UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE DIREITO TEORIA GERAL DO PROCESSO 2. Nathália Conde Serra (13/ ) Rayline Vieira Nunes (13/ )
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1 UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE DIREITO TEORIA GERAL DO PROCESSO 2 Nathália Conde Serra (13/ ) Rayline Vieira Nunes (13/ ) 2º Trabalho: Comentários à Acórdão Brasília, DF Outubro, 2014
2 Nathália Conde Serra Rayline Vieira Nunes Comentários a Acórdão. Atividade avaliativa apresentada à disciplina de Teoria Geral do Processo2, ministrada pelo professor Vallisney. Brasília 2014
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4 Introdução O Acórdão, do qual anteriormente consta a ementa, trata-se de um Recurso Especial interposto ao Superior Tribunal de Justiça pela recorrente Leila Hase Biazzin. Sobre ele, nos propomos, neste trabalho, discursar sobre o seguinte tema estudado em sala: o instituto da intervenção de terceiros. No caso escolhido, o recurso foi apresentado pela esposa avalista do devedor principal, objetivando questionar a penhora de bens pelo recorrido Banco do Estado de São Paulo S/A Banespa, sob a alegação de que tal execução viola a lei de proteção ao bem de família. Contudo, este recurso não foi admitido na instância de origem, a qual julgou que se tratava de embargos de terceiros opostos pela própria parte executada. Esta peça trará o questionamento sobre o conceito de partes do processo, para assim, por exclusão, se entender a quem se destinam os embargos de terceiros. E então, a partir daí, se chegar à conclusão de se este instituto foi corretamente empregado no caso em questão. Desenvolvimento A questão levantada pelo acórdão escolhido, como já foi dito anteriormente, é a intervenção de terceiros e, na primeira apreciação do recurso apresentado pela Sra. Biazzin, o tribunal não deu provimento a questão por julgar que a própria parte executada estaria utilizando o mencionado instituto. Para analisar o argumento usado para negar o recurso, deve-se apresentar primeiramente o conceito de partes do processo. Entende-se como parte o sujeito do processo, no sentido de que é uma das pessoas que fazem o processo atuando no polo ativo ou no passivo. 1 No entanto, é importante ressaltar que nem sempre o sujeito da lide é aquele que esta gozando o direito de ser parte, como é observado nos casos de substituição processual. Pode-se definir que, para o direito processual, parte é a pessoa que pede ou perante a qual se pede, em nome próprio, a tutela jurisdicional. 2 Outra definição de parte é a de que ela se identifica com o litigante com todo aquele que integra a 1 CARNELUTTI, Francesco. Instituciones del Processo Civil. Buenos Aires: EJEA, v. I, n. 101, p SCHÖNKE, Adolfo. Derecho Procesal Civil. 5. ed., Barcelona: Bosch, 1950, 23, p. 85.
5 disputa travada no processo, levando a lide à apreciação judicial. Deste modo, considera-se parte o sujeito que intervém no contraditório ou que se expõe às consequências dentro da relação processual. Como é demonstrado no trecho destaco do voto do Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira: não participando a recorrente da relação processual, uma vez não intimada como determina a lei, não haveria, em tese, como demonstrar-se o atingimento de sua meação. O CPC elenca ainda como parte na relação processual executiva, não somente credor e devedor, mas todos que tenham responsabilidade pelo adimplemento da obrigação mesmo sem terem participado como partes na relação crédito-débito. Ocorre, então, que no caso escolhido, dever-se-ia ter um litisconsórcio passivo uma pluralidade de réus uma vez que, sendo a Sra. Biazzin avalista, tendo ela também responsabilidade pelo adimplemento da obrigação, deveria ter sido citada juntamente com seu esposo, o que de fato não aconteceu. No caso em questão, a pluralidade de réu se caracteriza como um tipo de litisconsórcio que, segundo Moacyr Amaral Santos, seria o litisconsórcio necessário ou indispensável, o que se da na ação que somente pode ser intentar pró ou contra duas ou mais pessoas, seja por disposição da lei ou por relação jurídica material posta em juízo. Trata-se de uma comunhão de direitos e obrigações em que a relação de direito material é uma e incindível quanto aos seus sujeitos ativos ou passivos fazendo com que todos eles devam necessariamente participar da relação processual litisconsorcial, porquanto a sentença a todos atinja. A lei determina que a não intimação do avalista implique na nulidade do processo. Transitada em julgado sentença de mérito proferida em processo em que faltou citar um litisconsorte necessário, tal sentença será absolutamente ineficaz. Não poderia produzir efeitos, nem em relação a quem ficou de fora do processo, nem tampouco em relação aos que dele tenham participado. A ineficácia da sentença de mérito proferida nessas condições poderia ser reconhecida por meio de remédios processuais idôneos como a ação rescisória. Outra manifestação do fenômeno pluralidade de partes é a intervenção de terceiros. Terceiro é um conceito que se chega por exclusão. Aqui no processo, no fato de total observância do devido processo legal, não teríamos a incidência de tal instituto. Ao dar provimento ao embargo a corte considera que esta
