Data de entrada: 01 de setembro de 2005 Autos nº: / Nota Técnica em Ato de Concentração Econômica

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1 Data de entrada: 01 de setembro de 2005 Autos nº: / Natureza: Nota Técnica em Ato de Concentração Econômica Requerentes: MAGAZINE LUIZA S.A.; BASE LAR ELETRODOMÉSTICOS LTDA. Senhora Coordenadora, 1. Trata-se de aquisição, por parte do MAGAZINE LUIZA S.A. (MAGAZINE LUIZA), das quotas de capital da Luiza Sul Eletrodomésticos Ltda. Esta empresa foi constituída pela BASE LAR ELETRODOMÉSTICOS LTDA. (BASE LAR) para servir como veículo na aquisição de seus negócios pelo MAGAZINE LUIZA. 2. A operação em análise envolve os seguintes ativos: i) cadastro de clientes, com todas as informações atualmente em uso; ii) direitos de uso do nome fantasia Base Lar ; iii) móveis, utensílios, máquinas e veículos; iv) equipamentos de informática e licenças de software ; v) pontos comerciais e respectivas inscrições estaduais e municipais; e vi) estoques de revenda. 3. O MAGAZINE LUIZA é uma sociedade brasileira que atua no comércio varejista de lojas de departamento, comercializando os seguintes produtos: móveis, bazar, utensílios domésticos, cutelaria, eletrodomésticos, eletro-eletrônicos e produtos de cama, mesa e banho. 4. A BASE LAR é uma empresa brasileira que atua no comércio varejista de lojas de departamento comercializando os mesmos produtos do MAGAZINE LUIZA (móveis, bazar, utensílios domésticos, cutelaria, eletrodomésticos, eletro-eletrônicos e produtos de cama, mesa e banho). 5. Em 05/09/2005 foram encaminhadas cópias do pleito à Secretaria de Acompanhamento Econômico - SEAE/MF - para elaboração de parecer técnico, e ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE - para conhecimento (fls. 66/67). O parecer técnico da SEAE/MF foi protocolizado nesta Secretaria em 22/12/2005 (fls. 71 a 83) e concluiu pela aprovação do ato sem restrições. 6. A SDE publicou edital submetendo aos interessados os termos do presente ato de concentração, para eventual impugnação, por meio de publicação no Diário Oficial da União em 06/09/2005 (fl. 69). No entanto, até a presente data, não houve qualquer manifestação. Esplanada dos Ministérios Bloco T Sala 552 Brasília DF Tel. (61) Fax (61)

2 7. Cabe ressaltar que as Requerentes não solicitaram sigilo de informações prestadas a esta SDE. Este é o relatório. II TEMPESTIVIDADE 8. O primeiro documento vinculativo da operação foi o Instrumento Particular de Compromisso de Compra e Venda de Quotas de fls. 13 a 31, firmado em 05/04/2005. O ato, por sua vez, foi apresentado em 01/09/2005, estando, portanto, fora do prazo legal de 15 dias úteis, o que caracteriza sua intempestividade. III APRECIAÇÃO DOS ASPECTOS CONCORRENCIAIS DA OPERAÇÃO 9. O ato ora submetido à apreciação do SBDC consiste na aquisição da totalidade das quotas do capital social da BASE LAR pelo MAGAZINE LUIZA. 10. Segundo o parecer técnico da SEAE/MF (fls. 75/76), a presente operação está inserida nos mercados de produtos de lojas de departamento: móveis; bazar; utensílios domésticos; cutelaria; eletrodomésticos; eletro-eletrônicos; e produtos de cama, mesa e banho, nas cidades de Bento Gonçalves-RS; Passo Fundo-RS; Vacaria-RS; Joinville-SC; e Palhoça-SC. 11. O Quadro I, abaixo, apresenta uma estimativa da estrutura de oferta de produtos de lojas de departamento nas cidades acima mencionadas. Quadro I Estrutura da Oferta de Produtos de Lojas de Departamento Cidade Participação do Grupo Magazine Luiza Participação da Base Lar Participação Conjunta Participação dos demais concorrentes Bento Gonçalves RS 5% 18% 23% 77% Joinville SC 2% 12% 14% 86% Palhoça SC 5% 9% 14% 86% Passo Fundo RS 9% 13% 22% 78% Vacaria RS 8% 17% 25% 75% Fonte: Requerentes, com base no IBGE e Target Marketing. Elaboração: SEAE/MF, fls. 80. Ato de Concentração n.º / Página 2/5

