇÃO NA CLÍNICA COM CRIANÇAS

HIPERATIVIDADE E DÉFICIT DE ATENÇÃO NA CLÍNICA COM CRIANÇAS HIPERATIVIDADE E DÉFICIT DE ATENÇÃO NA CLÍNICA COM CRIANÇAS Gerson Smiech Pinho 1 Tem sido cada vez mais freqüente a chegada a tratamento psicanalítico e psicoterápico de crianças e adolescentes com o

Leia mais

INTRODUÇÃO À PSICOPATOLOGIA PSICANALÍTICA. Profa. Dra. Laura Carmilo granado

INTRODUÇÃO À PSICOPATOLOGIA PSICANALÍTICA. Profa. Dra. Laura Carmilo granado INTRODUÇÃO À PSICOPATOLOGIA PSICANALÍTICA Profa. Dra. Laura Carmilo granado Pathos Passividade, paixão e padecimento - padecimentos ou paixões próprios à alma (PEREIRA, 2000) Pathos na Grécia antiga Platão

Leia mais

Psicanálise e Ciência: um sujeito, dois discursos

Psicanálise e Ciência: um sujeito, dois discursos Psicanálise e Ciência: um sujeito, dois discursos Hilana Erlich* A proposta desse trabalho é investigar a relação entre psicanálise e ciência a partir da noção de sujeito. De acordo com Lacan, o surgimento

Leia mais

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO PLANO DE ENSINO Ano Semestre letivo 2019 3º semestre 1. Identificação Código 1.1 Disciplina: Teorias Psicanalíticas 1000134

Leia mais

52 TWEETS SOBRE A TRANSFERÊNCIA

52 TWEETS SOBRE A TRANSFERÊNCIA 52 TWEETS SOBRE A TRANSFERÊNCIA S. Freud, J. Lacan, J-A Miller e J. Forbes dialogando sobre a transferência no tweetdeck A arte de escutar equivale a arte do bem-dizer. A relação de um a outro que se instaura

Leia mais

O falo, o amor ao pai, o silêncio. no real Gresiela Nunes da Rosa

O falo, o amor ao pai, o silêncio. no real Gresiela Nunes da Rosa Opção Lacaniana online nova série Ano 5 Número 15 novembro 2014 ISSN 2177-2673 e o amor no real Gresiela Nunes da Rosa Diante da constatação de que o menino ou o papai possui um órgão fálico um tanto quanto

Leia mais

A teoria das pulsões e a biologia. A descrição das origens da pulsão em Freud

A teoria das pulsões e a biologia. A descrição das origens da pulsão em Freud www.franklingoldgrub.com Édipo 3 x 4 - franklin goldgrub 6º Capítulo - (texto parcial) A teoria das pulsões e a biologia A descrição das origens da pulsão em Freud Ao empreender sua reflexão sobre a origem

Leia mais

O amor e a mulher. Segundo Lacan o papel do amor é precioso: Daniela Goulart Pestana

O amor e a mulher. Segundo Lacan o papel do amor é precioso: Daniela Goulart Pestana O amor e a mulher O que une os seres é o amor, o que os separa é a Sexualidade. Somente o Homem e A Mulher que podem unir-se acima de toda sexualidade são fortes. Antonin Artaud, 1937. Daniela Goulart

Leia mais

As Implicações do Co Leito entre Pais e Filhos para a Resolução do Complexo de Édipo. Sandra Freiberger

As Implicações do Co Leito entre Pais e Filhos para a Resolução do Complexo de Édipo. Sandra Freiberger As Implicações do Co Leito entre Pais e Filhos para a Resolução do Complexo de Édipo Sandra Freiberger Porto Alegre, 2017 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE PSICOLOGIA CURSO: INTERVENÇÃO

Leia mais

A política do sintoma na clínica da saúde mental: aplicações para o semblante-analista Paula Borsoi

A política do sintoma na clínica da saúde mental: aplicações para o semblante-analista Paula Borsoi Opção Lacaniana online nova série Ano 2 Número 5 Julho 2011 ISSN 2177-2673 na clínica da saúde mental: aplicações para o semblante-analista Paula Borsoi 1. A política e a clínica A saúde mental é definida