6 ingressando no processo quem não lhe é parte. A avalista e esposa do executado não pode ser vista como estranha à relação processual, uma vez que, o aval é forma específica de garantia cambial, em que o avalista fica obrigado e responsável, pelo pagamento do título, nas mesmas condições do seu avalizado. Nesse sentido, não é necessário falar que o vício anterior será sanado com a integração da avalista como parte no processo a partir de sua intervenção. Não se pode considerar intervenção de terceiro o ingresso no processo de um litisconsorte necessário que se encontrava ausente. Isto porque o litisconsorte necessário é parte originária, que deveria figurar no processo desde o início, não se podendo considera-lo terceiro. Assegura-se ainda que os requisitos, para a legitimidade de um processo litisconsorte necessário, estavam plenamente presentes mencionando-se a comunhão de direitos e obrigações do imóvel, conexão do objeto e da causa de pedir e a afinidade de questões (art 46 CPC). Esta constatação foi inclusive assumida no relatório do Ministro Aldir Passarinho Junior da seguinte forma: Admite-se o manejo dos embargos de terceiro pela esposa, para a defesa da sua meação, quando ela não integre a execução, e sofra constrição em sua parte dos bens. Não sendo nessa circunstância, ela não é terceiro estranho à lide, mas, sim, parte na lide, como litisconsorte passivo do executado, já que foi avalista do título. Inclusive, coerentemente há jurisprudência conforme o mencionado pelo Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira: I - À mulher casada é licito defender a sua meação também através dos embargos de terceiro, salvo quando a execução for contra ela movida na qualidade de litisconsorte. Para o caso em questão, é importante lembrar que a condição de avalista da Sra. Biazzin a constitui como litisconsorte necessária e, portanto, sua não citação representa uma irregularidade no processo. Além disto, o fato de a Sra. Biazzin não ter sido citada a colocou como uma estranha à lide, permitindo-lhe, assim, usar o instituto da intervenção de terceiros, como se verifica na fala do Ministro Relator do Recurso Especial:
7 Acontece, porém, que esse princípio sofre uma atenuação: quando, inobstante seja parte na lide no caso ela é avalista do marido (devedor principal) não tenha havido intimação da penhora, o que constitui uma irregularidade, que a coloca, em verdade, como uma estranha à lide que se desenvolve sem observância do devido processo legal, autorizando o uso da defesa representada pelos embargos de terceiro. Assim sendo, a decisão do Recurso Especial foi pelo provimento parcial dos embargos de terceiros interpostos pela recorrente, determinando ao Juízo singular o exame de mérito. Conclusão No caso em questão, a esposa poderia ser litisconsorte, mas como não foi citada, é cabível o uso do instituto da intervenção de terceiros por ela, como fica claro na afirmação: Realmente, se não houve intimação da penhora, ato que antecede os embargos à execução, ficaria a esposa sem poder se defender sequer como parte, daí o elastecimento que se dá, em tal circunstância, ao uso dos embargos de terceiro, na aplicação do art do CPC. No entanto, além disto, a esposa é a avalista. Este fato a configura, como já foi explicado anteriormente, como litisconsorte necessária por ser um laço processual indispensável. E, não sendo tendo sido citada junto ao réu (seu marido), o juiz deveria ter extinguido o processo por falta de uma das condições da ação que é a legitimidade para agir, que não a tem proponente da ação desacompanhado dos demais consortes. Contudo, analisando a situação posta, da extinção deste processo, se seguiria outro com a inclusão da avalista como parte executada, para só então se analisar o argumento por ela exposto. Acreditamos que a solução de provimento parcial de recurso segue a economia processual e, assim, apesar dos motivos apresentados para a extinção do processo, a melhor solução foi a que se chegou é a explicitada no voto do Ministro Aldir Passarinho Júnior.
8 Referências Bibliográficas Acórdão &sequencial=486042&num_registro= &data= &formato= PDF (acessado em 18/10/2014) AMARAL SANTOS, Moacyr. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil, 27ªed 2011 Volume 2. BALEOTTI, Francisco Emilio. Litisconsórcio na Execução. (acessado em 18/10/2014) CRUZ e TUCCI, José Rogério. Embargos de terceiro: questões polêmicas. 1.pdf (acessado em 18/10/2014) FREITAS CAMERA, Alexandre. Lições de Direito Processual Civil, 20ªed. Volume I. THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil Teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento. Vol. I. 55 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
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