3 12. De acordo com o Quadro I, acima, a operação gera, nos termos do 3º, art. 20 da Lei 8.884/94, presunção de domínio de participação suficientemente alta para viabilizar exercício de poder de mercado (superiores a 20%) apenas nas cidades de Bento Gonçalves-RS, Passo Fundo-RS e Vacaria-RS. 13. Vale destacar que, em resposta à diligência feita pela SEAE/MF, a concorrente Lojas Colombo S.A. apresentou suas estimativas de participação de mercado, quais sejam: 28% em Bento Gonçalves-RS; 21% em Passo Fundo-RS; 54% em Vacaria-RS; 07% em Joinville-SC; e 26% em Palhoça-SC. Contudo, afirmou ainda não ser possível apresentar as participações de cada um dos demais ofertantes. 14. Portanto, e de acordo com a análise elaborada pela SEAE/MF, verifica-se que as participações conjuntas nos mercados relevantes observadas não acarretam probabilidade de exercício de poder de mercado, pois existe um número relativamente elevado de empresas capazes de oferecer efetiva rivalidade (fls. 77 a 80), como, por exemplo, a Lojas Colombo S.A. que é líder de mercado nas cidades de Bento Gonçalves, Passo Fundo, Vacaria e Palhoça; a Ponto Frio, em Passo Fundo, Joinville e Palhoça; a Casas Pernambucanas, em Joinville; a Casas Bahia, em Joinville e Palhoça; entre outras. 15. Por todo o exposto acima, conclui-se que a operação em análise não possui aptidão para gerar efeitos anticoncorrenciais nos mercados relevantes identificados. IV DA CLÁUSULA DE NÃO-CONCORRÊNCIA 16. O Instrumento Particular de Compromisso de Compra e Venda de Quotas, celebrado entre as Requerentes, estabelece uma cláusula de não-concorrência, a Cláusula 8.14, pela qual a BASE LAR fica impedida de constituir, dentro do Estado de Santa Catarina, uma nova empresa sob o mesmo ramo de atividade que atuava por um prazo de 05 anos. 17. As cláusulas de não-concorrência têm sido reconhecidas pelo CADE, quando limitadas no tempo e no espaço, como uma prática comercial usual. Na ausência de disposições expressas na Lei nº 8.884/94 sobre o prazo de vigência e a delimitação territorial de tais cláusulas, a jurisprudência do CADE tem consagrado o prazo de 05 anos e a delimitação territorial correspondente ao mercado relevante geográfico definido pelo SBDC como razoáveis para sua admissibilidade. 18. Desse modo, esta SDE entende que a cláusula de não-concorrência, constante do Instrumento Particular de Compromisso de Compra e Venda de Quotas, é acessória e relacionada com a viabilidade do negócio principal apresentado aos órgãos de defesa da concorrência. 19. Quanto à delimitação temporal, o prazo de 05 anos de vigência da cláusula 8.14 do Instrumento Particular de Compromisso de Compra e Venda de Quotas coincide com a jurisprudência consolidada do CADE. Ato de Concentração n.º / Página 3/5

4 20. A respeito da delimitação espacial, é o entendimento do CADE que as cláusulas de não concorrência devem ser adstritas à área geográfica do mercado relevante 1. Em seu parecer, a SEAE definiu os mercados relevantes em sua dimensão geográfica como as regiões dos municípios de Bento Gonçalves, Passo Fundo e Vacaria, no Rio Grande do Sul; e Joinville e Palhoça, em Santa Catarina, adotando, assim, uma posição de análise mais conservadora. No entanto, a SEAE esclarece que as lojas envolvidas podem ainda sofrer a concorrência de grandes lojas de departamento de outras regiões próximas, considerando a possibilidade de caracterização do mercado como regional. 21. Contudo, a cláusula 8.14 do Instrumento Particular de Compromisso de Compra e Venda de Quotas impede a empresa adquirida de voltar a atuar, por 05 anos, em todo o Estado de Santa Catarina. 22. Não obstante o entendimento do CADE quanto à delimitação espacial das cláusulas de não-concorrência, cumpre observar que neste caso em concreto, após a operação a Adquirente deterá parcelas de mercado inferiores a 20% nos municípios de Joinville e Palhoça. Note-se, ademais que, segundo entendimento da SEAE referido acima, é possível que efetivamente haja concorrência de grandes lojas de departamento de outros municípios, o que apontaria para a possibilidade de uma definição mais ampla do mercado relevante em questão. Assim, entende esta SDE que a cláusula 8.14 do Instrumento Particular de Compromisso de Compra e Venda de Quotas, que impõe a obrigação de não concorrência em todo o Estado de Santa Catarina, não altera as condições da concorrência nos mercados relevantes envolvidos, podendo, portanto, ser autorizada nos termos propostos. 1 Conforme Voto do Conselheiro-Relator Roberto Pfeiffer, no AC n / Ato de Concentração n.º / Página 4/5

5 IV - CONCLUSÃO 23. Tendo em vista os princípios da economia processual e da eficiência da Administração Pública, concorda-se com o teor do parecer da SEAE/MF, nos termos do 1º do artigo 50 da Lei 9.784/ Opina-se, portanto, pela aprovação do ato sem restrições, tendo em vista a inexistência de efeitos anticoncorrenciais, e sugere-se o encaminhamento ao CADE para as providências de sua competência. À consideração superior. LUÍS CLÁUDIO L. PINHEIRO Coordenador De acordo. Encaminhe-se à Sra. Diretora do DPDE. CAMILA KULAIF SAFATLE Coordenadora Geral De acordo. Encaminhe-se ao Sr. Secretário de Direito Econômico. MARIANA TAVARES DE ARAUJO Diretora do DPDE Ato de Concentração n.º / Página 5/5