Leia mais

O ATO PSICANALÍTICO NO CAMPO DO GOZO. verificação e comprovação. Sendo esse o tema de nosso projeto de mestrado,

O ATO PSICANALÍTICO NO CAMPO DO GOZO. verificação e comprovação. Sendo esse o tema de nosso projeto de mestrado, O ATO PSICANALÍTICO NO CAMPO DO GOZO Liliana Marlene da Silva Alves Sérgio Scotti O ato psicanalítico é fonte de interrogação e instrumento de autorização para todo aquele que se propõe seguir uma prática

Leia mais

PsicoDom, v.1, n.1, dez

PsicoDom, v.1, n.1, dez PsicoDom, v.1, n.1, dez. 2007 13 Resenha do livro Categorias Conceituais da Subjetividade Jorge Sesarino 1 Fabio Thá, conhecido nome da psicanálise em Curitiba, foi um dos pioneiros no estudo da obra de

Leia mais

ANALISTAS E ANALISANDOS PRECISAM SE ACEITAR: REFLEXÕES SOBRE AS ENTREVISTAS PRELIMINARES

ANALISTAS E ANALISANDOS PRECISAM SE ACEITAR: REFLEXÕES SOBRE AS ENTREVISTAS PRELIMINARES ANALISTAS E ANALISANDOS PRECISAM SE ACEITAR: REFLEXÕES SOBRE AS ENTREVISTAS PRELIMINARES 2014 Matheus Henrique de Souza Silva Psicólogo pela Faculdade Pitágoras de Ipatinga-MG. Especializando em Clínica

Leia mais

O dispositivo Clínico- Institucional

O dispositivo Clínico- Institucional O dispositivo Clínico- Institucional Uma proposta... Patrícia Rachel Gonçalves Psicóloga Clínica CRP-03/03302 Coordenação do Núcleo de Clínica - CETAD/UFBA Coordenação Programa de Estágio CETAD/UFBA 1

Leia mais

MULHERES MASTECTOMIZADAS: UM OLHAR PSICANALÍTICO. Sara Guimarães Nunes 1

MULHERES MASTECTOMIZADAS: UM OLHAR PSICANALÍTICO. Sara Guimarães Nunes 1 MULHERES MASTECTOMIZADAS: UM OLHAR PSICANALÍTICO Sara Guimarães Nunes 1 1. Aluna Especial do Mestrado em Psicologia 2016.1, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Tipo de Apresentação: Comunicação

Leia mais

SIGMUND FREUD. SPR promove curso de introdução ao pensamento psicanalítico

SIGMUND FREUD. SPR promove curso de introdução ao pensamento psicanalítico O Espaço Sigmund Freud tem o objetivo de introduzir o conhecimento sobre as bases teóricas do pensamento psicanalítico, aos estudantes e profissionais de diversas áreas de interesse. Estão abertas as inscrições

Leia mais

6 Referências bibliográficas

6 Referências bibliográficas 6 Referências bibliográficas ABREU, T. Perversão generalizada. In: Agente: Revista digital de psicanálise da EBP-Bahia, n. 03. Salvador: EBP-Bahia, 2007. Disponível em: .

Leia mais

A ESSÊNCIA DA TEORIA PSICANALÍTICA É UM DISCURSO SEM FALA, MAS SERÁ ELA SEM ESCRITA?

A ESSÊNCIA DA TEORIA PSICANALÍTICA É UM DISCURSO SEM FALA, MAS SERÁ ELA SEM ESCRITA? A ESSÊNCIA DA TEORIA PSICANALÍTICA É UM DISCURSO SEM FALA, MAS SERÁ ELA SEM ESCRITA? Maurício Eugênio Maliska Estamos em Paris, novembro de 1968, Lacan está para começar seu décimo sexto seminário. Momento

Leia mais

O período de latência e a cultura contemporânea

O período de latência e a cultura contemporânea Eixo III O período de latência e a cultura contemporânea José Outeiral Membro Titular, Didata, da SPP Enunciado Sigmund Freud ao estudar (1905) o desenvolvimento da libido definiu o conceito de período

Leia mais

Père-Version, Perversão ou Infinitização: três saídas possíveis para uma análise

Père-Version, Perversão ou Infinitização: três saídas possíveis para uma análise Arlete Mourão 1 Père-Version, Perversão ou Infinitização: três saídas possíveis para uma análise Por Arlete Mourão Simpósio de São Luís Setembro de 2004 Com esse título, trago para discussão a delicada

Leia mais

Entretantos, 2014 LACAN COMENTÁRIO DO TEXTO: A DIREÇÃO DO TRATAMENTO E OS PRINCÍPIOS DO SEU

Entretantos, 2014 LACAN COMENTÁRIO DO TEXTO: A DIREÇÃO DO TRATAMENTO E OS PRINCÍPIOS DO SEU Entretantos, 2014 Grupo: DE LEITURA: CASOS CLÍNICOS DE FREUD ACOMPANHADOS DE COMENTÁRIOS DE LACAN Integrantes: Ana Maria Leal, Célia Cristina Marcos Klouri, Claudia Justi Monti Schonberger, Cristina Petry,

Leia mais

ELEMENTOS PARA INTERROGAR UMA CLÍNICA POSSÍVEL NA UNIVERSIDADE: ALGUMAS REFLEXÕES A PARTIR DO TRABALHO DE SUPERVISÃO

ELEMENTOS PARA INTERROGAR UMA CLÍNICA POSSÍVEL NA UNIVERSIDADE: ALGUMAS REFLEXÕES A PARTIR DO TRABALHO DE SUPERVISÃO ELEMENTOS PARA INTERROGAR UMA CLÍNICA POSSÍVEL NA UNIVERSIDADE: ALGUMAS REFLEXÕES A PARTIR DO TRABALHO DE SUPERVISÃO Vinicius Anciães Darriba Nadja Nara Barbosa Pinheiro A despeito do fato da relação entre

Leia mais

Obras de J.-D. Nasio publicadas por esta editora:

Obras de J.-D. Nasio publicadas por esta editora: A dor física Obras de J.-D. Nasio publicadas por esta editora: A alucinação E outros estudos lacanianos Cinco lições sobre a teoria de Jacques Lacan Como trabalha um psicanalista? A criança do espelho

Leia mais

O Fenômeno Psicossomático (FPS) não é o signo do amor 1

O Fenômeno Psicossomático (FPS) não é o signo do amor 1 O Fenômeno Psicossomático (FPS) não é o signo do amor 1 Joseane Garcia de S. Moraes 2 Na abertura do seminário 20, mais ainda, cujo título em francês é encore, que faz homofonia com en corps, em corpo,

Leia mais

Curso de Extensão: LEITURAS DIRIGIDAS DA OBRA DE JACQUES LACAN/2014

Curso de Extensão: LEITURAS DIRIGIDAS DA OBRA DE JACQUES LACAN/2014 Curso de Extensão: LEITURAS DIRIGIDAS DA OBRA DE JACQUES LACAN/2014 Prof. Dr. Mario Eduardo Costa Pereira PROGRAMA - Io. SEMESTRE Março/2014 14/03/2014 CONFERÊNCIA INAUGURAL : Contextualização do seminário

Leia mais

O NÃO LUGAR DAS NÃO NEUROSES NA SAÚDE MENTAL

O NÃO LUGAR DAS NÃO NEUROSES NA SAÚDE MENTAL O NÃO LUGAR DAS NÃO NEUROSES NA SAÚDE MENTAL Letícia Tiemi Takuschi RESUMO: Percebe-se que existe nos equipamentos de saúde mental da rede pública uma dificuldade em diagnosticar e, por conseguinte, uma

Leia mais

ATIVIDADES COMPLEMENTARES 2007/1 MODALIDADE: EXTENSÃO

ATIVIDADES COMPLEMENTARES 2007/1 MODALIDADE: EXTENSÃO ATIVIDADES COMPLEMENTARES 2007/1 MODALIDADE: EXTENSÃO 1. Auto - estima e retorno ao trabalho Local: Clínica Psicológica, UBS Pestano/Fátima 1. Professora Responsável: Rosane Pinheiro Kruger Feijó 2. Tempo

Leia mais

8. Referências bibliográficas

8. Referências bibliográficas 8. Referências bibliográficas ABRAM, J. (2000). A Linguagem de Winnicott. Revinter, Rio de Janeiro. ANDRADE, V. M. (2003). Um diálogo entre a psicanálise e a neurociência. Casa do Psicólogo, São Paulo.

Leia mais

PETRI, R. Psicanálise e educação no tratamento da psicose infantil: quatro experiências institucionais. São Paulo, SP: Annablume, 2003

PETRI, R. Psicanálise e educação no tratamento da psicose infantil: quatro experiências institucionais. São Paulo, SP: Annablume, 2003 PETRI, R. Psicanálise e educação no tratamento da psicose infantil: quatro experiências institucionais São Paulo, SP: Annablume, 2003 Marise Bartolozzi B astos Eis um trabalho que traz uma importante contribuição

Leia mais

O CARTEL FAZ ESCOLA. Em 2004, no final de seu texto denominado Por uma Escola do Cartel (in Em

O CARTEL FAZ ESCOLA. Em 2004, no final de seu texto denominado Por uma Escola do Cartel (in Em O CARTEL FAZ ESCOLA Em 2004, no final de seu texto denominado Por uma Escola do Cartel (in Em torno do Cartel, org. por Barbara Guatimosin), Rithé Cevasco coloca a seguinte questão: saberemos fazer uso

Leia mais

Tentativas de Suicídio: abordagens na Atenção Primária. Prof. Dr. Maurício Eugênio Maliska

Tentativas de Suicídio: abordagens na Atenção Primária. Prof. Dr. Maurício Eugênio Maliska Tentativas de Suicídio: abordagens na Atenção Primária Prof. Dr. Maurício Eugênio Maliska Aspectos Históricos e Culturais O suicídio já foi motivo de admiração, tolerância, discriminação e condenação ao

Leia mais

O OBJETO A E SUA CONSTRUÇÃO

O OBJETO A E SUA CONSTRUÇÃO O OBJETO A E SUA CONSTRUÇÃO 2016 Marcell Felipe Psicólogo clínico graduado pelo Centro Universitário Newont Paiva (MG). Pós graduado em Clínica Psicanalítica pela Pontifícia Católica de Minas Gerais (Brasil).

Leia mais

Revista da ATO escola de psicanálise Belo Horizonte Inibição, sintoma, angústia: função de nominação Ano II n.1 pp ISSN:

Revista da ATO escola de psicanálise Belo Horizonte Inibição, sintoma, angústia: função de nominação Ano II n.1 pp ISSN: Revista da ATO escola de psicanálise Belo Horizonte Inibição, sintoma, angústia: função de nominação Ano II n.1 pp. 1-124 2016 Revista da Ato Escola de psicanálise Belo Horizonte Angústia Ano I n. 0 pp.

Leia mais

Quando o inominável se manifesta no corpo: a psicossomática psicanalítica no contexto das relações objetais

Quando o inominável se manifesta no corpo: a psicossomática psicanalítica no contexto das relações objetais Apresentação em pôster Quando o inominável se manifesta no corpo: a psicossomática psicanalítica no contexto das relações objetais Bruno Quintino de Oliveira¹; Issa Damous²; 1.Discente-pesquisador do Deptº

Leia mais

Revista da Ato Escola de psicanálise Belo Horizonte Angústia Ano I n. 0 pp ISSN:

Revista da Ato Escola de psicanálise Belo Horizonte Angústia Ano I n. 0 pp ISSN: Revista da Ato Escola de psicanálise Belo Horizonte Angústia Ano I n. 0 pp. 1-203 2015 ISSN: 23594063 Revista da Ato Escola de psicanálise Angústia - Ano I n. 0, 2015 Copyright 2015 by Ato Escola de psicanálise

Leia mais

Nome da disciplina: Formação de grupos sociais diálogos entre sociologia e psicanálise Créditos (T-P-I): (2-0-2) Carga horária: 24 horas

Nome da disciplina: Formação de grupos sociais diálogos entre sociologia e psicanálise Créditos (T-P-I): (2-0-2) Carga horária: 24 horas Caracterização da disciplina Código da disciplina: BC- 0011 Nome da disciplina: Formação de grupos sociais diálogos entre sociologia e psicanálise Créditos (T-P-I): (2-0-2) Carga horária: 24 horas Aula

Leia mais

X jornada da EBP-SC O corpo que se tem, e o que escapa

X jornada da EBP-SC O corpo que se tem, e o que escapa Nº06 Confiram nesta edição especial do Habeas Corpus a PROGRAMAÇÃO completa da X Jornada e não percam os últimos dias para as inscrições a preços reduzidos INSCRIÇÕES Fone: (48) 3222-2962 ebpsc48@gmail.com

Leia mais

OS TRABALHOS ARTÍSTICOS NÃO SÃO PRODUTOS DO INCONSCIENTE 1

OS TRABALHOS ARTÍSTICOS NÃO SÃO PRODUTOS DO INCONSCIENTE 1 OS TRABALHOS ARTÍSTICOS NÃO SÃO PRODUTOS DO INCONSCIENTE 1 (Pontuações do livro de Collete Soler A Psicanálise na Civilização ) Sonia Coelho 2 Lendo essa afirmativa Os trabalhos artísticos não são produtos

Leia mais

CEP - Centro de Estudos Psicanalíticos. A psicanálise como berço ou por que tratamos apenas crianças em nossos consultórios

CEP - Centro de Estudos Psicanalíticos. A psicanálise como berço ou por que tratamos apenas crianças em nossos consultórios CEP - Centro de Estudos Psicanalíticos Luis Fernando de Souza Santos Trabalho semestral - ciclo II (terças 19h30) A psicanálise como berço ou por que tratamos apenas crianças em nossos consultórios Se

Leia mais

7. Referências Bibliográficas

7. Referências Bibliográficas 102 7. Referências Bibliográficas ANSERMET, François. Clínica da Origem: a criança entre a medicina e a psicanálise. [Opção Lacaniana n 02] Rio de Janeiro: Contra capa livraria, 2003. ARAÚJO, Marlenbe

Leia mais

O PARADOXO DA TRANSFERÊNCIA: DO CONSULTÓRIO À INSTITUIÇÃO

O PARADOXO DA TRANSFERÊNCIA: DO CONSULTÓRIO À INSTITUIÇÃO O PARADOXO DA TRANSFERÊNCIA: DO CONSULTÓRIO À INSTITUIÇÃO Camila Lage Nuic Psicóloga, aluna da pós-graduação do curso de Saúde Mental e Psicanálise do Centro Universitário Newton Paiva (Brasil) Email:

Leia mais

CEP -CENTRO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS. Curso de Formação em Pasicanálise. Ciclo IV 3ª Noite

CEP -CENTRO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS. Curso de Formação em Pasicanálise. Ciclo IV 3ª Noite CEP -CENTRO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS Curso de Formação em Pasicanálise Ciclo IV 3ª Noite O atravessamento da Psicanálise em meu cotidiano Nathália Miyuki Yamasaki 2014 Chego para análise e me ponho a

Leia mais

QUESTÃO DA MEMÓRIA E A QUESTÃO DA IMAGEM: Uma leitura de Michel Pêcheux Rôle de la Mémoire, pontos à discussão... 1

QUESTÃO DA MEMÓRIA E A QUESTÃO DA IMAGEM: Uma leitura de Michel Pêcheux Rôle de la Mémoire, pontos à discussão... 1 QUESTÃO DA MEMÓRIA E A QUESTÃO DA IMAGEM: Uma leitura de Michel Pêcheux Rôle de la Mémoire, pontos à discussão... 1 Nádia Régia Maffi NECKEL 2 Unisul UnC- Cnhas Subverter domínios pré-determinados e perscrutar

Leia mais

10. TRANSFORMAÇÕES: CAMINHANDO DO FINITO AO INFINITO 12. ENRIQUECIDOS PELO FRACASSO: NOVAS TRANSFORMAÇÕES

10. TRANSFORMAÇÕES: CAMINHANDO DO FINITO AO INFINITO 12. ENRIQUECIDOS PELO FRACASSO: NOVAS TRANSFORMAÇÕES SUGESTÕES DE SUBTEMAS. EIXO TEÓRICO 1. DESCONSTRUÇÕES E RECONSTRUÇÕES NO TRANSCURSO DA OBSERVAÇÃO DE BEBÊS MÉTODO ESTHER BICK. 2. A OBSERVAÇÃO DE BEBÊS MÉTODO ESTHER BICK TRANSFORMA A IDENTIDADE ANALÍTICA?

Leia mais